Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 31
#27 - Missão e Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Ok, antes de tudo: ME DESCULPEM!!!!!! Y-Y
Eu não queria ter ficado tanto tempo sem postar - juro, juro, juro, eu me senti muuuuito culpada - mas simplesmente não deu. Eu estava com um monte de problemas e pouco tempo, como já havia dito para alguns, além de não estar com cabeça para escrever Start?. Sinto muito mesmo!! E espero que não me odeiem muito por atrasar um mês o capitulo... ^////^ E quando forem escolher do que vão me xingar por ter sido irresponsável, tenham em mente que eu amo vocês S2

Tá, agora sim: O FORNINHO CAIU GENTEEEEEE *---* DUAS RECOMENDAÇÕES DE VEZ, EU QUASE MORRI!! ~sério, eu engasguei com o arroz que eu tava comendo na hora~
Kagura May, obrigada pela sua recomendação divina!! Você entendeu minha principal preocupação nessa fic *--*
Miyabi Hinata, obrigada também!! *---* Eu também te agradeceria mil vezes se possível *u*

E obrigada a todo mundo que comentou:
#Monkey D Amanda
#Baka Kawai
#Julia Marques
#BabyPeach
#Ayumi Hayashi
#RedPegasu
#Kashir
#Vlad Amber
#Anne Frank
#LemonHime
#Guelbs
#Sassu
#Açucena
#Misty Heartfilia
#Yui Chan
#Guelbs
#Miyabi Hinata

MUITO OBRIGADA *--* E pra quem eu demorei pra responder, me desculpem, fiquei um tempo sem entrar no Nyah =(


E sem música do capítulo, porque eu escrevi sem ouvir nada .-. Y-Y

Agora, sim, vou deixar vocês lerem. Até lá embaixo!!



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Aquele não foi exatamente o meu melhor fim de semana.

Tudo começou na sexta mesmo. Depois que Soul me deixou sozinha na sala com a minha tristeza e confusão mórbidas, não demorou muito para que eu começasse a me assustar com o que seria do meu fim de semana, trancada num apartamento com ele, magoada com Kid, confusa e irritada. As possibilidades não eram nada boas. Na hora, me pareceu de um bom senso descomunal ir para a casa da minha melhor amiga. Assim eu poderia esfriar a cabeça e pensar com mais calma, fazendo uma “desintoxicação” dos garotos, nem que fosse só por dois dias, certo?

Pra começar, Soul não gostou muito quando fui avisá-lo que ia passar o fim de semana fora. Ele disse que eu deveria ficar em casa e relaxar – sim, porque eu iria relaxar MUITO com ele por perto – e chegou a insinuar que eu estava fugindo que nem fiz no baile. Mas para falar a verdade, não estava nem aí para isso.

No entanto, Soul não falou nada quando avisei que deixaria o celular em casa, e depois da revolta inicial acabou me deixando ir sem problemas. Pedi a ele que avisasse a Blair onde eu estava e que não a deixasse destruir o apartamento, e em seguida saí, carregando minha mochila.

O problema foi que, mesmo sem me comunicar com Kiddo, eu não parava de pensar nele.

Uma garota apaixonada pode ser bem instável. Uma garota apaixonada que teve uma briga horrível com o cara que achava ser o “certo” pode ser pior ainda. Basicamente, meu fim de semana se resumiu a pensar sem parar na briga com o Kid e o que ela significava, e consequentemente, ficar hora chorosa, hora irritadiça, e incomodando a Tsubaki sempre.

Eu percebi como estava importunando minha amiga – e principalmente Black*Star, que não parecia nada satisfeito com a situação – mas por mais que tentasse, estava difícil me controlar. Quer dizer, como eu podia agir normalmente depois de ouvir todas aquelas coisas, e ainda por cima do Kiddo? Ás vezes eu sentia voltade de estrangulá-lo, castrá-lo e esfregar seus testículos na parede, mas logo em seguida eu só queria que ele me pedisse desculpas, dissesse que foi tudo da boca para fora e que eu ainda era a princesa dele. Eu tinha esses devaneios quase com a mesma intensidade, e me sentia boba por preferir o segundo.

