O Sol tinha direitos de projecção, sobre o solo terrestre onde as sombras das árvores eram tatuadas. O dia já ia a meio, e com ele o meu aniversário. Não fosse apenas, mais uma passagem no tempo, mais um ano sobre os meus ombros.

Um dia que trazia á tona, memórias que eu não queria recordar. Esquecer? Não. Não quero, pois, sei que as vivi. A minha casa, é invadida por um silêncio mortal… melancólico, quando fecho os meus olhos sou capaz de ouvir… mesmo que distante, uma gargalhada infantil, mas, quando os abro novamente, sei que isso foi num passado… tão presente. O passado jamais será passado. Não sei porque motivos deram-lhe esse nome.

Nunca fui uma pessoa emotiva, nem sei como lidar com as palavras. Sei que sentimentos, não cabem em palavras, pois, só atrapalham o percurso das emoções.

Percorro um caminho egoísta, onde os meus passos se perdem. Onde eu me perco. Neste negrume, em que vivo, no meu legado com a escuridão a beleza da flor mais delicada que alguma vez vi, ilumina-me. Preciso da sua luz radiosa, para não voltar a me perder. Ela encheu a minha alma,seduziu-me, fazendo-me dela, escravo.

Esperei por um sinal, mas, ela pelos vistos, tivera alguma coisa para fazer. Ficar em casa, certamente que não traria ela até mim, por isso, sai.

***

Com o silêncio às costas, vou contornando os caminhos, em busca de um perfume, de um calafrio a percorrer todo o meu corpo, com a sua aproximação, mas, somente ouço de fundo, uma voz estridente que definitivamente, não era dela.

 - TEMEEEEEEEEEE! – era o idiota do meu companheiro de time, vive gritando, e nunca está cansado, gosta de provocar-me, nunca demo-nos bem, mas, no fundo, somos os melhores amigos.

 - Feliz Aniversário!!– como é que ele lembrou-se? Não sei. Só sei, que demonstra, o quanto importa-se com os amigos. Sempre importou-se. Invejo-o, por vezes, pois ele consegue mostrar aquilo que é, sem truques nas mangas, e muito menos com manhas.

 - Obrigado. – agradeci por cortesia, afinal, não era mal educado, só quando estava… irritado, o que não tardaria muito.

 - Anda, vou pagar-te um prato no Ichikaru Ramén, aceita-o como uma prenda! – gritou pulando, cheio de alegria, definitivamente, era um presente, para ele, e não para mim, mas, era a sua maneira de ser. Eu nunca iria dizer-lhe isto na vida, para mim, ele sempre seria.. o dobe.

Quando lá chegamos, sentamo-nos e ele sem pestanejar, desconfio que tenha respirado, pediu rapidamente o seu pedido, parecendo que não comia por dias.

 - Tio, era um ramén de porco! – pediu, esfregando as mãos, feliz da vida, por ele, comeria ramén em todas as refeições do dia, não sei como ele não enjoava daquilo.

- Eu quero um de vaca. – disse de uma maneira, que já era uma característica minha desde há muito tempo, não era surpresa para ninguém os meus moldes “educados”.

- Já está a sair! – disse o homem, que já conhecia o Naruto, desde que me lembro, um dos seus melhores clientes, raramente ia a um sitio daqueles, a não ser quando estávamos todos juntos e o Naruto implorava para lá irmos.

Comemos em silêncio, quer dizer, com o som implicante do meu colega que devorava literalmente toda a porção de ramén, num abrir e piscar de olhos. Quando acabei, ele iria tirar dinheiro do seu porta-moedas, pois, fora ele quem me convidou, mas, a face impaciente mostrou que algo não estava bem.

 - Teme.. er… desculpa…. esqueci de trazer o dinheiro! Hehehehe. – o quê? Convidou-me e agora quer que eu pague? Suspirei pesado, definitivamente, não dava para confiar nele.

 Tirei o porta-moedas do bolso, e paguei, o senhor agradeceu, e saímos do  restaurante.

 - Foi mal.. teme…  - disse coçando a cabeça, dando um sorriso nervoso, típica maneira de demonstrar o quanto ficamos constrangidos com uma situação.

