Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster
Notas iniciais do capítulo
Feliz Natal para os nossos personagens.
Damon saiu de casa enquanto Elena estava empenhada em ajudar na cozinha para a ceia de Natal. Ela não estava inteiramente à vontade de ficar sentada enquanto as pessoas traziam coisas, faziam comida e lhe davam uma vida que ele sabia que ela não estava acostumada.
Sair para as compras na véspera de Natal era a pior ideia que alguém poderia tomar em sã consciência, mas não havia outra solução para comprar os presentes.
Antes de sair de viagem Damon havia dado as duas semanas entre o Natal e Ano Novo de folga para Vicki. Ela tralhava vinte quatro horas por dia, literalmente. Sempre que precisasse dela em qualquer horário do dia ou da noite, ela estava à sua disposição. Ligou para ela que estava no Texas com a família.
Onde Stefan estava com a cabeça quando a deixou que fosse trabalhar para Damon?
Falando no diabo...
– O que você quer? – Damon atendeu a ligação assim que viu o nome de Stefan aparecer na tela.
– Quanto espírito natalino. – Ele debochou como de costume.
– Meu espírito natalino está indo embora com esse inferno de lojas cheias e filas sem fim. – Ele só estava impaciente que uma loja infantil estivesse tão cheia. Pra que os pais levavam as crianças? A intenção não era fazer surpresa para elas?
– E o que comprou pra Elena? – Ele perguntou sem sarcasmo na voz desde a conversa que ele e Damon tivera antes da viagem.
– Não sei o que dar de presente. Comprei os presentes do David. E você vai passar o Natal aonde? – Damon batia o pé em um ritmo impaciente.
– As mulheres gostam de joias. Compre uma pra ela. Vou passar aqui em LA. – Stefan ficou um tempo calado, o que era estranho. – A Vicki foi pro Texas.
– E você?
– Não fui convidado.
Damon sabia há anos que Stefan e Vicki tinham uma situação não resolvida. Não ajudava em nada Stefan estar sempre saindo com uma modelo, atriz, surfistas e a lista não tinha fim. Não que Damon estivesse em posição de julgar alguém, mas mulher nenhuma deveria gostar de viver nessa situação.
– Talvez se você parasse de tratá-la como um brinquedinho, sair com uma dúzia de mulheres e depois agir como se nada estivesse acontecendo.
– Desde quando você virou Hitch, o Conselheiro Amoroso? – Agora o sarcasmo estava de volta.
– Só estou dizendo que você deveria fazer alguma coisa.
– Tipo?
– Surpreendê-la. Vá ao Texas.
–-
– Você ensina o David sobre o Papai Noel e essas baboseiras? – Damon perguntou enquanto dobrava a manga da camisa azul que usava.
Elena riu:
– Eu trabalho demais para dizer que foi o bom velhinho que trouxe.
Ela saiu na direção do banheiro – provavelmente para arrumar algo como maquiagem -, e Damon aproveitou para abrir a gaveta e retirar a caixa azul com o adorno de laço vermelho. A situação o deixava nervoso. Ele nunca havia feito isso na vida e esperava que Elena apreciasse.
Elena estava usando um vestido vermelho alguns centímetros acima do joelho. Não era o suficiente para ser curto e mesmo assim o deixava com vontade de arrancá-lo com um movimento.
– Comprei um presente pra você. – Damon disse se posicionando atrás de Elena que se olhava no espelho.
– Também tenho um pra você. Achei que trocaríamos depois da ceia. – Ela respondeu sorrindo para o próprio reflexo no espelho.
– Quero que use agora.
O moreno entregou as duas caixas nas mãos de Elena e torceu para que quase uma hora escolhendo, valesse à pena.
–-
Elena ficou encarando as caixas que lhe foram entregues. Ela tinha medo de abrir e acordar de um sonho muito bom e ficaria totalmente frustrada com a sua mente lhe pregando peças desse jeito.
Passou os dedos na impressão de letras da caixa e abriu a maior caixa. O colar era simples, tão simples como qualquer um pode ser quando se tem no lugar do pingente um diamante.
– Eu coloco. – Damon pegou das mãos da morena e depositou um beijo atrás da orelha antes de colocar o colar.
A menor caixa não era tão impressionante como a primeira, mas fez todo serviço de surpreendê-la com uma pulseira que era formada por vários elos torcidos e lembravam uma espécie de algema.
