Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 27
Capítulo 27




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Hurricane II

Capítulo 4

Caspian os levou até um camarote, grande, com uma mesa central e alguns armários. Uma janela que ocupava toda uma parede. Lúcia chegou perto de um desenho cravado em ouro em uma parede, que tinha a forma de um leão.

– Aslam... - ela disse sorrindo, tocando o desenho. E então se aproximou de algo que estava exposto, sobre uma mesa lateral. - Olha, o arco da Susana com as flechas!

Lena e Colin se sentiram meio desconfortáveis ali. Lena, por não haver nada seu ali, porque quando fora a Nárnia pela primeira vez, nada que podia ser chamado de seu lhe fora dado. Colin, por aquele não ser seu lugar, em meio a tantas majestades. Quando havia apenas Caspian, eles se tratavam de igual para igual, e tinha comando daquele navio quanto Drinian, seu pai, e o próprio Caspian. E então Colin percebeu que a amiga deles também parecia meio deslocada naquele cenário. Sorriu-lhe, tentando passar a confiança que não tinha, e observou a menina sorrindo-lhe de volta, agradecida.

– Lúcia. - Caspian chamou pela menina e acabando por chamar a atenção dos outros.

Ele tirou uma caixa do armário, e Lúcia podia ver ali seus pertences.

– Meu elixir de cura... E o punhal!

Ela se aproximou e estendeu a mão para pegá-los, mas se deteve no meio do caminho, repentinamente receosa.

– Ahn... Posso?

– É claro! Eles são seus.

Lúcia os colocou no cinto que prendia suas calças.

Edmundo então viu algo que lhe chamou a atenção.

– A espada do Pedro! - ele exclamou, se aproximando.

– É... Cuidei dela como prometi. - Caspian a pegou e a estendeu ao menino. - Toma... Pode usar se quiser.

Edmundo queria pegá-la. Esperara muito tempo por esse dia, mas não era justo. Pedro a entregara a Caspian, ele não podia ficar com ela.

– Não, não. - ele disse rapidamente. - O Pedro deu pra você.

Lena sorriu, sabendo que aquela seria uma atitude típica do moreno. E sentia-se orgulhosa por isso.

– Mas... Eu guardei uma coisa para você.

Caspian sorriu e foi de volta ao armário, abrindo a portinha. E pegou um objeto cilíndrico e com um brilho prateado, que foi logo reconhecido pelo menino mais novo. A lanterna de Edmundo. Caspian a jogou e o mais novo a segurou, surpreso, mas sorrindo.

– Obrigado. - ele agradeceu, acendendo-a para checar se funcionava.

– Caspian, não acha melhor começarmos a tentar descobrir o porque deles estarem aqui? - perguntou Colin, curioso e cheio de expectativas novas para aquela viagem, que não teve antes.

~*~

– Desde que se foram, os Gigantes do Norte se renderam de uma vez por todas. - ele apontou no mapa. - Depois derrotamos os exércitos da Calormânia no Grande Deserto. - apontou novamente. - A paz reina em toda a Nárnia.

– Paz? - Edmundo perguntou surpreso.

– Quanto tempo se passou desde que viemos da última vez? - perguntou Lena, espantada.

– Apenas três anos. - concordou Caspian.

– E já encontrou uma rainha para você nesses três anos? - Lúcia perguntou sorrindo, depois de colocar o cabelo atrás da orelha.

– Não, nenhuma se compara à sua irmã. - Caspian disse de modo um pouco desconfortável.

E um silêncio se seguiu à sua afirmação. Ninguém queria ser o primeiro a se pronunciar e possivelmente abrir uma ferida que já deveria estar cicatrizada.

– Peraí, mas se não há guerras para lutar, nem ninguém em perigo, por quê estamos aqui? - perguntou Edmundo, confuso com toda a situação. E, ainda sem entender o porque, não gostara daquele garoto loiro ali.

Estava próximo a Lena e, de algum modo, Edmundo percebeu que tinha um lado ciumento e protetor. Aliás, ele mesmo vira quando o garoto havia trocado sorrisos com sua namorada.

– É uma boa pergunta. - disse Caspian. - Estou me perguntando a mesma coisa.

– E pra onde estamos indo? - Edmundo voltou a perguntar.

– Antes de retomar o trono do meu tio, ele tentou matar os melhores amigos do meu pai e seus aliados mais fiéis, os Sete Fidalgos de Telmar.

Caspian virou-se para trás, onde havia desenhos dos fidalgos presos em um mapa. Edmundo se aproximou de Caspian, observando os desenhos.

– Eles fugiram para as Ilhas Solitárias. Ninguém mais teve notícia deles.

– E você acha que aconteceu alguma coisa? - Edmundo perguntou, analisando os rostos e procurando decorar os detalhes.

– Se aconteceu, é meu dever descobrir. - disse Caspian.

– Vamos te ajudar. - pronunciou-se Lena. - Provavelmente esse é o objetivo de termos vindo.

Caspian sorriu-lhe, agradecido, e percebeu quanta confiança ela arrecadara desde que fora embora para sua terra.

– A rota nos leva diretamente às Ilhas Solitárias? - perguntou Lena, observando o mapa sobre a mesa do capitão.

