Aquele era um dia deprimente e confuso para o Acampamento Meio-Sangue.Até os deuses estavam presentes,mostrando a importância daquele evento.Todos estavam reunidos no refeitório,sentados misturados em todas as mesas com os amigos e pais,o centauro andava de um lado para outro nervoso e impaciente.Havia pessoas chorando,conversando baixinho,consolando umas as outras,com os olhos vermelhos ou tremendo.Algumas sequer se mexiam ou falavam,o choque era grande demais.

Percy Jackson estava morto.

Ele fora encontrado há duas horas atrás,por sua prima,Thalia Grace.Ela foi procurá-lo para ver se estava acordado,o café-da-manhã já estava pronto,a guerra havia sido ganha e tudo parecia bem.Parecia é a palavra-chave.A caçadora abriu a porta e viu uma cena que a fez querer gritar e vomitar ao mesmo tempo,mas não pode fazer nada além de paralisar no lugar.

Lá estava seu primo,o idiota mais corajoso do Olimpo,deitado no chão,sua garganta cortada,sangue escorrendo pelas suas roupas e pescoço,uma enorme poça vermelha aonde ele estava deitado.O chalé estava silencioso,vazio mas ao mesmo tempo havia uma energia enorme presente,como se o garoto estivesse tentando dizer alguma coisa.

Vê isso,Thalia?É sangue.Meu sangue.

A semideusa podia ouvir claramente sua voz em sua cabeça.Meia hora depois,havia um pequeno grupo no chalé 3,gritando,soltando lágrimas e até se perguntando:porquê?

Ele era o Herói do Olimpo,tinha a vida perfeita,uma namorada linda,uma família incrível.O que levaria alguém tão calmo e sossegado a fazer algo desse jeito?O semideus estava rindo e brincando até ontem,e agora...

Então Zeus ordenou uma busca no chalé dele,revistar todos seus pertences,talvez encontrar alguma coisa que explicasse o acontecido.E agora,eles esperavam.

Até que Hermes,Apolo e Nico DiÂngelo apareceram no pavilhão,segurando uma caixinha de música e um bilhete.

-É de Percy.-O deus dos mensageiros disse.

Era possível ouvir todos soltarem o fôlego,ansiosos.

Seria uma carta suicida?Uma explicação?Um último desejo?

Nico sentou-se na mesa de Poseidon e pegou a carta,abriu e começou a ler em voz alta.

"Para aquele que esteja me ouvindo,

Aquele que tiver me achado,

Seja lá quem for,

É tarde demais agora.

Eu provavelmente já estou morto"

Mais alguns soluços foram ouvidos das mesas,o mais alto vindo de uma certa loira de olhos cinzentos.

"A razão de eu ter feito isso comigo mesmo,

É um mistério para muitos,mas não para mim,

Existe um motivo,mas é segredo,

Ou pelo menos é para mim.

Eu sei de uma coisa,um segredo horrível,

Uma pequena caixinha de música,

Sempre soltando melodias,

Igual aos pássaros da noite,"

Todos os olhos se voltaram para a caixa de música em cima da mesa.Ela era branca,havia entalhos de cavalos e flores na madeira,um fecho de ouro,mas era impossível adivinhar que música ela tocava ou o que girava lá dentro.

"Quando eu durmo,visões horríveis vem a minha cabeça,

Braços me arrastam para debaixo da cama,

Pés saem de dentro do armário,

Pequenos insetos rastejam pelo meu corpo,sem parar,

Seria bom se realmente fosse uma visão.

Eu grito,peço por ajuda,tento fugir,

Mas os pequenos insetos continuam rastejando no meu corpo,

Eles abafam meus gritos,tampam minha boca e me impedem,

Me impedem de chegar até o espelho,os olhos negros apenas...

Me encarando,no meio da escuridão.

E a caixinha de música continua a tocar,

Ignorando meus gritos e apelos,

E toda a minha morte se centra,

Na pequena caixinha de música.

Eu gostaria de contar o que tem dentro dela,

Mas se fizesse isso,seria um assassino.

Porque se eu te dizesse,

O que tem dentro da pequena caixinha de música...

Você ia querer olhar dentro dela também.

Tente.Abra a tampa,e ouça a música.

Eu te desafio."

Silêncio.

E ninguém teve coragem de abrir a caixa de música.