Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 18
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Divertam-se



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Bonnie já estava no apartamento assim que chegou com a mala e David em seu encalço. Damon a deixara no aeroporto e chegaria na quarta-feira de manhã para viajarem. Eles entrarem em um acordo silencioso de deixar as coisas fluírem sem pressão.

– Como foi o encontro com o Dr.? – Elena perguntou enquanto levantava as pernas da amiga e se sentava no sofá.

– Nós jantamos e fomos ao cinema. Foi muito bom. – A morena estava com aquele sorrisinho de quem já estava se interessando pelo cara e havia encontrado uma conexão entre eles.

A atitude em si deixava Elena com vontade de revirar os olhos e ver se aquela seria só mais uma aventura da amiga, mas isso seria maldoso demais.

– Só vai devagar, ok?

– Entendo seu ceticismo com meus relacionamentos, mas chega de falar de mim. Vamos falar do seu final de semana romântico em família.

– Não foi um final de semana assim, nós tivemos muitos assuntos pra resolver. – Agora a televisão se mostrava muito mais interessante do que segundos atrás.

– E passear pela praia como uma família feliz é um dos assuntos? Você pode negar o quanto quiser e ainda vou continuar enxergando a conexão voltando ao seu devido lugar.

Sibilar foi a única opção viável para não se descontrolar perto do filho e falar coisas inapropriadas para uma criança de quatro anos não parecia muito saudável. Lidar com um pai nunca presente antes já deveria ser bem desafiador para David.

– Nós transamos, ok? E o que isso tem demais?

– Foi só sexo?

Elena fechou os olhos e se lembrou de todos os momentos e das vezes que estiveram juntos. O problema com Damon e ela era essa química que incendiava até as roupas.

Ele eram como álcool e fósforo juntos.

A perfeita combinação explosiva.

Era sexo, claro. Provavelmente o melhor cara com quem ela já havia dormido e mesmo assim quando eles se olhavam nos olhos sempre havia mais. Um calor que pra início de conversa era o principal motivo dela ceder aos impulsos sem nem pensar duas vezes.

– Não é só isso, certo? – Bonnie questionou enquanto ela se levantava e decidiu ser uma boa hora para tomar um banho e se aprontar para o almoço com Klaus.

–-

Klaus havia reservado a mesa de costume no final da varada do Riviera. Eles sempre almoçavam juntos pelo menos uma vez no mês e depois da visita ao hospital seu melhor amigo ligava e aparecia mais vezes.

Depois dele ter sido um idiota e sumido por quase um mês no tempo que esteve por lá. Tirando isso ele era um bom amigo. Apenas seu temperamento que nem sempre era tão agradável e demonstrações de afetos não eram frequentes.

Elena chegou no horário marcado para que eles tivessem tempo de sobra para conversar sobre os últimos acontecimentos no trabalho e jogar papo fora.

– No final de semana eu tenho ingressos para ver os Wildcats. Quer ir? – Klaus questionou assim que a sobremesa chegou.

– Não posso. Vou pro Canadá e não sei por quantos dias vou ficar.

Ela o viu apertar os lábios e respirar fundo.

– Canadá? Com o Damon?

– Eu vou levar o David para conhecer os avós.

– Acho que isso está indo longe demais. – Ele comentou revirando sua torta de morango que não parecia mais tão bonita e apetitosa.

– Quero que meu filho tenha a família que eu perdi. Não é errado.

– É o certo, mas me refiro ao Damon. Essa aproximação não parece...Sei lá.

Elena e Klaus não terminaram a sobremesa e foram em silêncio ao parque que também era de costume visitarem, irem aos museus ou passear pelo zoológico quando ela trazia David para o passeio. O lugar sempre lhe trazia boas lembranças.

Klaus não abriu a boca durante o trajeto, apenas andava ao lado para fazer companhia.

– Uma moeda pelos seus pensamentos? – A morena sorriu na intenção de que faria o amigo falar o que estava pensando.

Ele não dava o menor indicio que cederia aos sorrisinhos, mas Elena não esperava o que veio em seguida:

– Eu estou apaixonado por você e já estou me arrependendo de cada palavra. Você é a pessoa mais rabugenta, controladora e irritante que conheço e ainda sim eu sinto essa angustia de ver você indo da direção do cara mais idiota possível.

Respirar? Ela provavelmente esqueceu do simples processo do ar saindo e entrando em seus pulmões.

– Não sou bom nisso.

– Eu... Eu não sei o que dizer.

