My Own Horror Story escrita por Carolina


Capítulo 1
Not my daughter




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*Flashback on*

"Mabelle, não se faça de mais forte. Eu sei que você não é."

"Me solta! Eu irei contar para a minha mãe, ela saberá dis..."

"Não se faça de tola, sua mãe me ama. Ama o homem que ela pensa conhecer. Não resista, Bebelle. Isso tudo é inútil. Faça o que eu estou mandando, e, se não obedecer, sua mãe e sua irmãzinha sofreram as consequências"

*Flashback off*

As cenas daquela primeira horrível noite não paravam de rodear minha cabeça. A verdade me corroía. Já faziam três anos que meu padrasto morava em casa, e na época, eu tinha 15 anos. Minha mãe sempre fez o típico papel de alucinadamente apaixonada, e nada lhe doeu mais do que quando meu pai a deixou. Ela foi em busca do amor, mas não sabia do monstro que Carl, meu padrasto, era. Quantas vezes já não me deu vontade de dizer "Mãe, Carl abusou de mim todas as noites em que esteve fora trabalhando para sustentá-lo"? Mas eu não podia. Não colocaria a vida da minha e da minha irmã Jennifer em risco. Eu faria da minha vida um inferno, mas não a delas.

A vida sempre foi rude comigo. Em casa, havia o Carl, na escola, apenas aquela sociedade medíocre e hipócrita. E no meu coração, nada. Sempre aprendi que somos feitos de átomos e átomos não são nada além do vazio. Posso dizer que meu coração é ainda mais vazio e devastado que um átomo.

A manhã estava cinzenta e o ar frio entrava por debaixo da minha janela quase fechada. Então, era isso. Eu estava grávida. Do meu padrasto. Era óbvio - a ânsia de vômito estava comigo 24 horas por dia, meu ciclo menstrual estava atrasado. Eu carrego comigo o filho de um monstro. Porque meu corpo sempre fora o instrumento sexual preferido de Carl. E agora eu seria mãe.

Minha cabeça começava a doer só em pensar. Não saberia o que fazer. Repousei a mão sobre a barriga e comecei a sentir um ódio imenso pela aquela criança: ela não merecia a vida miserável que teria caso nascesse. Caso nascesse. Ser mãe sempre foi meu sonho secreto, apesar de todas as circunstâncias na minha vida. Daria minha vida pela minha irmã que agora tem 11 anos. Tão linda, com seus cabelos ruivos assim como os meus, seus olhos esmeralda esbanjando pureza, suas sobrancelhas angelicalmente arqueadas... Tão... Inocente. Ela possuía tudo o que fora tirado de mim.

Naquele momento, minha mãe entrou no quarto, interrompendo meus pensamentos.

– Mabelle, estou indo ao centro da cidade. Volto no final da tarde. Jennifer ficará sob seus cuidados. - ela disse apressada enquanto arrumava o coque em seu cabelo.

– Certo, mãe. - eu disse fechando os olhos.

Uma menina solitária, um coração congelado, três anos sendo estuprada, e agora grávida...

Pisquei os olhos duas vezes tentando focalizar a imagem. Jenn havia se deitado ao meu lado e adormecido junto comigo. Passei meus dedos levemente por seus cabelos macios. Me levantei, tentando não incomodá-la, e desci as escadas. Carl não estava em casa. Fui à cozinha, procurando algo para pelo menos mastigar, mas foi difícil me concentrar com a dor de cabeça fora do comum que sentia. Comi uma barrinha de cereal e, enquanto estava jogando a embalagem que a envolvia fora, notei uma coisa que nunca havia notado na prateleira inferior. Um pote de chá. A resposta estava ali: um pote de chá.

Eu iria abortar o bebê. Não por falta de amor, muito pelo contrário - por um amor materno sobrenatural. Não queria que meu filho, mesmo que seu pai fosse um canalha, ele era meu, vivesse um pesadelo como o que eu vivia.

Era claro que, com a vida que levava, eu já procurara maneiras de me matar. Drogas, remédios.... Nada fizera efeito. Mas eu conhecia o lugar onde tudo isso era vendido, e se a sorte estava ao meu lado, lá também deveria ser vendido o chá para aborto.

Minha mãe não estava em casa. Jennifer estava adormecida. Carl estava ausente. Era o momento perfeito.

Me troquei rapidamente e andei até a rua. Tomei o caminho, os atalhos até o "mercado negro" que funcionava nos arredores. Chegando lá, encontrei algumas pessoas conhecidas... Fred, o maluco da cocaína; Margaret, a menina que se auto mutilava; Adolph, o dopado. Claro que não se lembravam de mim. Passei reto e procurei desesperadamente a barraca em que se vendiam chás. Ela se encontrava na ponta do mercado, em um canto escuro.

– Posso ajudar, querida? - perguntou-me uma mulher que aparentava 40 anos. Cabelos enrolados e castanhos e grandes olhos desafiadores mel. Me lembrava uma cigana.

– Eu preciso de um chá... Mas um chá especial... - eu coloquei a mão sobre a barriga.

– Oh! - ela exclamou surpresa. - Acho que tenho o que você precisa. - ela disse e se abaixou para pegar uma caixinha preta com as iniciais "CPA" marcadas em uma grafia trêmula. - Chá para - ela sussurrou em meu ouvido - aborto, certo?

– Sim. - eu disse corando levemente. - Isso mesmo. Quanto custa?

– São 25 dólares. Boa sorte. - ela deu uma piscadinha.

Guardei o chá dentro da bolsa que estava atravessada em meus ombros.



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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e aguardem que vem muito mais por aí, hehehehehe.



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