A Queda escrita por Maria Leal


Capítulo 15
O viajante


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Na bolsa tinha comida, barracas, muito curarent, tinha tudo de necessário para se passar pelo menos 2 meses na floresta, montamos as barracas e fomos dormir, eu havia me limpado no rio e trocado de roupa por uma roupa inteira que ainda tinha nas coisas que eu e Rafael havíamos levado, todos já tinham ido para sua barraca dormir mas eu não consegui dormir, decidi sair da barraca, passar um tempo pensando, apesar de tudo o lugar era bonito.

Quando sai da barraca tomei um susto, Matheus estava sentado em uma pedra perto das árvores onde eu planejava ficar, o que mais assustava era a maneira como ele se disfarçava nas sombras por causa da jaqueta, ele havia lavado o sangue da blusa mais cedo e agora estava limpando as flechas que havia usado mais cedo, quando o vi eu parei e ele levantou

– Não está conseguindo dormir?- Perguntou examinando a ponta de uma das flechas

– Não, aparentemente você também não, aconteceu alguma coisa ?

– Está tudo bem, é só que faço minha jornada sozinho então me acostumei a dormir pouco para ficar de vigília

– Você anda por aqui sozinho ? Tipo... Como? Eu estava com Rafael e quase morri de medo, literalmente

– Ando sozinho a muito tempo, minha mãe era anjo e meu pai se apaixonou por ela, ele não sabia. Quando nasci, minha mãe disse que teria que ir e meu pai me levou desde pequeno a procura dela, durante essas viagens meu pai morreu, e me deixou para completar sozinho a jornada, aprendi sozinho a manusear arcos e flechas, adagas, espadas,saquear para comer, tive que aprender. Geralmente os nefilins aprendem isso em suas casas com seu pai ou mãe mortal,tirando a parte de saquear, só que comigo eu tive que aprender fora da simulação, no real. Quando ao medo, descobri que isso é psicológico e todos os meus medos foram desaparecendo quando percebi que estava sozinho

Me aproximei e me sentei ao seu lado em outra pedra, era estranho pensar em uma criança sozinha perdida nessa floresta, aprendendo a mexer com armas para própria sobrevivência

– E para onde você está indo ? Onde pretende encontrar sua mãe ?

– Não sei, as vezes sinto sinais, a vejo em sonhos mas não sei exatamente para onde estou indo, nem sei se é ela mesmo que estou procurando, ou se só vivo assim procurando uma razão para ficar em algum lugar, alguém talvez, alguma coisa - Ele falava olhando para mim porém parecia estar focado em algo além, no horizonte, houve um tempo de silêncio, eu não sabia o que dizer, toda a minha vida eu tinha tudo o que queria mesmo depois de ter perdido meus pais e agora vejo que sozinha provavelmente não teria conseguido nada disso. Então percebi em seu pescoço algo que brilhava como pálido reflexo da lua, era uma corrente, era linda, era uma asa e no meio dela uma espada.

–Sua corrente é muito bonita, foi seu pai que te deu ?

– Não, foi minha mãe, ela me deu quando nasci. Ela era um dos anjos justiceiros, esse foi um dos motivos pelo qual teve que ir, mas é por isso a espada entre asas, simboliza a justiça

–Com quantos anos você começou sua jornada sozinho ?

– Com 8 anos, ás vezes as pessoas me deixavam passar a noite nas suas casas por eu ser muito novo, venho de muito longe, não sou daqui, vim para esta floresta a um ano, Lilith me pegou e me fez acreditar que estava apaixonada por mim e me fez apaixonar-me por ela, um velho truque dela, e ela me prendeu nessa floresta, disse que eu nunca conseguiria sair daqui se não encontrasse a bússola, que venho procurando até agora, quem sabe com vocês eu consiga sair daqui

– Por isso você a matou com tanto ódio, ela te torturou não é ? Ela te fez ver seus maiores medos esse tempo todo e por isso você não tem mais medo, aprendeu a superá-los

– Sim, mas isso não vai ao caso, descobri que esse amor por ela não era de verdade. Mas e você ? Por que está aqui ?

Contei toda a história a ele, desde o acidente até a hora dele aparecer, ele era um bom ouvinte.

A noite parecia clara, dava para ouvir os barulhos das corujas e de grilhos, e do rio que era um pouco mais à frente, houve um tempo de silêncio que se seguiu até ele falar :

– Vou dormir, boa noite, apesar de satisfatório foi cansativo matar Lilith e alguns demônios também antes de encontra-los- Então ele se levantou e foi para sua barraca e eu fiquei lá sentada na pedra, encostada no tronco da árvore tentando me manter acordada para evitar pesadelos, apesar das pálpebras já pesarem


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem...



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