Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 22
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal para os nossos personagens.



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Damon saiu de casa enquanto Elena estava empenhada em ajudar na cozinha para a ceia de Natal. Ela não estava inteiramente à vontade de ficar sentada enquanto as pessoas traziam coisas, faziam comida e lhe davam uma vida que ele sabia que ela não estava acostumada.

Sair para as compras na véspera de Natal era a pior ideia que alguém poderia tomar em sã consciência, mas não havia outra solução para comprar os presentes.

Antes de sair de viagem Damon havia dado as duas semanas entre o Natal e Ano Novo de folga para Vicki. Ela tralhava vinte quatro horas por dia, literalmente. Sempre que precisasse dela em qualquer horário do dia ou da noite, ela estava à sua disposição. Ligou para ela que estava no Texas com a família.

Onde Stefan estava com a cabeça quando a deixou que fosse trabalhar para Damon?

Falando no diabo...

– O que você quer? – Damon atendeu a ligação assim que viu o nome de Stefan aparecer na tela.

– Quanto espírito natalino. – Ele debochou como de costume.

– Meu espírito natalino está indo embora com esse inferno de lojas cheias e filas sem fim. – Ele só estava impaciente que uma loja infantil estivesse tão cheia. Pra que os pais levavam as crianças? A intenção não era fazer surpresa para elas?

– E o que comprou pra Elena? – Ele perguntou sem sarcasmo na voz desde a conversa que ele e Damon tivera antes da viagem.

– Não sei o que dar de presente. Comprei os presentes do David. E você vai passar o Natal aonde? – Damon batia o pé em um ritmo impaciente.

– As mulheres gostam de joias. Compre uma pra ela. Vou passar aqui em LA. – Stefan ficou um tempo calado, o que era estranho. – A Vicki foi pro Texas.

– E você?

– Não fui convidado.

Damon sabia há anos que Stefan e Vicki tinham uma situação não resolvida. Não ajudava em nada Stefan estar sempre saindo com uma modelo, atriz, surfistas e a lista não tinha fim. Não que Damon estivesse em posição de julgar alguém, mas mulher nenhuma deveria gostar de viver nessa situação.

– Talvez se você parasse de tratá-la como um brinquedinho, sair com uma dúzia de mulheres e depois agir como se nada estivesse acontecendo.

– Desde quando você virou Hitch, o Conselheiro Amoroso? – Agora o sarcasmo estava de volta.

– Só estou dizendo que você deveria fazer alguma coisa.

– Tipo?

– Surpreendê-la. Vá ao Texas.

–-

– Você ensina o David sobre o Papai Noel e essas baboseiras? – Damon perguntou enquanto dobrava a manga da camisa azul que usava.

Elena riu:

– Eu trabalho demais para dizer que foi o bom velhinho que trouxe.

Ela saiu na direção do banheiro – provavelmente para arrumar algo como maquiagem -, e Damon aproveitou para abrir a gaveta e retirar a caixa azul com o adorno de laço vermelho. A situação o deixava nervoso. Ele nunca havia feito isso na vida e esperava que Elena apreciasse.

Elena estava usando um vestido vermelho alguns centímetros acima do joelho. Não era o suficiente para ser curto e mesmo assim o deixava com vontade de arrancá-lo com um movimento.

– Comprei um presente pra você. – Damon disse se posicionando atrás de Elena que se olhava no espelho.

– Também tenho um pra você. Achei que trocaríamos depois da ceia. – Ela respondeu sorrindo para o próprio reflexo no espelho.

– Quero que use agora.

O moreno entregou as duas caixas nas mãos de Elena e torceu para que quase uma hora escolhendo, valesse à pena.

–-

Elena ficou encarando as caixas que lhe foram entregues. Ela tinha medo de abrir e acordar de um sonho muito bom e ficaria totalmente frustrada com a sua mente lhe pregando peças desse jeito.

Passou os dedos na impressão de letras da caixa e abriu a maior caixa. O colar era simples, tão simples como qualquer um pode ser quando se tem no lugar do pingente um diamante.

– Eu coloco. – Damon pegou das mãos da morena e depositou um beijo atrás da orelha antes de colocar o colar.

A menor caixa não era tão impressionante como a primeira, mas fez todo serviço de surpreendê-la com uma pulseira que era formada por vários elos torcidos e lembravam uma espécie de algema.

