Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 26
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Novo aviso na nota final.



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– Eles não parecem que vão me devorar ou me levar para o esconderijo como jantar. – Bonnie sussurrou alguns passos atrás de Joseph e Edna.

– Não abaixe a guarda, nunca sabemos o que pode acontecer. – Disse com um sorriso e observando David conversar com os avós e se perguntou se a falta dos pais estavam atrapalhando seu julgamento.

Os cinco acabaram de sair de restaurante cinco estrelas de San Diego, um lugar que não costumava frequentar mesmo quando Damon queria uma comemoração. Ele sabia que esse tipo de lugar que exigiria boa roupa, alguma joia e ela não era exatamente o tipo de mulher que se interessava pra quantas estrelas um lugar tinha. Ter boa comida era o suficiente.

Falando nele.

– Querida, você sabe aonde meu filho se meteu? – Edna se aproximou das amigas que logo assumiram uma postura mais séria.

– Falei com ele pela manhã, depois disso não atendeu o celular. – Respondeu tentando não deixar transparecer muita preocupação.

– Deve ser o trabalho. – Edna retrucou sem muita certeza e se voltou para o neto.

Bonnie arqueou as sobrancelhas.

– Trabalhando? Damon não trabalha em San Diego.

– Eu sei. – Murmurou em resposta.

– Está tudo bem?

– Ele não está lidando muito bem com a visita e ainda tem a história com a casa.

– Quando você vai aceitar?

– Não sei se vou.

– Deveria. Parece ser um ótimo lugar, tem espaço para o David, você pode alugar o apartamento, vai fazer o Damon feliz e excluir um problema. – Bonnie parou em uma loja de sapatos e apreciou o design de um Louboutin. – Ou você tem medo de ser um passaporte direto pra algo mais sério?

– O que quer dizer? – Pegou a amiga pela mão e entraram na loja mesmo sem avisar para os outros. Depois ligariam e se encontrariam no estacionamento.

– O Damon não usa mais o flat, se aceitar a casa que está dando pra vocês pode se tornar definitivo e oficial.

– Quero ver aquele modelo, número 35 e esse outro no número 37.

– O que você fez? – Perguntou assim que a vendedora de cachinhos de ouro saiu com um sorriso rasgando as bochechas.

– Vamos experimentar os sapatos.

– Pra que?

– Vou comprar pra gente.

– E aonde eu usaria?

– Em uma festa da empresa, encontro o seu futuro namorando ou com a família dele. Damon vai na estreia de um filme e quer nos levar também. São muitas opções. – Era apenas um pequeno presente depois de tudo que passaram juntas.

– Já viu o preço dessas gracinhas?

– Vi e minha melhor amiga merece. Sabe o que é uma pessoa passar mais de um ano acordando uma hora mais cedo só para levar seu filho para a creche? Quando ele ficava doente ela sempre ia comigo ao hospital. Eu nunca vou poder agradecer o bastante. É por isso que o pai do meu filho é rico.

Cachinhos de Ouro chegou com duas caixa que você provavelmente teria vontade de levar sem sequer olhar o que havia dentro. Ela arregalou um pouco os olhos ao escutar o fim da frase e fez as amigas rirem.

–-

– Droga! – Damon resmungou quando o vento apagou o fósforo que usava para acender o cigarro.

Prendeu o cigarro entre os lábios e ficou encarando a vista do segundo andar da casa. Como alguém poderia se recusar a morar em um lugar como esse? Com essa vista? Talvez fosse hora de vender aquela droga de lugar e ficar só com a casa de Los Angeles. Não que fizesse diferença faltando pouco mais de um mês para começar a tour.

Seu corpo estava implorando por um cochilo naquela cadeira de praia desconfortável.

– Então é aqui que está se escondendo. – Elena empurrou um pouco mais a porta da varanda e recostou na sacada.

Conseguiu vencer a batalha e acender o cigarro. Soprou a fumaça e se sentiu tranquilo, mesmo que não durasse o tempo que precisava.

– Vou vender isso aqui.

– O que for melhor pra você. – Respondeu com a voz um pouco mais elevada. Deveria estar irritada.

