Esperança, Há Sempre Um Motivo Para. escrita por Oniguirii


Capítulo 1
Chapter 01


Notas iniciais do capítulo

Primeira da "série" das 4 fics AOKI. Demorei, mas enfim estou postando-a xD Essa primeira é basicamente "conhecendo os sentimentos do Kise". Espero que não me matem e boa leitura ;D



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O dia estava calmo e terrivelmente monótono como de costume naquele horário qual esperava dar a hora do treino. Mas hoje, ele nem podia reclamar muito, visto que seus colegas de sala haviam ficado para lhe fazer companhia. Sinceramente não achava isso necessário, mas claro que não seria rude a esse ponto. Afinal, ele tinha uma imagem a zelar. As aulas já haviam terminado e só esperava o horário mesmo para poder ir ao seu tão querido cantinho com seu mais que especial time. Vez ou outra meninas passavam por ali e acenavam gritando seu nome, apenas para lhe dizer “tchau”. E claro, por mais que já estivesse cansado disso tudo, tinha que levantar a mão e sorrir. Felizmente o tempo se ia e não sobravam muitas pessoas dentro daquele colégio.

– Ser modelo deve ser a melhor coisa do mundo. - comentou um dos meninos, também, referindo-se a popularidade do rapaz com as garotas.

– Não é bem assim... - Kise riu amarelo sentando-se em sua carteira, perto da janela. Via as pessoas indo embora pelo campo que fazia o caminho do portão e se perdeu ali por um momento. Mulheres... Às vezes, em seus momentos mais depressivos... Tinha inveja delas. Elas podem casar, ter filhos... Constituírem uma família sem problema algum...

– Ah, cara! Isso é tão injusto! Além de jogar super bem, ainda é bonito! - outro começou com suas ceninhas.

Kise realmente não achava nada disso. Ele jogava razoavelmente bem... Mas não era o suficiente. Não para ele... E muito menos para ele. Riu de si mesmo por ainda se importar com isso. Mas não achava mesmo que jogava bem. Achava que faltava muito... Muito mesmo.

– Ei, Kise!

– Hm?

– Quantas namoradas você tem?

Eis um assunto que realmente odiava tocar e o que o lembrava de porque mantinha-se longe, até que, das pessoas “amigas”. Sempre querendo saber do que não lhe diziam respeito... E normalmente, por futilidades que não lhe interessavam em nada.

Ser modelo tem suas vantagens.”

Kise suspirou minimamente e sorriu. – Quantas? Não tenho nenhuma.

Os rapazes se entreolharam e riram. - Como não tem?

– É! É impossível! Nem mesmo uma ficante?!

Ficante...? - Não, não tenho.

Nenhum dos garotos ali acreditavam nisso. Até parece que ele sendo modelo, bonito daquele jeito e cheio de Status que faziam as garotas gritarem, não teria ninguém assim. Impossível, simplesmente.

… De certo, realmente era impossível não ter ninguém assim... Mas jamais qualificaria essa pessoa no meio disso que seus colegas queriam. Aquela pessoa era diferente.

– Ah! Entendi! Você pega um monte, mas não assume nenhuma, né?

E uma risada leve saiu dos doces lábios do modelo.

– Não é nada disso. Sou do tipo romântico, ok? - brincou, mesmo sendo verdade. Embora – hoje – possa contar com alguém, ainda não era do jeito que queria... Contudo, aquela pessoa era especial. Por isso era ela... E somente ela.

Ah, vá! Duvido que resista aqueles montes de saias e peitos atrás de você! - era esse tipo de pensamento que mais o afastava das pessoas. Seu mundo ainda não era aquela vida de celebridade, mas se havia algo que muito estimava, era o caráter das pessoas. Não que seus colegas fossem pessoas ruins... Mas achava que tinham coisas mais importantes ou relevantes para conversarem do que isso que eles tanto gostavam de falar... Talvez, só achasse isso por ser outro Basuke-Baka (viciado em Basquete)... Ou pela Kaijou ter lhe ensinado tanto... Talvez...

– Elas só acham fascinante conhecer alguém “famoso”. Nenhuma delas gosta de verdade de mim. - sorriu. Era verdade... Se lhes perguntassem, todas responderiam na ponta da língua todas as suas preferências de comida, roupas, bebidas, tipo de passeio e coisas do gênero... Mas nenhuma delas, sabia que nada disso era verdade. Gostava do simples. Gostava de tranquilidade. Todavia, isso não é interessante no mundo artístico.

– Continuo duvidando, mas ok... - resmungou. - Hm... Mas e você? Gosta de alguém, então? Deve ter tanta gente bonita no seu mundo! E aquela modelo que você trabalhou junto outro dia? Pelas fotos acho que rolou um climão entre vocês, hein! - seus colegas realmente se animavam com esse tipo de conversa.

Ser modelo tem suas vantagens.”

Seu susto e sua inquietação passaram despercebidos, como sempre. Não estava nem aí para a modelo, mas falar sobre seus verdadeiros sentimentos, não era algo que o agradava. Nenhum pouco.

Suas vantagens.”