Mas fazia sentido, não fazia? Kid não disse “está tudo terminado”, ele só pediu um tempo. Do mesmo modo que esse tempo podia ser para sempre, também podia ser só o Kid querendo organizar os pensamentos, certo? Decidindo se ainda queria ficar comigo apesar do lance do Soul? Feriria meu orgulho – e muito – que ele não tivesse certeza disso, e também me deixava com mais raiva ainda, mas no fundo havia uma pontinha de esperança. Não sei. Talvez eu houvesse me apegado demais a ele para simplesmente esquecer.

Isso tornou meu fim de semana algo quase insuportável. Minha cabeça não parava de dar voltas e chegar no mesmo lugar, e durante o sábado inteiro eu me senti num verdadeiro inferno. Até ouvir Tsubaki no telefone e descobrir que ela falava com o Kid, que tinha ligado me procurando. Se por um lado aquilo me animou – ele está atrás de mim, eba! – por outro piorou minha ansiedade. Tsubaki não perguntou o que o Kiddo queria comigo, só pediu que entrasse em contato na segunda, e agora não me saia da cabeça o que ele poderia querer me falar.

Me arrependi amargamente de ter deixado o celular em casa: a dúvida estava me matando, eu preferia saber logo o que era. Mesmo que Kiddo só quisesse me xingar – tudo bem, eu o xingaria de volta – pelo menos seria melhor do que aquela espera agoniante. Eu queria saber. Nossa, eu daria qualquer coisa para saber, porque aquela sensação de ter algo torcendo meu estômago era assustadora. Mas só me restava esperar e, ocasionalmente, tentar pegar o celular de alguém, Tsubaki ou Black, para ligar pro Kid. Não que eu fosse falar algo se ele atendesse. Tinha certeza que desligaria assim que ouvisse sua voz. Ele sempre atendia o telefone num tom sério e autoritário, e acabaria desligando por ficar com raiva do tom meio arrogante ou por saber que choraria se ouvisse o tom mais doce que usava comigo. Ou se não ouvisse.

Foi constrangedor quando Tsubaki me encontrou no caminho do banheiro, com o celular em mãos, pronta para pelo menos tentar ligar. Tentei ficar mais na minha depois disso, e me concentrar em qualquer coisa que não fossem garotos. Acabei pensando na escola.

Ai, a escola!

Eu a estava negligenciando totalmente. Estudava muito pouco se comparado a antes de toda essa confusão começar, só treinava sozinha, não ia a missões com o Soul. Podia apostar que em pouco tempo o Dr. Stein viria chamar minha atenção sobre isso, e sinceramente, me sentia envergonhada só de pensar na possibilidade. Foi então que tomei a decisão: por mais difícil que pudesse ser, eu ia tentar ignorar todos aqueles dramas idiotas por causa de garotos idiotas (estou olhando pra vocês, Soul e Kid) que me faziam acreditar que eram especiais e depois sapateavam em cima do meu coração.

Se. Foda.

Fui dormir cedo e com os fones, para me distrair e não cair no erro de dormir pensando em quem não devia, e por um milagre minha noite passou sem sonhos – nem pesadelos. Eu apenas me deitei e acordei no outro dia, quase meia hora antes do horário de costume, com uma idéia louca, que tinha absolutamente TUDO para dar errado e acabar em desgraça, mas que tinha certeza que iria acabar bem.

Eu iria numa missão com o Soul.

Quando disse isso a Tsubaki, ela quase me bateu. Até Black*Star disse que era idiotice eu inventar de ir numa missão sendo que provavelmente não conseguiria usar o Soul. Mas mesmo ouvindo-os tentando me fazer mudar de idéia durante o café da manhã, enquanto eu me arrumava e no caminho até a Shibusen, ainda assim a primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir até o quadro onde ficavam as missões disponíveis, separar a mais fácil – porque eu não era totalmente doida – e pedir para a tia da secretaria reservá-la para mim.

