Eu não sabia o que responder para ele, mas sentia a necessidade de responder. Respondi:

"Você é a minha parte otimista quando o mundo teima em me dizer não e a janela aberta quando as portas se fecham, é aquilo que costumo chamar de esperança, é aquilo que me faz sorrir, é aquilo que eu chamo de vida. Eu amo você e não conseguiria viver sem ver seus olhos e seus sorrisos. Venha me ver, por favor."

E, sem perceber, eu chorava de emoção. Se eu estivesse cara a cara com ele com certeza não iria conseguir dizer aquelas palavras com tanta convicção. Meu celular apitou e eu me assustei, ele estava me ligando. Eu não estava preparada emocionalmente para ouvir sua voz novamente, mas atendi.

– Alô– disse tentando afirmar a voz.

– Estou indo.

E desligou. Meu rosto se esticou em um sorriso perfeito. De orelha a orelha. Eu não podia acreditar, mas estava sem dúvidas vivendo um sonho adolescente. Fui para o banho para relaxar um pouco. Lavei meus cabelos e sequei-os depois que sai do banho. Eu devia vestir algo apropriado, um pijama. Claro, mas desta vez, não qualquer pijama, um de cachorrinho para ver aquele sorriso lindo estampado em seu rosto.

Desci as escadas já com meu pijama e meu cabelo preso de lado. Minha mãe estava preparando um lanche para nós e quando passei pela cozinha ela abriu um sorriso imenso e eu amei vê-la sorrir.

– Esta feliz! Qual o motivo de tanta felicidade?– notou ela.

– Ele esta vindo para me ver – eu disse mantendo o sorriso no rosto.

Carolina que também estava na cozinha, de cabeça baixa, se virou rapidamente para fitar-me. Ela parecia estar furiosa, mas sorriu um pouco, para disfarçar. Fui para a sala para espera-lo no sofá e Carolina me seguiu e sentou-se ao meu lado.

– Ele vai dormir aqui? – perguntei ela com desprezo.

– Eu não sei – respondi sincera.

– Ah! – exclamou ela.

Levantou-se para ir em direção a cozinha e eu fiquei observando-a. As vezes é fácil ler as expressões dela, mas agora, estava cada vez mais difícil.

Esperei por duas horas e já estava começando a pensar que ele estava mentindo quando me disse aquelas coisas bonitas. Era bobagem! Por que ele, um cara super famoso, iria gostar de mim, uma tipica menina que sofre pelo ídolo?

Eu estava perdida em meus pensamentos negativos quando Carolina me interrompeu.

– Julia! – gritou me balançando – Seu celular ta tocando! – disse ela desesperada e irritada como se estivesse me chamando fazia algum tempo.

Peguei o celular meio sem jeito e atendi rápido.

– Alô? – disse num tom de desconfiança pois eu não tinha visto quem era por conta da pressa.

– Desculpa, não vou poder ir, tenho muitos compromissos e não vai dar mesmo. – disse Rafael. numa voz calma.

– Ah! – exclamei aborrecida – Tudo bem, eu... Eu entendo. – não, eu não queria entender.

– Desculpa mesmo– repetiu ele.

E eu desliguei. Subi correndo para meu quarto me sentindo um lixo. Por que eu estava tão revoltada daquele jeito? Eu não queria saber. Fui para o banheiro e peguei um tesoura.

– Não, de novo não – dizia uma voz em minha cabeça.

Não pensei duas vezes, mas desta vez tive mais cuidado para não me sujar tanto e para não ter uma hemorragia. Meus punhos já estavam todos cortados quando parei e comecei a chorar. Limpei meus ferimentos e fui par meu quarto. Vesti uma blusa de frio para cobrir meus ferimentos e me deitei.

Será que eu não sou mesmo importante na vida dele? Será mesmo que ele não vai fazer nenhum esforço para vir me ver? Será que eu teria que tomar uma atitude de ir até lá?

Milhões de perguntas e eu não tinha a resposta de nenhuma.

Meus punhos doíam e eu ainda chorava. De dor, claro.

Eu queria dormir e esquecer tudo aquilo, ou apenas não acordar mais. Mas eu celular tocou e eu atendi.

– Não desliga, por favor!– suplicou ele – Preciso conversar com você.

– Pode falar Rafael.– disse grossa.

– Você esta bem? – perguntou ele.

– Sim, e você, como esta? – menti.

– Mal. – disse num tom sincero.

– O que você tem? – perguntei, preocupada.

– Eu não sei, só não estou bem. – disse e depois sussurrou: – Preciso te ver.

– Ah – fingi não ter escutado o que ele tinha falado.

– O que você esta fazendo? – perguntou despreocupado.

– Estou deitada na minha cama sem fazer nada – ri sem nenhuma graça.

– Ah, que animada você – ele riu – Está afim de se divertir um pouco?– perguntou com a voz tremula.

– Sim! Quero me animar e ficar deitada – ri – Nada melhor do que minha cama num dia como hoje.

Ouvi batidas na porta e disse que a pessoa entrasse.

– Espera – disse a ele – Tem alguém na porta do meu quarto – e ele riu baixinho.

Achei estranho, mas me levantei e fui até a porta. Desconfiada pois a pessoa que estava do outro lado estava com a respiração ofegante, como se estivesse desesperada. Abri e lá estava ele com os olhos cheios de lágrimas e com uma rosa vermelha nas mãos.

Deixei o celular cair no chão boquiaberta. Impossível, pensei.

Ele sorria e chorava ao mesmo tempo. Pulei em seu colo e o abracei o mais forte possível. Eu nunca havia sentido tanta necessidade de abraça-lo como agora. Eu estava mesmo muito feliz por poder senti-lo tão próximo novamente. Parecia que havia se passado meses desda ultima vez que o vi.

Seu coração estava acelerado e ele estava tremendo. Parecia muito nervoso. Ele me carregou até minha cama e me deitou (esqueci de dizer que trancamos a porta do meu quarto assim que passamos por ela). Ele veio por cima de mim e ficou me olhando com emoção. Se aproximou lentamente e tocou meus lábios com delicadeza. Eu estava ansiosa e o puxei para perto com rapidez e ele riu. O beijei loucamente e desesperadamente. Foi um beijo alucinante e desejado.