– KISE! - um grito rude e estrondoso invadiu a sala. - O que está fazendo aí, AINDA?! Ouse chegar atrasado que você correrá cinquenta voltas antes de entrar na quadra! - estressado como sempre, fez o loiro rir de lado e desta vez, sorrir. Salvo mais uma vez.

Kise olhou para os outros e apontou com a cabeça para a saída num sorriso leve. Pediu licença com pequenos gestos e caminhou tranquilo para fora da sala, fechando a porta. Respirou finalmente e correu em direção ao mais velho. - Seeeeeeeeeenpai!!! - pulou nas costas do rapaz que já estava indo embora.

– Ora, cale a boca! E saia de cima de mim! - vociferou o mais velho.

– Que crueldade! - choramingou, sendo arrastado pelo moreno ainda sobre suas costas. Kasamatsu era bem menor que ele, mas nem por isso, era um frangote. E claro que ele só fazia isso, porque naquele horário, não haviam mais pessoas por ali. Um abraço terno envolveu o pescoço do mais velho que o olhou de esguelha com estranheza.

– Aconteceu alguma coisa?

Kise tombou a cabeça de lado e depositou um selinho leve no pescoço do outro. - Acho que estou carente... - sussurrou num sorriso torto e fechou seus olhos apertando, involuntariamente, o abraço. Eis outro motivo para não gostar de falar sobre aquele assunto. O fazia pensar no que não queria e relembrar o que queria menos ainda.

Kasamatsu, nada disse.

Absorto em pensamentos, Kise nem se deu conta de para onde era levado. Num corredor escuro e de movimento nulo, o mais velho virou-se dentro dos braços carentes e o loiro pôs-se de pé fitando perdido os orbes escuros a sua frente, ainda com os braços sobre seus ombros.

O Capitão torceu o colarinho do mais novo e colou seus lábios nos dele... A princípio, Kise espantou-se, mas era tão macio... Tão quente... Tão... Terno... Deixou-se levar. A calmaria e tranquilidade que eles lhe passavam eram únicos. Um conforto e uma segurança quase tão palpável que queria... Ahh, como queria... As línguas se tocavam calmas e o ar não chegava a faltar. Não era para excitar. Era um abraço.

Sem pressa, Yukio afastou-se minimamente daqueles lábios finos e encostou sua testa na de seu kouhai*, abrindo seus olhos. Fitaram-se em silêncio por longos instantes até o mais velho se pronunciar.

– Eu não sei o que aconteceu, mas enquanto isso bastar, não vou hesitar. - disse, simplesmente.

Kise sorriu de lado e agradeceu. Por um bom tempo, sentiu-se um crápula por usar o mais velho assim... Mas este, sempre fizera questão de demonstrar uma apatia absurdamente exagerada e sua confirmação verbal, claro, de que ele não se sentia usado e muito menos, mal com toda a situação. Yukio achava que era o que ele podia fazer, por seu amigo... O que estava ao seu alcance. Ryouta o envolveu pela cintura dentro de seus braços, encostando suas costas à parede e acomodou seu queixo sobre o ombro do Capitão. Era estranho. Sentia-se seguro. Fechou seus olhos e o trouxe mais para si juntando seu rosto ao de seu Senpai*.

– O que está fazendo? - o mais velho indagou.

– Recarregando minhas energias. - deixou-se sorrir.

Kasamatsu suspirou e embora quisesse chutá-lo para longe porque queria chegar logo ao vestiário de basquete para adiantar as coisas, não conseguiu. Às vezes, achava que mimava demais aquele modelo, todavia, Kise não era – de fato – mimado. Ele só mostrava isso para o mais velho... Ao menos, toda essa vulnerabilidade, apenas Yukio conhecia. Sentia-se estranho com isso tudo também, mas nem por isso, sentia-se mal. Sentia-se bem. E queria que Kise sentisse-se assim também. Ficaram mais alguns minutos assim até Kise afastar-se um pouco. O loiro tocou suave o rosto do mais velho e o puxou para si capturando seus lábios. Aquilo chegava a parecer um vício, afinal, era naquele singelo toque, que sentia absorver um mínimo da confiança de Kasamatsu. Não que fosse um vampiro e só estivesse fazendo isso para se alimentar... Não espere. É... Parecia algo assim... Mas bem, não era bem assim, hm.

Yukio encarava o modelo com os olhos semi-cerrados pensando em tudo que acontecia entre eles. Sabia que Kise escondia seus sentimentos mais do que qualquer um e acima de tudo, sua verdadeira essência, mas para Yukio, aquela máscara que ele vestia, de nada servia. Ao menos aos olhos do moreno, o modelo não levava o menor jeito para atuação. Kise transpassava tudo... Ou era Yukio que enxergava demais.

O toque se desfazia gradativamente e lentamente se separaram. O sorriso desenhava os lábios de Kise que acabaram por fazer os de Kasamatsu sorrirem, também. O moreno subiu o olhar e ficou a admirar silente a perfeição agradável à sua vista daquele rapaz. Era irritante não poder contestar sua beleza para ser modelo.

– Agora me solte ou te arrebento. - embora Yukio fosse relativamente dócil, não deixava de ser Kasamatsu Yukio, o Capitão do time de basquete da Kaijou Koukou.

