Next To Me escrita por Jessie Austen


Capítulo 7
Capítulo 7




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No dia seguinte, enquanto todos mudavam de uma sala para a outra, Watson caminhava de cabeça baixa olhando seu horário de aulas pelo enorme corredor. Neste momento foi surpreendido por Greg que entrou na sua frente.

– Ei, Greg! Como vai?

– Oi John, preciso que você me acompanhe até a diretoria. – este respondeu enquanto seguia na direção oposta.

– Tem certeza que eu preciso mesmo? Estou atrasado e...

– Sim, por favor...o Diretor Cunningham o aguarda.

– Sério? Deus, nunca nem o vi na minha vida...ok. Deve ser importante mesmo. – respondeu enquanto acompanhava os passos apressados de Lestrade.

Assim que chegaram à grande sala, John foi surpreendido ao encontrar Mycroft, Sherlock e um homem com ar bonachão, corpo atlético e bigode, o diretor.

– Watson, prazer meu jovem. Por favor, sente-se. – pediu apontando a cadeira ao lado de Sherlock que parecia entediado.

– Aconteceu algo em casa? – o loiro perguntou olhando para todos.

– Não, Lestrade...Holmes mais velho, podem ir. Obrigado. – o diretor pediu e os outros dois saíram fechando a porta – Pedi a presença de vocês pois, bem...aconteceu algo muito triste dentro desta faculdade. O aluno Theodore Law foi envenenado na tarde de ontem.

– Theodore? – John perguntou.

– Teddy. – Sherlock respondeu sem emoção.

– Sim, ele está hospitalizado. Foi muito grave, se caso a dose tivesse sido maior ele poderia ter até morrido.

– Oh. Eu sinto muito. Eu e Sherlock o vimos ontem, quero dizer...ele nos jogou um balde cheio de gelo no meio do refeitório.

– E é exatamente por isso que eu os chamei aqui. Vocês foram os últimos a estarem com Teddy. Depois disso ele sumiu e foi encontrado na propriedade vizinha à faculdade, que no momento se encontra abandonada ontem à noite, por coincidência.

– Poderia ir direto ao assunto? – Sherlock pediu deixando John completamente sem graça.

– O que eu quero dizer é que vocês ontem não foram à aula. Aula que coincidentemente você, Sr. Watson teria de biologia...e utilizaria a planta Euphorbia tirucalli. Tal planta foi causadora do envenenamento do Teddy.

– Ei, espera um minuto. O que senhor esta insinuando? Que eu o envenenei? Isso é insano! Eu nunca faria algo deste tipo...eu não sou uma pessoa violenta...eu faço medicina, pelo amor de Deus!

Neste momento o celular do diretor tocou incessantemente e ele pediu licença para os dois jovens, se retirando por um momento da sala.

– Eu não acredito estar sendo acusado disso. É ridículo.

– Não. Na verdade é bem plausível. Leve em conta os fatos, tudo o incrimina, os detalhes foram pensados. É quase perfeito...quase já que não existe crime perfeito. – o moreno sorriu pensativo.

– E como você pode estar sorrindo? E o que você faz aqui?

– Isso é óbvio, não vê? Sou a pessoa mais próxima que você tem...e eu também faltei a aula ontem e antes disso, também fui atacado por Teddy. Teria meus motivos para envenená-lo com você. – respondeu animado, como se esperasse mais perguntas como aquela.

– Droga!

– E você precisaria de ajuda para derrubar um ogro como Teddy. Precisaria de um cúmplice, eu neste caso. Você é pequeno, jamais conseguiria sozinho. – Sherlock acrescentou, seus olhos brilhando muito.

– Merda. E agora?

– Diga a verdade.

– Oh, você é mesmo um gênio, Sherlock! Exceto pelo fato de que a verdade é absurda...eu cai em uma poça estúpida e você me acompanhou até em casa e ficamos praticamente pelados enquanto você me salvava de um choque térmico! Quem acreditará nisso?!

– É o que aconteceu, John. Isso que importa. E o que a parte de nós dois pelados em sua cama tem a ver? Esse é o tipo de detalhe que não terá importante alguma nos fatos!

– Oh meu Deus, minha bolsa de estudo, e agora...Sherlock! Ninguém pode saber que ficamos na cama juntos...

– Acalme-se ou acabará se entregando por algo que não fez. Deixe-me pensar. – o moreno se levantou se começou andar de um lado para o outro. – Já sei! O seu material caiu na poça, certo? Vamos contar a história da forma que precisa ser contada...você consegue mentir?

