Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 11
#10 - Baile e Beijo


Notas iniciais do capítulo

Yoo meus amores! Cá estou eu de novo - e no prazo!!!! Dança dança~

Ok, primeiro quero agradecer a:
#Ana
#Soel Mokona
#MistyAlbarnEater
#Vlad Ember
#Açucena
#Kaila Dragneel

Obrigada pelos comentários, babies! Fiquei muito feliz com todos eles - e meio que me senti culpada se não postasse logo kkkkkk

Então, eu estava muito ansiosa pra postar esse capítulo - ele é tipo... bom, sem spoilers, okay? Mas é a partir de agora que a história vai ficar legal xD
Apertem seus cintos, peguem a pipoca e mantenham a calma! Nos vemos lá embaixo!



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Tsubaki: Maka, cabelo preso ou solto? =x
Maka: Solto, você vai com ele preso todo dia pra Shibusen
Tsubaki: Mas ele é tão ralinho... E não dá tempo de fazer mais nada nele :'(
Maka: Bota ele de lado xD
Tsubaki: Tks flor =D já tá pronta?
Maka: Quase, daqui a pouco saio. E vc?
Tsubaki: Só falta o cabelo e o vestido, mas com o Black, nunca se sabe né
Maka: Qualquer coisa a gente t espera na entrada da Shibusen, flw? Agr deixa eu me concentrar aqui q já me borrei kkkkkk bjus =*
Tsubaki: Bjus ;*

Pousei o celular ao meu lado, na penteadeira, limpei o traço de delineador que ficou comprido demais e o refiz antes de passar gloss e encarar meu reflexo no espelho.
Eu havia feito a maquiagem dos olhos clara, mas bem delineada de preto e com o traço mais puxado, o que deixava meu olhar mais sexy e realçava o verde. No entanto, as bochechas mais rosadas e o gloss rosa clarinho davam um ar mais delicado. Blair estava dando o toque final no meu cabelo, soltando os cachos grossos que fez com o baby lyss, para dar um ar mais natural. Quem diria que a minha gata daria uma boa cabeleireira?
Blair logo acabou, borrifou laquê - o que me fez tossir um pouco - e olhou para o resultado no espelho. Seus olhos encontraram os meus e ela sorriu.
– Nyah, Maka-chan, você está tão linda! - sussurrou.
– Obrigada. Graças a você! - disse, virando a cabeça para ver como meus cabelos ficavam quando não estavam escorridos. - Meu cabelo ficou lindo! Porque você trabalha num cabaré mesmo?
Blair riu, ajeitando uma mecha.
– Porque no cabaré eu ganho presentes. Vem, vamos colocar o vestido.
Mais ou menos umas duas semanas atrás, quando todas já tinham um par, Tsubaki, Liz, Patty, eu e Blair (que foi de penetra) fomos no shopping para uma "tarde de compras dedicada ao baile". Liz e Blair que escolheram meu vestido, porque disseram que era a minha cara. Eu o achei bonito demais para isso, mas também era bonito demais para que eu não o comprasse.
Do busto até os pulsos ele era todo de renda preta, num padrão liso. O busto era tomara que caia e justo, com uma faixa de seda na cintura e depois se abrindo numa saia rodada em camadas até metade da coxa. O tecido, negro, era todo fosco, menos a faixa da cintura e algumas camadas da saia que também eram de seda. Eu havia comprado luvas justas pretas e uma bota de salto que só ia até o tornozelo para usar junto.
Quando me olhei no espelho, não me reconheci. Eu parecia mais alta, mais sexy, com pernas mais longas e delicada, e ainda assim perigosa. Meus olhos ficavam bem destacados na maquiagem, o verde bem brilhante, e maiores e provocantes. Meu cabelo caía em suaves cachos até a altura dos meus seios, o que - Eba! - fazia-os parecerem maiores.
Dei uma voltinha, vendo a saia do vestido flutuar de leve ao meu redor, e toquei o espelho. Aquela, definitivamente, não era eu. Mas hoje, não me importava em ser ela.