Depois fui atrás de Soul.

Eu não esperava encontrá-lo logo. Fui para a escola mais cedo do que de costume, então pensei que Soul ainda nem devia ter saído de casa, mas quando cheguei no portão da Shibusen para esperá-lo estava sentado na escadaria, de costas para a escola, olhando para a cidade lá embaixo.

Hesitei apenas um segundo antes de ir até onde ele estava e me jogar ao seu lado, respirando pesadamente enquanto sentava longe o suficiente para que não nos tocássemos sem querer. Aquilo me lembrou um pouco o dia em que encontrei o Kid na escadaria depois da aula, e meu estômago deu um nó, mas tentei ignorá-lo. Soul me olhou surpreso, e então franziu a testa, confuso.

– Pensei que ainda estava na casa da Tsubaki. – Comentou, me olhando fixamente.

Aquele olhar era uma pergunta, ele parecia querer arrancar algo de mim. Mas não tinha nada a falar sobre o que queria saber, então me virei para a frente e disse, olhando para a rua lá embaixo:

– Eu tive uma idéia meio louca.

Soul não disse nada por algum tempo, então me arrisquei a olha-lo, ansiosa por sua reação. Ele estava sorrindo meio de lado, um sorriso de quem sabe algo que eu não sei, e por um momento quase corei. Quase.

– Acho que já sei o que é.

– Não sabe. – Garanti a ele, sorrindo um pouco. – Senão você estaria gritando comigo e me chamando de idiota agora mesmo.

Soul riu, balançando a cabeça de leve, o que me fez sorrir um pouco também. Ajeitei minha bunda na escadaria, dando graças por ter vindo de calça hoje, e quase caí para trás quando Soul disse:

– Você quer me chamar para uma missão. Certo?

Franzi a testa, surpresa.

– Como você...?

– Você é previsível. – Ele deu de ombros. – Aposto que começou a se preucupar porque não fazemos missões a muito tempo e ficou com medo de deixar de ser nerd. Acertei?

Suspirei, desconfortável.

– Quase.

– É uma péssima idéia. – Avisou.

– Eu sei.

– Provavelmente não vamos conseguir lutar juntos... Do jeito que estamos.

– Eu sei. – repeti.

– Você está sendo meio suicida.

– Nem tanto. – Rebati, fazendo bico para ele. – Não é como se fossemos morrer por causa de um xamã.

Soul riu, me cutucando de leve com o cotovelo.

– Pegou a missão do Jack the Ghost? Eu a vi lá quinta feira. Achei mesmo que te interessaria.

O dia que ele se declarou para mim e me beijou.

Por um momento essa lembrança pesa entre nós, e lá está a tensão novamente, me fazendo sentir desconfortável. E não sou a única. Soul se contorce de leve e olha para tudo, menos para mim. Eu o entendo, olhá-lo também é difícil, mas, por fim, pergunto, tentando mudar de assunto:

– Er... Como sabia que eu iria me interessar?

Após apenas um segundo de hesitação, Soul sorriu, ainda sem me olhar.

– Você estava lendo um livro que se passava em Detroit semana passada, não?

Um pequeno sorriso se esgueira pelo meu rosto.

– Estava. Então... Você vai comigo?

De repente seu olhar está muito sério, e ele aproxima o rosto de mim, me obrigando a inclinar para trás.

– Você sabe que podemos apanhar feio lá, não é? Que se não conseguirmos lutar, podemos até morrer. Essa é a idéia mais perigosa que você já teve.

Seu tom de voz é autoritário e meio irritado, mas tudo que vejo em seus olhos é preocupação. Então sorri. Aquilo o deixou confuso por um momento, e enquanto me olhava com cara de interrogação, prometi:

– Calma, Soul. Ninguém vai morrer. Nós dois vamos voltar para casa.

