Um Caso escrita por Vtor V


Capítulo 9
Perdidos


Notas iniciais do capítulo

Interminado



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Sim, Mikael e Yasmin haviam sido sequestrados por Vitórion, e a mesmo tempo alguém me mandou uma ameaça, uma outra mensagem com um enigma que não conseguia resolver. Eu ainda não havia mostrado para Karine a tal ameaça pois sentia que não era de seu interesse se preocupar comigo.

Guardei o celular e começamos a andar pela rua principal onde havíamos pousado a pouco. Era extremamente estranho como eu sentia uma nostalgia aliviadora daquele lugar. Uma loja de doces na esquina, ao lado uma babearia com a placa faltando o "B", e em frente uma loja de roupas em que Karine volta a tentar arrombar, chutando a porta com força, ou pegando impulso e batendo seu corpo contra a porta. Eu a provoco:

– Isso é ridículo! Mesmo que consiga, eu não acho que tenha mais nada ai dentro! - me aproximo do vidro e cm o braço tiro um pouco da poeira que o embaçava e me deparo um um estoque cheio - Nossa! Está... Completamente cheio de roupas!

Karine olha para mim e rindo me responde:

– É mesmo? Eu acho que não estaria machucando meu ombro por nada! - e continua a bater na porta, até que em um impulso ela a derruba.

Ela cai junto a porta, e então percebe que estava amarrada à uma corrente apoiada a um guincho que se quebrou. Assim que se levanta e bate sua roupa para remover a sujeira, ela se depara com um estoque enorme de várias roupas, desde infantis até íntimas. Ela corre e começa a mexer e pegar roupas até em seus braços não caberem mais nem uma pulseira, e vai para o provador.

Eu começo a observar, como sempre, desconfiando de uma loja com tão pouca segurança e um estoque de tal proporção. Não era comum alguém desperdiçar tanto e simplesmente abandonar, eu mesma não faria aquilo de maneira alguma. Mas Karine não parava, ela pegava cada vez mais roupas e corria por toda a loja, eu acho um interruptor perto do balcão e o pressiono, logo todas as luzes acendem, eram várias, pareciam intermináveis e a loja continuava como um túnel infinito, era difícil de acreditar, fiquei imóvel observando tudo aquilo e tentando raciocinar como era possível, em uma loja que de fora mais parecia um cômodo de um apartamento.

Aos poucos vou avançando e eram enormes estantes com caixas e mais caixas, pacotes e mais pacotes e nada do fim. Quando finalmente encontro a parede, percebo algo em forma retangular, era um adesivo colado na parede, que parecia esconder algo. Eu tento puxá-lo mas não sai, então pego um canivete, - ele refletia algo sentimental, um dos presentes que mais gostava de meu tio favorito, falecido no dia fatídico - armo a pequena faca, e começo a cortar em volta do tal adesivo, quando posso, removo-o e me deparo com uma porta - era de aparência velha, detalhes rudimentares, madeira quase toda comida por cupins e sem maçaneta. Observo-a buscando nela algo que pudesse me ajudar a abri-la. Encontro um pequeno orifício, por onde apenas dois dedos meus passariam, logo me ponho a puxar a porta ainda relutante após colocar os dedos. Eu não conseguia, por mais que fizesse força e puxasse, a porta nem se movia. Decido então, passar o canivete entre a abertura, e ao passar um cebo grosso saia do espaçamento. Era negro e fedorento, mas enfim consigo removê-lo. Tento novamente, mas não consigo de novo. Insatisfeita e intrigada, começo a pensar em soluções possíveis e lógicas, mas nada vinha a minha cabeça, até que me lembro de Karine. Mudo de tática, agora tentarei arrombar a porta pela força. Quando finalmente consigo, deparo-me com uma imensa escuridão até que sou surpreendida com um barulho rasgante de um freio brusco de um carro na frente de onde estávamos. Correndo eu vou até Karine mas tenho que recuar ao ver quatro homens entrando rapidamente, todos armados, e um maior que o outro todos comandados pelo menor que os indicava aonde procurar.

Em poucos segundos depois deles entrarem no estabelecimento já pude ouvir os gritos de Karine, e logo a vejo esperneando contra o maior de todos que a havia capturado, ela não tinha como reagir a ele. Minutos depois eles começam a entrar cada vez mais, eu precisei me esconder rapidamente e assim que vi um amontoado de caixas não pensei duas vezes antes de entrar em uma e por outa em cima. Assim que terminei de encaixar a outra caixa na parte superior da que estava um homem apareceu, eu pude vê-lo por uma pequena brecha que havia deixado para observar quem viria me procurar e me preparar para o pior, era só um rapaz, não parecia muito com um mafioso mas em sua expressão via-se nitidamente uma frustração, ódio. Mas apesar de tudo ele estava em perfeita serenidade, fazia apenas seu trabalho, como quem paga uma dívida. Não encontrando nada ele volta para seus companheiros nem um pouco feliz, apenas com minúsculos resquícios de alívio por não ter qualquer trabalho.

