Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 2
Lições e Insultos




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Você já se sentou na sala, encarou as pessoas ao seu redor e se perguntou o que ela todas elas estavam fazendo ali? Ou se perguntou por que todo mundo parece tão difícil de se ler mas ao mesmo tempo é tão fácil fazer suposições sobre eles? Por exemplo, tem um cara sentado do meu lado que parece um dançarino de hip hop. Tem uma garota e um garoto sentados lado a lado na roda, ela mascando chiclete e ele mexendo no celular, e do lado dele, tem mais uma garota que está lendo Austen. Eu posso fazer suposições sobre todo mundo aqui. Por exemplo, a garota e o garoto são namorados, porque agem com facilidade perto do outro, e às vezes ela pega o celular dele e fica mexendo também. Aposto que ela é dura na queda, ou seja, cara de pau, e ele é o completo oposto. A garota do lado dele, negra, é bonita e eu devo ter visto ela por aí como líder de torcida, então é popular. Deve ser amiga da Cathy.

O mais engraçado, era que quando eu e Cathy éramos amigas, eu tinha só ela como amiga, e mais ninguém. Talvez seja porque eu não sou a melhor em fazer amigos, mas ela tinha vários amigos e amigas. Estou me perguntando se ela realmente era minha amiga ou só fazia os trabalhos da escola comigo porque eu tiro notas boas. Aliás, não vi ela hoje na escola, o que é um bônus. Já não basta ninguém falando comigo.

Olho para a sala de novo, e eu percebo que não conheço nenhum deles, mesmo estudando na mesma escola. Todos eles me parecem completos estranhos.

–Olá. -A professora de artes entra na sala. Ela tem cabelo ruivo tingido, mas não parece como uma daquelas garotas nojentas. O cabelo dela é legal, além do mais, ela usa sandálias gladiadores com uma saia com estampa engraçada. Ela parece ter saído de um programa de tevê. -Meu nome é Catherine. -É claro que é. -E eu sou a nova professora de artes, prontos pra começar? -As pessoas ao meu redor param de mexer no que estão mexendo e encaram a professora, mas só a garota negra responde.

–A gente está esperando há um século. -A professora sorri. Algo me diz que isso era planejado. Mas quem planeja meia hora de atraso?

–Eu sei. Quantos de vocês estavam aqui meia hora atrás?

–Bem, tinha realmente mais gente. -O garoto do celular responde.

–Parabéns, vocês passaram no primeiro teste de aptidão para artes.

–Como assim? -O garoto da minha frente pergunta.

–Peguem seu notebooks, cadernos, o que seja, e anotem nossa primeira lição: arte requer paciência. Vocês não vão conseguir nada sem paciência. É a chave do sucesso e da auto-satisfação. Vocês tem que estar preparados para as coisas da vida. E tudo que vocês aspirarem, precisarão de paciência para conseguir.

O.K. Arte requer paciência. Anotado. Pelo canto do olho, eu vejo todos da sala - os cinco - anotando em seus cadernos super concentrados, menos a garota do chiclete.

–Bem, vamos realmente começar a aula. Quero o nome e o porquê da inscrição. -Ela senta em uma das cadeiras vagas e olha para a garota do chiclete,, indicando que é para ela começar. Ela afunda na cadeira.

–Ramona. Estou aqui porque se não estivesse, teria que fazer cálculo. E cálculo é uma megera. -O garoto do lado dela ri, e a professora sorri.

–Então você não gosta de artes?

–Não.

–Mas não foi embora depois dos trinta minutos?

–Não também. Mas é só por causa desse idiota aqui. Ele me leva pra casa. -Ela diz e o garoto revira os olhos, depois fala.

–Owen. Vim porque quero. -A professora parece satisfeita com a resposta.

–Lily. Era isso ou detenção. E eu já dormi com um garoto da detenção, mas estou tentando evitar ele, então... não. -E então a professora olha para mim, assim como todo mundo.

Eu queria falar pra ela que eu quero sair correndo. Que eu acho que falar sobre artes é estúpido e inútil, e que eu quero ficar apenas com meus desenhos de caderno, por favor e obrigada. Mas, ao invés disso, eu não falo nada disso, é claro.

–Willow. Vim porque minha mãe me abrigou. -A professora faz uma cara engraçada então pega suas anotações.

–Willow Durieux? -Franzo o cenho. Até ela sabia quem eu era agora?

–Eu mesma.

–Seu pai parecia muito entusiasmado com você vindo pra cá. -Me pergunto se meu pai e a minha mãe conspiram contra a minha vida. Porque até agora, parece.

–Espera. Você é a garota Nunca-Fui-Beijada? -Lily pergunta, comprimindo o sorriso zombeteiro. Eu olho pra baixo, apertando meus olhos com tanta força que parecem explodir a qualquer momento.

–É. -Eu tinha razão. Ela é mesmo amiga da Cathy. Pelo menos tão desagradável quanto. Para minha surpresa, ninguém ri.

–Quantos anos você tem? -O garoto do meu lado, que ainda não falou o nome, pergunta.

–Dezesseis.

–Como assim você nunca beijou alguém? -Eu levanto minha cabeça corada.

–Por que nós estamos falando disso?

–Porque eu perguntei. -Eu desisto.

–É, é verdade. Eu só acho idiota as pessoas acharem isso grande coisa. E daí? -Lily ri e eu percebo o olhar de Owen em cima de mim. Olhe para a sua namorada. Não olhe para mim.

–Você é tão puritana. -Eu olho pra baixo de novo.

–Você está esperando o cara certo ou ninguém apareceu? -Encolho os ombros.

–Os dois. Sei lá. Acho que, como ela -Eu aponto para a professora, que está nos observando atentamente. -Disse, tem coisas que requerem paciência. Por que as pessoas não podem levar as coisas como antigamente? Um beijo é tão importante quanto dormir com alguém. -Em parte, é uma indireta para a garota ao lado, mas ela não parece afetada.

–Você é TÃO virgem.

–Cale a boca. -Ramona diz pra ela. -Você é TÃO megera. -Antes que Lily e Ramona troquem mais alguns insultos, Catherine finalmente intervém.

–Pessoal, deu. Muito prazer, Willow. Próximo. -O garoto do hip hop começa a falar.

–Danny. Vim porque quis.

–Bem, então, bem vindos todos a turma 3B de artes.


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Notas finais do capítulo

o que acharam???????????????? ( :