Minha Nova Escola. Literalmente Minha. escrita por vicmayumi


Capítulo 4
Meu primeiro dia de escola, atrasado


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE EU CONSEGUI TERMINAR! Demorei, mas como prometido, ele está grande. Eu mentiria se dissesse que tive uma semana cheia e estive muito ocupada. Tive umas provas aí e alguns trabalhos, mas nada de mais. Não consegui entregar a maioria, então...
Bom, vamos ao que interessa. Espero que gostem!
Obs: Que bosta de título pro cap!



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Voltei para casa depois do meu segundo dia de aula. Digamos que foi melhor que o primeiro, se pararmos para pensar. Não tive que tirar meu tio de casa desesperadamente, não sai no jornal da escola vestida com um pijama de ovelhinhas e o mais importante, não apareceu mais ninguém anunciando minha posse de metade de outra escola. Eu poderia ter surtado se isso acontecesse…


Acordamos como sempre, mas diferente da outra vez, eu fui um pouco mais precavida. Acordei dez minutos antes.

Meu despertador tocou e rapidamente o desliguei, antes que acordasse mais alguém. Sai de baixo do cobertor meio que relutante e fui ao banheiro o mais silenciosa possível.

Decidi continuar sem o banho logo de manhã e apenas lavei o rosto e escovei meus dentes. Voltei para o quarto quando todos já estavam de levantando da cama. Coloquei meu uniforme que estava pendurado no guarda-roupas e dei uma rápida olhada no espelho. Arrumei melhor meu cabelo e mesmo que passasse toda maquiagem do mundo, meu rosto não melhoraria. Enfim, não tinha maquiagem comigo. Estava com olheiras e meus lábios ressecados.

Dei de ombros e peguei minha bolsa, saindo do quarto. Todos já estavam quase prontos, o que me deixou um pouco surpresa. "Ou eles são super ninjas, ou eu que sou lerda demais." Se fosse pra escolher, ficaria com a ultima.

Dei bom dia para todo mundo, passei pela sala e fui esperar o ônibus escolar na porta.

Enquanto ninguém aparecia, escondi minha cópia da chave debaixo do tapete da entrada. Logo em seguida, Luana apareceu, olhando feio para mim. Não como se estivesse brava, mas acordado de mau humor. Achei melhor nem perguntar.

Havia decidido agir como se o incidente do uniforme não tivesse me deixado brava. Mesmo estando um pouco mais que furiosa, sabia que era isso que Luana queria ver: eu explodindo de raiva.

O ônibus não demorou a chegar. Muito antes que eu pudesse suportar ficar ao lado de Luana, ele parou em frente a nossa casa.

Ela entrou primeiro e avistou suas amigas logo que pisou no primeiro degrau. Foi correndo para o fundo do ônibus e cumprimentou todas antes mesmo que eu passasse pela segunda fileira de assentos.

Não estava muito cheio. Sentei em um onde ambos os bancos estavam vazios e fiquei do lado da janela…

Segundos depois, um garoto sentou do meu lado. Não que fosse estranho, mas não tínhamos saído da frente de casa. Ele olhou diretamente para mim, me fazendo piscar perplexamente.

–Oi, desculpe aparecer assim, mas eu acabei de te ver junto com a Luana, vocês são parentes? - o garoto me perguntou.

–Sim… - respondi meio desconfiada - E você é… ?

–Ah, prazer, me chamo Peter, faço parte do jornal da escola - disse estendendo sua mão direita para me cumprimentar. Retribui e o esperei continuar sua explicação. - Me diga, por acaso você foi para a escola ontem com um pijama?

–Ahn… Bom, de certa forma…

O ônibus finalmente voltou a andar, virando para dar retorno de onde havia vindo.

–Deixe-me ver se entendi direito, você é nova na escola, parente de Luana Cadman e em seu primeiro dia, vai vestida com pijama de carneirinho?

"Esqueceu de mencionar, nova diretora da escola."

–Mais ou menos…

–Por favor, posso fazer uma matéria com você? Infelizmente Luana recusou ser entrevistada, então acho que as coisas não ficarão tão ruins se for com pelo menos algum parente… São primas? - me perguntou com os olhos brilhando.

