Reita disapproves

-

- Sai, o que você está desenhando? – Eu disse subitamente, olhando sobre o ombro dele e vendo um desenho inacabado, que ele tratou de esconder o mais rápido possível.

- Nada! – Sai disse bruscamente e guardou o desenho, fazendo-o sumir das minhas vistas.

- Não é nada, não! – Eu disse irritada. Ora, eu só queria dar uma espiadela no desenho. Ele os mostrava para todo mundo, por que não poderia mostrar para mim? Ok, ok, eu sei que nós não nos dávamos tão bem assim. Mas eu era curiosa, oras! – Deixe-me ver! – E estendi a mão, pedindo pelo desenho.

- Não. – E ele me deu aquele maldito falso sorriso que tanto me irritava. – Eu não vou te mostrar, Midoricchi. – E o sorriso que eu odiava veio acompanhado do apelido que eu detestava.

- Sim! – Eu maneei as sobrancelhas e insisti na mão estendida, ignorando o ‘Midoricchi’. Maltida a pessoa que havia falado para o Sai que dar apelidos para as pessoas ajudava em fazer amigos!

- Eu não vou mostrar o meu desenho para você. Sua sem pinto. – E o sorriso dele se alargou ao ver meu rosto ficar rubro.

- I-Isso é lá coisa que se diga, seu depravado! – Gaguejei, e no momento seguinte vi o quão absurdo  havia sido a frase que ele havia dito. – É é claro que eu não tenho pinto! – Gritei, me arrependendo quando vi que algumas pessoas que estavam ao redor olharam para mim desaprovadoramente. Corei mais ainda. – Eu sou uma garota! – Disse num tom de voz mais baixo. – É claro que eu não tenho pinto!

- Esse é o meu ponto. – Ele deu de ombros e se começou a recolher suas coisas, as ponto na sua mochila.

- Já está indo? – Cruzei os braços enquanto o via se ajeitar.

- Hai. – Ele respondeu com um aceno e se pôs de pé. – Vou sair em missão logo mais.

- Missão? – Sem querer, um tom preocupado transpareceu na minha voz. Me xinguei mentalmente. Eu não estava preocupada.

- Sim. – Sai assentiu novamente, não percebendo a minha ‘suposta’ preocupação. O que foi um alívio. Não queria que ele tivesse ideias erradas. – Devo voltar na semana que vem.

- U-Uh... Ok! Boa sorte com a missão! – E sorri. Verdadeiramente, diferente dos sorrisos falsos dele. Pois o meu desejo de boa sorte era sincero. Eu queria que ele e seus companheiros tivessem sucesso na missão.

- O-Obrigada... – Sai respondeu e virou a cara. Franzi as sobrancelhas.

- O que foi? – Eu nunca havia o visto gaguejar.

- Nada.

- Fale!

- Você não tem pinto, então não vou falar. – E ele sorriu. Por algum motivo esse sorriso paracia um pouco mais verdadeiro. – Nos vemos em uma semana, Midoricchi! – E ele se foi antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa.

- Baka... – Resmunguei e fiquei parada no mesmo lugar, refletindo.

O desenho... O desenho que o Sai não queria me mostrar... Não é como se eu não o tivesse visto. Eu o havia visto, mas só de relance.

Será que...

Será que realmente...

Será que realmente ele estava ME desenhando?

Pois aquele desenho se parecia muitíssimo comigo.

Suspirei.

Será que era?

Ou será que não era?

E por que diabos eu estava suspirando e tendo esse debate interno?

- Midori! – Uma mão foi posta no meu ombro, me surpreendendo.

- Reita! – Gritei no susto.

- Aonde você está com a cabeça? – Ele franziu a testa, me observando. – Já estou te chamando à um bom tempo. Pare de sonhar acordada e me siga! Temos assuntos do clã à tratar.

- Hai, hai... – Resmunguei e segui o meu tão simpático primo.

- Alias... – Ele disse, me trazendo de volta dos meus pensamentos. – Por que você estava  conversando com o Sai? Eu pensei que você não gostasse dele.

- E eu não gosto. – Disse com um suspiro.

- Não era isso que a sua cara apaixonada e os suspiros diziam. – Reita disse revirando os olhos.

- Q-Q-Quê? – Gaguejei.

- Ahou... – Resmungou. – Só você mesma não percebeu.

- M-Mas...

- E saiba de uma coisa. – Ele parou e se virou para mim, o cabelo azul brilhando na luz da manhã. – Eu não aprovo. – E com essa frase, Reita disparou na frente, batendo os pés enquanto bufava. Parecia um touro irritado.

Já eu, fiquei parada no mesmo lugar.

Eu havia sido a única à não perceber?

Então isso queria dizer que o Sai já havia percebido?

Meus olhos azuis dobraram de tamanho.

- Não! – Disse em alto e bom som. Aquilo era loucura. Eu não estava apaixonada por ele. Eu com certeza não estava apaixonada por ele. Isso era coisa da cabeça do meu tolo e ciumento primo.

Suspirei.

Eu não estava apaixonada. E por algum motivo esse pensamento soou tão falso quanto os sorrisos do Sai.

Fim.