Ilusão escrita por Mara S


Capítulo 1
Seres Infernais




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          O caminho para a barca era escuro e tortuoso, cercado de rochas e pedras pontiagudas. Livia passou por todo o local, como fazia diversas vezes, sempre que necessário, mesmo sentindo que aquela vez seria a última a atravessar a barca.

          O lamento ao longe era um som prazeroso para seus ouvidos que se intensificou ao chegar à pequena barca, onde apenas um pequeno grupo de escolhidos poderia entrar. Demônios, como ela, sentiam prazer em escutar o lamento de traidores, condenados ao calor das águas infernais. Era por isso que a barca para os níveis superiores passava por aquele local.

      Assim que entrou na barca ouviu o demônio ao seu lado falar:

      - O Príncipe deseja vê-la, minha senhora?

      - Apenas me leve até o outro lado, servo. – a voz da jovem era baixa e grave e o demônio calou-se.

      Por todo caminho Livia notava as sombras, do que no passado eram demônios, lutando entre si e alguns ao notar a barca se movendo paravam e contemplavam, como se pedindo por perdão. A mulher os ignorou.

       - Chegamos, senhora. Mais alguma coisa? – o barqueiro se curvou enquanto falava.

            - Fique aqui. Eu pretendo voltar.

            Livia caminhou lentamente até chegar a uma fortaleza. Seus muros eram de pedra e do outro lado nenhum som era ouvido. Não foi necessário que se identificasse, assim que a avistaram os guardas abriram os portões do local. A trilha até o pátio central era cercada pelos altos muros e nenhuma iluminação mostrava o caminho certo a seguir, mas ela não precisa de luzes para achar seu destino. No pátio encontrou dois homens mexendo em um cadáver no chão, ambos a fitaram ao vê-la entrar o recinto e quando ameaçaram esconder o corpo morto foram interrompidos por Livia:

            - Não precisam fazer isso agora. Só não façam desse local um depósito de mortos.

            Os demônios retiraram o corpo, que poderia passar por um humano, se não fossem seus olhos brancos.

            Assim que os viu saindo, abriu as portas centrais da construção. O local, por dentro, era tão sombrio e quente como o lado de fora. Algumas das paredes estavam quebradas e chão rangia a cada passo da mulher. Livia desceu as escadas presentes no recinto para o subsolo e deparou-se com grades que impediam sua passagem.

            Um velho curvado vinha na direção das portas com um molho de chaves e ao ver Livia sorriu maliciosamente:

            - O mestre sabia que a senhorita estava aqui. Mas a idade me impediu de vir mais rápido.

            - Certo... – disse indiferente.

            - Eu sei que não se importa com isso, mas meu mestre confia em mim.

            - Pra mim você será sempre um humano. Traidor, mas mesmo assim humano.

            O velho abriu o portão e ao ver Livia passar sorriu:

            - A senhorita é a única dessa raça que tem um cheiro tão agradável.

            Com extrema rapidez Livia tirou uma pequena faca de sua capa e fincou na mão do homem, o prendendo na parede de pedras.

            - Meça suas palavras, velho.

            Livia retirou os cabelos negros que caiam em sua face e voltou a caminhar pelo longo corredor sujo. Ela sabia aonde ir e quando chegou ao fim do corredor abriu uma porta de madeira podre para entrar em um salão amplo.

      Uma voz grave ecoou por todo o salão.

      - Eu não precisava ser quem eu sou pra saber o que você fez com o velho.

      Livia deu um sorriso amarelo.

      - Eu te pedi pra vir aqui porque dentre todos os demônios em que confio, que são poucos, você é a mais capaz de fazer o que quero.

      - E seria? – Livia odiava olhar para o vazio. Falar com um demônio sem corpo era algo que a deixava extremamente irritada.

      As luzes avermelhadas que estavam no meio do salão ganharam intensidade quando o Príncipe do Submundo falou:

      - Você sabe que aprisionei um dos filhos de Sparda. Está cumprindo como o desejado... – a voz esboçou uma risada maliciosa. – O outro... Bem, é ele que está se impondo ao meu plano.

      - Dante...

      - Eu quero que você use todo seu poder para prepará-lo. Você é inteligente e atraente, nem mesmo um filho de Sparda irá causar muita dor de cabeça.

      - Prepará-lo para que? Por que você não me pede para simplesmente matá-lo?

      - Eu não quero isso, não agora. Eu tenho outros planos pra você...

      Livia olhou desconfiada para a luz que a cada palavra dita ganhava maior brilho e força.


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