– Blair, confessa, você fez alguma magia em mim, não foi?
– Claro que não, Maka-chan! - ela riu, vindo por trás e colocando suas mãos em meus ombros. - Você que é linda. Tem esses olhos verdes maravilhosos, e esse corpo - nem venha me dizer que não tem peito, você é linda! E também - ela completou, sussurrando. - todo mundo fica mais bonito quando está apaixonado.
Corei e olhei para ela pelo espelho, assustada, o que só fez com que Blair risse.
– Ah, pensou que eu não sabia, né? A Blair sabe de tu-do que acontece com a dona dela. - disse. - E, se quer saber, estou torcendo pra você esta noite. Você e Soul formam um casal muito cute.
Sorri de leve, lembrando de como a Blair realmente estava diferente. Ela ainda se jogava em cima do Soul - não seria ela se não o fizesse - mas era menos, e sempre dava um jeito de nos deixar sozinho. E como ela me ajudou essa noite, e como ela sempre está comigo...
Me virei e a abracei com força.
– Eu não sou sua dona, bobinha! Sou sua amiga! Eu te amo, Blair!
Apesar do momento meloso, eu ri, e ela também.
– Também te amo, Maka-chan! Agora, vamos logo! - disse, se afastando e me estendendo a mão. - Seu gato está te esperando.
Passei perfume, peguei minha bolsinha e dei a mão à Blair.
– Suada. Está nervosa? - ela sorriu.
– Um pouco. - admiti.
– Ah, não fique! Vem cá!
Blair saiu me puxando pelo quarto até a sala, e eu, meio tropeçando. Soul, que estava sentado no sofá, levantou rápido ao nos ver entrar, e eu prendi a respiração.
Kamisama. Como ele estava lindo.
Soul estava de terno, com uma blusa social vermelha e gravata preta, mas com os cabelos meio bagunçados como sempre. Ele se portava com classe, mas não rígido - como se soubesse exatamente como agir, mas não se prendesse muito a isso. Como um bad boy rico.
Por um momento, fiquei perdida nele, e ele também em mim. Soul nem piscava, e eu também não. Não parecia que eu conseguiria. Meu olhar desceu até a boca dele, e vi que lambeu os lábios. Soltei a respiração, devagar. Ele devia vir, pensei. Eu deixaria. Só precisava dar uns três passos e...
Blair que quebrou o momento, limpando a garganta e pulando em cima de mim.
– E então, Soul? O que achou?
Ele deu uma risadinha, e eu abaixei um pouco a cabeça, constrangida com o meu comportamento.
– Nada mal, Blair. - respondeu, e percebi que ele também estava corado. - Não achei que você ia dar conta.
– Ah, então é difícil me deixar bonita? - brinquei, para quebrar o gelo, mas ele me olhou com aquele mesmo olhar quente de antes.
– Nem sonhando.
Abaixei os olhos de novo, mas vi Blair revirando os olhos.
– Ok, agora vão! - disse, nos empurrando até a porta. - Os outros já devem estar esperando vocês.
Achei inútil dizer que provavelmente nós é que ficaríamos esperando Black*Star e Tsubaki, então apenas deixei que nos empurrasse e desse um "tchauzinho, filhotes!" antes de trancar a porta atrás de nós.
Ficamos lá parados no corredor, olhando um pra cara do outro em silêncio e meio sem graça. Parecia uma droga de primeiro encontro.
Por fim, Soul me estendeu o braço.
– Bom... Vamos?
Concordei, aceitando o braço, e entramos no elevador.

***

O silêncio não demorou muito, porque assim que chegamos na garagem, discutimos.
– Soul, o carro é meu! - disse, exasperada.
– E só por isso não posso dirigir? - insistiu.
Nós havíamos decidido ir no meu carro, que eu havia apelidado carinhosamente de Chairoo. Era um Ford Belina 1999 cor de chocolate, e apesar de velhinho, estava muito bem conservado. Eu tinha muito ciúme dele. E, óbvio, não queria que Soul dirigisse.