 - Sabes onde está a Sakura? – já que ele nem para pagar-me um prato servia, talvez pudesse-me ajudar em algo mais importante.

 - A Sakura-chan?!? Não, ainda não a vi hoje. – disse com um olhar pensativo, decididamente, o Naruto não servia-me para nada.

- Tá. Até logo. – disse simplesmente, colocando as mãos nos bolsos, em busca da flor decrejeira, que pelos vistos, tinha desaparecido, logo no dia, do meu aniversário.

***

Novamente, vou contornando os caminhos, em busca de Sakura, sinceramente, não sei o que faria quando a visse, simplesmente…. queria vê-la. Novamente, uma voz histérica, e com ela uma garota de cabelos loiros, só podiam estar a gozar comigo.

- SASUKE-KUUUUN! Andei á tua procura por toda a parte. – a sério? Não me digas, eu não diria, nem passou tal coisa pela cabeça. Para dizer a verdade, não estava com disposição para aturá-la, iria contorná-la como se não a tivesse visto, se não fosse por ela ter-me agarrado no pulso.

 - Feliz Aniversário! Toma é a tua prenda, espero que gostes! – sorriu, e beijou-me a bochecha rapidamente, saiu de perto de mim, como se tivesse ganho a lotaria.

Shurikens e Kunais? Bem, um tipo como eu, não é fácil de agradar, ao menos, ela comprou alguma coisa útil.

***

O dia morria, o céu coberto pela escuridão, mas, com as estrelas que pareciam querer curá-lo. Estivera o resto do dia á procura dela. Nada. Nem uma réstia da sua presença.

Eu não queria nenhum presente. Só queria algo que não tem preço, no entanto, tem um valor inconfundível. O sorriso quente, acompanhado com aquele brilho febril naquele olhar esmeraldino.

Decidi ir para casa, o destino, pelos vistos, não queria conceder-me o único desejo, que pedira-lhe, durante todo o dia. Ao entrar em casa, somente ouço o soalho ranger, e sinto que alguém está dentro da cozinha. Um inimigo? Não sei, mas, não conseguia sentir nenhum tipo de ambiente pesado.

Quando coloquei-me frente á porta da cozinha, vejo, um bolo de cobertura de chantilly, com alguns morangos e com imensas velas acesas, a luz só fazia a sua face mais resplandecente, um sorriso tímido brotava dos lábios da dona dos olhos de porcelana verdes, e num tom fino e delicado, começou a cantar.

 - Parabéns a você,

Nesta data querida,

Muitas felicidades,

Muitos anos de vida!

Hoje é dia de festa

Cantam as nossas almas,

Vamos dar ao Sasuke,

Uma salva de palmas! – as mãos pequeninas, embateram uma na outra, fazendo um barulho percorrer toda a cozinha.

 - Parabéns, Sasuke-kun. – disse com um sorriso. Sim, eu já tinha ganho o meu presente.

- Agora, sopra as velas, e pede um desejo. – disse abrindo ainda mais o  sorriso, enquanto que olhava para ela, surpreso, posso dizer, quase um olhar infantil, aproximei-me da mesa, olhei para o bolo, fechei os olhos e num sopro, as velas apagaram-se.

Agora, somente o doce brilho da lua, entrava pela janela, enquanto permanecia-mos em silêncio. Sabia, que naquele momento, palavras nunca seriam suficientes, apenas fiz algo que nunca pensei fazer. Aproximei-me dela, e abracei-a. No inicio, o seu corpo não reagiu de imediato, até que, os seus braços envolveram-me o pescoço, enquanto eu enlaçava ainda mais a sua cintura contra o meu corpo.

Um líquido quente, molhava-me a camisola, mesmo assim, permaneci-me agarrado a ela, sabia que tanto eu como ela, não queríamos soltar-nos.

O amor, fornece-nos um calor de sentimentos, que nos aquece a alma, e torna a nossa vida mais bela e cheia de significados, eu sei, mesmo quando o silêncio reinar, ela não duvidara dos meus sentimentos e de quem ela tem um lugar gradado no meu coração.

Onde quer que o meu aniversário vá parar, onde quer que eu vá, eu sei, que ela sempre estará comigo.  

Fim.