Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 23
Velhas Páginas


Notas iniciais do capítulo

genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee amanhã tem o último capítulo *chora*
nem parece, porque passou tão rápido, mas é verdade.
e eu tô contente com o resultado, e vocês?
a ficha ainda não caiu sabe? que vai acabar. fsjdhfgfkj e eu tô tão feliz porque é a terceira fic que eu termino e eu lembro do dia que eu ri da minha própria cara porque eu nunca ia conseguir terminar uma história fksjhf obrigada por lerem okay gente. muito. mesmo.



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"Querida Willow,"

O e-mail começa assim. Dessa vez, não é do meu pai, da Sophie, ou da minha mãe, tentando falar comigo do escritório. Surpreendentemente, é da diretora da escola - mãe de Ramona e Owen. Pensar nisso faz a situação parecer meio esquisita, porque eu estou com falando com a mãe do garoto que está louco para me beijar, e que a propósito é a responsável pela minha educação. Se isso não é esquisito, eu não sei o mais é. Mas eu leio o resto do e-mail com mais ansiedade que eu leio os do meu pai. 

"Estou mandando este e-mail, para lhe informar que Gabe Noelle, o garoto que a assediou, foi preso. Ele já tinha queixas antes contra esse mesmo assunto, mas se livrou de todas as acusações. Dessa vez, tomarei as devidas precauções para que isso não aconteça outra vez. Ele é um garoto moralmente incapacitado de fazer decisões sábias e o policial me deu informações sobre os seus antepassados. Ao que parece ele vem de uma longa linhagem de vândalos e assediadores, o que na minha opinião não é surpresa. 

Cathy foi suspensa. E estou conversando com os pais dela sobre uma transferência para outra escola. Seria bom se você pudesse entrar na justiça contra isso. Não apenas para relatar os casos de bullying, e agressão verbal, mas também porque assim a encaminharam para uma assistente social, que poderá prover à você psicólogos e todo o apoio que você precisar, para superar os últimos acontecimentos. 

Quero que amanhã, caso possa, você venha até minha sala, e então podemos conversar mais sobre isso. Vou dar detalhes e entrar em contato com os seus pais, caso você concorde em prestar queixas oficiais contra isso. 

Por último, gostaria de agradecer pela decoração incrível que o baile teve. Acho que foi nosso melhor baile, em todos esses anos em que eu estou dirigindo esta escola. Eu soube, desde o segundo em que você terminou seu discurso, na frente do comitê, que você (assim como Owen e Ramona) fariam um belo trabalho, e não me decepcionaram. 

Estou triste que você tenha que ter presenciado aquele pequeno incidente, que a impediu de aproveitar o resto do baile, mas espero que, pelo tempo que você aproveitou, tenha gostado. Muito obrigada. 

Estarei esperando pela senhorita amanhã, a qualquer horário, para discutirmos sobre Cathy e Gabe. Eu sinto muito pelo que aconteceu com você nos últimos meses. Você sempre pode falar comigo, caso haja mais algum problema dentro (e fora) desta escola. Sabe onde me encontrar. 

Marilyn Keepley."

O negócio é o seguinte: eu passei o resto da noite do baile... chorando. 

Não se sinta mal por mim nem nada assim, porque foi realmente necessário e olhando agora, foi realmente bom. Eu chorei tanto, mas TANTO, que a diretora Keepley precisou mandar Owen até a enfermaria pegar remédios pra dor de cabeça. Ela ficou meio apavorada algumas vezes, porque meu choro é meio esquisito (e parece que eu estou tendo um ataque epiléptico) e eu estava chorando de um jeito que eu nunca tinha chorado antes, meio desesperada e a ponto de explodir. Eu estava em choque, por causa das coisas que tinham acontecido, e também por causa de tudo nos últimos meses. 

Foi bom também porque eu passei a maior parte desse tempo (que eu estava chorando), sentada do lado de Owen enquanto ele me abraça forte. Tipo, muito forte mesmo. Acho que ele queria fazer a dor que eu estava sentindo ir embora, pra eu poder voltar a aproveitar a noite. Mas ela não foi embora tão cedo, porém ele continuou a me abraçar. Eu estava exausta. Mas eu pude descansar nos braços dele enquanto eu deixava as lágrimas rolarem soltas. A diretora Keepley fez um cara estranha quando olhou para nós. Não foi uma careta, ou cara de quem não gostou, mas foi esquisito do mesmo jeito. Ela sentou no sofá da nossa frente, junto com a Ramona. 

