Roommate escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 14
#14


Notas iniciais do capítulo

DEPOIS DO BEIJO DE NATAL.



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Poderia jurar que todo aquele tempo que ficamos sem tocar nossos lábios havia durado apenas alguns segundos. O beijo de Kurt era exatamente o mesmo de meses atrás, e assim como sua respiração, forte e quente. Durante o beijo trocamos alguns sorrisos e quando me dei conta, já tinha amanhecido e eu tinha um homem maravilhoso dormindo sobre mim, com a boca colada na minha e a respiração calma, feito um anjo. Minha intenção era ficar ali deitado pra sempre, apenas observando Kurt dormir calmamente sob mim, mas aquilo ainda era um pouco proibido, então fui obrigado a despertá-lo.

– Bom dia, príncipe. - Disse lentamente, beijando sua testa. Kurt revirou no sofá tentando achar a posição perfeita para voltar a dormir, mas não conseguiu. Abriu os olhos novamente e sorriu pra mim, ainda sonolento.

– Dormi aqui?

– Como um anjo. - Sorri e beijei novamente seus lábios.

O castanho se levantou e arrumou suas roupas que estavam amassadas e ficou me encarando com um sorriso bobo no rosto, sem saber se aquilo tinha mesmo acontecido. Na verdade, até eu tinha certas dúvidas. Parecia agora tudo muito fácil comparado com tudo que aconteceu. Douglas ainda estava lá, mas longe de Kurt, Kurt sabia que Joey era apenas um amigo, e agora estávamos morando juntos como sempre sonhávamos quando estávamos namorando. Sorri novamente e o abracei fortemente.

– Eu deveria subir... São quase sete horas e meu pai já deve ter acordado. - Disse na curva do meu pescoço.

– Não se incomodem, crianças. Já desci faz uns 40 minutos... - Burt gritou da cozinha, com um tom de humor na voz.

Se Kurt já era branco, agora ele estava transparente de vergonha. Seus olhos estavam perdidos e sua boca entre-aberta. No meu rosto, apenas a vontade de rir e ir abraçar Burt, que sabia as complicações de Kurt, e sabia que eu o ajudaria em tudo.

Sentei novamente e Kurt se sentou ao meu lado, e ficamos assistindo à aqueles terríveis filmes clichês de natal que passavam na tv. Kurt geralmente fazia alguma piada sobre Rachel e Finn, que ainda não haviam acordado.

A manhã passou correndo para mim e para Kurt, e a parte mais divertida foi quando Rachel e Finn nos viram abraçados e colocaram a maior cara de "hã? o que eu perdi?" no rosto. Se bem que, sem a ajuda de Rachel, Kurt e eu ainda estaríamos naquele clima de apaixonados distantes. O almoço acabou sendo melhor que o jantar de antes, e Finn sempre dava alguma bola fora sobre o assunto de Kurt e Rachel. Acabamos conversando sobre futebol americano e agora quem dava foras era a própria Rachel. De tarde acabamos jogando imagem e ação, o que fez aquele sentimento de família crescer em mim mais ainda.

– Comer comida normal depois de uma enorme ceia de natal me deixa triste. Parece que todo o gosto que eu provei hoje nunca vai chegar aos pés do de ontem. - Finn falou cabisbaixo terminando de devorar um pacote de doritos e fazendo todos rirem.

Kurt bocejou.

– Acho que vou deitar. Blaine, você me acompanha?

– Claro.

– Blaine, antes posso conversar com você? - Falou Burt, chamando a atenção de todos.

Assenti lentamente com a cabeça e me encaminhei até a cozinha, aonde Burt caminhava também. Pegou um copo d'água e se virou para mim, com um rosto bem diferente de qual eu imaginei receber.

– Olha, vou ser breve. Eu não quero saber todo esse seu drama adolescente com Kurt ou aquele menino ex-namorado dele que não me foi apresentado, apenas quero saber se vocês estão mesmo juntos ou o quê... - Assenti com a cabeça novamente. - Ótimo. Eu gosto de você, kiddo. Você esteve do lado do meu garoto quando ele precisou quando eu não podia estar por perto, então é bom que você esteja cuidando bem dele.

Um sorriso sincero brotou no meu rosto.

– Agora é bom que você não o machuque, porque caso isso aconteça, eu tenho uma arma carregada em cima da lareira e não tenho medo de usá-la.

Gargalhamos e acabei puxando Burt para um abraço. Quem me dera ter esses momentos com meu pai, que a essas horas, deveria estar bêbado e fumando toda sua coleção de charutos. Burt deixou seu copo na pia e caminhou até a porta do aposento, porém antes se virou novamente e me contou.

– Você não precisa dormir no sofá hoje, mas sem gracinhas debaixo do meu teto.

Alertou o homem com um sorriso no rosto e pude ouvir seus passos largos na escada. Algumas dezenas de minutos depois Finn saiu para levar Rachel em casa (desapontado por ter que comemorar o hannukka com a família da judia).

– Bom, vou no mercado comprar a janta. Vocês estão indo tirar uma soneca, certo? Caso vocês precisem de travesseiro, podem pegar o de Finn. Cobertores também. A tarde está fria e não quero vocês dois resfriados amanhã. - Carole jogou um sorriso amarelo e saiu porta afora.