– Sabe o que seria melhor pra mim? Que as pessoas pra quem eu comprei a casa viessem morar nela. Que meus pais parassem de brincar de casinha e voltem pra Toronto. Eu aprendi a não esperar muito deles, sei lidar com isso. Agora o que está acontecendo? Não parece natural.

– Vou ligar pra transportadora e pedir a mudança na próxima semana, mas precisamos chegar em um acordo. – Damon a encarou desconfiado do que viria em seguida. – Se esforce com os seus pais e o mais é importante são as coisas que você compra. Estamos juntos um pelo outro, ok? Não pelo dinheiro.

Ele apenas deu um sorrisinho de lado e abriu os braços pra que ela se aproximasse.

– Meus advogados fizeram as contas dos quatro anos anteriores e o valor foi dividido e vai ser integrado todo mês junto com o que é depositado agora. – Os braços apertaram em volta dela. Era sempre uma paz tê-la por perto.

– Argh! – Deu um suspiro. Tomou o cigarro das mãos de Damon e deu uma tragada. – Que merda é essa?

A fumaça saiu pela boca de Elena e ele riu.

– O que usávamos bastante antigamente.

– Nem lembro qual a última vez que fumei um desses. – Olhando para o cigarro parecia comum. – Sabe o que seria melhor? Uma cerveja.

– Desculpe senhora. Não temos geladeira aqui e me faz lembrar que vamos precisar comprar tudo novo e posso contratar algum designer para decorar.

– Qual o problema com os meus móveis?

– Nada. Você pode trazer aquela cama, ela dá conta do recado.

– Ou a minha performance nela que é maravilhosa.

– Não me lembro disso.

– Mesmo? – Disse saindo do colo dele, fez contorcionismo para abrir o zíper do vestido até que ele estivesse aos seus pés. – Pena que não temos uma cama aqui pra eu provar minha teoria.

– Isso não é um problema. – Disse desabotoando a camisa que usava.

– Tem certeza? – Tragou mais uma vez o cigarro.

–-

Edna estava na cozinha tentando aprender cozinhar de verdade, já que no geral ela só inspecionava a culinária para provar. Sua mãe nunca se saiu muito bem fazendo mais do que café uns bolinhos que nem sempre davam certos. Elena sorria e orientava algo que não tinha menor intenção de participar.

Joseph parecia incomodo com algo em particular, mas nunca foi uma pessoa que gostava de dividir experiências.

– Estive um uma loja hoje. – Comentou durante o comercial de Ben 10.

Damon imaginou que ele estivesse comentando com David, com quem ele parecia uma boa relação e conversava como se conversasse com um adulto. Deu uma olhada de relance e viu que ele o encarava.

– E?

– Foi difícil achar um desse. – Esticou um cd em sua direção. Percebeu que se tratava no seu álbum. – É bem interessante.

– Você escutou meu álbum? – Sua voz saiu mais surpresa que gostaria.

A tv parecia mais interessante agora do que o olhar intenso de antes.

– É. Não que seja meu tipo de música, mas é bom. – A última palavra foi sussurrada e Damon ficou se perguntando se estava imaginando coisas ou até alucinando.

Fazia quase dez anos desde o dia que foi posto pra fora de casa, nesse período e até antes ele nunca tinha ouvido um elogio sobre seu trabalho. Sentiu que estava vivendo em uma realidade alternativa.

– Como estão os negócios? – Se ouviu interessado no que mais desprezou desde criança.

– Bom. Acho que está chegando a hora de deixar os sócios cuidarem do barco e elegerem um novo CEO.

– E o que faria? – O fogo que sempre havia nos olhos do pai pra falar de finanças estavam brandos, igual ao atleta que corre uma maratona e chega ao fim dela totalmente sem forças.

– Nada? Só é uma ideia, preciso preparar os sócios, a empresa e o futuro CEO pra todas as mudanças.

– A mamãe vai ficar contente com isso.

– Pai, Joseph vocês viram a surra que o Ben deu no Vilgax? – David estava animado.

– O que esse cara fez pra apanhar?

