Tergoule escrita por Eponine


Capítulo 1
Tergoule


Notas iniciais do capítulo

oioi! minha primeira one-shot de Harry Potter! espero que gostem



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Tergoule

        Eu estava lendo um livro, sentada em uma cafeteria no centro. O livro não estava muito interessante. Era sobre o fim do mundo e coisas desse tipo. Eu realmente gosto de ler, mas meu dia havia sido horrível, não me sentia bem. Meu namorado, agora ex, havia me traído. Eu havia ido a sua casa para lhe contar que eu havia passado na minha universidade, mas o encontrei com outra garota na cama. E ele ainda me humilhou, dizendo que como não tinha uma namorada “boa” precisava de outra para passar o tempo. Eu não chorei. Não até o ver fechando a porta em minha cara, “me mandando passear”.

        --- Lily?

        Eu conhecia essa voz. Era James Potter, um menino que tinha estudado comigo até o terceiro ano do colegial e jurava ser apaixonado por mim, mas eu nunca lhe dei uma chance. Preferia o Amus... Como fui idiota.

        --- James! – exclamei, tentando parecer bem, agarrando-o para um abraço apertado – como está?

        --- Eu estou bem, mas você andou chorando, certo? – ele contornou meu olho com seu polegar. Amus nunca perceberia isso – Aconteceu alguma coisa?

        --- N-não... – respondo tentando soar confiante.

        James alcançou um papel que estava perto do meu livro.

        --- “Parabéns, você foi formada com louvor na Universidade de Letras de Hogsmeade”. Uau! Parabéns.

        --- Obrigado... – sussurrei. Lembrei da expressão de desapontamento dele quando descobriu que não havia passado na mesma faculdade que eu. Foi como ver a dor de uma espada atravessando-o em seus olhos. Lágrimas começaram a brotar sem minha permissão.

        --- Lily! Não chora o que foi? Não quer parar de estudar, nerd ruiva? – ele riu. James me chamava de nerd ruiva quando estávamos na escola porque eu estava sempre estudando e tirando as melhores notas, e ruiva... Bem, acho que você já deve imaginar.

        Soluços irromperam de minha garganta. Ele me olhou assustado. Abri os olhos e encarei seus lindos olhos castanhos esverdeados. Como eu nunca reparei que eram perfeitos?

        --- Você está bem? Eu te magoei? – como ele podia pensar que tinha sido ele que me magoara, se estava comigo apenas a alguns minutos?

        --- Não... Não foi você... – disse tentando me conter, mas fracassei – Amus, ele... – mas não consegui terminar a frase. James havia colocado um dedo em meus lábios.

        --- Não chore por quem não te merece, Evans. – “Evans”, eu sempre pedi para ele me chamar assim, mas agora apenas queria ouvir o “ruiva” saindo de seus lábios – Não tem porque fazer isso, ok? Você vai encontrar alguém melhor, ok? Me promete nunca mais chorar por ele? – e passou os dedos em meus olhos para enxugar minhas lágrimas, que haviam parado de escorrer com suas palavras.

        --- James...

Ele passou as mãos pelo meu rosto, os dedos pelas minhas pálpebras, contornando cada detalhe facial meu. Abri os olhos. James me encarava, ou melhor, encarava meus lábios. Por um instante, pensei que ia me beijar, mas se afastou.

--- De-desculpe, Lily. Eu já vou indo.

--- Não, James – eu disse – você não quer, não quer tomar um café pra me acompanhar? Não quero voltar às páginas chatas desse livro sem sentido. – e fiz uma careta.

--- Lily Evans chamando um livro de chato? Não acredito que ouvi isso! – e sorriu. Sorriu de lado, seu melhor sorriso. O sorriso que ele dava pra mim todos os dias, do qual eu senti tanta falta.

--- Moço me traga duas xícaras de café, por favor? – pedi.

--- E também um Parfait de limão siciliano, um prato de madeleines... – James me olhou de canto. Eu estava muito surpresa.

--- Você... Se lembra dos meus doces favoritos... – ele sorriu de canto de novo.

--- Então, talvez, possamos comer Tergoule, arroz doce de forno, depois, ruiva!

--- Ah! – eu dei um grito histérico – Jura? Tergoule? Eu AMO Tergoule!

--- Que tal irmos pra minha casa depois então? Eu aprendi a fazer quando ainda estudávamos juntos, mas você nunca me deu chance... – o sorriso desapareceu de seus lábios e seus olhos pareciam tristes.

--- James! – eu fiquei brava – Se você tivesse me contado que sabia fazer, eu tinha ido correndo pra sua casa e ia morar lá!

--- Tá brava? – ele tava assustado.

Não aguentei ver aqueles lindos olhos assustados. Parecia os olhos de um cachorrinho, filhote de labrador. Coloquei minhas mãos em seu rosto. James me olhou incrédulo.

--- Eu não consigo ficar brava com você, James... Eu nunca consegui.

--- Não era o que parecia quando estávamos na escola. – eu ri e tirei as mãos de seu rosto – Mas é sério? Você se mudaria lá pra casa? – seu sorriso era tão esperançoso.