– Possivelmente. - respondeu Colin. - Ainda não houveram indícios dos lordes nos outros pontos, mas esperamos que tenha nas Ilhas Solitárias.

– O que fica a Leste das Ilhas Solitárias? - perguntou Lúcia.

– Terras não mapeadas. - respondeu Drinian, se pronunciando pela primeira vez. - Lugares que nem dão pra imaginar. Há contos de serpentes marinhas e bichos piores.

Lúcia olhou para Edmundo, constatando sua preocupação, mas este perguntou a Drinian em tom de brincadeira, procurando disfarçar seu nervosismo.

– Serpentes marinhas?

– Pois bem, capitão, já chega de suas histórias. - brincou Caspian e deu uma mordida na maçã que segurava.

~*~

– "Onde o céu e o mar se juntam

Doces ondas na espuma

Não duvide, Ripchip,

Para achar o que procuram

Direto ao Leste rumam"

– Que bonito.

Ripchip, que cantava alegremente sobre a cabeça do dragão, deu um gritinho de susto e se virou rapidamente, encontrando Lúcia apoiada sobre os chifres, com Lena sentada sobre a parte do meio da cabeça.

– Obrigado. - o rato agradeceu. - Uma dríade cantou para mim quando eu era só um filhotinho.

– Minha mãe costumava cantar pra mim. - contou Lena, sorrindo sonhadoramente. - Sobre o que a sua canção fala?

– Eu nunca soube o significado, mas nunca esqueci as palavras. - respondeu o rato.

– O que tem depois das Ilhas Solitárias, Rip? - perguntou a rainha, mudando de assunto.

– O lugar mais oriental a que se pode chegar é o fim do mundo. - respondeu o rato. - O País de Aslam.

– Acredita mesmo que tal lugar exista?

– Só nos resta acreditar, não é mesmo. - disse ele tristemente.

– E será que dá pra chegar lá de barco? - perguntou Lúcia.

– Bom, só existe um jeito de descobrir. - disse ele, já se afastando novamente. - Eu só espero que um dia eu ganhe o direito de ver. Majestade.

E ele se virou para continuar sua cantoria.

– Acho que algumas coisas nunca mudam. - comentou Lena, indicando que Lúcia se sentasse ao seu lado.

– Definitivamente. - concordou a mais nova, aceitando o convite. - Sabe, eu não imaginava que voltaríamos tão cedo assim a Nárnia.

– E nem eu. - afirmou Lena. - Na verdade, eu nem imaginei que voltaria novamente com vocês.

Lúcia bufou. Elena havia mudado, ganhado mais confiança, desde que retornaram de Nárnia, quase um ano antes. Mas, ainda assim, a mais velha parecia ter sérias recaídas, tornando-se momentaneamente insegura. E nessas horas somente Edmundo conseguia levantar novamente a moral dela.

– Lena, se Aslam havia dito que você viria conosco, era porque viria. - disse Lúcia, e soou como se já tivessem tido essa conversa antes. O que, na verdade, realmente havia acontecido.

– Eu não sei... - murmurou a menina, novamente insegura.

– Olha, se você começar com isso de novo, eu vou chamar o Ed. - ameaçou Lúcia.

Ouvi meu nome?– elas ouviram uma voz atrás de si e, ao se virarem, depararam-se com Edmundo sorrindo marotamente para a irmã e a namorada.

– Cuida da sua namorada, que eu acho que só você mesmo consegue. - resmungou Lúcia, já se afastando.

Edmundo observou a irmã se afastar, até que se virou para Lena, que já descia da cabeça, e a ajudou a manter o equilíbrio no barco. Ela não era acostumada a navegar em alto-mar.

– O que aconteceu dessa vez? - ele perguntou, assim que ela se amparou.

– Só me perguntando porque eu vim de novo com vocês. - respondeu.

Edmundo bufou. - Ainda não parou com essa insegurança?

Lena deu de ombros. - É difícil, e você sabe.

– Bem... Se não posso dizimá-la, posso te fazer esquecê-la. - disse o moreno com convicção.

– Eu já disse que é...

Ela foi impedida de continuar. Pois, no momento, os lábios de Edmundo estavam pressionados contra o seu, fazendo-a esquecer repentinamente qualquer pensamento em sua mente. E não apenas isso. Lena simplesmente esquecera-se como respirar, extasiando-se em sentir a língua dele brincando com a sua, enquanto as mãos em sua cintura a puxavam para mais perto. Quantas e quantas vezes ele já não a fizera se sentir assim? Desde que ele havia pedido-a em namoro, cada beijo agora se igualava a seu primeiro, arrancando as mesma sensação entorpecente em ambos.

Quando se separaram, já sem ar, Lena teve dificuldade em resgatar a linha de raciocínio que discutia anteriormente.

– E-eu...

– Não se lembra mais o que ia dizer? - perguntou Edmundo marotamente. Aliás, ele mesmo tinha dificuldades em se concentrar com ela tão perto de si.

– Bobo! - Lena se afastou o suficiente para dar um tapa no braço do namorado, que apenas ria.

– Majestade. - viraram-se e viram Colin se aproximando. - Caspian está lhe chamando.

– Obrigado. - agradeceu Edmundo meio secamente, antes se virar novamente para Lena. - Tenta descobrir o que dizia antes e me conta.

Mandou-lhe uma piscadinha antes de sair.


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