– Você tem certeza disso Lucy? – O mestre Makarov me perguntava.

Depois de Natsu ir embora ontem à noite e de eu me acalmar, consegui me levantar e me arrastar para o banheiro. Lá, abri o chuveiro e me enfiei em baixo dele tendo o cuidado de lavar os lugares onde ele, meu melhor amigo, havia me queimado e constatei que não era nada tão grave, mas as marcas de queimaduras jamais desapareceriam.

Estariam sempre lá, para me lembrar desse dia horrível.

Depois de enfaixa-los e trocar de roupa me atirei na cama sem mais lagrimas para chorar. Pareciam que tinham simplesmente secado, e comecei a pensar no que o Natsu tinha me dito. Apesar de detestar admitir ele tinha razão. Eu estava em um nível completamente inferior se fosse comparada com os outros. Nunca tive uma chance real de me tornar uma maga classe S.

Mas... O que eu poderia fazer?

A resposta me veio pouco antes do amanhecer e é por isso que estou aqui agora. Diante do mestre com ele aguardando minha resposta.

– Eu tenho sim mestre. – confirmei de maneira enfática.

Não podia deixar transparecer nem um pingo de duvidas. Do contrario ele não me daria permissão pra fazer o que eu tinha em mente.

– Lucy você entende que o que esta me pedindo e algo verdadeiramente incomum? Um mago querer se afastar de sua guilda sem nem ao menos uma explicação lógica...

– Eu te disse mestre. Não me sinto pronta para realizar o exame. E ficando aqui, talvez nunca esteja. Eu preciso de um tempo sozinha. Preciso me conhecer melhor e quem sabe assim possa me tornar mais forte...

O mestre soltou um suspiro pesaroso.

– Acha que ficar longe da sua família te deixara mais forte?

Isso estava sendo mais difícil do que eu imaginei. Não pensei que ele fosse se importar tanto.

– De... De certa forma sim. – Disse apertando minhas mãos em punho no meu colo – O pessoal da guilda e ótimo, mas... Eles estão sempre me protegendo. Eu não dou o meu máximo nas missões porque inconscientemente sei que um deles sempre virá me ajudar. E isso... isso me impede que eu cresça como maga!

Falei a ultima parte aos tropeções antes que eu perdesse a coragem.

– Lucy me diga o que realmente aconteceu. Ainda ontem estava super animada por eu ter te indicado para o exame...

– EU ESTAVA!!! Mas... Quando eu cheguei em casa percebi... Não estou pronta ainda. Se eu fosse competir, a única coisa que eu faria, seria me machucar na frente dos meus amigos. Sou fraca demais para competir contra o Natsu e os outros.

Repeti as palavras que Natsu havia me dito naquela noite, inconscientemente tocando as ataduras nos meus pulsos.

– Você não vai desistir disso não é Lucy? – Questionou o mestre. Ele olhava fixamente pra mim e percebi que mesmo sutilmente ele estava desconfiado.

– Não mestre. Eu tomei minha decisão. Mas não quero sair da guilda. Não quero abandonar a Fairy Tail. Por isso vim falar com o senhor.

Agora ele encarava meus braços. Pensei que fosse me questionar a respeito daquilo, mas simplesmente balançou a cabeça e disse numa voz cansada:

– Muito bem Lucy. Espero que saiba o que esta fazendo... – dizendo isso ele se colocou de pé e olhou no fundo dos meus olhos – quando um mago deixa a Fairy Tail ele precisa ouvir três recomendações.

– Me... Mestre eu...

– Primeira! – começou interrompendo minhas palavras – Jamais passe informações confidenciais sobre a fairy tail a outros enquanto estiver vivo.

– Segunda! Jamais fará contato não autorizado com clientes antigos ou lucrará com eles. – Continuou.

– E terceira! Apesar de nossos caminhos se separarem você deve continuar vivendo sua vida ao máximo que puder! Nunca julgue que sua vida não tem valor e jamais esqueça dos amigos que te amam! A Fairy Tail estará sempre aqui Lucy, esperando você voltar, quando finalmente se sentir pronta. – Concluiu o mestre.

Eu não estava aquentando mais... Desabei em lagrimas que julgava não mais possuir e o abracei forte. Por fim me separei dele.

– Arigato mestre. Eu prometo que vou voltar. E se puder diga a todos para não se preocuparem, e para não irem atrás de mim. Eu ficarei bem.

Eu já me encontrava diante da porta quando escutei a voz do mestre.

– Deveria visitar a Poluscka. Tenho certeza que ela poderia ajudar nessas queimaduras.