Cocei um dos meus, tentando pensar no que havia acabado de escutar. Eram seis da manha, meu cérebro ainda estava dormindo. "Esse Peter fala demais…"

–Somos… - disse depois de dar um bocejo.

Olhei para a janela, meio distraída, vendo o comércio e as residências irem aumentando conforme nos afastávamos de casa.

Comecei a pensar no que teria que fazer como diretora. Claro que pediria ajuda à alguém, mas era só que... Começar algo sem ter a mínima ideia do que fazer deixava qualquer um inseguro.

–Então… - disse Peter.

Virei a cabeça em sua direção, me esquecendo de que ele ainda estava sentado do meu lado.

–O que? - perguntei rapidamente, tentando transparecer que não estava pensando sobre ser diretora nem nada.

–Sobre a entrevista…

–O que é que tem a entrevista?

Ele olhou confuso para mim, como se não estivesse entendo nossa conversa.

Peter tinha cabelos loiros e olhos castanhos. Não tinha certeza, mas provavelmente mais alto que eu. Estava vestindo apenas o suéter do uniforme e com sua mochila perto dos pés.

Eu estava quase morrendo de frio com a jaqueta. Fiquei pensando como ele estaria aguentando.

–Aceita ser entrevistada? - repetiu no mesmo tom empolgado de antes.

–Ah. Ahn… Por que quer me entrevistar? Não pode ser apenas pelo meu parentesco com Luana, poder? - perguntei confusa.

Ele deu um pequeno suspiro, como se tivesse acabado de assistir a um filme romântico.

–Você é nova na escola, então te perdôo - comentou, ainda distante, como se eu tivesse acabado de dizer algo terrivelmente errado. - Luana é a garota mais incrível de toda cidade. Está no segundo ano do colegial mas é tão esperta que poderia pular de série. Já ganhou duas vezes o concurso de miss da cidade e aparece na tevê em comercias de vez em quando. Ela é a inspiração de toda garota da cidade.

Olhei para ele com desprezo. Pensei em abrir a janela e me jogar do ônibus. Pensei em bater forte na cabeça dele. Pensei em bater forte na minha cabeça, mas o que fiz foi absolutamente nada. Continuei olhando para Peter, esperando que ele começasse a dar risada e dizer que estava brincando.

–Sem contar que ela já foi voluntária - disse finalizando.

–Sinto muito, Peter. Essa sua adoração pela minha prima pode ser grave. Eu posso te acompanhar a um hospital se quiser - disse brincando. Mais ou menos.

Ele revirou os olhos mas abriu um sorrisinho, como se não se importasse muito com isso. Talvez estivesse acostumado com esse tipo de comentário.

"Não… Aparentemente, mais ninguém sabe como Luana é… " pensei depois de lembrar das coisas que Peter disse, e como a cidade pensava a respeito dela.

Peter continuou insistindo na entrevista, e mesmo que eu repetisse a mesma coisa todas as vezes, ele continuava a me perguntar.

–Não, Peter. Me desculpe, mas eu não vou dar uma entrevista - disse mais uma vez, um pouco mais cansada do que das primeiras vezes.

–Mas… Mas…

Quando finalmente consegui convencer-lo de que não faria, começamos a conversar sobre outras coisas.

Ele me contou sobre os professores e como funcionava a escola. Como diretora, prestei atenção em sua opinião sobre tudo, mas relevei algumas coisas. Notei que o de história não era o mais querido de todos.

Só reparei o quanto o ônibus estava cheio quando paramos e as pessoas começaram a se levantar para sair.

Mesmo sendo a segunda vez que ficava de frente à entrada, não pude deixar de me sentir impressionada com a escola.

Ela ocupava mais ou menos cinco quarteirões e localizava-se no meio da cidade. Razoável, levando-se em conta que aquela era a única escola da região.

Logo atrás do que havíamos acabado de descer, mais alguns ônibus escolares estacionavam, para os alunos que moravam muito longe ou que os pais não os permitiam andar sozinhos. Sem contar os preguiçosos mesmo.

Peter já estava dentro da escola e me apressei em não ser pisoteada por uma multidão de adolescentes.

