Era uma noite escura e chuvosa. Um menino de doze anos, cabelos verdes claros, parecendo orelhas de coelho, olhos de mesma cor e pele clara estava sentado em sua cama. Seu nome era Fey. Parecia estar chorando muito.

Sua mãe havia ido para outra cidade à procura de emprego e seu pai... Bom, seu pai havia sumido, desaparecido. O pequeno menino morava com sua avó e sua irmã mais nova.

A irmã mais nova de Fey chamava-se Kisa. Ela tinha a mesma aparência de Fey, mudando só o tom da voz. O tom dela era mais grave que de Fey.

Ele era muito amado por sua avó, mas tinha alguns problemas com a irmã. Fey teve que amadurecer muito cedo. Enquanto outras crianças brincavam de carrinho, pega-pega e outras brincadeiras, Fey sempre estava preocupado com sua avó, com sua irmãzinha e com sua mãe. Preocupava-se com seu pai também, mas bem menos.

Certo dia, ele estava voltando da escola. Andava distraidamente pelas ruas. Até avistar aquela pessoa. Seu pai. Fey estava com saudades dele, então resolveu falar pelo menos um “oi”, afinal, ele era seu pai.

Atravessou a rua correndo e quase foi pego por um carro. Quando chegou ao seu destino, ficou decepcionado. Não era seu pai. Era um homem muito parecido com ele. Fey, desapontado, tomou o caminho de volta pra casa.

Chegando em sua casa, trocou de roupa, almoçou e foi ajudar sua avó a limpar a casa. Lavou a louça, secou, passou pano nos quartos e móveis. Quando terminou, foi para seu quarto estudar um pouco, para ver se esquecia o que tinha visto hoje.

Como seu pai estava? Será que está bem de saúde? O que está fazendo agora? Essas eram as perguntas que povoavam a mente de Fey.

Perguntas do tipo “Quando será que vou voltar a ver minha mãe? Será que ela conseguiu emprego? Será que se casou de novo?”, povoavam a mente da criança.

Sim. Apesar de ter o amor e o carinho de sua avó, Fey era infeliz. Não tinha a família completa. Isso o atormentava todas as vezes. E essa tormenta piorava quando sua irmã mais nova não o ouvia. Ela era muito desobediente. Uma revoltada. Nunca aceitou a separação dos pais e nunca aceitou que sua mãe fosse embora. Mas aconteceu. Pra piorar, parece que ela faz isso de propósito, para descontar a raiva. E quem foi o “sortudo” escolhido para ela descontar toda a raiva? Fey.

O pequeno menino não estava mais aguentando essa situação. Não aguentava mais ficar longe da mãe, do pai, ser maltratado pela irmã.

Para esfriar a cabeça, ele resolveu dar uma volta por aí, sem rumo. Saiu de casa. Não falou pra avó aonde iria. Só queria ficar sozinho.

Andando distraidamente, não percebeu dois homens encapuzados correndo da polícia. Estava tão absorto em seus pensamentos que trombou com eles.

Um dos homens, enfurecido, deu um tiro no peito e outro na cabeça de Fey e o largaram ali, jorrando sangue. A polícia chegou logo atrás. Não sabiam se corriam atrás dos bandidos ou se socorriam a criança.

De toda forma, já era tarde demais. Com o primeiro tiro já tinha morrido. O homem o acertou em cheio. Fey estava morto.