– Neste caso? Sim!
– Perfeito! Falaremos que estávamos em direção da república para trocarmos nossas roupas depois do ataque quando seu material caiu na poça. Todo o seu material...se nos questionarem, pedimos para irem até lá eles encontrarão...

– Sim, mas e eu? Não poderemos falar que você me salvou...tirando a minha roupa...

– John, você sequer me ouviu? Nessa versão só a sua bolsa cai. Não você. Por isso, voltamos para casa e como você não tinha dinheiro, eu o acompanhei para ajuda-lo.

– Certo. É, você é brilhante...sim! Mas espere...e se eles forem investigar mais a fundo e descobrirem com a Sra. Hudson que a história que contamos não bate?

– Isso foi um caso de envenenamento de um aluno estúpido, não um crime contra a rainha. Só visitariam a república se estivéssemos foragidos. – Sherlock respondeu com ar de desdenho.

Neste instante o diretor entrou se desculpando pelo inconveniente enquanto sentava-se diante dos dois novamente.

– Então rapazes, como eu estava falando...eu sei que vocês não fariam algo deste tipo...

– E ainda assim nos chamou...- Sherlock sorriu, provocando-o.

– Os chamei porque é de praxe, Sr. Holmes, precisamos achar o culpado. Ouvirei vocês dois, o que aconteceu é grave. – respondeu sem olhá-los.

– Seria mesmo? Não acredito. Para uma pessoa normal sim, afinal de contas pensariam “por que alguém faria isso?”. Mas Teddy coleciona desagrados por todo o campus. Pessoas que querem envenená-lo é o que não falta, nós não somos exclusivos de seus ataques de troglodita. – o moreno respondeu confiante.

– O que Sherlock quis dizer, Sr. Cunningham é que não temos motivos para isso! Ontem meu material caiu em uma poça, na entrada da faculdade e com ele a minha porção de Euphorbia tirucalli foi junto...é, eu sei, também achei ridículo. Mas enfim...estávamos com pressa e não tomamos cuidado. Tínhamos que ir até a república trocar de roupa e voltar correndo. Posso te mostrar e se o senhor quiser, poderá encontrar todo o material lá. Tudo. – John disse tentando se manter calmo.

– E nós estamos bem, o ataque de Teddy não nos causou dano físico. Obrigado pela preocupação. – Sherlock respondeu fazendo John encará-lo sem graça.

– Estou dando a vocês todo o benefício da dúvida. Certo, pedirei que dois funcionários nos acompanhem até o local onde seu material caiu ontem, Sr. Watson. Vamos procurar sua bolsa...– respondeu com um sorriso amarelo que fez Sherlock o encarar.

– Como quiser. – John respondeu enquanto os outros dois se levantavam.





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O diretor junto com os dois funcionários caminhavam à frente de John e Watson em direção do local onde o loiro havia caído.





– Sherlock, eu não posso perder essa bolsa...

– Você não vai. Eu prometo. – Sherlock o encarou muito sério, olhando depois para o diretor.

– Bom, muito bem...chegamos...foi ali, certo Sr. Watson? – o mais velho perguntou enquanto limpava seu rosto com um lenço.

– Sim! Ali mesmo, depois daquela placa. Nem deve estar tão fundo! Só não perdi meu celular porque eu o levo no bolso e...

– Vamos esperar eles pegarem a bolsa antes de falarmos mais, certo? – o moreno pediu segurando seu braço por um momento.

Os dois homens começaram a procurar naquele pequeno buraco, tomando cuidado para não partir ainda mais o chão enquanto os outros três apenas observavam em silêncio e à distância.

Após checarem e conferirem mais duas vezes eles se entreolharam e disseram que nada havia naquele lugar.

– Não é possível! – John respondeu.

– Meus caros...eles não acharam nada. Vocês tem certeza que me disseram tudo? – o diretor perguntou olhando para ambos que não souberam o que responder. – Sendo assim, continuarei com a investigação. Vocês dois estão dispensados por hoje, mas a qualquer momento eu poderei chama-los. A situação é muito delicada e vocês por serem bolsistas, tem uma imagem a zelar! Obrigado, podem ir. David, Christopher...obrigado pela ajuda. Estão dispensados também.

Os dois jovens então seguiram em silêncio para o refeitório que estava lotado por causa do intervalo.

– Eu não acredito nisso...não acredito que estou sendo acusado de algo tão horrível! – o loiro disse levando suas mãos em sua cabeça.

– Nós estamos juntos nessa, John. E propositalmente.

– O que quer dizer?

