Acordei no dia seguinte às 10:30am, mais cedo do que eu costumo acordar, já que trabalho à noite. Depois de tomar café, sentei-me na cama para ler um de meus livros prediletos: Harry Potter e o Cálice de Fogo. Mal comecei a ler e recebi uma mensagem da Andy, perguntando se eu estava bem e avisando que ia passar o dia fora, porque era o aniversário de seu irmão mais velho, Clark. Depois de responder, voltei a ler meu livro. O dia foi relativamente tedioso. Passei a maior parte dele lendo, ouvindo música e vendo televisão. Logo era de noite e eu tinha que me arrumar para ir trabalhar.

Depois de tomar banho, tomando o cuidado de amarrar um saco plástico em volta do gesso para evitar que ele molhasse, coloquei a roupa que escolhi para aquele dia e, como ainda tinha meia hora livre, decidi pintar as unhas. Coloquei o cordão com pingente de violão que Andy havia me dado pouco depois que nos conhecemos. Ela tinha um igual e nós usávamos todas as noites em que cantávamos. Passei um gloss e delineador preto. Me olhei no espelho para ver o resultado. Nada mal pra quem está com um gesso enorme na perna. Peguei o violão e desci. Fiquei em frente ao prédio, esperando um táxi. Felizmente, o ETs os devolveram à cidade e eu consegui chegar no restaurante à tempo.

Paul, o dono do restaurante, ficou espantado quando me viu. Expliquei a ele o que aconteceu e disse que estava bem, que iria tocar mesmo assim. Paul me ajudou, segurando o violão para mim enquanto eu me ajeitava no palco. O restaurante estava cheio, apesar de ser segunda-feira. Eu estava um pouco constrangida por causa do gesso, mas adorava cantar, então logo comecei. Depois do "boa noite, como estão vocês?" de sempre, eu comecei.

O bom de cantar em restaurantes é que as pessoas nunca prestam muita atenção em você, pois estão muito ocupadas conversando e comendo. Eu canto das 20:00 até às 21:30. Não era muito tempo, na minha opinião. Na verdade, o tempo passava muito rápido. Logo eu já estava no fim. Depois de cantar a última música, agradecer a todos e sair do palco, pedi uma água a Paul e sentei em uma das cadeiras do balcão, colocando meu violão e minhas muletas apoiadas na cadeira ao lado. Depois de cantar por uma hora e meia, minha garganta estava bem seca. Paul tem 52 anos e é a coisa mais próxima que eu tenho de um pai por aqui. Ele me adora e eu sinto o mesmo por ele. Ele mal me conhecia quando me deu o emprego, mas disse que gostou de mim.

Depois de tomar a água, estava levantando da cadeira quando dois homens entraram no restaurante, rindo e conversando. O mais baixo deles tinha cabelo cacheado e loiro-escuro e olhos verdes. Lembrei de Andy quando o vi. É exatamente o tipo de garoto que ela gosta. Mas, ao ver quem era o mais alto, me arrependi de ter ficado mais um pouco pra tomar água ao invés de ter ido embora logo. Pois era justamente o homem que me atropelou.