Ele hesitou, por um segundo, então começou a rir e se afastou, levantando e batendo as mãos na calça para limpar a poeira.

– É mesmo.

Parecia ter algo mais na sua voz – como se eu houvesse acabado de perder uma piada – mas ignorei. Quando ele me ofereceu a mão para ajudar a levantar, e além de estranhar o seu toque eu também lembrei novamente do Kid, ignorei de novo. Foco, Maka. Foco.

– Então... Você vai comigo? – perguntei, novamente.

– Claro. – Soul respondeu, dando de ombros. – Alguém tem que te proteger de si mesma.

***

Era noite, e estava incrivelmente frio. Mesmo com meu sobretudo inseparável, e mesmo que as paredes do prédio abandonado não deixassem o vento bater diretamente em mim, eu sentia como se fosse congelar. Esfreguei meus braços, respirando fundo e vendo o ar sair em forma de fumaça, e Soul bufou, ao meu lado.

– Qual a temperatura desse lugar?

– Acho que uns oito graus. – Respondi, no mesmo tom de voz baixo que ele usou, e a conversa morreu por ali. Não era legal ficar jogando conversa fora durante uma missão.

Foi rápido pegar oficialmente a missão. Soul e eu só tivemos que assinar os formulários de sempre, enquanto a tia da secretaria reservava dois lugares para nós no próximo voo para Detroit, e fomos liberados das aulas até que a cumprissemos. Em menos de quinze minutos já estávamos saindo da escola. Teria demorado menos, se não houvéssemos dado de cara com Tsubaki e Black*Star, entrando na sala depois de fazer sei lá o que pelos corredores, e ela nos parar para reclamar que estávamos sendo impulsivos e irresponsáveis. Soul parecia não se importar muito com aquilo, e eu estava realmente determinada nessa missão, então mesmo que eu tenha me preocupado com a nossa segurança, não dei muita importância.

Soul me deu carona na moto até em casa – foi meio contrangedor, já que eu estava com vergonha de segurar nele – e arrumamos as mochilas rapidamente. Como a missão não deveria demorar muito, só peguei umas duas mudas de roupas, além dos meus itens de higiene e alguns itens de primeiros socorros, por via das dúvidas. Tive meu reencontro com meu celular, e pensei seriamente se deveria levá-lo ou não. A curiosidade sobre o que Kid queria falar comigo começou a me remoer novamente, e acabei enfiando o celular, ainda desligado, num dos bolsos laterais da mochila. Prometi a mim mesma que só o ligaria quando completasse a missão, e isso não significava ligar imediatamente para o Kid. E de qualquer forma, eu tinha coisas mais importantes para me preocupar.

Enquanto deixávamos o apartamento, íamos até o aeroporto, pegávamos o voo e chegávamos em Detroit, tudo o que eu fazia era dizer a mim mesma que tudo ficaria bem. Que eu e Soul conseguiríamos lutar juntos, apesar daquela pontinha de mágoa no meu coração e aquele sentimento de que meu parceiro não era totalmente confiável. Puxava assunto com ele por qualquer besteira, só para tentar “harmonizar” de novo, mas me sentia estranha toda vez que o fazia. Comecei a realmente sentir medo.

Claro, a maioria dessas coisas saiu da minha cabeça quando chegamos na cidade e fomos nos hospedar num hotel no centro. Me distraí por algum tempo com a paisagem ao redor, assim como Soul, e quando finalmente estávamos instalados no quarto duplo que iríamos dividir, fomos dormir. Na ficha da missão dizia que Jack the Ghost costumava atacar em determinados bairros fantasmas quando escurecia, e era melhor dormir o máximo possível, pois no mínimo iríamos acabar virando a noite.

