Querido William, acho que você não precisa saber o que acontece a todo instante comigo. Mas eu não aguento mais reprimir tais sentimentos. Tenho tido dificuldades para dormir, para me alimentar, e não sinto mais vontade de me mover. Eu não acho que ficando parada por incontáveis horas irá me fazer bem, mas, não sinto vontade de fazer nada, e as vezes desconfio que não tenho vontade de respirar.

Queria poder dizer que isso é passageiro, e, que logo passará, entretanto, eu não sinto isso. Queria encontrar-te para por pra fora tudo que está engasgado em mim, tudo que eu não nunca tive coragem de dizer. Queria dizer o quanto sinto falta de nossas férias de verão, o quanto sinto falta de suas piadas sem graça... O quanto você me fazia bem.

Hoje é o dia do meu aniversario, e eu espero realmente que você me ligue, ou, pelo menos me mande uma mensagem. Ou quem sabe não diga nada, querido, seu silencio é excruciante, ele me surda, não quero saber se isso é o melhor para nós dois, quero que me diga o que nunca me disse.

Já é um pouco mais de dez da noite, ainda estou esperando por um sinal seu. Ignorar as ligações dos meus pais dos meus familiares e amigos foi até um pouco automático. Pois, eu espero por algo vindo de você. Será que não passa por sua mente isso? Que há uma pessoa esperando por uma ligação sua, por um SMS, por qualquer coisa vinda de você?!

Frustrada com tudo isso eu joguei o aparelho que eu havia mantido perto de mim o dia todo. Foi nesse momento, para a minha total surpresa, que ouvi o aparelho tocar. Quando o peguei o nome o qual esperei por todo o dia estava ali.

"Depois de tantas batalhas internas, decidi que estava na hora de conversar com você, sinto muito pela demora :) ( será que você poderia me encontrar naquele parque em frente sua casa?)."

Ele havia lembrando-se de mim! Isso era uma evolução, mas, ele se esquecera de algo que ele nunca tinha esquecido. O meu aniversario. Pensei em algo para responder. Não sabia o que dizer então fui curta. "Tem como sim, te encontro lá em 20 minutos"

Tomei um banho rápido e fiquei apresentável, eu não sabia o que ele queria dizer a mim, porém tenho plena certeza que o que poderíamos dizer um ao outro não estará presente nessa conversa. Afastei esses pensamentos negativos de minha mente e resolvi ir logo, afinal, mais confusa do que estou, não posso ficar.

O frio ar da noite me causava arrepios, podia ver o vapor de minha respiração no ar, colocando as mãos no bolso do casaco eu avancei os passos, chegando bem perto ao pequeno parque eu o pude ver. Ele olhava para longe, estava distraído, pois só teve consciência de minha presença quando eu o toquei levemente no ombro.

Nenhuma palavra fora dita entre nós, somente fui envolvida por seus braços quentes e acolhedores, com a cabeça apoiada em seu ombro eu inspirei seu cheiro, quanto eu sentia falta de nosso contato.

“Feliz aniversario Meg” sussurrou ele em meu ouvido, sua voz tão próxima a minha pele provocou-me arrepios pela espinha e fez voar algumas borboletas em meu estomago.

“Que bom que lembrou” olhando em seus olhos castanhos.

“Eu não esqueceria jamais essa data especial” ele disse com um meio sorriso nos lábios.

Com os braços em meus ombros ele me conduziu até um banco e quando nos sentamos ele ainda manteve seu braço envolto a mim.

“Você tinha algo a me dizer não é?” eu disse temendo que ele se afastasse muito rápido de mim.

“Oh sim... Mais antes quero que me diga, o que tem feito?” ele disse claramente se desviando do assunto que o trouxera até ali.

“Nada em especial... Will, poderia ir direto ao assunto?” pedi tentando manter minha voz controlada.

“Eu acho que temos de manter distancia, Meg, eu me sinto confuso sobre você!” ele disse fazendo o que eu temia, se afastou de mim e colocou as mãos cruzadas em seu colo.

“Por que... Por que você acha que devemos?” perguntei aumentando o tom de voz gradativamente.

“Porque não dá para eu ficar mais perto de ti, simplesmente não dá!” ele disse sem olhar em meus olhos.

“Por favor, olhe em meus olhos e me diga realmente a razão disso.” Pedi baixo tentando manter o equilíbrio de meus sentimentos feridos.

“Eu não sei Meg... Não tenho como explicar-lhe...” ele disse passando as mãos no cabelo nervosamente.

“Vou me certificar de manter a minha distância, já que é assim que você pede” Eu disse me levantando e dando as costas, as lágrimas antes reprimidas agora rolavam soltas por meu rosto.

“Adeus Meg” ouvi um sussurro ao vento.

A caminhada até minha casa parecia ter ficado mais longa e torturante. Eu estava no automático, caminhava sem prestar atenção no que realmente acontecia a minha frente, por sorte, cheguei segura em casa, tirei o casaco e me joguei na cama e me pus a chorar, eu não sabia que o amor pudesse machucar tanto.

Soluços sacudiam meu corpo e eu não tenho consciência de quando adormeci.

O sol está preenchendo o quarto, Você se sente da mesma forma que eu me sinto agora? Pensei me sentando da cama e abraçando os joelhos. Eu queria poder desistir de você, queria chamar isso de qualquer coisa, menos de amor.

Eu te daria tudo o que sou toda batida do meu coração quebrado. Até eu ter certeza que você vai entender.

Esses pensamentos faziam mais lágrimas escorrerem por meu rosto. Levantei-me e fui até a cozinha tomar um copo de água, uma foto nossa de quando pequenos me chamou a atenção, as falhas nos meus dentes e seu sorriso cheio de convinhas me fez suspirar e pensar o porque de eu me apaixonar por meu amigo de infância.

Passaram-se alguns meses, e eu estava me recuperando, quer dizer, tentando me recuperar, ainda digo "eu te amo" com certeza de você não está ouvindo.

Eu fiz como mandou, mantive a distancia, mas não posso deixar de dizer que foi mais do que difícil.

Quanto tempo até nós chamarmos isso de amor?