Como foi me orientado, subi direto para minha sala. Ao contrário da Ala B, virei para a esquerda. Atravessei o pátio e subi até o terceiro andar.

Minha nova secretaria estava sentada em sua mesa ao lado da porta que dava para minha sala.

–Ahn… Bom dia - murmurei meio sem jeito.

–B-Bom dia - gaguejou, quase que gritando. Se levantou da cadeira e esperou que eu entrasse em minha sala.

Era igualzinho ao de Charlie. Tanto a sala de espera quando minha própria.

Deu um longo suspiro, dando algumas batidinhas leves em meu rosto para acordar. Não havia dormido muito bem naquela noite.

Olhei para o relógio em cima da porta e calculei três minutos para minha primeira aula.

Virei para a direita, onde uma luz fraca iluminava a sala. O sol estava aparecendo timidamente através das janelas com as persianas completamente abertas.

Andei até a minha mesa lentamente, deixando minha mochila em uma das cadeiras em que as visitas normalmente se sentam.

Contornei a mesa e assim que sentei em minha poltrona com rodinhas, minha secretária que ainda não sabia seu nome entrou na sala devagar.

–Jacob pediu que a senhorita ligasse para ele assim que chegasse na escola… - disse quase sussurrando, meio que com dificuldade, como se tivesse se esquecido de me avisar logo que eu cheguei.

–Ah, obrigada… - disse à ela. Havia ainda uma barreira chamada formalidade entre nós duas.

–Meu nome é Jéssica. E-Espero que possamos nos dar bem - disse se agarrando a sua prancheta, precionando-a contra o peito.

–Claro - disse envergonhada.

Meu telefone tocou, fazendo com que o vermelho de meu rosto diminuísse. A timidez de Jéssica era contagiante…

Me inclinei para frente e tirei do gancho, atendendo o telefone.

–Al…

–Por que não me ligou antes? - gritou Jacob do outro lado da linha, me interrompendo. Eu quase pude ouvi-lo de sua sala sem a ajuda do telefone.

–Ah, me desculpe! - respondi confusa. - Eu só cheguei agora, e a Jessica acabou de me avisar que era para eu te ligar, então…

Jéssica fez menção de sair da sala, mas como se pedisse permissão. Achei estranho. Concordei com a cabeça e ela saiu, fechando a porta logo atras de si.

–Você chegou agora? - me interrompeu novamente, mas não estava mais gritando.

–Cheguei…

Ele ficou em silêncio por alguns poucos segundos e voltou a colocar o telefone em sua orelha.

–Desculpa, pensei que tivesse te dito ontem. Você precisa estar aqui às seis…

–Esta brincando, seis horas? Por quê? - perguntei surpresa. Mal conseguia estar lá a tempo para a primeira aula, como iria fazer para chegar as seis?

–Você precisa ter tempo para suas obrigações como diretora. Sei que vai ser difícil, mas…

–Eu sei que tenho obrigações, mas por que tão cedo? - perguntei, sendo minha vez de interrompe-lo.

O sinal tocou. Olhei para o relógio, meio desesperada. Seis e meia, em ponto.

–Conversamos mais tarde! - gritei e desliguei o telefone, pulando da cadeira, pegando minha mochila e saindo correndo da sala.

Jéssica se levantou de sua cadeira, confusa por eu ter saído tão de repente e talvez por ter levando um pequeno susto.

Parei no corredor, me certificando de não ter ninguém por perto. Só depois me lembrei que a minha sala era a única naquela área. Desci correndo as escadas até o segundo andar, passando por alguns corredores até chegar na Ala B. Infortúnio meu, já que as salas dos primeiros anos ficavam lá. Como o pátio ficava entre as duas Alas, havia um corredor que ligava os dois prédios. Era uma ponte que só tinha no segundo andar.

Como me matriculei em cima da hora, estava na sala 1-C. Ela era a última do corredor. Chegando lá, a porta estava fechada, o que indicava uma probabilidade bem grande de haver um professor dentro da sala. Bati na porta, só para garantir e entrei, pedindo licença e me desculpando pelo atraso.

