Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 30
Capítulo XXX


Notas iniciais do capítulo

Desde já peço perdão por algum erro, a betagem foi um pouco corrida. Qualquer coisa é só me avisar que corrijo. Boa leitura!



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O sofá havia chegado pela manhã e decorar sempre foi um de seus passatempos favoritos, mesmo morando naquele apartamento minúsculo e agora não sentia a menor animação para criar milhares de cenários com uma casa que gritava um vazio que não sentiu quando aceitou esse presente. Talvez por isso estava enrolada na toalha de banho e encarando o jardim nos fundos.

Elena sabia estar passando por problemas em aceitar o relacionamento com Damon por medo de colocarem David no meio de uma bagunça que não deveria afetá-lo, de se magoar outra vez e essa vida no centro das atenções. Com tudo isso ainda sentia falta de estarem juntos.

– Você deveria colocar uma roupa. Os vizinhos podem falar. – Quase deu um salto do sofá ao escutar a voz dele.

– Se quer me matar é só me dar comida envenenada, não precisa do susto.

– Não era a minha intenção.

Os dois ficaram calados e Elena finalmente recebeu o tempo que tanto desejava, passou da hora de dar uma satisfação.

– Você demorou para voltar.

– Não tinha muita certeza do que estaria me esperando.

– Uma mulher de toalha? – Ela deu uma risada.

– Você deveria colocar roupas para uma conversa.

Às vezes Elena ficava extremamente irritada com a sensibilidade de Damon, mas sempre ouviu que artistas são mais extremos com seus sentimentos. Na maior parte do tempo era qualidade, mas hoje apenas dificultava o dia dela.

Subiu até o quarto e puxou uma camiseta qualquer da mala que ainda estava no chão, pôs uma bermuda e desceu para encarar o Senhor Péssimo Humor.

– O David já foi para escola?

– Eu levei ele mais cedo porque precisavam provar o figurino e acertar os últimos detalhes. A Bonnie e April chegam mais tarde e vamos direto. – Sentou no braço do sofá. – Está tudo bem?

– Se o Justin chegar na cidade em tempo, ele também vai assistir à peça. Algum problema?

– Quem?

– Justin Timberlake. Nós estamos conversando sobre um trabalho e ele estaria em LA esse final de semana, então o convidei. Não poderia perder a peça, só pensei que poderia juntar os dois.

Elena ainda estava fazendo um enorme esforço para não dar gritinhos pela casa. Primeiro porque estar com Damon era sinônimo de controle e agir naturalmente perto de determinados artistas. Segundo: ela era uma jornalista respeitada. Não que entrevista com músicos, atores e celebridades fosse sua especialização.

– Essa escola nunca teve uma peça tão badalada. – As mãos correram pelo rosto em agonia. – Gostaria de dizer que sinto muito pelas coisas que disse, mas não seria verdade. Eu falei tudo que estava pensando naquele momento. É complicado estar envolvida com uma pessoa que está exposta e colocar um filho nessa balança pesa muito mais. Entende?

– Sua decisão não mudou? – Os olhos de Damon diziam que a resposta desejada era totalmente oposta, mas se manteve imparcial.

– Eu estou feliz com você. De um jeito diferente do que era antes e isso assusta, a vida que você leva assusta e essa obsessão também mexe com a cabeça das pessoas. Não quero estar longe, mas também não sei como agir. A fama, o dinheiro e a sua turnê que está prestes a começar me deixam nervosa de como vamos lidar com isso tudo.

Damon a puxou para seu colo:

– Nós podemos dar um jeito em tudo. Talvez você pudesse ir comigo na turnê e eu levaria você e o David para conhecer o mundo. – Ele pressionou os lábios nos dela com força. – Só preciso de vocês comigo.

– Como se virou todos esses anos sem a minha pessoa? – Passou os braços em volta do pescoço de Damon. – Deve ter sido terrível.

– Eu não precisava de outra pessoa como preciso de você.

– Talvez eu te compense por todo esse tempo.

– Essa é uma boa promessa, espero que cumpra.

O som de uma voz pegou ambos de surpresa.

– Acho que estamos atrapalhando. – Bonnie usava uma de suas camisas surradas de tinta e a calça esfarrapada que poderia ser considerado um uniforme para os dias sem preocupação com a beleza. April estava ao lado da amiga com um vestido amarrotado que não valorizava em nada.

– Você esqueceu que marcamos para nos arrumar aqui, não é? – April colocou a mochila no chão e caminhou em direção ao sofá para se juntar a Damon e Elena.

– Ela tinha coisas melhores para fazer. – Respondeu Damon.

– Você se importa de esperar? – Perguntou a morena.

– Eu vou ter cem anos e você ainda não teriam terminado, por isso vou trabalhar um pouco, sair para comprar comida e na volta me arrumo e espero por vocês. Pode ser?

– Perfeito! – Bonnie deu um tapa na cabeça do músico. – Agora vá trabalhar.

– Vai deixar que elas falem desse jeito comigo?

– Elas estão em número maior. – Encostou os lábios na orelha dele. – Senti sua falta.

–-

Bonnie insistiu em dirigir a SUV que Damon alugava quando chegava em San Diego de avião. Ter sempre um motorista era algo aborrecido e ainda o deixava com a sensação da falta de liberdade. A privação de alguns aspectos dava uma perspectiva de ser independente pelo maior tempo que conseguisse. Nas turnês era obrigada a ter no mínimo dois seguranças.