--- Ah... – Nossos pedidos chegaram e nós agradecemos ao garçom juntos, em uníssono, que nos olhou desconfiado – Bem, James... Fo-foi só um modo de dizer, sabe? – tinha certeza de que eu estava vermelha.

--- Ah... – seu sorriso desapareceu – entendo, claro.

Nós comemos em silêncio. Um silêncio constrangedor, devo admitir...

Comecei a rir.

--- Que foi? – perguntou-me.

--- Se lembra... – eu não conseguia parar de rir – de como você me dizia... – não sabia o que estava fazendo – que me amava?

James ficou com a mesma expressão de quando não passou na mesma faculdade que eu. Parei de rir na mesma hora.

--- James? – chamei, mas ele parecia longe – Que foi? Quer dizer, não era verdade, você, você não sentia aquilo exatamente, era só uma paixonite adolescente, certo?

Ele colocou uma caixinha de veludo na mesa junto com uma nota de vinte dólares e saiu pela porta do café. Guardei a caixinha no minha bolsa. Ela tinha um palmo ou mais de comprimento, com quatro dedos de altura e quatro de largura também. Era preta. Paguei a conta e fui para o meu apartamento.

Quando eu cheguei lá, tomei um banho bem demorado e coloquei um pijama fresco, já que dentro de casa não fazia tanto frio quanto lá fora por causa do termostato.

Peguei a caixinha de James e abri. Havia um pen drive lá, verde. A cor dos meus olhos. Me lembrei dele novamente. James sempre me fizera rir e hoje eu o fiz sentir uma dor enorme, ou ao menos foi o que pareceu. Pluguei o pen drive no meu netbook azul. Havia apenas um vídeo dentro dele, o qual eu cliquei em reproduzir.

Meu queixo foi até o submundo. No vídeo havia várias fotos minhas que eu nem sabia que existia. Era da época do colégio. Havia fotos minhas lendo, prestando atenção na aula, falando com minhas amigas, fotos minhas no shopping, indo à biblioteca, fotos minhas tiradas de uma janela. A janela que ficava em frente à janela do meu quarto, a janela do quarto de James. Durante todo o vídeo tocava a música “Give Me Love” do Ed Sheeran. Eu chorava. No fim do vídeo, havia a seguinte declaração:

“Lílian Evans, eu nunca menti quando disse que te amava. Eu nunca tive tanta certeza do que eu sinto. Eu sempre observei você, porque se eu não te visse um dia, eu ficava desesperado. Eu sei seus doces preferidos, as músicas que você mais gosta, os teus segredos. Lembra quando você caiu na escada da escola num dia de chuva e achou que ninguém havia te visto? Eu te vi da janela. Eu tentei ir até você, mas você havia desaparecido. E logo depois eu te encontrei chorando pelo Diggory. Eu senti a pior dor que eu podia sentir. Você nunca derramou UMA lágrima por mim, mas derramava por ele. Eu me senti um idiota naquele dia e jurei odiar você. Mas eu não consegui. Aquilo só me fez querer te pegar no colo e te levar pra casa. E foi o que eu fiz quando você adormeceu na biblioteca. Pedi ao seu pai para nunca contar isso a você. Quando eu vi como você ficou feliz quando passou na faculdade de letras, meu coração deu três pulos de felicidade, mas caiu quando eu descobri que não havia passado na mesma faculdade que você. Eu chorei a noite inteira naquele dia. Não podia acreditar que iríamos nos separar. Tentei te esquecer, então... Mas não tem dado certo. Se eu te entreguei este vídeo, foi porque eu mesmo não pude lhe dizer essas palavras. Me perdoe por não ter sido bom o suficiente pra você. Não vou mais te procurar. Na outra caixinha há algo que eu queria te dar quando terminamos o colegial, mas você ficou com o Diggory. Eu te amo! Não se esqueça que meu coração vai ser sempre seu...”

Abri a caixinha de veludo vermelha que estava dentro da preta. Havia um anel prata com um coração de diamante do meio. No diamante estava esculpido “J&L”. Na tampa da caixinha estava escrito “Anel de noivado da Lily”. Ele havia cogitado a ideia de me pedir em casamento? Não sei como, mas mais lágrimas ainda caiam dos meus olhos vermelhos. Naquela hora eu soube, eu o havia perdido...

Peguei meu telefone e liguei para o celular dele. Caixa postal. Corri até a cozinha e peguei as chaves do meu carro, ainda de pijama. Desci as escadas porque o elevador estava demorando muito. Entrei no carro e acelerei com toda a força, as lágrimas ainda caindo pelo meu rosto. Estaciono em frente ao seu prédio. Respiro fundo. Eu estava mesmo fazendo aquilo? Eu, Lily Evans, estava de pijama adentrando o hall do prédio do meu grande amor? Sim, eu estava. O recepcionista me olhou incrédulo, mas não liguei. Entrei no elevador e digitei o número 7. Era só o que eu sabia. Que James morava naquele prédio, no sétimo andar. Não sabia número nem nada. O elevador parou e eu sai.

