Uma luminosidade chata, rompe meus olhos. Tento me virar para o lado, mas algo parece me impedir. Abro minimamente meus olhos. A cena que vejo é no mínimo inusitada.

Bella esta agarrada em mim, nossas pernas estão entrelaçadas e meu braço encontra-se em sua cintura.
Sua cabeça sobe e desde no ritmo da minha respiração. Seu rosto esta tranqüilo e livre de toda tensão habitual. Ela está linda. Mais do que já consegue ser.

Respiro fundo e me dou conta que o braço servindo de apoio atrás de minha cabeça lateja insistentemente. A sensação e incomoda, porém não quero acabar com esse momento.

Bella movimenta-se levemente é aproxima-se um pouco mais. A abraço com mais força e fecho os os olhos. Deixo meu corpo relaxar novamente, esperando que ela acorde.

Algum tempo depois, quando eu estava quase caindo no sono, ouço um barulho de batidas, no que parece ser a janela. Fico em alerta. Ouço paços rondando a parte traseira do carro, enquanto alguém olha para dentro do veículo.

Mesmo de dentro consigo ver a luz vermelha e azul piscando próxima.

Merda.

Mais batidas são ouvidas. Desta vez, mais altas e fortes.

O corpo de Bella sacode e ela se levanta a cabeça assustada. Olha para mim, depois para o homem na traseira e arregala os olhos. Rapidamente ela sai de perto de mim e se senta ajeitando o cabelo. Faço o mesmo e vejo o homem impaciente do lado fora.

– Bom dia... - falo saindo do carro e me espreguiçando. O homem me avalia de cima a baixo e deixa a cabeça pender para o lado.

– Bom dia. - diz ele limpando a garganta e andando para perto da porta, tentando olhar disfarçadamente para dentro, onde Bella pega sua mochila. - O que vocês dois estão fazendo, parados sozinhos nesse trecho da estrada?

Bella sai pronta para responder. Adianto-me e passo o braço pelos seus ombros.

– O que você acha... - falo sorrindo torto.

O homem levanta as sobrancelhas parecendo entender. Mas, Bella (como sempre) tinha que estragar tudo.

– O que? Sem essa. Olha aqui seu policial, nosso pneu furou e eu estou aqui presa a esse ser durante quase 48 horas. Então se você puder fazer o favor de me levar para casa eu vou agradecer. - ela me contornou e seguiu para o carro do oficial.

Sorrio amarelo perante o olhar desconfiado dele.

– Que isso, amor! Nosso amigão aqui entende nossa situação. Não precisa encenar nada... - pego a pelo braço. - Sabe o que é? Estávamos aqui, curtindo a noite, e pela manha vimos que um de nossos pneus estava furado... Só isso.

Bella me fuzila, e o homem tenta avaliar o que eu disse.

– Que merda é essa? - ela fala no meu ouvido.
– entra na minha! - respondo sem fazer som.

Mesmo com a cara fechada ela parece disposta a colaborar. Até que enfim...

– Ok. Me deixem esclarecer as coisas... Vocês dois estavam aqui "curtindo a noite" e só viram que estavam de pneu vazio pela manha?

– É que na verdade nos já andamos um pouco. Tínhamos escolhido um lugar mais calmo, a poucos kilometros daqui... - falo sugestivamente.

O homem parece estar aceitando a história. Respiro aliviado.

– Tudo bem. Eu chamo um guincho aqui para pegar o carro e os levo para casa. - ambos sorrimos - Só preciso dos documentos.

Meu sorriso morre.

– Que documentos?

– Os do veículo e dos dois. Para autenticar a posse do carro e a maioridade de vocês. - Bella então compreende o problema. Ela olha para mim na esperança de uma saída, mas eu não consigo pensar em nada.

– Seu guarda, nós não trouxemos documentos oras. Até porque, só viemos para nos divertir um pouco. - ela sorri sensualmente, e a expressão dele parece vacilar.

– Pois. Maior mancada. - falo pondo os braços novamente em volta dos ombros dela.

– Eu entendo... Só preciso dos documentos do carro, então...

– Beleza, segura aí amigão. - eu saio de perto dela e vou pegar os papéis do carro no porta luvas.

Entrego tudo nas mãos do policial e volto a me posicionar ao lado de Bella.

– Tudo ok. O senhor é Carlisle Cullen certo? - Bella parece sem engasgar, e olha para mim com um misto de supressa e divertimento.

– Isso ae... - falo batendo nas costas dela.