– No que está pensando? – Elena apoiou o queixo em seu ombro, deveria estar mais disperso do que notara.

– No quanto gosto de ter uma vida normal.

– Pensei que já estivesse cansado da vida monótona.

– Você é louca o suficiente pra não deixar que isso aconteça. – Passou as mãos nos cabelos de Elena que estavam soltos do lado direito. – Acha que eu deveria ter comprado um presente pela peça? – Verificou as horas. – Ainda podemos parar e comprar algo.

– O David está feliz por você vir. Ele não fala de outra coisa com os amigos.

– Sério? – O sentimento de sua presença ser tão importante para o filho ainda era novidade.

O celular de Elena começou a tocar “Talk Dirty” em alto e bom som.

Acreditei que não iria mais. – A expressão no rosto da morena tornou-se calculada e distante. – Não tem problema, nos vemos na escola.

A pergunta estava quase saltando de sua boca, mas decidiu controlar e dar o tempo necessário até que ela falasse.

– April, estava pensando que talvez você pudesse ir no show de Los Angeles. – Chamou a atenção da garota que estava no banco da frente tendo uma séria discussão com o locutor do programa que acabava de cortar sua música favorita para anúncios.

– O que?

– Queria levar vocês para o primeiro show da turnê.

Ele resmungou alguns palavrões até responder diretamente:

– Eu deveria ser sua fã, não amiga.

– Ser minha amiga é tão horrível assim? – Esfregou a palma da mão no joelho de Elena para que ela não balançasse tanto o corpo.

– É uma péssima experiência. – Disse Bonnie sorrindo pelo retrovisor. – Vai ter comida de graça?

– Tem o buffet da minha equipe que sempre podemos roubar e no camarim peço comida japonesa. Como podem recusar boa comida e boa música? – Soava presunçoso, mas as garotas sabiam ser só brincadeira.

– A música nem é tão boa.

– Vou falar da sua coluna na revista.

– Vocês dois podem calar a boca pra eu aceitar o convite? – April se virou com o sorriso de um milhão de dólares. – Posso entrar no meet?

– Nós já não temos fotos juntos?

– É uma emoção diferente.

– Klaus vai na estar na peça também. – Disse de repente.

A notícia já era desagradável, manter o bom sendo, autocontrole e não ser por Elena era um trabalho árduo. Os caras sem equilíbrio acabavam perdendo a razão.

– E quando a gente acha que vai melhorar. – Deu um sorriso torto e beijou a cabeça da morena.

– Não seriamos nós se não tivesse turbulência. – Comentou Bonnie.

–-

Desde a matéria idiota publicada por Elijah, aquele sentimento de traição cantava em seus ouvidos. Não tinha a menor intenção de expor Elena nesse tipo de sensacionalismo e se um dia chegasse aos ouvidos delas, teria muito o que explicar e como diabos havia afundado a esse ponto.

Elijah sempre fazia ligações em dias e horários aleatórios com um recado subliminar que devia algo. Tudo graças a Damon Salvatore chegando no seu cavalo preto.

Falando no diabo. Ele e Elena estavam acompanhados por April, Bonnie e demorou para reconhecer Justin Timberlake e a esposa Jessica Biel.

– Sempre iluminando meus dias. – Cumprimentou a amiga com um beijo no rosto. – Tantas companhias, hein.

– Não comece, por favor. É bom ver você.

– Seu rosto está me dizendo o contrário. – Mentir não era uma das vocações dela.

– Tudo tem acontecido rápido demais e muita informação pra processar. Só não quero provocações por hoje, pode ser? – Tocou a pequenão em seu pulso.

– O que você me pediria que não faço? – O celular começou a vibração insistente no bolso da calça.

– Por isso é o melhor. Vou guardar um lugar na nossa fileira, ok?

Fez um aceno de cabeça e resmungou um palavrão quando viu Elijah aparecer em sua tela. Elena se afastou e logo estava de volta ao grupo de amigos, segurando a mão de Damon e procurando vaga para todos eles. Essa tarde prometia ser mais longa do que planejara.

Caminhou até a porta da saída de incêndio para atender a ligação.

– O que você quer?

– Ficaria chocado se soubesse. – Elijah parecia estranhamente feliz. – Quais seus planos pra hoje?

– Vou assistir uma peça. Ligou só para o rastreamento diário ou posso ajudar de alguma forma.

O sarcasmo não lhe cai bem.

– Te digo o mesmo.

Queria que soubesse de primeira mão que temos outro artigo saindo do forno.

– Isso não é necessário. O que faço pra parar com essas publicações? – Pôs a cabeça no porta de aço e inspirou.

– Já passou pela sua cabeça que não está disposto a pagar esse preço? As matérias tem gerado acesso e comentários, seu pagamento vai ter que esperar.

– Não quero essas drogas de matérias saindo. – Estava perdendo o controle do tom de voz.

– Mostra quem é o chefe. – Bonnie apareceu ao seu lado. – Está tão ruim que não podem ser publicadas?

O botão de finalizar a ligação foi pressionado sem se dar ao trabalho de dizer tchau, não é como se Elijah merecesse tamanha cordialidade. Ele ligaria novamente sem a menor sombra de dúvidas.

– Não são da minha área.

– Então porque essa cara de que vai sair pornô na capa da revista? Parece que viu um fantasma. – A amiga segurou seu braço e dei um puxão de leve. – Já vai começar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo que virá muito mais rápido do que esse. Espero que gostem. Beijos.