– Você quer me prender? – Ela sorriu ao levantar os olhos da pulseira.
– Sempre.
E por último e não menos importantes eram o par de brincos em formato de gota em espiral. Eles dariam um contraste legal agora que seu cabelo estava curto.
– Gostou? – Damon perguntou com dúvida nos olhos.
– São deslumbrantes. – Ela o beijou. – Meus presentes não são incríveis como o que me deu, mas é algo que está guardado pra você faz algum tempo.
Elena saiu na direção do closet e revirou uma pequena caixa com dois DVD’s e sentou no braço da poltrona que Damon estava.
– Não sei se são importantes, mas achei o certo. Agora vou acordar e arrumar o David enquanto você assiste, ok? – Elena passou a mão no rosto de Damon e saiu na direção do quarto do filho no final do corredor.
Sair para ver o filho foi em parte uma desculpa para não ver a reação de Damon quando assistisse o vídeo que ela havia gravado. Talvez fosse uma ideia ruim dar aquele tipo de presente em pleno Natal, mas na hora pareceu certo e Bonnie também havia achado um grande presente.
David estava vestindo um suéter dado por Edna.
– Mamãe, eu só vou ganhar meu presente em casa? – David perguntou enquanto ela estava sentada ao lado do filho na cama e amarrando os cadarços do tênis.
– Era muito grande pra trazer, meu amor.
– Eu sei. – Ele disse revirando os olhos.
Elena não estava prestando atenção na porta então não poderia dizer por quanto tempo Damon ficara na porta observando a cena. A morena buscou naquele rosto tão conhecido qualquer indício, emoção ou algo nos olhos que lhe indicasse qual era a reação. Não encontrou nada.
– Gostei da sua roupa, Davs. – Damon falou com o filho usando o apelido que inventara.
– A Edna me deu. – Ele deu um sorrisinho e puxou o pai pela mão até que estivesse sentado na cama os três.
– El, você esqueceu de colocar os brincos. – A mão de Damon passeava pelo lóbulo de Elena.
Logo se tornou um carinho mais longo.
– Você e Damon ‘tão namorando, mãe? – David encarava a cena apenas com curiosidade.
Damon olhou Elena nos olhos num pedido de autorização muda, ela entendeu e apenas acenou com a cabeça permitindo que ele respondesse a pergunta.
– Estamos. Tudo bem pra você? – Damon agora olhava para o filho como alguém que conversasse com um adulto.
David fez que sim e Edna apareceu na porta do quarto.
– David, tenho uma surpresa pra você. Vem! – Edna chamou e se ofereceu para pegar o menino no colo.
David olhou para Elena por cima do ombro e aceitou a carona até onde quer que estivesse a surpresa.
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Damon ainda não tinha ideia de como reagir aqueles vídeos gravado.
O primeiro era quando David não tinha sequer um ano e câmera focava em Elena estimulando para que o filho andasse. E ele andou aos 10 meses de idade. Elena gravou uma pequena mensagem no final sorrindo e dizendo que gostaria de um dia talvez pudesse mostrar.
O coração de Damon batia apertado no peito mesmo que negasse.
Ele perdeu tudo aquilo na época que sua carreira estava começando a dar certo. Teria trocado tudo aquilo pra acompanhar o filho.
O segundo foi bem mais complicado e emocionalmente desgastante de assistir. Elena estava no quarto dela e gravou uma mensagem que soava como desculpas, contou da doença e pediu que se ele não a odiasse o bastante quando descobrisse a verdade, tomasse conta de David sempre que pudesse.
Pelo vídeo era notável que Elena acreditava fielmente que morreria.
Eles ficaram a sós no quarto de David.
– Foi um presente ruim? – Elena perguntou.
Damon a encarou por alguns segundos. Era de tudo um pouco. Desde interessante, bonito e triste.
– Não...Só foi difícil.
– Eu não queria deixar você tenso. No fundo queria te procurar e contar sobre o David, mas pensei que não poderia dar certo, que talvez você achasse que eu só procurei pelo seu dinheiro e eu achei que aquilo iria me matar. – Elena mostrava claro sinais de que odiava falar da doença.
– Estou feliz que esteja aqui agora. Comigo. – Damon puxou Elena para segurá-la em seus braços. – Você tem outros vídeos?
