The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 25
Capítulo 25




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– Vamos lá - Wes a incentivou - Mais uma vez. E agora do início.

Katherine suspirou e se posicionou, a espada em punho novamente. Ela tinha que admitir que já tinha evoluído nessa de lutar. Depois de vários exercícios de equilíbrio, concentração, resistência e físicos, ela já se sentia muito mais forte e preparada para tudo o que vinha descobrindo nos últimos dias.

Aquela sensação de que seria atacada toda vez que virava as costas já tinha desaparecido, mas ela ainda não era nem um pouco boa com espadas, e ela poderia jurar que Wes concordava.

Ela deu um giro e tentou atingir o boneco que estavam usando como alvo de novo, mas como anteriormente, ela escorregou no chão molhado e cheio de neve e caiu antes de conseguir atingir o alvo, derrubando sua espada.

– Eu não consigo! - gritou ela - Wes, eu desisto, eu sou péssima nisso, não posso simplesmente atirar facas como qualquer ser humano normal?

– Não - disse ele - Não pode, você sabe que para atirar facas o seu alvo precisa estar a uma certa distância de você. Como você pretende atingir um alvo na sua frente?

– Sei lá - ela deitou no chão, cansada - Xingando ele?

– Katherine, levante! - Wes puxou o braço dela com força, fazendo com que ela se levantasse de um salto.

Ela percebeu feliz, que o salto que ela deu para se levantar tinha sido o mais perfeito que ela dera em toda sua vida. Wes tinha-a explicado que quando um mortal passa muito tempo no inferno, muitas de suas qualidades são melhoradas. Isso funciona como um convite, um convite para que o mortal se torne um filho do diabo, mas só quando o mortal está muito vulnerável, no sentido mental, como por exemplo quando ele está com raiva, é que os olhos vermelhos, que funcionam como uma praga, se fixam nele e ele vira um filho do diabo. Katherine planejava não deixar emoções tão fortes contaminá-la, mas sabia que se emoções fortes funcionassem como uma porta aberta para os olhos vermelhos, ela já deveria ser uma deles.

Nos últimos dias, ela andara muito ocupada treinando com Wes e com Jim, que segundo Niah, eram sua segunda melhor dupla de lutadores, logo depois de Finn e Blake, e ela não tinha tido tempo para conseguir pensar em sua própria vida. Muitas vezes ela se sentia mal por perceber que não era sobre Ivy que seus pensamentos rondavam, mas sobre Finn.

Eles não tinham se falado muito depois que saíram da cachoeira, todos estavam muito ocupados se preparando para o baile, mas todas as vezes que os olhares dela e de Finn se encontraram tinham sido estranhos. Els sabia que ficava vermelha e que depois desviava o olhar com um sorriso, e Finn mesmo não ficando vermelho, fazia o mesmo. Ela não entendia o quê estava acontecendo estre os dois, se estavam juntos ou não, se eram apenas amigos, ou na pior das hipóteses: estavam se ignorando.

Ela não queria ser apenas amiga dele. Pelo menos não conseguia se ver como apenas amiga dele, mas ela sabia que ainda tinha Chris, e que cedo ou tarde ela teria que falar com ele. Se é que ele ainda não pensava que ela estava morta, considerando que ela sumiu do nada.

– Já que você não quer fazer isso do jeito certo - ele pegou uma espada de seu cinto e entregou a de Katherine que estava no chão a ela - Vamos fazer do meu jeito.

Ele se posicionou na frente dela, apontando a faca para o coração dela.

– Você quer que eu lute com você?

– Isso não é uma luta, Katherine - ele sorriu - É uma dança. Vamos, se prepare.

Ela o obedeceu relutantemente, e se posicionou. Wes partiu com o primeiro golpe e ela se desviu, rolando para o lado, mas ainda de pé. Ela virou a cabeça para os dois lados e seu pescoço fez um estalo ameaçadoramente.

– Muito intimidante - riu Wes - Gostei.

– Então acho que você vai gostar disso.

Ela girou de novo quando Wes a atacou e atingiu com a ponta do cabo de sua espada nas costelas, ele deu uma leve estremecida mas não gritou, então ela levantou a espada bloqueou um golpe dele em direção ao pescoço dela. Eles ficaram assim, atacando e bloqueando até que Wes desferiu um golpe na direção da cabeça dela e ela se agachou, ele se atrapalhou um pouco com o rápido sumiço dela e ela aproveitou para fazer um corte no calcanhar dele.