Esperei eles irem embora para sair das caixas, não tive como parar de pensar na Karine como por Deus faria para ajudá-la ou almenos encontrá-la. Ligo para Amanda mas o telefone perde completamente o sinal em desespero quase choro e em baixos gemidos de angústia fecho o aparelho e o lanço contra a parede, e para minha surpresa ele vai em direção a um par de sapatos no meio do corredor a minha direita quicando de volta, mas quando percebo que não são apenas dois sapatos fora da caixa já tem um homem enorme me agarrando por trás e se levantando comigo até o lado de fora do depósito, enquanto minha visão estabilizava para um espaço com maior claridade eu vejo o esboço de uma limusine preta onde em um dos vidros traseiros pude enxergar Karine sentada ainda seminua enrolada em um lençol que provavelmente teria sido pegue no local. Ao redor dela dois dos quatro possíveis mafiosos que estavam para checar quem tinha invadido aquela loja de roupas, a provocá-la sexualmente por sua exposição íntima. Logo sou jogada dentro do veículo e a recebo com os olhos cerrados como quem se perguntava como eles sabiam que eu ainda estava lá. Ela furiosa diante de sua situação constrangedora grita para o que comandava:

– Os pervertidos já podem me dar algumas roupas, não irei a lugar algum deste jeito. Isso é uma violação dos direitos humanos! - indignada, em seguida chuta a mão de um dos homens que insistia em lhe tocar.

Ele sequer dirige seu olhar para ela, apenas a responde enquanto entra no carro e senta no banco do passageiro:

– Acho que você violou qualquer direito que eu tinha sobre minha propriedade primeiro. O máximo que irei fazer e pedir que esses dois palermas parem de lhe incomodar e sentem-se longe de você.

Eles reagem desentendidos, não entenderam o motivo de que foram chamados atenção. Homens como eles não pensam muito bem, aparentando como assim faziam não me admirava da maneira que agiam em frente a uma mulher que não fossem suas mães. Seguimos de carro por algumas horas quando paramos em frente a um posto, foi então que nos encapuzaram e nos mandaram fazer silêncio, só obedecemos porque sentimos as armas em nossas barrigas. Subimos ruas altas, descemos em terreno bruto e fomos para a suavidade da estrada, onde apenas curvas era feitas. Durante todo o percurso eles escutaram músicas das mais variadas enquanto mudavam a estação de rádio, em certas horas duvidava da virilidade de todos, mas não ouvia a voz do que os liderava em momento algum. Inquieta, Karine em seu comportamento típico ante a tal irrelevância incalculável faz a pergunta:

– Quais os seus nomes?

Todos a respondem, mas nenhum conta seu nome verdadeiro apenas seus respectivos apelidos, eles eram: Black, o monstro, JC, o jovem rapaz a quem já havia comentado e Mendes, o que tinha me capturado. O motorista não se pronunciou assim como seu passageiro à direita. Karine insiste em saber seus nomes, e pergunta novamente. Em reposta ele diz:

– Eu sou o Bridge, esses são os palermas inúteis aos quais estou preso desde que tive a ideia de ganhar mais dinheiro me divertindo, meu resultado foram rugas que vão até a ponta do meu dedo. Este é o seu carrasco que vos direciona para as mãos do nosso chefe. Não brinque com o carrasco. Agora não falem novamente nenhuma das duas, meu chefe as pediu vivas, não inteiras. - e o silêncio paira sobre todo o ambiente.

Após mais alguns minutos o carro finalmente para, é estacionado, e somos tiradas e direcionadas a força pelo que parecia ser o Black. Entramos e nossos capuzes são removidos, sentamos em duas cadeiras que possuíam cintas para os pulsos e tornozelos nos braços e nas pernas de cada assim que amarradas as portas que ficavam frontais a nós se abrem e entram dois homens bem vestidos e de aparência séria. Um deles caminha até nós e outro puxa uma outra cadeira do local e se senta na nossa frente. Ele saca uma arma e coloca no chão e depois tira um lenço de seu bolso da camisa e enxuga seu rosto que mal suado estava o colocando sobre sua perna. Logo começa a falar:

– Não temam a qualquer mal. Esta é só uma observação que irei fazer, e vocês só precisam escolher o que vão querer. - Se vira de costas e pega um celular com JC, o qual acabara de entrar. - Diante de vocês tem apenas um objeto mortal, quero que me digam qual é.

Karine rapidamente o responde:

– Mas é claro que é esse seu lenço. No seu suor deve haver um veneno. Mas enfim, sabemos que é a arma apesar de qualquer metáfora que esteja tentando nos contar. - e puxa o lençol para cobrir seu ombro.

– Certo e errado. Como já devem ter percebido sou Vitórion, e você são... Duas garotas assustadas com a primeira missão em uma agência fracassada dos Estados Unidos da América. Bingo - e ri cinicamente, como quem debochasse.

Ele joga o celular em cima da arma e um vídeo começa a rodar para nós duas: eram Yasmin e Mikael.


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Notas finais do capítulo

Interminado - Continuação prévia (27/03/15)



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