Capítulo Extra: Together Forever

Oito anos depois do incidente na galeria Guertena, a vida voltava ao normal. Ib voltara para os seus pais e mantivera uma relação forte com Garry, cujo os terrores do mundo distorcido daquele dia anos atrás os juntara.

Hoje, Ib chamara o gentil rapaz a voltar àquela galeria que havia voltado à cidade. Foi um pouco difícil convencê-lo a voltar àquele lugar que causara a ambos memórias terríveis, mas com um pouco de insistência, Ib conseguiu convencer Garry, como sempre, dizendo que precisava conversar com ele algo importante.

O garoto foi o primeiro a chegar, agora ele tinha vinte e oito anos, embora pouco tivesse mudado nos últimos oito anos, exceto pelo cabelo arroxeado um pouco mais longo e o rosto mais belo e adulto, mas ainda conservando o ar gentil e acolhedor. O seu estilo de roupa também não mudara, mas o casaco era novo e da cor azul-escuro, esfiapado e desleixado como o antigo.

Ficar sozinho no meio de todos aqueles quadros e estátuas que um dia haviam tentado matá-lo, dava arrepios em Garry. Queria que Ib chegasse logo.

E o seu desejo foi prontamente atendido.

– Garry!

Era a voz de Ib. Garry a reconheceria em qualquer lugar. Ele se virou e a viu vindo em sua direção com um sorriso iluminado.

Se Garry pouco havia mudado, os anos haviam favorecido a Ib inúmeras mudanças. Ela agora era uma jovem de dezessete anos muito bela, estava alta e com um corpo de belas curvas; os cabelos castanhos haviam crescido até a cintura e a roupa que antes a sua mãe escolhia havia sido substituída por um lindo vestido vermelho(http://i1299.photobucket.com/albums/ag64/RaissaSNL/0af39f3e-67ce-4bd8-8da1-d9038beea3f7_zps16f81e34.jpg?t=1363302250)que destacava todas essas felizes mudanças.

– Ib. – Garry abriu um gentil sorriso e abriu os braços, recebendo um abraço apertado da jovem Ib.

– Desculpe, demorei? – ela perguntou, dando espaço para vê-lo.

– Não se preocupe com isso. – Garry a tranquilizou, sorrindo gentilmente.

– Você nunca muda, não é, Garry? – ela falou sorridente, pois adorava o jeitinho educado e acolhedor dele.

– Você, por outro lado... – Garry tomou a mão de Ib e a ergueu, analisando-a de cima a baixo – Não me conformo em como cresceu!

Ib corou um pouco, mas falou risonha em seguida.

– Está falando como um velho.

Garry riu, soltando-lhe a mão.

– Então. O que você queria falar comigo que precisava ser aqui? – Garry falou o “aqui” com tom de desgosto, olhando para o lugar que não lhe agradava.

Por algum motivo, o rosto de Ib corou com a menção ao assunto e os seus pés pareceram-lhe interessantes.

–...? – Garry estranhou – Ib...?

Ib assentiu sem olhar para Garry.

– É que... Eu queria te dizer, aqui onde tudo começou. Você se lembra, não é? Os quadros , os quebra cabeças, Mary... – nome saiu da boa de IB com certa hesitação.

– Bom... Não tem como esquecer. – Garry falou, também com hesitação.

Aquele não era um assunto no qual costumavam tocar, na verdade, eles o evitaram ao máximo durante todos esses anos.

– Naquele dia, nós prometemos sair juntos, custo o que custasse e... Bem. – Ib sorriu, levantando o rosto para olhar nos olhos de Garry – Aqui estamos.

– Sim. – Garry sorriu também, afetuoso – E eu sou agradecido por isso em todos os dias desde então. Agradecido por poder vê-la crescer bem e feliz todos os dias... Por ter comprado aqueles macarons para você. – ele falou a última parte rindo.

Ib respirou fundo.

– Sim... E você me disse uma coisa naquele dia... Uma coisa que não deveria esquecer.

O coração de Garry bateu mais forte ao ouvi-la e ele a fitou esperançoso e ansioso.

– Eu não me esqueci, Garry... – os olhos de Ib enxeram-se de lágrimas – Eu jamais me esqueci daquelas palavras...!