Agora já eram quase duas da manhã, não havia nem sinal do serial killer e meu estômago embrulhava de ansiedade. Aquele lugar era simplesmente horrível.

Por algum motivo, Detroit me lembrava uma cidade grande, cheia de gente e de tecnologia. Apenas meu primeiro palpite estava certo. O lugar era enorme, mas em grande parte desabitado. Muita gente havia partido, não sei porque, e deixado para trás imóveis que ninguém queria. Era por isso que existiam tantos bairros fantasmas, e Soul e eu estávamos em um deles, embora eu não soubesse o nome. Sabia apenas que era industrial, por causa dos enormes prédios quadrados e galpões abandonados, alguns caindo aos pedaços e outros já quase demolidos, todos pichados e sujos. As ruas também estavam sujas, cheias de entulho, vidros quabrados e lixo, e não havia luz elétrica nos postes. Tínhamos que nos virar com a claridade da noite – por sorte era lua cheia e não tinham nuvens no céu – porque caso o assassino estivesse por perto, ligar uma lanterna seria perigoso. E mesmo que não estivesse, quando saímos do hotel a recepcionista pediu para termos cuidado, pois a cidade estava cheia de gangues que lutavam entre si, mendingos e usuários de drogas.

Enquanto rodava pelas ruas com Soul, sempre andando quase colada a ele, olhando em volta constantemente e tentando fazer o mínimo de barulho possível, o fato de ter achado que seria uma missão bobinha me fazia sentir idiota.

Estávamos vagando, esperando dar de cara com nosso alvo, a quase sete horas, quando o estômago do Soul roncou. Eu estava tão tensa que por um minuo me assutei com o som, até meu parceiro rir de leve, ao meu lado.

– Culpado. – Sussurrou para mim. – Acho que meu estômago não está muito feliz aqui.

Silenciosamente, enfiei a mão no bolso do sobretudo e tirei uma das barras de cereal que havia enfiado ali pouco antes do jantar. Entreguei a Soul, que me lançou um sorriso de agradecimento, e peguei outra – a última – para mim. De qualquer forma, quando clareasse, mesmo sem ter encontrado o assassino teríamos que voltar para o hotel, e poderíamos comer algo lá. Acabar com as barras agora não teria problema.

Comemos em silêncio, e quando acabamos, Soul entrelaçou seu braço no meu e me puxou de leve. Encarei-o, estranhando sua atitude, até ele indicar um ponto mais a frente com o queixo e me puxar para um beco sujo entre dois prédios abandonados. Havia um grupo de jovens a mais ou menos um quilômetro diretamente a frente, e só dava para enxergá-los por causa da caçamba de lixo na qual haviam ateado fogo. Não dava para dizer ao certo por causa da distância, mas pareciam segurar armas. Deviam ser de uma gangue. Me inclinei mais para fora do beco, tentando enxergar melhor, e Soul se esticou por trás de mim, com uma mão no meu ombro para me impedir de sair mais que o necessário.

Perto demais.

Me afastei uns três passos da entrada e virei de frente para o Soul, que continuava parado no mesmo lugar, embora me encarasse. Estava escuro demais para decifrar direito sua expressão, mas também estava escuro demais para notar o meu rubor, então agradeci mentalmente antes de perguntar:

– O que você acha?

Minha voz saiu áspera, mas não ousei limpar a garganta. Soul apenas deu de ombros, a voz como a minha quando respondeu:

– Eu dou conta deles.

– Sim. – Concordei. – Mas não são nossa missão.

Embora ache que poderiam ser, completei mentalmente.

– Uma briga poderia chamar a atenção do Jack.

Quase sorri ao ouvir o Soul chamando o serial killer só pelo primeiro nome, e expliquei:

– Ele costuma pegar pessoas sozinhas vagando por aí... Acho que temos mais chances se continuarmos quietos. Uma briga com aqueles lá – Indiquei com um gesto o lado de fora do beco. – provavelmente só o espantaria.