– Não disse que você não pode dirigir. Disse que EU quero.
Soul revirou os olhos.
– Você nem pode dirigir. Está de salto!
– Eu tiro o sapato. - rebati, dando de ombros.
Ele suspirou e passou as mãos pelo cabelo. Deixei um pequeno sorriso brotar no meu rosto. Não tinha como ir contra aquilo, eu ia ganhar a discussão.
Soul abriu a boca pra falar algo, mas desistiu e fechou de novo. Sacudiu o punho fechado pra cima e pra baixo, mordendo o lábio, então se aproximou mais de mim e me olhou nos olhos.
– Olha só, Maka, esse é o seu primeiro baile. Tipo, é uma coisa cool pra você e tals. Eu meio que me sinto no dever de fazer com que seja perfeito. Deveria ter alugado uma limousine pra gente e te dado um daqueles buquês de prender no braço, sabe, igual aos filmes...
– Seria muito brega. E cliché. - acrescentei, já sabendo mais ou menos onde ele queria chegar.
Soul riu.
– Bem, Maka, bailes são clichés. Mas a questão é: o mínimo que eu posso fazer é dirigir. Pra tornar isso mais especial. Não vai me negar isso, né?
Suspirei. Aquilo era totalmente machista, mas eu não podia dizer não com Soul me olhando daquele jeito, e sabendo que ele estava indo no baile por minha causa.
Joguei as chaves pra ele, indo pro banco do carona.
– Valeu, Maka.
– Espero que não bata com o Chairoo. - respondi.
E Soul não bateu. Fomos o caminho todo ouvindo os rocks antigos dele, e até algumas músicas clássicas, e tive de rir dele defendendo Beethoven e sei lá mais quem. Um adolescente que ouve música clássica. Dá pra acreditar?
O estacionamento da Shibusen estava mais cheio que de costume, mas Soul logo achou uma vaga e estacionou. Depois de ligar o alarme (que seria totalmente inútil, já que o salão ficava numa das torres e a música estaria alta) e guardar a chave no bolso, Soul me ofereceu o braço, e fomos em direção da entrada, que estava toda decorada e cheia de luzes cuidadosamente colocadas de modo a se espelharem. Dei um sorriso, observando aquilo. Com certeza tinha um dedo do Kiddo ali.
Paramos logo antes da entrada.
– E Black e Tsubaki? - Soul perguntou, olhando em volta.
– Já devem estar chegando. - respondi, imitando-o. - Tsu-chan disse que já estavam saindo, e de táxi não demora tanto.
Soul concordou com a cabeça, batendo a mão na perna impacientemente.
– Quer entrar logo? - perguntei.
– Não, vamos esperar eles. É só que não é cool ficar parado assim na porta.
– Não é tão ruim assim. - discordei, embora concordasse com ele. Só queria puxar assunto. - Você pode ver quem chega.
– Você só diz isso porque quer ver quem vem com quem. - Soul riu.
Revirei os olhos pra ele.
– Ah, qual é. Eu sei o par de todos os meus amigos. Pra que vou ficar vigiando o resto do povo?
– Sei lá. - Soul deu de ombros. - Garotas costumam gostar de saber esse tipo de coisa.
– Eu sou homem.
Soul me encarou, descrente, depois me deu uma olhada - não uma olhada qualquer, sabe, mas AQUELA olhada, que te faz pensar em porque se deu o trabalho de colocar roupas. Começou pelos meus pés e quando chegou no meu rosto, olhou nos meus olhos e deu um meio sorriso.
– Com certeza é.
Apesar de estar corada, brinquei:
– Confessa, você quis virar gay agora.
– Droga, descobriu meu segredo. - ele riu.
Rí também, mas o som saiu meio agudo, já que eu havia ficado ansiosa. Dei uma tossida, disfarçando.
Logo depois, um táxi parou a poucos passos de nós e Tsubaki e Black saíram dele.
