Os raios de Sol invadiam a janela e chegavam até mim, insistindo para que eu levantasse da cama para abrir a cortina e ver como o dia estava lindo. Obedeci a sua ordem, levantei-me, abri a cortina e, realmente, o dia estava lindo.

Caminhei até o guarda-roupa para escolher o que usaria durante o dia e achei algo básico: uma saia longa e florida, uma regata bege, uma rasteirinha e um cinto. Tomei um banho bem gelado, pois o clima estava quente e eu suava. Vesti-me e desci as escadas. No fim dela, minha mãe me esperava para tomarmos café juntas.

– Onde esta Carolina? – eu perguntei, pois senti falta da minha insuportável irmã.

– Já foi para a escola. – minha mãe respondeu em um tom de tristeza, pois ela sabia que iria passar à tarde sozinha.

Eu trabalho com minha tia em um salão de cabeleireiro. Sou a cabeleireira principal, embora ela também ser. Quando fui sair de casa, deixei algumas recomendações á minha mãe.

– Não abra o portão para ninguém, não saia sozinha, ligue a TV e descanse a tarde toda. Qualquer coisa me ligue!

Ela soltou uma gargalhada e disse:

– Tudo bem mamãe! – irônica.

– Mãe, é sério. – eu disse – Agora que você fez essa cirurgia no pé, precisa tomar cuidado.

– Tá bom, Julia. Vá com Deus, cuidado no transito.

Tirei o carro da garagem e fechei o portão. Quando tinha acabado de sair de casa, liguei o rádio. Em todas as rádios só anunciavam uma coisa, o show do meu ídolo que iria acontecer essa noite em uma casa de shows muito conhecida em São Paulo.

Sim, sou uma garota de dezenove anos que tem um ídolo. Rafael.

Depois de quinze minutos cheguei ao salão. Com um sorriso que contagiava. Todas as clientes me olhavam admiradas com a minha alegria.

– Bom dia! – disse-me, tia Carlota.

– É um ótimo dia, não é? – eu disse como se nada pudesse estragar esse dia maravilhoso.

– Qual o motivo de tanta alegria? – disse Carlota.

– Irei ver o motivo deste sorriso, hoje! – respondi ainda mais feliz e com os olhos cheios de lagrimas.

O dia passou bem. Atendi duas clientes e uma delas também estava se preparando para esta noite. Ela era linda, loira e com os olhos claros. Tinha o corpo que toda mulher deseja ter. Ela me disse que havia conseguido autorização para entrar no camarim de Rafael, por isso estava se arrumando toda.

– Pode ser que ele se interesse por mim, não é? – ela disse e eu absorvi aquilo incrédula.

– É. – respondi seca.

Ela se olhava no espelho, admirando-se e eu pensei comigo “Ele vai gostar dela”. A cliente foi embora e quando olhei no relógio já eram quinze para as seis. Eu estava atrasada!

Despedi-me de minha tia e fui direto pra casa. Pensei que estivesse correndo muito, mas não importava agora. Cheguei em casa, mal cumprimentei minha mãe e corri para a escada. Subi quase voando e quando cheguei ao meu quarto fui direto para o banho. No banho relaxei. Deixei que a água escorresse por meu corpo, lentamente.

Quando sai do banho, minha roupa já estava sobre a cama, pois eu havia separado um dia antes. Vesti-me, sequei meus cabelos e passei uma maquiagem leve. Quando estava pronta, me olhei no espelho e me espantei. Eu estava realmente bonita. Desci as escadas, mas desta vez, lentamente. Minha mãe estava no sofá, me esperando.

– Meu Deus, você esta magnifica! – disse ela quando passei pela porta.

– Obrigada mãe. Eu já estou indo e não sei que horas irei chegar. Não se preocupe comigo, estarei bem. – disse confiante.

Liguei o carro normalmente, segui em frente. Já eram 18h30min e eu estava chegando ao locar onde seria realizado o show. Meu coração batia forte, minhas mãos estavam geladas e eu tremia. Não era minha primeira vez em um show do Rafa, mas era assim que eu me sentia todas as vezes que eu ia vê-lo. Entrei na fila que, surpreendentemente, estava pequena. Eu estava sozinha, pois queria curtir aquele momento só meu.

O portão abriu e eu entrei. Fiquei parada enfrente ao palco. Não me mexi muito por conta da grande quantidade de pessoas. Passou-se quatro horas e anunciaram que o maior espetáculo do mundo iria começar. Meu coração estava quase saindo pela minha boca.

As cortinas se abriram e lá estava ele, lindo como sempre, pulando e cantando. A multidão ia ao delírio com aquela energia boa. Eu não consegui me mexer. Fiquei parada e as únicas coisas que consegui expressar foram sorrisos e lagrimas que escorriam sem eu perceber. De repente, parei pra pensar que tudo oque eu precisava estava sobre aquele palco.