– Ele é mau ué. – Disse a coisa mais óbvia e que seu pai também deveria saber.

– Quer uma cerveja? – Perguntou para Joseph que apenas observava com certo divertimento.

Estava ficando cada dia mais difícil acompanhar essas reações.

– Claro.

Nenhum dos dois notou Elena e Edna sorrindo próximas ao fogão.

–-

Stefan observou Damon entrar no restaurante segurando a mão de Elena e David estava no colo.

Interessante é que as mulheres que conseguiram a proeza de se manterem perto de Damon por mais de uma noite não nenhuma semelhança com Elena. Não se lembrava de uma que sequer fosse morena. Talvez no subconsciente era uma fuga para que elas não lembrassem o que ele tinha deixado para trás.

Eles se aproximaram e cortou sua linha de pensamento.

– Bom ver você, Elena. – Stefan deu dois beijos no rosto dela e deu um soquinho na mão de David. – Vicki, esses são Elena e David.

– Prazer em conhecê-la. – Ambas sorriram uma para outra. – Você é famosa.

– A estrela é ele. – Revirou os olhos como se a posição de Damon não significasse muito.

– Dá pra ver como ela valoriza o meu trabalho. – Ele depositou um beijo na cabeça da garota.

– Obrigada por não deixar ele cometer a loucura de comprar uma casa em LA.

– Mãe, eu não quero essa cadeira. – David parecia inconformado com a ideia de alguém colocá-lo em um cadeira infantil.

Todos na mesa riram.

O jantar seguiu com conversas amenas e Elena parecia um pouco mais relaxada na presença de Stefan. Ele desconfiava de que ainda tinha algo ligado a Damon ter ido embora assim que ofereceu a oportunidade.

– Então, qual o motivo da sua viagem? Não via dizer que apenas sentiu minha falta, certo? – Damon tomava um vinho branco acompanhando o empresário.

– Sempre sinto sua falta. – Ambos brindaram. – Mas queria te fazer um convite.

– Se for pra mais trabalho pode desistir.

– Eu e a Vicki vamos nos casar.

A expressão no rosto foi diferente do que imaginou. Não tinha surpresa, era algo como: Finalmente, idiota!

Elena levantou e deu um abraço em Vicki.

– Parabéns. Quanto tempo vocês estão juntos?

Damon deu uma risada e Vicki o acompanhou:

– Quer dizer desde que ele parou de ser idiota? Um mês, mas temos dançado esse tango por uns cinco anos.

Acenou na direção do garçom e ele trouxera o melhor champanhe da casa.

– E essa história nunca fica velha.

– Jamais. – Damon concordou.

– Quero te convidar pra ser meu padrinho e se vocês me emprestariam David.

– David, você entraria na igreja com a minha sobrinha. Ela é linda e tem a sua idade. – Vicki abaixou na altura do menino que tinha a boca toda suja do bolo de chocolate que pediu de sobremesa.

– Eu tenho namorada.

– Você pode levar ela pra festa também. A minha sobrinha pode errar o caminho, preciso de um garoto grande que ajude ela e depois pode ficar com a sua namorada.

– Tá bom. – O menino riu com os dentes pretos.

– Vai aceitar meu convite ou vou ter que ameaçar algo da sua carreira? – Stefan esticou a taça na direção de Damon.

– Sabemos que não quero arriscar meu trabalho, então aceito. – As taças encostaram e os amigos se abraçaram.

– Sei que você também está louco pra dar esse passo com ela. – Sussurrou para que as garotas não ouvissem.

– Como?

– O jeito com olha pra ela.


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Notas finais do capítulo

Comecei uma fic nova como disse que faria algum tempo atrás, se vocês quiserem dar uma olhada. Ainda não sei exatamente o que estou criando, as ideias ainda estão muito bagunçadas. O nome dela é Glassheart. Podem ver no meu perfil.
http://fanfiction.com.br/historia/499561/Glassheart/capitulo/1/

Espero que tenham gostado e vi um número alto de pessoas que acompanham a história. Olá, pessoas. Fico tão feliz com isso, mais do que poderia me expressar. Como sempre, obrigada por tudo.