Elena estava com a cabeça na capacidade máxima de problemas, mas teria que buscar David na escola.

Ela estacionou o carro e desceu olhando para o parque da escola, que agora estava vazio. As crianças das turmas avançadas saiam aos poucos, encontrando-se com os pais na aglomeração que já se fazia e outras andavam conversando e rindo com outros amigos na direção do ônibus amarelo chamativo.

Elena acenou para algumas mães que conhecia e não percebeu Caroline se aproximar.

– É bom ver você. – A loira a abraçou de lado e encarava o mesmo portão que Elena.

– Mãe, vamos logo. – Andrew era o filho mais velho de Caroline e não parecia nada contente de esperar.

– E deixar sua irmã? Não me parece muito bom. – Ela comentou pegando a mochila do filho e pendurou no braço.

Seria ótimo. – O menino resmungou e saiu na direção oposta. – Vou esperar no carro.

– Como estão as coisas? Está se sentindo bem?

– Voltando para normalidade. E você?

– Tudo bem. Você sabia que nossos filhos estão “namorando”? – A loira fez questão de sinalizar entre aspas com dois dedos. – A Jasmin falou que o David pegou uma flor pra ela e tudo. Dá pra acreditar?

Elena não estava nos seus melhores dias, mas teve de rir da situação.

– Seu filho é um Dom Juan e está tentando conquistar a minha filha.

– Coisas que ele deve ter aprendido com o pai. Semana passada eu ouvi uma conversa deles.

Caroline pareceu pensar um pouco sobre o que diria em seguida:

– É, eu vi. Como o David está lidando com tudo?

– Ahn, o Damon é... Bem, ele tem sido muito bom com o David. Dá toda atenção que ele precisa e quer sempre estar por perto. – Isso ela teria que admitir. Damon estava sendo um ótimo pai.

– Você é sortuda que as coisas estão dando certo. É muito complicado ter uma boa relação com o pai quando o casal se separa.

Até você que não transe com ele e estrague tudo.

A voz na cabeça de Elena comentou casualmente.

Então ela apenas decidiu acenar com a cabeça e ver David andando ao lado dos gêmeos Forwood e Jasmin vinha logo atrás conversando com a filha dos Saltzman.

– Elena, hoje vou estar de folga e vou levar as crianças no zoológico. Você deixaria o David vir conosco?

David agarrou suas pernas e Jasmin deu um meio sorriso quando se aproximaram.

– Oi, Sra. Gilbert. – Jasmin falou depois de ir para o colo da mãe.

– Oi, Jasmin. – Ela abaixou na altura do filho. – A Caroline quer levar você, a Jasmin e Andrew ao zoológico. Quer ir?

David quase não pensou na resposta, deu um beijo e saiu andando na direção do carro de Caroline.

–-

Elena chegou em casa sem ter o que fazer ou não tinha a menor vontade. Ainda estava tentando descobrir qual das opções.

A garrafa de vinho estava quase sorrindo para que ela a bebesse, mas infelizmente ainda estava em tratamento e álcool não estava incluído nisso. Restou apenas ligar para seu médico e conversar rapidamente sobre a curta viagem para o Canadá. Ele recomendou uma consulta antes da viagem para dar um aval preciso.

Abrir a geladeira foi quase uma porta de felicidade quando se deparou com a cerveja sem álcool que ela considerava horrorosa. Dado as circunstâncias, foi um alivio encontrar algo que ela poderia beber e imaginar com outro sabor.

– Obrigada por isso, Bon! – Ela levantou a garrafa em sinal de brinde para a amiga que sempre levava essas gororobas pra sua casa.

Elena sentou no sofá e bebeu as seis garrafas de cerveja ruim assistindo a reprise de Charles Chaplin na tv e seu celular apitava descontroladamente com mil mensagens por hora. O pior era não poder colocar o aparelho no modo silencioso e perder a ligação de Caroline.

Resolveu que abrir uma das mensagens não faria mal nenhum e pararia de vez com a sua curiosidade.

“Eu não queria ter falado daquele jeito, mas fiquei sem opção. Por favor, preciso conversar com você. Posso lidar com qualquer coisa, menos perder a minha melhor amiga.”

As mensagens anteriores eram na mesma linha de pensamento, pedido de desculpas e outras era raivosas pela falta de resposta.

“Não sei quando vamos conversar. Preciso de um tempo. Respeite isso.”

Elena respondeu e seu celular parou com o fluxo intenso de mensagens.


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Notas finais do capítulo

Não demorei tanto wee. Obrigada, gente.