Black*Star estava... Sabe... Bem Black*Star. Desleixadinho. Parecia que ele pegou a primeira blusa social branca que viu, jogou um blazer por cima, botou um jeans folgado e um all star e pronto. Mas as roupas não estavam amassadas, então alguém (Tsubaki, sem dúvida) as havia passado antes, e se alguém as passou, elas foram escolhidas com antecedência.
Não pude evitar um sorriso ao imaginá-lo de frente para o guarda roupas, tentando escolher algo que parecesse que não foi escolhido.
Tsubaki estava divina. Seu vestido era de alcinhas, longo e diáfano, feito de chiffon verde-água. O modelo lembrava uma daquelas túnicas gregas, e junto com a sandália de salto dourada, o cabelo cuidadosamente penteado de lado e com uma presilha de strass, e os cílios enormes e o batom bem vermelho, ela parecia da realeza. Black andava todo orgulhoso do seu lado, e com razão, pensei.
Soul assoviou e acenou pra Black*Star, que acenou de volta.
– Aê, engomadinho!
– Engomadinho o caramba. Demorou porque? - Soul provocou. - Tava fazendo o cabelo?
Revirei os olhos e fui dar um abraço na Tsubaki.
– A gente mal esperou cinco minutos, Soul. - disse, sob seu olhar reprovador e o riso escandaloso do Black. - Você está linda, Tsu-chan!
Tsubaki sorriu, satisfeita.
– Você também, flor!
– Eu também. - Black se intrometeu. - Agora vamos subir logo, eu quero comer.
O salão onde seria o baile ficava na torre oeste, no quinto andar, o que significava andar um pouquinho e pegar um elevador, mas não demorou nada. Subimos com outro casal de uma turma que eu não conhecia, mas que sabiam quem era o Soul, o que resultou num draminha protagonizado por Black. E, quando por fim chegamos no salão, tudo que eu podia pensar era: uau.
Aquele salão era cheio de varandas, mas elas estavam ocultas por cortinas vermelhas, o que criava um contraste com as paredes creme. Toda a decoração se baseava naquele contraste: mesas forradas com toalhas vermelhas e creme, bolas e serpentinas vermelhas, brancas e creme. Tudo aquilo dava um ar clássico e chique ao lugar, e essa sensação só era quebrada pela estátua do Shinigami-sama, feita de gelatina de morango, que estava perto das mesas do bufê. Havia a pista de dança, com o tradicional piso preto e branco, e várias luzes coloridas e globos de luz. Ao contrário do que eu esperava não tinha banda ao vivo, e sim um dj, que estava tocando uma música da Katy Perry. Ainda assim o palco estava montado, perto da mesa do dj, onde o Shinigami-sama faria um discurso e haveria a coroação de rei e rainha do baile - era tão brega, mas eu estava muito animada com aquilo.
– E então, Maka? - Soul perguntou. - Está como você imaginava que seria?
– Não. - respondi. - Está melhor.
– Seria melhor se tivesse uma estátua minha! - Black declarou. - Eu sou a grande estrela desse show!
Tsubaki riu, pousando a mão no ombro dele.
– Sim, com certeza é. Agora vamos encontrar os outros.
Mas nós é que fomos achados. Logo que começamos a dar uma volta pelo salão, uma Liz arfante apareceu, puxando Kid, que parecia meio duro e traumatizado, atrás.
Se bem que seria difícil não notá-los. Kid estava de terno preto, com uma camisa social preta, mas não usava gravata - usava um daqueles lenços, amarrados com um nó e drapeados, que os homens de mil oitocentos e bolinhas usavam. O dele era de seda branca, e por mais ridículo que possa parecer, ficava ótimo nele. Sua postura se parecia mesmo com a de um cara daquela época. Se alguém podia usar aquilo, era Kid.
Além disso, combinava com a decoração clássica.
Liz era o total oposto: de saia de cintura alta de paetês prateados, blusa amarela de ombro caído e saltos enormes de veludo verde musgo, ela parecia que acabara de sair de um desfile. Sua maquiagem, como a minha, era pesada nos olhos e clara na boca, mas sua sobra era azul. O cabelo estava preso numa trança embutida lateral, igual a da Katniss de Jogos Vorazes, e imediatamente soube que eu TINHA que fazê-la me ensinar aquilo.