Garry adiantou-se até Ib, não suportando as lágrimas dela, e a envolveu em seus braços carinhosamente enquanto acariciava-lhe o cabelo.

– “Não importa quanto tempo passe, eu vou continuar amando você, hoje e sempre.” – Garry repetiu as mesmas palavras de oito anos atrás, baixinho, unicamente ao ouvido daquela que amava – Eu também não me esqueci, Ib.

Garry a afastou um pouco, inclinando-se para fitá-la nos olhos e tirando as lágrimas que Ib derramava.

– Eu continuo a te amar desde aquele dia, Ib. Cada dia mais e mais. – ele confessou sorrindo belamente, embora dizer aquelas palavras o fizessem corar um pouco.

Ib abriu um imenso sorriso, iluminando o seu rosto igual há oito anos, quando Garry dissera aquelas palavras ao seu eu de nove anos de idade. Ela fez menção de abraçá-lo outra vez, mas Garry fez que “não” com o indicador, sorrindo misteriosamente.

–...? – Ib fez uma expressão confusa.

Então Garry tocou-lhe o rosto alvo com ambas as mãos e inclinou-se sugestivamente.

–...! – Ib então entendeu.

O prazo do beijo de oito anos atrás havia expirado.

Ib tinha que renová-lo agora.

Ela corou um pouco, mas fechou os olhos sugestivamente; Garry desceu suas mãos até a cintura de Ib, envolvendo-a com seus braços e colando os seus corpos, desfazendo a distância que restava entre os dois.

Os lábios macios de Garry fizeram o coração de Ib bater acelerado e, diferente da criança ingênua que fora há tantos anos, ela entendia exatamente o que estava sentindo agora.

Amor.

– Eu te amo, Garry. – Ib confessou-se assim que o beijo terminou, os olhos ainda fechados enquanto absorvia toda a essência de Garry.

Ele ouviu aquelas palavras como se fosse música para os seus ouvidos e deleitou-se com o semblante apaixonado de Ib. Então disse algo que há muito tempo queria.

– Você quer namorar comigo, Ib?

Imediatamente Ib abriu os olhos vermelhos, mal acreditando no que havia escutado, mas ao ver o olhar cálido de Garry junto com um leve rubor pintando o seu rosto, ela não teve dúvida alguma de que ele falava sério, nem dúvidas do que responderia.

– Quero!

Ib sorriu como nunca antes, tão feliz que poderia chorar, e o foi que de fato ela fez.

Garry beijou-lhe a testa, risonho.

– Você ficou chorona com o tempo... – ele falou, tirando as lágrimas que escorriam pelo rosto da sua namorada. Finalmente podia chamá-la assim.

– É que eu estou muito feliz! – ela admitiu, sentindo os dedos gentis de Garry passarem pelo seu rosto.

– Eu também, Ib... Eu também. Mas se não se importa... – Garry se afastou um pouco, olhando ao redor com uma expressão ruim – Podemos continuar a nossa conversa em outro lugar? Essa galeria continua me dando arrepios...!

Ib riu contida.

– Garry, você é muito medroso! – ela disse e agarrou o braço do seu namorado, sorrindo.

– O que...?! Não sou, não! – ele contrapôs, começando a andar.

– É sim!

– Não sou!

– É s-...

Garry a calou com um beijo rápido.

– Garry! – Ib reclamou, rindo – O que é isso?

– Juros. – ele respondeu simplesmente – Pelos oito anos. E, pelas minhas contas, isso equivale a um beijo a cada cinco minutos.

– O que...? Hah... Is-...

Antes que Ib pudesse completar a frase, Garry roubou-lhe outro beijo.

– Ei...! Não se passaram cinco minutos! – e em seguida outro e mais outro – Para, Garry...! – ela falou entre risos, o que só fazia Garry continuar.

E aos pequenos beijos e risos, o mais novo casal saiu da galeria sem se importar com os olhares das outras pessoas ali. Afinal, depois de tantos obstáculos que eles tiveram que enfrentar para agora estarem juntos, nada mais iria os separar. Nem mesmo outra galeria Guertena. Porque, juntos, Ib e Garry podiam enfrentar qualquer desafio.

Fim