“Chegando mais perto de Naminé, Roxas tocou a pele macia de seu rosto, selando um leve beijo em sua testa. Após se afastar, voltou a olhá-la com fixação, apenas para pronunciar uma ultima frase.

— Viva sua vida, siga seus sonhos, você tem um destino a seguir... Mas saiba que no final dessa sua jornada, eu vou estar te esperando...

FIM”

Ao lado de minha esposa, eu havia acabado de terminar os momentos finais de meu novo livro a frente do meu computador. Ou melhor, o nosso livro. Sem ela e sem os momentos que nós dois compartilhamos desde que tínhamos mais ou menos quinze anos, eu nunca seria capaz de escrever uma peça tão única, tão verdadeira e tão especial para mim.

— Porque não me avisou que estava fazendo isso? — me perguntou, com um sorriso nos lábios após ler exatamente tudo o que estava escrito ali. Olhei para os seus olhos azuis da cor do céu, o mesmo olhar que ela tinha quando a conheci.

— É o seu presente de aniversário. Hoje faz quinze anos que nos conhecemos...

— 1º de Fevereiro de 2013 — ela olhou para mim, curiosa. — Ainda lembra-se dessa data?

— Lembro de tudo sobre você, Naminé...

Dito isso, selei meus lábios nos dela, pela milésima vez. Hoje é 1º de Fevereiro de 2028, quinze anos desde o meu primeiro dia de aula em Destiny City, quando eu conheci Ventus e Sora, meus melhores amigos, Kairi e Selphie, grandes amigas minhas, e Naminé, que viria a se tornar minha esposa quando eu tinha apenas de 19 anos.

Mas como prometido, eu esperei. Esperei quatro anos inteiros até ver Naminé novamente, nunca conheci ninguém depois dela, e fiquei feliz ao saber que ela também não conheceu ninguém após a mim.

Tudo isso vem a minha cabeça depois de beijar Naminé, que talvez seja a mulher mais especial que viria a conhecer.

— Quer saber de uma história que não está no livro?

Olhei curioso, eu havia perdido alguma parte? Apenas balancei a cabeça positivamente e Naminé pôs-se a falar.

— Lembra daquele caderno de desenho que eu tinha? Aquele que eu desenhava todos os meus sonhos. — Assenti com a cabeça. — Quer saber a história por trás daquele seu desenho?

— Você lembra? — Perguntei.

Ela ficou de frente para mim e começou a narrar todo o sonho que teve no dia em que teve aquele desenho, e me conheceu.

“Eram em um campo cheio de flores ao meu redor, e um céu límpido totalmente azul, sem nada por perto. De repente, as imagens mais bonitas que eu já havia visto ou passado por começaram a sugir naquele mesmo céu. Eu me lembrava de todas as imagens ali. Todas: A cena final do Titanic, o momento em que conheci Selphie, Kairi, soube até quando era eu aquela menina que minha mãe segurava no colo enquanto vestia uma roupa de hospital.

Todas aquelas imagens eram algo que eu reconhecia, menos uma:

Um garoto loiro, de olhos azuis, que olhava fixamente para mim. Eu nunca o tinha visto antes, nunca nem mesmo havia ouvido alguém falar sobre ele. Eu não tinha idéia de quem era, mas mesmo assim, eu achei que valia a pena ser guardado na minha memória... E tinha quase que absoluta certeza de que nos veríamos em breve!”

— Mãe, pai, venham pra festa!

Era a voz do meu filho mais velho, Lights. Ele tinha nove anos e era um garoto bastante alegre, enquanto eu achava que minha filha, Faith, com apenas cinco anos, já tinha um temperamento de roqueira.

Eu demorei um pouco para assimilar tudo àquilo que havia ouvido de Naminé naquele momento. Porém, quando o fiz, abri um sorriso.

— Já vamos, Lights! — Respondi. — Vamos?

— Vamos!

Naminé e eu saímos do nosso quarto e fomos até o jardim de nossa casa, onde demos de cara com todas as pessoas que presenciaram nossa felicidade. Nossos pais, parentes, amigos, conhecidos, todos estavam lá. Eu olhava para cada um ali, e lembrava-se dos momentos que passamos depois que Naminé fora embora depois de algum tempo.

Kairi chorou muito, muito mais do que qualquer um de nós esperava, sendo consolada por Sora que praticamente mudou-se para sua casa, tentando ir lá todos os dias possíveis para consolá-la. Depois que a dor passou, eles voltaram ao normal. O anel de noivado? Bem, Sora e Kairi foram totalmente apressados e casaram-se assim que atingiram a maioridade.

Porém, nenhum dos dois parece ter achado uma decisão ruim, nem na época, nem hoje em dia, quando já tinham a primeira filha, Lexie, de três meses, e eram um casal de tenistas famosos.

Selphie e Ventus ficaram em um namoro ping-pong durante anos. Depois que ela realizou o sonho de ser cantora, viajando sempre para diferentes partes do mundo, tudo ficou ainda mais difícil. Porém no ano passado, Ventus, que por acaso hoje é game designer, foi até a Europa pedir a mão de Selphie em casamento.

Ela quase não acreditou, mas aceitou de bom grato.

Axel e Serah cuidaram bem de sua filha, Lightning, desde o seu nascimento. Casaram-se logo após o nascimento da menina e continuaram vivendo na mesma casa. Hoje, são um casal feliz.

Riku e a garota sem nome? Bem, descobrimos, depois de muito tempo, que o nome da garota era Xion. Também descobrimos que Kairi, Naminé e Selphie sabiam disso desde o principio, mas não contaram nada porque acharam o mistério “romântico”. Para vocês terem uma idéia, eu só soube no dia do casamento, que por acaso faz três anos. Eles não têm filhos, parece que quiserem assim.

Mas acho que do jeito que Xion ama Lights e Faith, tanto que é madrinha dos dois, ela vai dar o braço a torcer.

Yuna e Tidus tiveram bastante problemas, com medo da reação de seus pais ao descobrirem que os dois haviam virado um casal. Mas, o inesperado aconteceu: Os pais deles passaram a lanchonete para o nome deles e hoje administram seu negócio muito bem. Adotaram um filho, Wakka, que é meio parecido com Tidus, os dois criaram até um gosto por esportes juntos.

Até o Zack e o Cloud se deram bem! Zack começou a namorar a mulher que fez o parto de Serah, a Aerith. Os dois se tornaram o “casal hospitalar” de Destiny City, basicamente um não vive sem o outro, e nenhum vive sem o emprego. Dois viciados em trabalho.

Já Cloud se acertou com a amiga de Serah, Tifa. Os dois góticos têm bastante em comum. Não se casaram, mas estão juntos desde que eu tinha dezenove anos.

E sim, eu memorizei todas essas histórias até hoje. Ver todos aqueles rostos ali me traziam lembranças, lembranças das quais eu tenho certeza que eu nunca iria esquecer.

Eu sou Roxas, e esta é a minha vida.