Os dois brotaram na nossa frente do nada, e Liz já foi logo falando:
– Nossa, cara, vocês capricharam hoje hein!
Kid soltou sua mão da dela e estendeu pra mim. Sem entender direito, segurei, e acabei sendo puxada/girada até ele, que me deu um abraço, firme mas cuidadoso, como se eu pudesse quebrar. Retribui, enlaçando seu pescoço e o puxando para mim.
– Kamisama, Maka, você está deslumbrante essa noite! - sorriu, corando e me soltando do abraço, mas sem me deixar afastar.
Sorri com o elogio, sem deixar de notar que o máximo que Soul disse foi "nada mal".
– Você também, Kiddo. Resolveu bancar o mr. Darcy esta noite? - brinquei.
– Só se seus sentimentos não permanecerem os mesmos de abril passado.
Ri de novo, e Soul veio para o meu lado, passando o braço pela minha cintura. Meu coração acelerou na hora.
– Aah, Soul, deixa os dois. - Liz riu, passando a mão pelo braço livre do Soul e se inclinando para falar comigo do outro lado. - Ele acha que vou te deixar roubar meu par.
Pois é, Liz e Kiddo haviam vindo juntos. Não que ele gostasse dela, nem nada disso. Liz iria vir com o ficante dela, mas os dois brigaram por algum motivo e ela acabou arrastando o Kiddo, o que foi uma ótima idéia. Ele não queira vir por nada.
– Liz, - Tsubaki chamou. - a Patty não veio com aquele vestido de oncinha não né? Por favor, diga que não.
– Não. - Liz sorriu, e até eu fiquei aliviada. - Consegui colocar juízo na cabeça daquela garota.
– Você é uma ótima irmã! - elogiei.
– Obrigada, obrigada!
– Tá, legal isso. - Soul bufou. - Mas a gente já pode ir procurar uma mesa?
Revirei os olhos, e Liz disse:
– A gente tá ali perto do bufê, vamos lá.
Demos a volta na pista de dança - de onde Liz e Kiddo haviam acabado de sair, o que explicava a cara meio assustada dele - e avistamos a mesa, onde Patty e Jason (seu par, um garoto bem ruivo e cheio de sardas que parecia não dar a mínima para o comportamento "exótico" dela) estavam quase sentados um no colo do outro. Liz cruzou os braços e pigarreou assim que chegamos.
– Jason, posso saber porque você está quase violentando a minha irmã?
Ela falou brincando, mas ele corou, se desculpou e começou a se afastar, até Patty impedí-lo.
– Acho que eu quero ser violentada, Liz.
O pobre garoto corou mais ainda, mas todo mundo riu.
A divisão dos lugares foi um problema, porque ninguém parecia satisfeito. Eu acabei ficando entre Tsubaki e Soul, mesmo que Kid tenha insistido pra ficar do meu lado. Ele acabou do outro lado de Tsubaki, o que eu achei melhor - Soul não parecia muito feliz com a presença do Kid, e eu não queria outra ceninha deles - mas Black*Star ficou irritado por não ter ficado perto de seu par e decidiu descontar na comida, pegando uma montanha do bufê e se recusando a dividir.
Ficamos um tempo lá só conversando, e quando começou a tocar Titanium, Black*Star cantou junto porque disse que a música era inspirada nele, e nisso eu comecei a cantar também, e no fim a mesa toda estava gritando que éramos á prova de balas, nada a perder, atire, atire. Fiz Soul ir pegar um refrigerante e salgadinhos para mim - um parceiro serve pra isso, certo? E quando eu estava na maior felicidade comendo, Black convidou Tsubaki para dançar uma música lenta que estava tocando, e ela aceitou. Dei uma piscadinha quando ela saiu da mesa, e Kid se sentou no lugar dela.
Soul e ele conversaram sem se alfinetar dessa vez. Aleluia.
