Acordei bem pela manhã,do lado de fora da minha janela estava um dia lindo.Mas eu não podia sair pra vê-lo,tinha que ficar dentro desse maldito quarto.Minha mãe ainda estava dormindo,parecia uma pedra,nunca vi ter tanto sono assim.Meu pai não estava no quarto,pra falar a verdade eu não o vi desde a noite passada.Meu café da manhã já estava no quarto,a enfermeira deve ter trazido enquanto eu ainda estava dormindo.
Tomei um gole de suco,e peguei uma colher para comer o iorgute,essa eram as únicas coisas que não tinha cara de doente,comida de hospital sempre me embrulha o estômago.Passaram se alguns minutos e minha mãe se levantou.

–Bom dia meu anjo.

–Bom dia dorminhoca –sobre um sorriso.

–Acho que eu dormi demais.

–Dormiu mesmo,depois só eu que vivo dormindo né.

–Seu caso é diferente,é preguiça demais que você tem.

–Não tenho preguiça –emburrada

–Larga de trama senhorita Elena.Seu pai já veio aqui ?

–Não mamãe,se ele veio nós duas estávamos dormindo.

–Ok,vou ligar pra ele.

Minha mãe saiu do quarto,e fiquei um tempo sozinha.Terminei de comer e me deitei um pouco.Meu braço ainda estava doendo muito,mesmo com o gesso.Eu queria sair logo daquele hospital,ele as vezes tem um ar muito triste,sozinho,não gosto disso.E ainda mais eu sempre estava no tédio,era sempre a mesma coisa,eu deitada naquela cama,minha mãe conversando comigo e de vez em quando assistindo televisão.Queria algo diferente,alguma pessoa diferente pra conversar.E eu já sabia quem era esse alguém.

Resolvi dar uma volta,quem sabe eu não tenha outra sorte,igual daquela vez.

Ando pelos corredores e nada,vejo pessoas passando de um lado pro outro,as vezes até correndo.Vou até a recepção,minha mãe ainda está lá falando ao telefone com o meu pai.Ela me vê e se assusta.

–O que está fazendo aqui Elena ?

–Queria andar um pouco,estava sentindo um tédio enorme,e você estava demorando pra chegar,então resolvi sair sem você mesmo.

–Quer ir comer alguma coisa ?

–Não mãe,os remédios me tiram um pouco o apetite.

–Bom,eu vou a lanchonete,quer ir comigo ?

–Não mais,vou ficar por aqui mesmo.

–Está esperando alguém ?

–Não,quem esperaria ? –assustada

–Quem sabe um paquerinha daqui do hospital –sobre risadas

–Não tem nenhum paquerinha mãe,e não fale desse jeito.

–Ta bom,não falo mais.Já volto.

Incrível como mãe sempre percebe as coisas né.Quero saber se quando eu for mãe,vou ser desse jeito,mas minha mãe é uma mulher incrível,sempre me apoiou nas minhas escolhas,e sempre esteve do meu lado

Até a recepção estava um tédio,nada de interessante acontecia ali,resolvi novamente andar pelos corredores.E levo o maior susto.Stefan me da um baita susto,não sei onde ele estava,mas eu me assustei de verdade.

–Você quer me matar do coração ? –com a respiração ofegante.

–Desculpa,achei que não ia te assustar tanto –dando uma enorme risada.

–Não sou do tipo de pessoa que se assusta fácil,mas acho que to meio sensível nesses dias.

–Mesmo assim,fui ótimo né –se gabando.

–Foi sim,mas tenha certeza que vai ter volta.

Agora sim meu tédio foi todo embora,quando eu estava com ele,tudo parecia diferente,nada era do mesmo jeito,ele me fazia bem,mesmo não sabendo quem ele era.

–Veio visitar sua namorada ?

–Aham.

–Como ela está ?

–Está bem,obrigada por perguntar.A cirurgia foi bem sucedida,acho que em uma semana ela já esta em casa.

–Que bom.

Não aguentei,e falei bem baixinho.

–Sorte dela ter um namorado como você.

Mas não era pra ele escutar,mas isso não aconteceu.

–O que você disse ?

–Nada.

–Falou sim.

–Falei que ela tem sorte de ter você como namorado.

–Acho que eu que tenho sorte dela ser minha namorada.

–Você gosta mesmo dela né.

–Sim,ela esteve comigo nos momentos mais difíceis da minha vida.

Cara,como eu posso ter chances com ela ? A concorrência seria injusta,ela deve ser perfeita,na verdade perfeita pra ele.Essa teve uma baita sorte na vida.

–Posso ver ela ?

–Você quer ver ela ?

–Sim,posso ?

–Claro,vem cá,ela já deve ter acordado.

Entramos no quarto,e parece que o quarto dela tinha um ar diferente,bem melhor do que o meu.Quarto ideal,pra pessoa ideal.

Ela realmente estava acordada,olhando para uma direção,que no caso seria a televisão.

–Amor ?

–Olá amor.

–Vim te apresentar uma amiga,Katherine esta é Elena.Elena esta é Katherine.

–Prazer Elena.

–O prazer é todo meu Katherine.

–De onde vocês se conhecem ?

–Amor,sabe aquele caso que eu te contei,que eu tinha atropelado alguém ?

–Sim,é ela ?

–Sim é ela.

–Já percebeu que meu namorado é um desastre no transito né – sobre risadinhas.

–Nem é,eu que estava toda errada.

Nossa como me deu vontade de enforcar aquela mulher,mas eu tinha que ser educada,porque trataria na grosseria alguém que eu nem conheço ? Mas sim,ela namora ele,e ainda se chamam de amor,pode preparar meu funeral.