– Talvez. – Ela sorriu.
Damon a beijou e pressionado para que Elena deitasse na cama.
– Aqui não. – Ela fazia algum esforço para sair debaixo do corpo de Damon. – Alguém pode voltar.
O moreno assentiu e a puxou pela mão com a pressa de quem estaria apagando um incêndio. O que na verdade eles estavam fazendo.
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Elena sentiu o corpo pressionado contra a parede e Damon beijando cada centímetro do pescoço que com certeza na manhã seguinte estaria avermelhado. Ele parecia empenhado em deixar marcas física e mentalmente.
A mente da morena começava a perder o foco de que precisavam descer para a ceia de Natal e aproveitar em família.
– Nós temos que descer. – Elena disse com alguma dificuldade já que seu vestido estava na cintura e Damon acariciava suas coxas na parte interna.
Ele lhe deu um sorriso torto e abaixou o corpo até estar posicionado entre as pernas de Elena.
– Você quer descer agora? – Damon perguntou enquanto enfiava a mão por dentro da calcinha.
Elena não lembrava de nada relacionado a resposta que deveria dar. Seu corpo deu uma resposta totalmente contrária daquela que passou no fundo de sua mente.
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Elena estava observando as casas de biscoitos que Edna encomendou para David se divertir e depois comer toda a cidade.
Damon estava sentado há algum tempo afinando o piano, depois começou a dedilhar algumas notas e por fim tocava uma sinfonia que ela não reconhecia. Era suave e boa de escutar. Assim como era bom vê-lo tocar.
– E o senhor dançaria comigo? – Edna perguntou esticando a mão na direção de David.
O menino riu e aceitou dançar com a avó. A palavra soava estranha dizendo que Edna era avó.
Damon apenas lançou um olhar direção dos dois e sorriu. Parecia em paz e tranquilo. Coisa que não era tão comum assim ver nos olhos dele. Algum pensamento deve ter lhe passado pela cabeça, pois sua expressão se desfez.
– Me daria a honra dessa dança? – Joseph apareceu atrás de Elena e ela entendeu a expressão de Damon.
Honestamente? Ela não sentia a menor vontade de dançar com ele, de sorrir, conversar ou ser educada.
– Claro. – Ela murmurou sem muita opção.
Damon não parou de tocar por ela ter feito um sinal positivo com a cabeça e que Joseph não tentaria estrangulá-la em pleno salão de festas na ceia de Natal. Ou tentaria?
– Você é uma garota muito corajosa, Elena. – Joseph disse enquanto a girava pela mão. – Admiro isso.
– Espera que eu responda algo?
– Não. Só gostaria de te pedir pra não afastar o David dessa família. – Ele lançou um olhar sobre a esposa que estava em uma conversa animada com o neto. – Essa é o primeiro Natal que temos em anos. Significa muito pra Edna. Ela sente falta do Damon e agora vai sentir dele também.
– Vocês poderiam ir pra Los Angeles ou San Diego nos visitar. E isso não depende só de mim. O Damon precisa concordar.
– Não sei se consigo viajar logo.
– O senhor não parece o tipo de pessoa que tira férias. Deveria começar por aí, viajar um pouco, não trabalhar, não pensar em trabalho e passar um tempo com a sua família. Eu acredito que essa seja a segunda chance de vocês.
Elena terminou de falar e percebeu que música havia parado.
– Foi bom conversar com você, Elena. – Joseph saiu e a deixou com Damon.
– Ele te mordeu ou algo assim? – Damon perguntou com o sorriso torto sempre presente nas piadas.
– Já tenho marcas o suficiente. – Elena encostou a cabeça no ombro de Damon. – Acho que seu pai está feliz por você vir em casa depois de tanto tempo.
– Obrigado por me acompanhar.
– Sempre vou cuidar do David e de você.
Ambos ficaram calados por um tempo e a música voltou a ser tocada. Edna estava sentada ao piano. Essa Elena conhecia muito bem, era Clair de Lune.
– Você tocou algumas vezes pra mim, é a música mais linda que já ouvi. Antes e agora. – Ela disse lembrando um pouco da vida que tinham antes.
– Eu amava você antes e ainda amo depois de todo esse tempo.
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Espero que tenham gostado. Ufa, finalmente né? Obrigada!