Ramona parecia aliviada. Acho que ela não estava ainda no clima de passar uma noite inteira dançando e rindo e festejando, e pelo menos ela estava sorrindo enquanto conversava com a mãe dela sobre alguma coisa. Owen só falava que estava tudo bem. E eu sabia que estava  tudo bem. Eu sabia que aquele era o máximo que Cathy podia fazer em mim e que eventualmente aquilo estaria acabado. Algum dia eu superaria e seguiria em frente.

Ramona disse que eu tinha que esquecê-la, mas não importa o quanto ela tenha me machucado, eu não quero me esquecer dela. Eu sou quem eu sou por causa de toda a porcaria que ela já fez comigo e eu só tive a chance de conhecer Ramona e Owen por causa dela. Eu deveria até agradecê-la. Eu não vou mais chorar por causa dela, eu não vou mais ficar com medo dela, eu não vou mais fazer uma festinha de autopiedade por causa dela. Cathy é uma parte da minha história. Uma daquelas páginas do meu livro que vão sempre estar marcadas, com dobras, e amassadas por serem lidas demais, mas que depois de um tempo, você para de lê-las. Porque você acha outras cenas preferidas e que combinam mais com você. Coisas assim acontecem. E Cathy é a prova viva de tudo isso. 

Eu tenho que admitir que eu imaginei que seria que nem aqueles filmes. Ela viria chorando me pedir desculpas e dizer que estava errada e ia provar que ainda me considerava a melhor amiga dela, e que sentia minha falta. Eu imaginei as coisas que ela diria e como eu ficaria super contente como se um quebra cabeça finalmente tivesse todas as suas peças encaixadas. Mas. Eu não estou em um filme, e para falar bem a verdade, eu não quero estar. A amizade de Cathy não era muito saudável para mim. Eu não tinha voz. Eu só estava lá para o que ela precisasse e ela andava comigo porque eu nunca tive mais ninguém. 

...E acontece, que agora eu tenho.

E agora que ela se mostrou ser a vadia que ela sempre foi, eu não quero ela de volta na minha vida. Seria como andar um passo para frente e dois para trás. Eu não preciso dela pra ser eu mesma. E as pessoas parecem gostar de mim até quando eu sou um lixo (nem todo mundo, mas quem liga). Então eu me despedi dela para sempre. Metaforicamente falando. Se eu fosse mesmo me despedir dela ela provavelmente me daria um soco. (Não que eu ou Ramona ou Owen não revidássemos caso ela fizesse isso.)

A campainha toca, e dessa vez minha mãe não atende. Ela não está nem em casa. Ela está no spa, relaxando, já que essa é a semana do casamento. Então, eu vou descendo até lá embaixo, correndo e pegando minha mochila. Abro a porta e encontro Owen encostado na soleira da porta, rindo da cara de patricinha-mascando-chiclete que Ramona está fazendo. Eles olham pra mim.

-Vamos? -Ramona pergunta. Hoje temos aula de artes. E é um alívio saber que Cathy não estará lá. 

-É. Vamos lá. Eu digo, fechando a porta. -Ei, Ramona, me dá um chiclete? -Eu brinco e eles riem; Owen entrelaça os dedos nos meus e me dá um beijo no bochecha, fazendo meu sorriso ficar maior ainda.

-Urgh. Casais. -Ramona resmunga, e a gente ri. Mesmo que tecnicamente nós não sejamos um casal... ainda. Owen senta no banco de trás, junto comigo. -Ei, será que a gente pode ir na casa da Cathy jogar ovos? 

-Vocês vão ser presas. -Owen ri. -De novo. 

-Quem disse que você não vai participar? Vai ser o máximo. -Ela diz, provavelmente sonhando com a vingança perfeita. Mas eu não estou nem aí. Eu não preciso de vingança. Eu não preciso de mais nada que seja relacionado a Cathy. Sabe o por que?

Eu. Estou. Bem. 

Eu. Estou. Feliz. 

Eu. Estou. Pronta. 

Pronta pro que der e vier.


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