Não sou a noiva, mas estou nervosa por ela. Willow também não está nervosa, é mais a mãe dela, que anda de um lado pro outro, chorando como uma louca e a madrasta correndo atrás da criança de sete anos -o meio irmão dela -que estão me enlouquecendo. Mas tento ficar recomposta e calma, pelo bem da Willow. Foi gentil  da parte dela me convidar para ser madrinha do casamento, porque a gente não se conhece a muito tempo, mas nossa amizade é boa. E ela está linda. Willow é maravilhosa, mas hoje está deslumbrante. Seu vestido não é grande e espalhafatoso, é discreto, com uma calda longa e que deixa suas costas nuas e com mangas que caem no ombro. Branco, é claro, e lindo. O cabelo dela está com os cachos de sempre presos em um coque folgado, que deixa algumas mechas soltas e sua maquiagem está impecável. Eu gosto como Willow não tenta ser bonita. Se fosse Lennon, ela usaria o dobro de maquiagem - e isso não me incomoda, mas é bom ver uma diferença - e como, mesmo não tentando, ela é. E ela é na dela, quieta, sem se intrometer, mas quando você a conhece, aos poucos ela vai se mostrando mais divertida e aberta. Willow é uma boa amiga. Vou até ela. 

-Está preparada? 

-Sim, eu acho. Não estou preparada pra toda aquela gente me olhando. 

-Você vai ter que se acostumar. É a noiva hoje. -Nós rimos.

-Eu tive um tempão pra processar essa ideia, mas não acho que algum dia vou estar preparada pra andar na frente de todo mundo. -Hesito.

-Mas... você vai não é? -Ela ri. 

-Claro, vou fazer esse sacrifício. De qualquer forma, minha mãe não liga se eu estou preparada ou não, ela vai me empurrar lá pra dentro de qualquer jeito. -Ela dá de ombros e a gente observa a mãe dela conversar com a planejadora do casamento. -Benoît, acho que está na hora de dar uma parada. -Ela diz, segurando pelos ombros o menino que não parava de correr, obrigando ele a ficar parado. Benoît. Nome estranho.

-O nome dele é Benoît? -Espero que ela não fique ofendida, mas ela só sorri e revira os olhos.

-É francês. Os pais dele são franceses. 

-Seu pai...? -Pergunto, porque se Benoît tem um parente em comum, e eu tenho certeza que a mãe dela é 100% americana, só resta ser o pai dele. 

-Sim. Eles moram lá. -Não deixo de pensar que temos isso em comum. E agora que falar do meu pai não é algo tão...doloroso, faço um comentário.

-Meu pai também. -Ela parece encantada. 

-Sério? De onde? 

-Não sei... não cheguei a conhecê-lo.

-Ah... -Willow parece sem graça.

-Não tem problema. Mudando de assunto, -digo, olhando pra planejadora -acho que é a minha deixa. -Ela concorda, e eu me posiciono na porta. Um segundo depois, sinto Fletcher pegando na minha mão, e enroscando meu braço no dele. Ele me entrega meu buquê de flores, e eu sorrio para ele. 

-Como está Owen? -Ontem, eles saíram para a despedida de solteiro do Owen, mas acabaram voltando onze horas porque o noivo estava ansioso demais pra festejar. Passamos a manhã toda zombando dele por causa disso. Ao contrário de Willow, Owen é bem mais aberto. Você não precisa de tempo para que ele se abra para você, porque ele trata todo mundo como se fosse seu melhor amigo. A amizade com ele é instantânea. 

-Só falta ele começar a pular de tão... animado. -Rio. Fletcher me olha, entretido. -Já te disse que você está maravilhosa hoje? -Fico vermelha como um pimentão. Não sei se tem um prazo pra vergonha deixar de ser comum quando seu namorado diz que você está maravilhosa/linda/incrível/etc, só sei que para mim, isso ainda não aconteceu. Também não ajuda que Fletcher esteja maravilhoso/lindo/incrível/etc também. 

-Não.

-Bem, você está. 

-Igualmente, Tom Fletcher. -Ele ri, e se aproxima para me beijar. O beijo não dura muito (porque eu tenho batom e não tenho tempo de reaplicar caso ele tire, o que acontece, mas quase não dá pra ver). -Sabe, eu mal posso esperar para ser você como noiva.

-Isso foi um pedido de casamento? -Pergunto, brincando, mas meu coração acelera mesmo assim. 

-Se você disser sim, então é. -Ele sorri aquele sorriso que faz o mundo virar um grande arco íris. Dessa vez, eu não tenho medo de falar o que eu sinto para ele, nem se isso for só uma brincadeira.

-Então, sim. -Ele sabe que estamos brincando, mas a profundidade das palavras faz com que nós dois fiquemos sérios e ele me dê mais um beijinho rápido. 

-Prontos? -A mulher pergunta, na porta. Fazemos que sim, e ela abre a grande porta da igreja, e as madrinhas e padrinhos, um a um, começam a andar pelo grande corredor. A igreja não está completamente cheia, mas mesmo assim tem bastante gente. Quando chegamos até o final, até onde o nervoso Owen está, nos separamos e cada um vai para o seu lugar. Acabo ficando no lado de Ramona -a irmã de Owen - e uma prima de Willow que só fala francês então não entendo nada. Na hora da grande entrada de Willow, todos ficam quietos enquanto a música começa a tocar. E então ela entra com o pai ao seu lado, com as bochechas vermelhas, mas sorrindo e com olhos brilhando. No  nosso lado, a mãe dela começa a chorar, e Ramona também, mesmo que seja silenciosamente. Acho que deve ser bem emocionante pra ela ver o irmão casar. Tenho que controlar as MINHAS lágrimas observando ela fluir pelo grande corredor, e principalmente quando vejo Owen, e ele está sorrindo tão grande -aquele sorriso meio Fletcher -e parece tão emocionado quanto qualquer um nesse lugar. Assim que eles param na frende do padre, seu pai dá um beijo em sua testa e um abraço em Owen, e o noivo e noiva se encaram, e por um segundo, acho que esquecem de todo mundo olhando pra eles, porque Owen subitamente puxa ela e dá um beijo. E não é aquele tipo de beijo rápido que geralmente dão em casamentos (e geralmente é depois que o padre fala que eles podem se beijar), é aquele beijo lento e profundo, e ele inclina ela ainda nos seus braços e os amigos deles assobiam e soltam gritinhos, enquanto os mais velhos só riem. Quando ele bota ela no lugar e eles se separam, Willow olha para ele, surpresa e visivelmente mais relaxada, quase se segurando para não rir. Cortando o momento, o padre começa a falar.

-Bem, estamos aqui para unir...