Os joelhos dele cederam e ele agachou no chão, mas não atordoado o suficiente para que não conseguisse fazer um corte no braço dela, bem onde havia seu outro machucado que ela fizera na caverna do poço. A tala que cobria o braço dela caiu, mas ela não se importou, e bloqueou um golpe de Wes, que ainda estava no chão, com um chute em seu braço, derrubando a espada dele. Depois, girando a espada com um movimento rápido, ela o ameaçou com a ponta em direção ao seu coração.

Ele sorriu e levou os braços para cima, em um gesto de rendição .

– Parece que você só funciona sobre pressão.

– Devo considerar isso um elogio?

Ele riu, mas antes que pudesse dizer alguma coisa Katherine ouviu o som de galhos se quebrando na floresta e se virou, a ponta da espada apontada ameaçadoramente para o garoto que se encontrava com os braços também para cima, como Wes, na sua frente. Ela abaixou a arma com um suspiro, era apenas Reed.

– Calma aí garota! - pediu ele - Vim apenas dizer que o trio maravilha está te esperando na biblioteca de Finn.

Katherine riu ao se lembrar que todos os garotos no inferno chamavam a Niah, Blake e Finn de "trio maravilha", pelo o que ela sabia, eles próprio não sabiam desse apelido.

– Okay - ela se virou para Wes - Vai ficar ai o dia todo?

Ele ainda estava no chão, olhava para Katherine e Reed com uma leve exclamação.

– Se você quiser me ajudar eu agradeço.

Ela o ajudou, e depois de pegarem as várias armas no chão, eles adentraram na floresta em direção ao forte. Katherine já tinha conseguido decorar o caminho do grande castelo até a clareira depois de ter feito isso nos últimos três dias, desde que fora convidada para ir ao tal baile das bruxas. Eles entraram no forte e logo já estavam na porta que Katherine lembrava levar até a biblioteca, por um segundo ela se perguntou como a sala seria para ela se Finn não estivesse lá dentro, então seus pensamentos foram interrompidos quando as portas realmente se abriram e revelaram a enorme biblioteca.

No meio da sala estava Niah e Blake, sentados um ao lado do outro e Finn no meio de uma mesa, como de costume, sua cabeça estava enfiada em um livro, mas quando as portas se abriram e revelaram Katherine, ele levantou os olhos, se Niah não o conhecesse, diria que ele estava maravilhado.

Katherine andou até o centro da sala e ficou olhando para Finn. Ela tentava se controlar, mas não conseguia, olhar para ele era uma coisa nova para ela, ou pelo menos, o jeito que ela o via era diferente, pois toda vez que olhava para seus lábios ela se lembrava de como era quando eles tocavam os dela.

Niah olhava de um para outro, as sobrancelhas arqueadas.

– O que diabos eu perdi?

– Nada - eles responderam simultaneamente.

– Entendo - ela deu um sorriso malicioso e os dois desviaram o olhar para ela, todo o brilho que estava em seus olhos à pouco se fora, como se tivessem quebrado um vidro.

– Então - começou Blake quebrando o silêncio - A razão de estarmos aqui...

– Ah - exclamou Niah - Claro - ela se ajeitou em sua cadeira - Finn, pode falar.

Ele arranhou a garganta como se estivesse algo preso nela e começou a falar sem tirar os olhos de seu livro, como se tivesse medo que algo ruim acontecesse se o fizesse.

– Katherine, você lembra da sombra que vimos outro dia na porta de meu quarto? - ela assentiu, e mesmo sem ver a reação dela, ele continuou: - Eu estava a procura de sombras como aquela à algumas semanas. Notei que elas apareciam algumas vezes no chão do castelo sem um dono, então resolvi investigá-las.

– Vá direto ao ponto - Niah o interrompeu impaciente.

Ele arrancou uma página do livro que estava segurando e Katherine estremeceu, então ela percebeu que o quê ele segurava na verdade não era um livro, e sim um caderno. Um de seus cadernos de desenho. Ele estendeu a folha para ela e se levantou para ficar ao seu lado.

Ela pegou a folha e olhou para a página. Nela tinham duas bolas, uma dentro da outra e uma linha que dividia a bola maior em uma linha reta, mas que não dividia a bola interior. Finn apontou para o desenho.