--- James Potter? – sussurrei baixinho, como se ele fosse me ouvir – James Potter! – gritei em plenos pulmões.

Então você se pergunta de não seria mais fácil eu bater de porta em porta perguntando por ele. Não, não seria.

Volto a gritar e uma porta no fim do corredor se abre, mas não consigo enxergar quem é por causa das lágrimas que ainda escorriam. Um relâmpago brilhou no céu e as luzes do prédio se apagaram. Gritei mais alto, mas alguém agarrou minha cintura e me puxou até um apartamento, trancando a porta.

--- Lílian Evans! – ouvi a voz de James. Sabia que estava encrencada. Ele só usava essa voz comigo quando estava muito bravo – Posso saber o que é que a senhorita está fazendo aqui? E com esse tempo? Você não tem medo de tempestades, mocinha? Devia ter ficado em casa!

--- James – sussurrei, cortando seu discurso de pai superprotetor – eu não enxergo. Está muito escuro. E-eu to com medo.

Senti braços fortes me abraçarem e me levarem até um sofá fofinho. Os braços me soltam e eu me abraço. Sinto frio. Uma chama surge logo adiante. James havia acendido uma vela.

--- Lily... Não devia ter vindo aqui. Foi muito perigoso.

--- Eu precisava ver você, James.

Ele se senta do meu lado e eu deito em seu colo. James pula pra fora do sofá.

--- O que foi?

--- Você está de pijama... Eu não devia... Lily, você quer outra roupa que te cubra mais?

Eu ri.

--- Do que está rindo?

--- Eu não quero outra roupa, James. Eu vim aqui porque vi o vídeo e o anel – mostro minha mão direita – vim te dizer que eu aceito me casar com você.

E o abraço. Ele estava surpreso. Olho pra ele inconformada. Devíamos estar nos beijando, ele devia me dizer coisas lindas e fazer outra declaração. Devia estar tocando o violão que estava do outro lado do sofá. Eu devia estar chorando mais.

--- Lily, você não me ama – foi tudo o que James conseguiu sussurrar – você só quer ficar comigo por causa do vídeo, e porque Amus te magoou.

Me afastei dele. Como ele podia pensar que não o amo?

--- Como pode pensar que não te amo? Eu estou aqui não estou? Estou dizendo que quero me casar com você e é isso que você me diz?

--- Lily entenda... – ele parecia assustado – Não quero que se arrependa depois. Eu vou pegar um prato de Tergoule pra você, enquanto pensa melhor, ok?

--- NÃO, JAMES POTTER, EU NÃO QUERO PENSAR MELHOR! – gritei. Me exaltei, mas ele estava me irritando, se auto subestimando daquele jeito – Não quero Tergoule, eu quero você! – e dizendo isso, tirei a blusa do meu pijama. Eu sei, vulgar, mas eu havia esquecido que estava sem sutiã.

James ficou me encarando. Tentava não olhar do meu pescoço pra baixo. Me abraçou e encarou a janela.

--- O que está fazendo?

--- Você está seminua, Lily, estou te protegendo da minha masculinidade.

--- Me protegendo de que? – me afastei dele que não conseguiu mais desviar os olhos e me fez revirar os olhos, apesar de estar corando – Eu te amo, James Potter!

Coloquei a blusa e fui até a sacada.

--- EU AMO JAMES POTTER! EU AMO O JAMES POTTER! VOCÊS CONSEGUEM ME OUVIR? – eu achava que não por causa do barulho da chuva, mas gritava cada vez mais alto – EU QUERO SER A SENHORA POTTER! O JAMES NÃO DEIXA, MAS EU AMO ELE! EU AMO O JAMES POTTER!

E continuei gritando até que ele me agarrou pela cintura e me puxou pra dentro, tapando a minha boca. Me jogou no sofá e voltou até a sacada gritando:

--- EU AMO A LÍLIAN EVANS POTTER! ELA É MINHA! VOCÊS ESTÃO ME OUVINDO? ELA É MINHA! EU AMO A LÍLIAN EVANS POTTER!

Eu comecei a rir e fui até o lado dele gritando:

--- EU AMO MAIS O JAMES POTTER DO QUE VOCÊ AMA A LÍLIAN EVANS!

Nós rimos para a tempestade. De repente, eu não sentia mais medo.

James me pegou no colo e me levou até seu quarto, deitando-me na cama. A luz de velas, ele me beijou. O beijo mais apaixonante e quente que eu sentira na vida! Agora eu sabia, eu o amava. Sempre amei. Ele era meu agora.

--- Eu te amo, Lily!

--- Eu te amo, James! – e o puxei para mim.

Estávamos conversando na cama sobre nosso casamento. Como é bom dizer isso! Quando ouvimos uma mulher dizer do outro lado da parede:

--- Ainda bem que esses dois pararam de gritar! Achei que ia ter que ir lá e obrigá-los a se casarem!

Eu e James começamos a rir desesperadamente. Foi aí que eu percebi. Se até outras pessoas sabiam que nos amávamos, não havia como ser mais perfeito!


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Notas finais do capítulo

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