Black e Tsubaki voltaram - os dois meio vermelhos, humm - e a essa altura eu já havia cansado de comer e queria dançar, mas não queria ter que convidar o Soul. Por sorte, não precisei.
Logo que começou Pursuit of Happiness, eu comecei a me mexer na cadeira, e Liz riu.
– Ou você está excitada ou ama essa música.
– Segunda opção. - rí.
– Mesmo? - Soul perguntou, surpreso.
– Aham. - concordei. - Ela é rápida e lenta e não sei, mas tem algo na letra dela que eu gosto.
Ele assentiu, então disse:
– Quer dançar?
Concordei, claro, e lá fomos nós. No começo eu não sabia muito bem o que fazer - era minha primeira vez numa festa, não sabia como dançar direito. Decidi imitar o pessoal á minha volta, e descobri que era bem fácil, já era flexível por causa dos treinos e das missões da Shibusen, se contorcer um pouco no meio de um monte de gente não era nada. Soul estava um pouco duro, mas manteve as mãos na minha cintura enquanto eu dançava.
Então reparei no modo como ele me olhava - de olhos um pouco cerrados, nem piscava, com um sorriso de lado na boca.
Não havia como errar a interpretação daquele olhar. Ele me queria. E nem que fosse só por hoje, eu também o queria.
Comecei a rebolar, olhando-o do mesmo modo que me olhava, e o sorriso dele aumentou. Quando a música ficou mais lenta, passei meus braços pelos ombros dele, diminuindo a velocidade e o arrastando num vai-e-vem lento ritmado. Ele estava gostando, sabia. Eu me sentia perfeita sob seu olhar. Tudo era perfeito.
Soul me apertou mais, puxando-me para mais perto, e fui. Ele inclinou a cabeça em minha direção, e senti a iminência do que ia acontecer. Soul ia me beijar. Depois de tanto tempo, tantos anos, eu finalmente ia ter minha chance com ele.
Mas não queria que fosse assim - no meio de uma pista de dança, na frente de todo mundo.
Ele percebeu meu olhar, e ao invés de me beijar, colou sua bochecha na minha, sua respiração quente na minha orelha.
– Mais tarde. - disse, alto apenas o suficiente para que eu pudesse ouvir. - Isso não terminou.
Assenti - sem chance de eu deixar terminar daquele jeito - e fiquei ali, colada a ele, até a música acelerar de novo e continuarmos no mesmo ritmo rápido de antes.
Dançamos mais umas três músicas, Soul sempre com as mão ao redor da minha cintura, e só quando já estávamos começando a suar voltamos para a mesa.
Desabei na cadeira e bebi um copo de refrigerante numa golada só. Patty riu.
– Calma, Maka, ele não vai fugir.
– Cara, não sabia que dançar cansava assim. - respondi, me afastando do copo. - Parece um treino de luta.
– Ah, é, foi sua primeira vez. - Liz disse, concentrada num pedaço de bolo que comia. - Mandou bem.
– Valeu.
– Maka. - Tsu-chan chamou. - Vamos no banheiro comigo?
Concordei, peguei minha bolsa e saí de novo, dessa vez com Tsubaki.
O banheiro ficava no corredor sul, ao contrário da entrada, e só haviam umas três meninas lá. Tsubaki e eu retocamos a maquiagem até elas saírem, e assim que teve certeza que haviam ido embora, ela se virou para mim, sorrindo.
– Maka! O que foi aquilo na pista de dança?
Mexi no cabelo, sem graça, mas orgulhosa.
– Você viu?
– Se vi! - respondeu, rindo. - Achei que vocês iam começar a se pegar ali mesmo!
– Tsubaki! - briguei, rindo. - Até parece. Eu não conseguiria ali, no meio de tanta gente. Mas, - acrescentei. - Soul disse que aquilo não terminou.
Ela deu uns pulinhos, super feliz.
– Mesmo? Então está fazendo progresso com ele?
– Se tudo der certo...
– Já deu. - ela garantiu. - Ou você não reparou na cara dele quando te olha?