– Que o que está acontecendo...absolutamente tudo é proposital. Nós estamos presos em uma armadilha, obviamente alguém armou isso para nós.

– Mas quem faria isso conosco?

– Se eu soubesse não estaria falando com você agora, estaria? É claro, como não notei isso antes! Quando fomos falar com o diretor tudo estava bem até ele voltar depois daquela ligação que recebeu...notou como ele voltou diferente, nervoso...sem graça? Ele ajeitou a gravata sete vezes, um tique nervoso que até então ele não tinha! Alguém lhe disse algo...mas a questão é quem? E o que? Quando nos dirigimos até o local da poça...você reparou? Ele enxugou o rosto, mas por quê faria isso? Não está calor, não fizemos uma grande caminhada ou esforço e o porte físico dele nos diz que ele faz exercícios regularmente, pelo menos três vezes por semana, não é do tipo sedentário ou que apresenta doenças cardíacas, respiratórias...ele estava nervoso, John! Você não reparou também?

O loiro encarava Sherlock completamente perplexo. Nunca o havia visto tão radiante e por um momento quase se esqueceu da gravidade do que estavam falando.

– Não, Sherlock...eu não reparei. – disfarçou quando seus olhares se encontraram.

– Vamos até o laboratório! Vamos procurar mais sobre essa tal Euphorbia tirucalli! – o moreno sorriu levantando-se e tocando os ombros de Watson.






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Sherlock procurava de maneira rápida precisa. Ambos deveriam estar em aula, mas aquilo era mais importante do que tudo agora. Havia apenas os dois no laboratório neste momento e John agradeceu por isso quando o moreno gritou:





– Eureka!

– O quê?

– Veja a descrição da planta neste site! – respondeu e então John leu em voz alta:

– “Euphorbia tirucalli, planta que em seu popular é chamada de Figueira do Diabo ou ainda Dedo do Diabo é nativa da África do Sul, tendo sido levada para o Brasil no século 20. Pode ser usada em remédios homeopáticos, mas é preciso cuidado especial em seu cultivo, pois ela tem grande quantidade de látex em sua seiva. Em caso de ingestão, os principais sintomas são inchaço, coceira, vômitos e dificuldade de visão além de diarreia.”

– Voilá! – o moreno pulou de sua cadeira – Esta aí o nosso álibi, John!

– Eu não estou entendendo...- o loiro respondeu sem graça.

– É claro que não. O Sr. Cunningham mesmo disse que a ingestão por parte de Teddy foi grande, a ponto de ser perigosa quase lhe custando sua vida. Mas a porção que você tinha na bolsa era apenas para estudo...no máximo causaria diarreia no grandalhão, o que seria ainda seria uma forma muito legal de vingança, enfim! Isso foi armação e ele sabe disso.

– Isso é verdade! Como eu não pensei nisso? Naquela embalagem dizia 100gr.

– Você não pensou, porque ninguém comum pensaria...não imediatamente, provavelmente só muito depois, quando tudo já tivesse perdido. Limitações de um cérebro limitado. – Sherlock sorriu.

– É, parabéns, Você é um nerd aplicado e eu sou muito sortudo por tê-lo na minha vida. Mas o que faremos com essa informação? Digo, como colocaremos de uma forma coerente e que não comprometa o que já dissemos antes?

– Teremos que pensar com calma. Mas ainda há algo estranho: a ligação que o diretor recebeu e o fato de suas coisas terem sumido da poça.

– Sim...e sobre o Teddy, nós poderíamos ver como está seu estado. Quem sabe o que pode ter acontecido de verdade. Digo, podemos ver a fundo e descobrir se houve mesmo um grande consumo de Euphorbia tirucalli...já que foi uma armação, os exames podem ter sido falsificados ou algo do tipo! – John permitiu sua imaginação levá-lo ainda mais longe, fazendo Sherlock rir.

– Isso já seria ficção. Mas eu gosto da visão do Teddy inchado e desprotegido. Vamos descobrir para qual hospital ele foi! – o moreno respondeu enquanto desligava o computador e pegava suas coisas.

– Será que ele esta de fraldas? Eu espero que sim! – John brincou enquanto saiam pelo corredor vazio e branco.

Sherlock o parou, segurando pelo braço e abraçando-o de maneira inesperadamente carinhosa.

– Obrigado, John. Você finalmente disse algo inteligente. – brincou piscando e saindo correndo pelo corredor.

Watson queria se sentir ofendido, mas não conseguia fazer nada além de sorrir de volta. Por um momento, agradeceu por tudo o que estava acontecendo e desejou que isso nunca terminasse.







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