Um professor esguildo e quase careca sorriu para mim, dizendo para eu entrar. Pedi licença mais uma vez e fechei a porta atrás de mim, me sentando na primeira cadeira livre que vi. Acabei ficando na segunda, do lado da parede da porta.


O sinal do intervalo tocou e todos da sala se levantaram, alguns se espreguiçando e logo em seguido saindo da sala. Outros simplesmente saiam. Eu continuei sentada vendo todos descerem para o pátio e ir comprar algo para comer.



Dei uma pequena espreguiçada quando todo mundo saiu e suspirei. Fazia tempo que eu não ia para a escola…


Como o esperado, não havia ninguém que eu conhecesse na sala. Eu era nova na cidade, não conhecer as pessoas é até algo comum de se acontecer. O intervalo tinha vinte minutos, mas se passaram apenas cinco, quando um garoto voltou para a sala. Eu estava com a cabeça deitada na mesa, tentando tirar um pequeno cochilo.

–Annie? - disse o garoto. A voz era muito familiar, então eu pude reconhecer seu dono antes mesmo que eu levantasse.

–Charlie? O que foi? - perguntei um pouco sonolenta.

–Precisamos conversa - disse meio cansado. Sabia como ele estava sentindo. Trabalhar com novatos é muito chato.

–Pode falar, estou te ouvindo - murmurei, voltando a deitar a cabeça, mas dessa vez coloquei a mochila na mesa e usei como travesseiro.

–Annie - repetiu meu nome pacientemente.

–Sinto muito - disse me levantando pela segunda vez, coçando os olhos e bocejando, tentando

acordar e prestar atenção em Charlie.

–Eu preciso que você chegue aqui seis horas amanha. Se você ficar muito tempo a tarde na escola as pessoas podem desconfiar e começar a investigar. Elas vão te ver subindo muitas vezes para o terceiro andar e relacionar as coisas.

Pisquei algumas vezes. Ta certo que algumas coisas faziam sentido, mas tive vontade de rir de outras.

–Charlie, você acha que as pessoas vão achar que a aluna nova é diretora da escola? Aposto que foi Jacob que te disse essas besteiras. Eu meio que já conversei com ele… - disse dando um sorrisinho. Não estava mentindo, eu havia mesmo conversado com ele.

Charlie olhou sério para mim, mas depois abriu um pequeno sorriso e soltou uma risada logo em seguida. Fiquei surpresa no começo. Pensei que ele iria me repreender por não prestar atenção e contraria-lo. Isso já aconteceu muitas vezes.

–Qual é a graça? - perguntei confusa.

–Desculpa, é que você é tão despreocupada, Annie - disse sorrindo.

Senti minhas bochechas ficarem quentes. Não de vergonha. Já fui botada de castigo por causa disso. Já fui rebaixada e até deixada de lado por ser relaxada. "A filha de alguém tão importante não pode ser assim" era o que eles diziam.

–Bom, sinto muito se não sou como você estava esperando! Estou tentando tirar um cochilo antes que o resto da sala volte - disse voltando a me apoiar na mochila.

–Ei, calma - disse dando outra risada. - Olha, eu vou ter que voltar para minha sala, depois a gente se fala.

E saiu da sala, me deixando sozinha olhando para o ar, bem onde ele estava parado.

Depois de dez minutos o sinal tocou e todo o povo voltou para a sala. O professo entrou e começou sua aula sem ao menos se apresentar ou esperar a sala se aquietar.

Dei um longo suspiro, tirei meu caderno da mala e comecei a copiar o que ele passava na lousa. Olhei em volta e a maioria continuava a conversar, sem se importar muito com o que o professor dizia.

"Havia me esquecido de como a escola é divertida…" pensei sarcasticamente.


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Notas finais do capítulo

Eu queria incluir mais coisas nesse capítulo, mas ia ficar muita coisa, e demoraria mais alguns dias para postar, então achei melhor assim mesmo... A estrutura da escola simplesmente surgiu enquanto eu escrevia os passos de Annie, assim como o Peter e a coisa entrevista.
Para o próximo capítulo eu sei mais ou menos o que vai acontecer. Vou explicar o que foi aquela ligação para a secretaria do pai de Annie, e por que ela deixou sua chave escondida.
Aceito comentarios :3



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