– Você quer me prender? – Ela sorriu ao levantar os olhos da pulseira.

– Sempre.

E por último e não menos importantes eram o par de brincos em formato de gota em espiral. Eles dariam um contraste legal agora que seu cabelo estava curto.

– Gostou? – Damon perguntou com dúvida nos olhos.

– São deslumbrantes. – Ela o beijou. – Meus presentes não são incríveis como o que me deu, mas é algo que está guardado pra você faz algum tempo.

Elena saiu na direção do closet e revirou uma pequena caixa com dois DVD’s e sentou no braço da poltrona que Damon estava.

– Não sei se são importantes, mas achei o certo. Agora vou acordar e arrumar o David enquanto você assiste, ok? – Elena passou a mão no rosto de Damon e saiu na direção do quarto do filho no final do corredor.

Sair para ver o filho foi em parte uma desculpa para não ver a reação de Damon quando assistisse o vídeo que ela havia gravado. Talvez fosse uma ideia ruim dar aquele tipo de presente em pleno Natal, mas na hora pareceu certo e Bonnie também havia achado um grande presente.

David estava vestindo um suéter dado por Edna.

– Mamãe, eu só vou ganhar meu presente em casa? – David perguntou enquanto ela estava sentada ao lado do filho na cama e amarrando os cadarços do tênis.

– Era muito grande pra trazer, meu amor.

– Eu sei. – Ele disse revirando os olhos.

Elena não estava prestando atenção na porta então não poderia dizer por quanto tempo Damon ficara na porta observando a cena. A morena buscou naquele rosto tão conhecido qualquer indício, emoção ou algo nos olhos que lhe indicasse qual era a reação. Não encontrou nada.

– Gostei da sua roupa, Davs. – Damon falou com o filho usando o apelido que inventara.

– A Edna me deu. – Ele deu um sorrisinho e puxou o pai pela mão até que estivesse sentado na cama os três.

El, você esqueceu de colocar os brincos. – A mão de Damon passeava pelo lóbulo de Elena.

Logo se tornou um carinho mais longo.

– Você e Damon ‘tão namorando, mãe? – David encarava a cena apenas com curiosidade.

Damon olhou Elena nos olhos num pedido de autorização muda, ela entendeu e apenas acenou com a cabeça permitindo que ele respondesse a pergunta.

– Estamos. Tudo bem pra você? – Damon agora olhava para o filho como alguém que conversasse com um adulto.

David fez que sim e Edna apareceu na porta do quarto.

– David, tenho uma surpresa pra você. Vem! – Edna chamou e se ofereceu para pegar o menino no colo.

David olhou para Elena por cima do ombro e aceitou a carona até onde quer que estivesse a surpresa.

–-

Damon ainda não tinha ideia de como reagir aqueles vídeos gravado.

O primeiro era quando David não tinha sequer um ano e câmera focava em Elena estimulando para que o filho andasse. E ele andou aos 10 meses de idade. Elena gravou uma pequena mensagem no final sorrindo e dizendo que gostaria de um dia talvez pudesse mostrar.

O coração de Damon batia apertado no peito mesmo que negasse.

Ele perdeu tudo aquilo na época que sua carreira estava começando a dar certo. Teria trocado tudo aquilo pra acompanhar o filho.

O segundo foi bem mais complicado e emocionalmente desgastante de assistir. Elena estava no quarto dela e gravou uma mensagem que soava como desculpas, contou da doença e pediu que se ele não a odiasse o bastante quando descobrisse a verdade, tomasse conta de David sempre que pudesse.

Pelo vídeo era notável que Elena acreditava fielmente que morreria.

Eles ficaram a sós no quarto de David.

– Foi um presente ruim? – Elena perguntou.

Damon a encarou por alguns segundos. Era de tudo um pouco. Desde interessante, bonito e triste.

– Não...Só foi difícil.

– Eu não queria deixar você tenso. No fundo queria te procurar e contar sobre o David, mas pensei que não poderia dar certo, que talvez você achasse que eu só procurei pelo seu dinheiro e eu achei que aquilo iria me matar. – Elena mostrava claro sinais de que odiava falar da doença.

– Estou feliz que esteja aqui agora. Comigo. – Damon puxou Elena para segurá-la em seus braços. – Você tem outros vídeos?