–Eu disse isso pra ela,mas ela sempre diz que estava errada.

–Eu estava mesmo,na verdade seu namorado foi muito gentil,se tivesse sido outra pessoa não teria me socorrido.

–Ele é um amor,um anjo.

Ainda por sinal é exibida,mais um pouco ela coloca o namorado em um troféu e fala,olha que linda a minha vitória,ele é todo meu.

–Preciso ir,minha mãe deve estar me esperando.Foi um prazer te conhecer Katherine.

–O prazer foi todo meu Elena.

–Tchau Stefan.

–Tchau Elena,se cuida.

Passei muito tempo desse quarto,foi crueldade pra mim.Ele gosta mesmo dela,do jeito que ele olha pra ela,como ela sorri pra ele,do jeito que ele pega na mão dela.Isso é demais pra mim.Voltei pro meu quarto e minha mãe estava lá.

–Querida você ganha alta amanhã de manhã.

Isso era tudo o que eu não queria,eu queria ficar aqui pelo menos mais uma semana,mas meus planos foram por água a baixo.

–Já mãe ? Achei que ficaria mais tempo.

–Logo você estará em casa.

–Pra casa ?

–Sim.

–Não mãe,eu quero continuar aqui,não quero voltar pra casa.

–Sua boba,você vai voltar pro hotel.Eu sei que você ficaria louca se voltasse pra casa.Vou ficar um tempo aqui com você,enquanto seu pai cuida das coisas lá.

–Que alivio mesmo,ainda bem que você me conhece.Como o papai esta ?

–Preocupado com você ainda,mas disse pra ele que esta tudo bem.

–Queria que ele tivesse aqui.

–Logo mais você verá ele novamente.

–Mãe,e meu estagio ?

–Liguei pra editora e falei sobre o que aconteceu.Eles disseram que você poderá ir trabalhar logo que tiver alta aqui.

–Mas como eu vou digitar as coisas,com esse braço quebrado ?

–Olha ai seus dedinhos pra fora,podem trabalhar sim senhora.

–Mas ainda dói muito.

–Tomando os remédios todos certos,essa dor vai passar rapidinho.

–Obrigada por tudo mãe,te amo.

–Você sabe que te amo mais ainda.

A tarde passou,não fiz absolutamente nada,a noite chegou e tudo estava um tédio,eu dormia,logo acordava,dormia e acordava,comia e dormia,essa estava sendo a minha rotina.Estava contando as horas pra sair daquele quarto,daquele hospital.

Eu ainda estava na esperança que eu ia encontrar o Stefan novamente,mas não,Foi ilusão novamente.De repente quem aparece no meu quarto,sim ele,meu coração foi e voltou.

–Olá mocinha,te acordei ?

–Não,já estava acordada.

–Aquela senhora é sua mãe ?

–Sim,e por sinal ama dormir –dando um sorriso.

–Todos nós amamos dormir –dando uma risadinha,meio sem graça.

–Mas acho que minha mãe já é demais.O que faz aqui ?

–Tinha que resolver algumas coisas,ai passei pra te ver.

–É alguma coisa seria ?

–Não,nada de mais.

–Já foi ver sua namorada ?

–Não,acho que ela deve estar cansada de mim,fiquei a manhã inteira e um pouco da tarde com ela.

–Acho que ninguém se cansaria de você.

–Acha mesmo ?

–Sim,sua companhia sempre é boa.

–Obrigada por dizer isso,sua companhia também sempre é boa.

Minha companhia também é sempre boa ? Dei um infarto sem saber.Estou parecendo aquelas menininhas do colegial quando conversar com o menino mais gato da escola,tenho que parar de ser desse jeito.

–O que foi ?

–Ham ? nada,só estava pensando.

–Você pensa demais hein haha

–As vezes sim –dei uma risada.

–Eu tenho que ir,só passei mesmo pra resolver algumas coisas.

–Não vai não,fica mais aqui.

–Não posso,tenho que ir mesmo.

–Ta bom então.

–Você ganha alta amanha ?

–Sim,ainda bem estou saindo daqui.

–A gente se encontra por ai.Beijo

–Beijo.

Eu queria que ele ficasse aqui pra sempre,nunca mais fosse embora,mas ele tinha que ir.E minha mãe parecia uma pedra dormindo,essa mulher não acorda de jeito nenhum que isso.Peguei no sono e acordei já era de manhã.Minha mãe estava arrumando minhas coisas,finalmente eu sairia dali.

Minha mãe pegou um taxi que nos levou até o hotel onde eu estava morando.A recepcionista,toda sorridente me recebeu perguntando como eu estava.

–Seja bem vinda novamente Elena.Está tudo bem com seu braço ?

–Obrigada Bonnie,as vezes dói um pouco,mas já estou bem melhor.

–Você tem correspondência.Acabou de chegar.

–Obrigada.Mãe vamos lá pra cima.Alias Bonnie essa é minha mãe.

–Ola Bonnie.

–Ola senhora Gilbert.

Fomos até o elevador,chegamos ao meu apartamento,logo me deitei na cama pra abrir o pacote.

–De quem é El ?

–Não sei,não tem remetente.

Com a ajuda da minha mãe abrimos o pacote,não estava escrita de quem era,só tinha um livro lá dentro,e era o livro que eu mais amava,com uma dedicatória dentro.

“Você deixou isso cair enquanto estava no chão,peguei e achei justo devolver.”

Não estava escrito de quem era,mas eu suspeitava de quem era.