– Reparei sim. - suspirei. - Mas e você e o Black? Os dois voltaram pra mesa corados!
– Ah, Maka. - ela disse, com uma expressão que não soube bem especificar. - Ele...
Bem nesse momento, chegaram mais garotas, e Tsubaki parou por ali. Xinguei-as mentalmente e lançei a Tsubaki um olhar bem significativo. Ela teria que me contar EM DETALHES depois.
Saímos do banheiro e estávamos indo para a mesa quando parei, de repente. Meu sexto sentido havia disparado.
Algo estava errado.
Percebendo minha expressão, Tsubaki parou e me envolveu com um braço?
– Maka? Tudo bem?
– Sim, sim, tudo bem... - respondi. - Pode ir na frente, eu tenho que fazer uma coisa antes.
Tsubaki estranhou, mas foi, e eu fiquei ali parada por um tempo, olhando em volta. Então, comecei a andar.
Dei a volta na pista de dança, mas pelo outro lado, para não passar perto dos meus amigos. Esbarrei em umas duas ou três pessoas e continuei, seguindo aquele sentimento de que algo ia acontecer. Estava perto de uma das cortinas quando parei. A sensação havia sumido. E eu estava rodando pelo salão igual uma boba.
Resmunguei comigo mesma mentalmente e ia me afastar, mas acabei decidindo das uma olhada na varanda que eu sabia que estava atrás da cortina - quer dizer, porque o Shinigami-sama as esconderia? Afastei um pouco o pano vermelho e vi duas silhuetas lá dentro. Demorou apenas alguns segundos para que as reconhecesse: Soul e Liz, e estavam conversando. Sorri comigo mesma, será que Liz estava dando um daqueles seus ataques maternais pra cima de mim? Mas então ela segurou a mão de Soul e o fez ficar de frente pra ela. Continuei observando enquanto ela dizia algo para ele, que não se afastava, mas também não se aproximava. Nenhum dos dois notou minha presença. Que diabos estava acontecendo?
Então, do nada, Liz se pendurou no pescoço de Soul e o beijou.
Por um momento, fiquei chocada demais para pensar qualquer coisa, e Soul parecia surpreso também, pois não reagiu. Xinguei a Liz de todos os nomes, mas não interferi - não queria anunciar minha presença antes de ver o Soul se afastando, dando um fora nela e colocando-a no seu devido lugar.
Mas, ao invés disso, primeiro hesitante, depois com mais ardor, ele a abraçou e retribuiu o beijo. Vi quando apertou ela forte contra si, enroscando os dedos em seus cabelos, e Liz o abraçou mais forte, passando as unhas de leve por seu pescoço. Vi os dois, parecendo um só naquela varanda, sem me notar, até dicidir que já havia visto demais.
Fechei a cortina e me afastei, respirando fundo. Não aqui. Não aqui.
Continuei dando a volta na pista de dança até chegar na porta de entrada do salão. Olhei em volta, pra ter certeza que ninguém me observava, então saí.
O corredor estava vazio, era cedo demais pra ir embora e tarde demais para chegar. Me apoiei na parede lateral e respirei fundo de novo, mas dessa vez nem me dei ao trabalho de tentar impedir as lágrimas de saírem. Eu estava sozinha, arrasada, com meu coração partido demais para pensar com clareza, para me concentrar em qualquer coisa que não fosse a dor que senti ao ver meu garoto e minha amiga se beijando.
Então, tirei os saltos, segurei-os contra meu peito, junto com a minha bolsa, e disparei pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

OK, AFASTEM ESSAS ARMAS DA MINHA CABEÇA
Desculpem pelo capítulo (mentira, eu amei ele) enfim... ás vezes coisas ruins acontecem. Mas lembrem, essa fic nem chegou na metade ainda, então... vamos tentar nos acalmar, tá?
Próximo capítulo sábado, e em homenagem ao décimo capítulo tem um extra também (Viu? Viu? Sou boazinha)
Kisuuuus =*

PS. Desculpem pelo capítulo excessivamente grande