Soul concordou, a contragosto, e fomos procurar um caminho que não passasse por perto do grupo da caçamba de lixo. Demos a volta pelo beco, passamos por algo que deveria ser uma cerca de tela mas que agora só tinha o esqueleto e por fim saímos na rua de trás. Em vez de pegar a direção norte, que estavamos seguindo antes, fomos pelo sudeste, fazendo zigue zague pelas ruas, e não vimos mais nenhum movimento. Parecia que teríamos que ficar mais um dia aqui antes de encontar o assassino. Eram quase quatro da manhã, eu estava cansada, morrendo de sono, com fome, frio e minhas pernas doíam enquanto eu andava e xingava mentalmente tanto o assassino quanto a minha idiotice ao pegar aquela missão.

Ele atacava em quatro bairros fantasmas diferentes! Porque não me dei conta que a probabilidade estava contra nós?

Soul não parecia irritado ao meu lado, apenas meio cansado, e eu estava prestes a sugerir que voltássemos para o hotel por hoje quando ele me segurou de novo e apontou para frente.

Dessa vez não era uma gangue, era um cara deitado sozinho, com uma lixeira de metal do lado exalando fumaça suavemente. Ela subia espiralando, uma trilha branca contra o céu negro, e parecia um sinalizador. “Estou aqui!” Devia ser um mendigo, ou um drogado. Abri a boca para dizer a Soul que deixássemos para lá, mas antes que qualquer som saísse da minha boca, ouvi o barulho de algo caindo de um prédio. O homem da lixeira também ouviu, pois acordou assustado, olhando ao seu redor. Soul me puxou para o lado novamente, desta vez atrás de um muro parcialmente destruído, e foi dali que assisti a tudo.

O homem ficou de pé, envolvido num cobertor sujo, e olhou em volta, perguntando se havia alguém ali. Nenhuma resposta, estão nos afastamos do muro para dar a volta e sair do caminho novamente quando parei, sentindo algo estranho. Meu alvo. Ele estava por aqui. Puxei Soul pela mão, correndo de volta pela rua, mas na metade do caminho ouvi o grito gorgolejante. Quando olhei, o homem já estava caído no chão, com algo escuro esguichando de seu pescoço, e havia alguém parado ao lado do corpo, cutucando com o pé.

– É ele.

Não era uma pergunta, mas ainda assim Soul respondeu:

– É ele.

Jack the Ghost se virou para nos encarar. Sua blusa de frio estava manchada na região da barriga, como se ele houvesse limpado as mãos ali, e mesmo com o chão imundo ele não usava sapatos. Seus olhos pareciam totalmente pretos quando nos encarou, e Soul apertou minha mão.

– Ah, a Shibusen veio conferir de perto enquanto eu elimino essa raça?

Desviei o olhar dele o corpo aos seus pés. O sangue continuava esguichando, e agora havia uma poça no chão. Eu lamentava por não ter notado o assassino antes que aquela pessoa morresse. Ignorei meu estômago embrulhado, me perguntando como ele sabia quem nós éramos, antes de notar que o braço livre do Soul já estava em forma de foice. Então anunciei, alto o suficiente para que minha voz ecoasse nos prédios, e orgulhosa por ela não ter saído áspera novamente:

– Jack the Ghost, sua alma é nossa!


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Notas finais do capítulo

Um capítulo meio óbvio, mas como teve spoiler nos últimos capítulos, sorry Y-Y
No próximo tem cena de luta *--* Não escrevo lutas a meeeeses e-e
Então, é isso!! Desculpe por toda a demora - e por o capítulo acabar logo aí.
Kisuus!! ;*

PS. A Maka xingou e-e Porque eu deixei ela xingar???
PS2. Eu pesquisei um pouquinho sobre Detroit - agora estou fascinada pela cidade - e agora está realmente fazendo oito graus lá ^^
PS3. Só para deixar claro, sou contra matarem mendigos e/ou drogados '-'