– Talvez. – Ela sorriu.

Damon a beijou e pressionado para que Elena deitasse na cama.

– Aqui não. – Ela fazia algum esforço para sair debaixo do corpo de Damon. – Alguém pode voltar.

O moreno assentiu e a puxou pela mão com a pressa de quem estaria apagando um incêndio. O que na verdade eles estavam fazendo.

–-

Elena sentiu o corpo pressionado contra a parede e Damon beijando cada centímetro do pescoço que com certeza na manhã seguinte estaria avermelhado. Ele parecia empenhado em deixar marcas física e mentalmente.

A mente da morena começava a perder o foco de que precisavam descer para a ceia de Natal e aproveitar em família.

– Nós temos que descer. – Elena disse com alguma dificuldade já que seu vestido estava na cintura e Damon acariciava suas coxas na parte interna.

Ele lhe deu um sorriso torto e abaixou o corpo até estar posicionado entre as pernas de Elena.

– Você quer descer agora? – Damon perguntou enquanto enfiava a mão por dentro da calcinha.

Elena não lembrava de nada relacionado a resposta que deveria dar. Seu corpo deu uma resposta totalmente contrária daquela que passou no fundo de sua mente.

–-

Elena estava observando as casas de biscoitos que Edna encomendou para David se divertir e depois comer toda a cidade.

Damon estava sentado há algum tempo afinando o piano, depois começou a dedilhar algumas notas e por fim tocava uma sinfonia que ela não reconhecia. Era suave e boa de escutar. Assim como era bom vê-lo tocar.

– E o senhor dançaria comigo? – Edna perguntou esticando a mão na direção de David.

O menino riu e aceitou dançar com a avó. A palavra soava estranha dizendo que Edna era avó.

Damon apenas lançou um olhar direção dos dois e sorriu. Parecia em paz e tranquilo. Coisa que não era tão comum assim ver nos olhos dele. Algum pensamento deve ter lhe passado pela cabeça, pois sua expressão se desfez.

– Me daria a honra dessa dança? – Joseph apareceu atrás de Elena e ela entendeu a expressão de Damon.

Honestamente? Ela não sentia a menor vontade de dançar com ele, de sorrir, conversar ou ser educada.

– Claro. – Ela murmurou sem muita opção.

Damon não parou de tocar por ela ter feito um sinal positivo com a cabeça e que Joseph não tentaria estrangulá-la em pleno salão de festas na ceia de Natal. Ou tentaria?

– Você é uma garota muito corajosa, Elena. – Joseph disse enquanto a girava pela mão. – Admiro isso.

– Espera que eu responda algo?

– Não. Só gostaria de te pedir pra não afastar o David dessa família. – Ele lançou um olhar sobre a esposa que estava em uma conversa animada com o neto. – Essa é o primeiro Natal que temos em anos. Significa muito pra Edna. Ela sente falta do Damon e agora vai sentir dele também.

– Vocês poderiam ir pra Los Angeles ou San Diego nos visitar. E isso não depende só de mim. O Damon precisa concordar.

– Não sei se consigo viajar logo.

– O senhor não parece o tipo de pessoa que tira férias. Deveria começar por aí, viajar um pouco, não trabalhar, não pensar em trabalho e passar um tempo com a sua família. Eu acredito que essa seja a segunda chance de vocês.

Elena terminou de falar e percebeu que música havia parado.

– Foi bom conversar com você, Elena. – Joseph saiu e a deixou com Damon.

– Ele te mordeu ou algo assim? – Damon perguntou com o sorriso torto sempre presente nas piadas.

– Já tenho marcas o suficiente. – Elena encostou a cabeça no ombro de Damon. – Acho que seu pai está feliz por você vir em casa depois de tanto tempo.

– Obrigado por me acompanhar.

– Sempre vou cuidar do David e de você.

Ambos ficaram calados por um tempo e a música voltou a ser tocada. Edna estava sentada ao piano. Essa Elena conhecia muito bem, era Clair de Lune.

– Você tocou algumas vezes pra mim, é a música mais linda que já ouvi. Antes e agora. – Ela disse lembrando um pouco da vida que tinham antes.

– Eu amava você antes e ainda amo depois de todo esse tempo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Ufa, finalmente né? Obrigada!