– Casado com Esme, segunda titular do veículo? - o policial levanta os olhos para ate ela, que esta vermelha de tanto reprimir o riso.

Apenas concordo em silêncio.

– Ok. - ele caminha até seu carro e começa a passar algumas informações pelo rádio.

– E agora? - Bella pergunta.

– Relaxa, ele nos leva em casa e qualquer coisa meu pai resolve...

– O que o Carlisle vai pensar de mim?- Bella põem a mão na testa bufando.

– Que você é como qualquer garota normal. Não consegue resistir ao meu charme. - rio enquanto ela da leves tapas em meu ombro.

– Tudo certo, senhor e senhora Cullen. - O homem, que agora vejo se chamar Cárter (pelo crachá) volta para perto de nos. - Já chamei o reboque, que levará o carro até sua residência. Nesse tempo, verifiquei que teremos que ir a delegacia prestar uma ocorrência.

– ocorrência? - falo.
– Delegacia ? - Bella parece estar te do um surto.

– Sim, para esclarecer a necessidade do reboque estadual. Coisa boba, mas faz parte. Desculpe nao avisar antes, é que eu sou novo nisso. Por favor, me acompanhem. - Cárter abre a porta traseira.

– Hmm... Sabe o que é? Acabamos-nos de ter um bebe e precisamos voltar logo. - Bella fala de repente.

– Um bebe? É um Bebe! - falo sorrindo.

– Ah o senhor tinha que ver, ele é a coisa mais linda do mundo! - Bella começa a tagarelar e o homem começa a cair na dela. - Lindo ele. Tem 6 meses. Ah eu passei bem mal durante a gravidez , você nem imagina!

À medida que Bella ia acrescentando detalhes na história ele ia caindo cada vez mais na dela.
De repente uma moto surgiu e se aproximou parando ao nosso lado.
Dela desceu um homem com um distintivo Preso ao peito.

–Cabo Johansson! Algum problema? Já faz mais de 30 minutos desde o último contato. - O homem tirou os óculos e nos encarou. Bella parou de falar na hora. - Então esses são o senhor e senhora Cullen? - ele riu.

– Sim, Tenente. Eles já entregaram a papelada e ta tudo certinho - Cárter sorriu e comecei a ter pena dele.

– Deixa-me ver a "papelada". - pelo o tom e o jeito que nos olhava, ele já sabia que não éramos o senhor e a senhora Cullen. Aliás, parecia saber quem éramos.

Olhei para Bella que cruzava os braços irritada.

– Carlisle Cullen, hm? - falou olhando para mim - Casado com Esme, formado em medicina. - Ele lia os documentos... Como diabos ele sabia que eu era médico? Ou melhor, meu pai... - 43 anos?

Cárter levanta os olhos alarmados.

– Esta em forma hein?

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– Esperem aí, família feliz, enquanto eu falo com o delegado.

Ele sumiu dentro de um corredor.

Bella permaneceu calada por todo o percurso.

– Não fica preocupada, vai dar tudo certo, eles não podem nos prender. Não cometemos nenhum crime... Pelo menos não você. - Rio, mas ela permanece seria.

Quando me preparo para perguntar o motivo, o cara volta com um sorrisinho sarcástico. Algo no jeito que ele olha para Bella me deixa extremamente incomodado.

Caminhamos lado a lado até uma sala espelhada no fim do corredor. A porta nos espera aberta.

– Bom dia - falo ao entrar, mas outra voz se sobreponha a minha.

– Eu posso explicar. - Bella fala cansada.

O delegado esta parado, virado para a paisagem nublada da floresta de Forks. Suas mãos se encontram juntas nas costas. Sua postura é severa.
Ao ouvir a voz de Bella, seu semblante parece vacilar e ele suspira. Vira levemente a cabaça em direção a nós e a única coisa que posso ver são olhos chocolates. Da cor dos de Bella.

– O que? Que você passou a noite numa estrada deserta no carro de um homem? - Bella treme diante das palavras dele. Então ele vira por completo e, somente naquele momento, percebo quem ele é.

Seu olhar fixa em mim, e é a minha vez de tremer.

– Explicar que ontem ao sair da detenção, o meu carro enguiçou. E Edward se disponibilizou para me levar em casa, porém no meio do caminho o pneu dele furou . Não tínhamos sinal nem step, logo mais nem telefone. - Bella esta com a voz chorosa- Só quero explicar que não aconteceu nada. - sua tentativa de parecer mais calma novamente até que deu certo com ela. Mas eu estava suando, naquele ponto.