– Está vendo essa bola maior? - perguntou ele - Esse é mais ou menos como o inferno é - ele apontou para a bola interior - Aqui é onde estamos.

– O quê tem nessa bola maior além do lugar onde estamos? - perguntou ela.

– Esse é o ponto - ele pegou a folha da mão dela e escreveu algumas coisas, depois devolveu para ela.

No exterior da bola maior estava escrito "Inferno", na bola interior "Forte" e em um lado da linha que dividia a bola maior estava escrito "Vazio" e no outro "Cidade dos deitados".

– Aqui - disse ele apontando para o lugar que estava escrito "Vazio" - É o verdadeiro inferno, para onde as almas ruins e tudo mais vão - explicou ele. Depois, ele apontou para o outro lado, o tal de "Cidade dos deitados" - E aqui é a origem das sombras que estão aparecendo.

– E que lugar é esse?

– Esse é o lugar que as almas que ainda não foram julgadas pelos Anjos Caídos vão - disse - É basicamente como um salão cheio de almas que parecem perdidas de si mesmas, é um lugar que nem ao menos nós deveremos ir.

– E como essas sombras estão vindo para cá?

– Desde que nós, filhos do diabo, fomos criados, as bruxas vem tentando achar um jeito de penetrar nesse lugar - ele parecia hesitar a cada palavra, como se não tivesse certeza se contava ou não - Apenas mortais ou um de nós podem ficar aqui, e geralmente os mortais, depois de ficar muito tempo nesse lugar, também se tornam um de nós - ele olhou para Katherine, como se esperasse que ela começasse a gritar, mas ela não disse nada - O fato é que a magia que ronda esse lugar não pode ser feita por nenhuma das bruxas, porque não é algo de Deus, e elas só podem fazer magias que tenham algo a ver com Ele.

– E o quê elas tem a ver com as sombras?

– Achamos que elas estão tentando achar um jeito de penetrar nesse lugar - explicou Niah - Bruxas podem ir até a cidade dos deitados quando bem entendem, é a única parte do inferno que podem pisar, então achamos que elas estão tentando ligar as almas que estão lá com esse lugar, para conseguir uma passagem.

– E elas estão conseguindo?

– Mais ou menos - disse Blake - As almas que estão na cidade dos deitados não podem entrar aqui no forte, ou na floresta, mas como eles já sçao integrantes do inferno, as bruxas acreditam que a passagem deles até aqui deveria ser mais fácil, e pelas sombras que aparecem aqui eventualmente, acredito que elas estão conseguindo.

– Se elas abrirem espaço para que essas almas venham até aqui, elas vão estar meio que abrindo espaço para elas entrarem, como se estivessem fazendo um buraco na parede e o atravessando.

– E o quê vamos fazer?

– Ir até a cidade dos deitados e falar com uma alma que está lá a algum tempo e que pode nos ajudar.

***

Como todas as outras portas do complexo, a porta da cidade dos deitados só poderia ser aberta com o toque de um dos filhos do diabo, fazendo com que Katherine fosse a última a atravessá-la. Do outro lado, ela encontrou exatamente o que esperava (e tudo o quê ela não desejava ver): uma floresta de pessoas de diferentes lugares no mundo.

Exatamente como Finn descrevera o lugar, ele era basicamente um grande salão, onde milhares de pessoas, andavam perdidas e sem rumo. Ela sabia que as pessoas que se encontravam ali na verdade se tratavam de almas pois se ela olhasse para uma mesma por um tempo, ela conseguiria ver a imagem dela tremeluzindo como se fosse o reflexo de alguém na água.

Katherine se sentia desconfortável por estar perto de tanta gente infeliz. As almas andavam realmente como se estivessem perdidas: olhando de um lado para o outro com expressões de curiosidade e algumas vezes de desespero. Ela ouvia ruídos que se comparavam a gritos, mas pareciam tão distantes que se comparavam a gritos que tentavam atravessar paredes grossas.

Uma alma se aproximou dela e ela arregalou os olhos. Parecia que uma áurea de luz a contornava, deixando sua imagem ainda mais distorcida. Katherine sabia, muito antes de acontecer, que quando a alma passasse perto demais dela, chegaria a travessá-la, já que ela não tinha corpo. Seu corpo estava muito longe dali, enterrado em algum lugar.