–… Hai... - choramingou endireitando seu dorso e andando normalmente ao seu lado. Gostava da companhia do moreno. E sentia que aquilo lhe fazia bem. Bem de verdade. Talvez, o Capitão fosse a peça que faltava em sua vida. - Senpai. - chamou-o obtendo apenas sua atenção mínima pelo canto de seu olho. - Obrigado.

– Cale a boca. - chutou-o.

Um doce de pessoa.

xXx

Kaijou 98 x Touou 110

xXx

– E o Kasamatsu-senpai? – Kise.

Tirando seu capitão, todos os jogadores da Kaijou já estavam perto da saída, no corredor de acesso a ela, após o jogo contra a Touou Gakuen.

– Ele precisa ficar só. – Moriyama.

Kise olhou para trás e seus pensamentos se perderam. Aquele jogo significava muito. Muito mais do que qualquer outro ali poderia imaginar... O que aquilo significava pra si, nem contava. Só ele sabia o tamanho daquilo que carregava consigo, e por mais frustrado que estivesse, não conseguiu não se preocupar com ele. O peso que o Capitão carregava sobre seus ombros, com toda a certeza, ultrapassava até os seus. Ele era o líder. Ele tinha um débito com o passado. Tinha que pagar... Não que Kise achasse isso, mas com esse sentimento, seria impossível não se preocupar com o capitão. Kasamatsu tinha que respirar... Tinha que ficar só.

Aquele moreno realmente era um grande homem. Ryouta chegou até a sentir-se mal por ter aceitado a ajuda do mais velho, quando... Quando... Não. O Capitão da Kaijou não necessitava de ajuda. Necessitava de um tempo só. Apenas isso. E como seu Kouhai, respeitar esse momento, era o mínimo que podia fazer por ele. Não poderia voltar... Sua única alternativa, era seguir adiante.

Contudo, embora tenha tentando seguir o caminho com os demais, não conseguiu. Afinal, Kasamatsu tinha um peso ainda mais especial que já possuía, apenas por ser um excelente Líder. Disse que precisava espairecer e virou em uma esquina aleatória, logo contornando o quarteirão pelo outro lado e correndo até o ginásio que havia deixado a pouco. Frente ao portão do lugar, ofegava. Não sabia o que fazer. Ele o espancaria até a morte dessa vez se ele entrasse naquele vestiário... Mas, ele tinha que fazer alguma coisa... Ah, como queria poder ser útil a ele... Como queria... Ter sido forte... Ter se esforçado mais... Ter ganhado o jogo... Por ele... Pela Kaijou.

Que sensação horrível corria por seu ser nesse momento.

Não era fraqueza. Como tudo na vida, quando nos dedicamos de verdade, é de mente, corpo e alma. Acreditamos piamente em algo que certas vezes, escapa por entre nossos dedos - da maneira mais frustrante possível, diga-se de passagem - por mais que tenhamos nos esforçados com tudo que tínhamos para que isso não acontecesse. Uma confusão de sentimentos toma avassaladoramente nosso ser e fica quase impossível distinguir o que exatamente se passa dentro de nós. A única certeza que temos até o momento é a de que, assim, não podemos mais ficar.

Caminhou tensamente até a entrada do ginásio e ali ficaria até o mais velho sair por ela. O tempo foi passando e cada vez mais sua inquietação o consumia. Sabia que tinha que deixá-lo só. Sabia disso, mas poxa! Não tinha como ajudá-lo, de alguma maneira?! Não aguentou mais. Passos firmes e decididos o guiaram até o início do corredor. Não entraria no vestiário, esperaria calmamente do lado de fora e relativamente afastado de lá... Se, seus olhos não tivessem reconhecido aquela figura tão familiar parada frente à porta, qual deveria manter-se bem longe, aliás.

Sua mente esvaziou em instantes. Quando deu por si, já estava parado, frente ao rapaz. - O que faz aqui? – embora não quisesse ser rude, talvez, aquilo que estava tentando comprimir há anos ou apenas ignorar para dar a devida atenção a ela na hora certa, fosse mais forte do que esperava.

Aomine soltou a maçaneta e colocou lentamente suas mãos nos bolsos da calça, dando total atenção ao loiro irritadiço, virando-se para ele. – Kise...


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Notas finais do capítulo

* Senpai = veterano
* Kouhai = novato
No Brasil, esse tipo de relação é quase ilógica, mas vejam bem. Eu, particularmente, acho que isso deveria ser posto aqui dentro, embora, como tudo, o povo não vai saber lidar com isso e com o jeitinho brasileiro o valor se esvairia e o ridículo permaneceria, mas enfim. O que eu mais queria passar aqui, é o lance sentimental da coisa.
--- Kouhai, aquele respeito que tem por seu veterano por ele ser mais experiente e mais velho. Ele tem meio que uma visão de um herói ou algo assim do Senpai, alguém para se admirar.
--- Senpai, aquele que se preocupa com seu novato, sempre preocupado em ajudá-lo e orientá-lo, assim como em ser um bom exemplo para ele. Alguém que seja sábio e maduro.



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