– Eu prefiro que você me conte a verdade, há inventar desculpas. - o delegado cuspiu as palavras.

– é a verdade, por... caria! Edward é só o irmão da minha melhor amiga.

– Edward? Edward Cullen? - seu tom de voz é nada amistoso.

– Mu...Muito prazer, senhor Swan. - falei estendendo a mão. Esta continuou parada no ar por alguns instantes até eu me tocar que não seria correspondido.

– Eu, infelizmente não posso dizer o mesmo... - ele contorna a mesa e para a minha frente. - Já ouvi falar muito sobre você, rapaz. Nada que preste.

Minha boca deve estar escancarada. Ele se vira para Bella, que a essa altura já tem lágrimas nos olhos. Eu tenho vontade de gritar com ele, ou até mesmo soca-lo por tamanha estupidez. Mas, isso não melhoraria as coisas.

– Quanto a você, Isabella... Nunca duvidei de você. Porém, pela companhia que anda escolhendo, acho que nem sei direito o que pensar. - o desgosto é tão evidente que eu me sinto ofendido. Sei que meu passado me condena. Sei que não sou o cara legal que todo pai deseja (ainda mais um policial). Porém, eu estou aqui do lado, cara...

– Pai...

– Chega disso. O tenente Chills os levará para a escola. E a partir de hoje a buscará também Isabella. Seu carro ficará comigo e durante as férias você ficará em casa.

– O que!? Isso é totalmente inútil! E não sei se você sabe, mas já tenho um namorando e não é ele! - Bella fala descontrolada apontando para mim.

– Como é? - seu bigode parece ter ficado completamente em pé.

– Isso mesmo... Estou namorando o Jacob...

– Cada vez fica pior!- ele sorri com mau gosto - De um delinqüente a um sem futuro. Realmente, esta difícil reconhece-la. Tenente! - o homem de materializa na porta.

– Sim, senhor?

– Todos os dias durante a manha e tarde seus horários estarão disponíveis para minha filha. Quero garantir sua segurança. - Chills ausente com um sorrisinho no rosto.

– Com prazer, senhor.

– Qual o seu problema? - Bella grita para o pai.

– Sua segurança! Por que, pelo jeito você não se importa de dormir com um traficante. - Isso em atingi como uma bomba. Bella olha-me confusa e a única coisa que posso fazer é abaixar a cabeça.

Bella vira e sai da sala, esbarrando no tal tenente.

– E você, fique longe dela. Eu sei todos os seus podres. De todo o inferno que sua rebeldia insana, causou aos seus pais e a outras famílias. Não quero esse transtorno para minha filha. - Ele sai da sala.

– Seu carro esta devidamente constituído, com 4 rodas. - Chills fala sarcasticamente com as chaves do meu volvo nas mãos. - Na próxima vez escolhe uma que não tenha pai,garanhao. - ele bate a mão com a chave no meu peito.

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– Bebendo a esse hora, cara? – O barman pergunta rindo.

– Dias difíceis. Me da um Manhattan, por favor.

– É pra já!

Passo o resto da manha sentado naquele bar sofisticado de Port Angeles , pensando em como eu olharia para cara dela novamente. O delegado expôs uma das coisas mais ridículas que eu fiz no colegial... Mas, aos meus 14 anos fuma maconha era sinal de popularidade. Agora, eu ter entrado no contra-bando, é outra historia...

Meu celular toca no meu bolso traseiro. Quase caio do banquinho.

– Alô? - falo com a voz carregada pela bebida.

– Ed? - a voz de Victoria se faz presente.

– O que você quer?

– Quero saber o que aconteceu com você! Sumiu ontem a tarde, nem atendeu minhas chamadas e hoje não apareceu na aula! - Sua voz estava alterada.

– Eu estou bem, obrigado. Eu quis me desligar um pouco do mundo, por isso sumi... Victoria, estou no transito. Te ligo depois, ok?

– Edward nós precisamos conversar...

– Ok te ligo quando chegar em casa.

– Não, quero conversar agora.

Passo a mão no rosto. Deixo 50 dólares na bancada e vou para meu carro.

– Não da para esperar?

– Não. - seu tom é firme.

– Tudo bem. O que foi? - digo já no carro.

– Primeiro quero que você prometa me ouvir. - sua voz esta temerosa.

– Eu to falando no telefone com você, não estou? - falo virando bruscamente na curva.

– Sim, mas quero sua total atenção neste momento.

– Fala logo, Victoria! – Digo acelerando para não pegar o sinal vermelho

– Edward... Eu estou grávida.

Perco a próxima curva.