Ela sentiu um arrepio quando o ombro da alma atravessou o ombro dela, como um toque frio em seus ossos, e se distanciou de qualquer outra alma que tentasse chegar perto dela. Katherine sentiu algo roçando em seu outro ombro e quase gritou, mas então ela sentiu o formigamento familiar e se conteve.

– Tudo bem aí? - perguntou Finn ao lado dela.

– Aham - disse ela - É só que esse lugar é meio assustador.

– E deve ser mesmo - ele olhou para trás como se estivesse com medo de que estivessem sido seguidos depois sorriu para ela - Mas pode ficar calma, já chegamos.

Ela olhou para o pequeno banco de pedra que se estendia a sua frente. Parecia ser a única coisa no salão além das almas, e sobre o banco estava um homem velho, ou pelo menos sua alma, que parecia ter o brilho mais fraco que Katherine já vira até aquele momento o rondando. O velho olhou para eles quando eles pararam na sua frente e sorriu.

– Filha do diabo minha querida - cumprimentou ele - Veio aceitar minha oferta?

– Infelizmente ainda não, Wade - a garota sorriu - Não pretendo me casar com você tão cedo.

O tal de Wade exibiu um sorriso largo, mostrando que faltavam muito dentes em sua boca, mas não parecia se importar. Ele se levantou e se aproximou de Niah, ou pelo que Katherine percebeu deslizou. Ele se aproximou tanto de Niah que Katherine poderia pensar que ele iria beijá-la, mas no final ele apenas a encarou, e como que sentindo o olhar de espanto de Katherine, se virou para ela.

– Então você é a famosa cópia? - perguntou ele se deslizando para Katherine.

– Não sou cópia nenhuma.

– Claro que não - ele sorriu - Mas permita-me dizer que sua sombra é magnífica.

– O quê?

– Finn Smith! - gritou ele, se virando para Finn e ignorando Katherine - O quê um garoto tão lindo como você faz num lugar desse?

– Precisamos de informações, Wade.

A imagem sorriu novamente, os poucos dentes que ele exibia na boca brilhavam.

– Já sabe meu preço?

– Mas alguns dias de adiamento do seu julgamento, eu suponho.

– É isso ai garoto! - Wade fez um gesto com o braço, como se estivesse incentivando Finn em alguma competição de esporte - Agora me diga: o quê querem saber?

– Bruxas - disse Blake - Elas estão tentando entrar no forte através desse lugar?

– Mas é claro que estão! - concordou ele, animado - Conectar as almas daqui ao seu precioso forte, é uma magia bem antiga e poderosa. Mas se querem saber minha opinião, eu não sei porquê elas nunca pensaram nisso antes.

– Você sabe por que elas não pensaram? - perguntou Katherine.

Ele aproximou o rosto do grupo, e como se estivesse contando um segredo, sussurrou:

– Eu soube que elas encontraram um livro - revelou ele - Um livro que estava perdido desde Sansy, parece que ele estava enterrado dentro de alguma igreja antiga.

– Igreja antiga? - perguntou Finn.

– Sim, sim - concordou Wade - Me disseram que as bruxas estão procurando algo graças a esse livro. É um livro muito poderoso, sim, ele contem coisas que deveriam preocupá-los.

– Que tipo de coisas? - perguntou Niah, seca.

– E eu vou saber? - perguntou Wade com indignação - Eu tenho cara de bruxa, por acaso?

– Chega! - gritou Niah, impaciente - Vamos embora logo, esse velho é maluco.

– Não se esqueçam de adiar meus dias! - gritou ele quando o grupo começou a se virar para ir embora.

– Depois de todas essas mentiras você ainda acha que vamos fazer algo por você?

– Como ousa!? - perguntou Wade chegando o mais próximo de um tom de vermelho que uma imagem sem vida poderia ter - Estou contando a verdade! Cada palavra!

– Eu vou embora - disse Niah se virando novamente.

– Você vai se arrepender disso, filha do diabo, ouça o que eu te digo - gritou ele novamente - "Quando a arma ao Mestre entregar, o silêncio cairá, e uma escolha acarretará"

Niah se virou, os olhos arregalados.

– O quê você disse?

Wade se virou com um sorriso, e sem responder a pergunta desapareceu no meio do monte de almas perdidas. Se pretendia assustar aos filhos do diabo, Katherine tinha certeza de que ele conseguira alcançar seu objetivo.


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