– O que você e o sr. Hummel conversaram de tão importante que não podia ser na minha frente?

– Coisas de genro e sogro... - Sorri e acabei levando uma almofadada de Kurt no rosto. - Apenas prometi que cuidaria de você. E também tenho permissão do Sr. Hummel para dormir em seus aposentos. - Brinquei.

– Não brinca. Sério? - Kurt sorriu. Levei minhas mãos ao seu rosto e roubei um beijo casto.

– Sério.

Desligamos a TV, fechamos a porta e subimos abraçados as escadas. Kurt tinha um olhar diferente dos demais dias, ele tinha um brilho diferente nos olhos, e o que eu mais queria é que esse brilho fosse amor. Alguns minutos no banheiro e eu já estava com um pijama que trouxe em minha mala. Alcancei alguns travesseiros e cobertores já que Carole tinha razão, estava realmente frio. Kurt saiu do banheiro logo em seguida, vestindo uma bermuda branca quase coberta pela camiseta vermelha do time de futebol do mckinley.

– Então você foi mesmo kicker? - Gargalhei vendo Kurt guardar seus cremes e loções hidratantes enquanto me jogava um olhar que me mataria se pudesse.

Como de costume liguei meu ipod (dessa vez sem fone) com um volume baixo, apaguei todas as luzes e abri a cortina, deixando o quarto iluminado apenas pela luz fraca do sol. O cenário estava romântico demais para apenas um cochilo de fim de tarde. A janela de Kurt mostrava o sol se pondo atrás de alguns prédios da cidade.

– Vamos deitar, Kurtie?

O castanho sorriu maliciosamente e assentiu com a cabeça. Me deitei ao lado esquerdo da cama, e seguido por Kurt, me cobri com as cobertas. Fiquei alguns segundos encarando aqueles olhos azuis sendo iluminados pelo sol se pondo antes de o puxar e pegar aquela boca só pra mim. A boca de Kurt se encaixava perfeitamente sob a minha. Mesmo com o frio, nossos corpos suavam quente.

Nos viramos na cama e acabei ficando por cima de Kurt, como muito de nossos amassos no começo do namoro. O beijo tinha intensidade e paixão. Nossas pernas estavam entrelaçadas, um dos meus braços se apoiavam no colchão e outro fazia carinho no rosto de Kurt. Pudia sentir a respiração pesada de Kurt.

Suas mãos em minhas costas agarravam minha camiseta preta, com desejo. Em alguns segundos ele já a puxava para cima e eu acabei a tirando, sorrindo para Kurt que também tinha os dentes à mostra. Nossas pernas estavam entrelaçadas de um jeito que seria dificil sair agora. Kurt gemia durante os beijos, o que deixava o aviso de Burt ainda mais dificil de ser cumprido. Como instinto, a blusa de Kurt logo foi pro chão também. Os beijos alternavam entre beijos no pescoço de Kurt, o que o fazia suspirar e morder os lábios. O clima era tenso e forte, e só podia se escutar a música de fundo e alguns gemidos soltados ás vezes.

As mãos do castanho foram até minha cintura, logo depois até meu quadril aonde alisava a barra da minha calça. Suspirei e senti Kurt tentando puxar meu moleton. Sorri e assenti com a cabeça. Na metade do caminho fechei meus olhos e pude sentir nossos membros eretos se tocando.

– Kurt, espera. - Mesmo sendo difícil, saí do beijo hipnotizante de Kurt. Precisava perguntar aquilo, e a dúvida que me penetrava na cabeça não era de hoje. Sentei na cama e Kurt me olhou curioso.

– Sim?

– Não que eu esteja invadindo sua privacidade, nem nada... Mas eu preciso saber para continuar com isso.

Kurt assentiu covardemente com a cabeça, temendo a pergunta que eu o faria.

– Até onde você foi com Douglas?

Os olhos de Kurt ficaram vagos e pude o ver engolir seco. Provavelmente conversar sobre o ex-namorado não era a melhor coisa quando se tinham dois adolescentes semi-nus excitados em um quarto, mas era preciso. Eu precisava tirar esse nó da minha garganta.

– E-eu... - Kurt procurava palavras. - Eu certamente não estava esperando essa pergunta... - Kurt sorriu forçadamente.

– Você chegou a... Você chegou a transar com ele, Kurt?

Kurt demorou para responder, o que me deixou apenas com mais raiva daquele garoto que tirou tudo da minha vida, mas logo veio a resposta que acabou me aliviando.

– Não.

– Então?

– Podemos não falar sobre isso? - Revirou os olhos.

– Tudo bem, se você quiser. Mas é que nunca escondemos nada um do outro, e se você não me falar o que aconteceu eu vou ficar com esse nó na garganta pra sempre, Kurt. - Segurei suas mãos. - E então?

– O-ok. - Kurt fez uma pausa. - Nós chegamos a isso também, exatamente a isso que estamos fazendo agora. Nada mais, nada menos. Só isso. - Pude ver o alívio de Kurt ao contar isso para alguém.

– E porque não continuaram?

– Senti que não era ele. Não era com ele com quem eu deveria fazer isso. - Kurt engoliu seco novamente.

– Então você está me dizendo que se não tivéssemos parado para conversar sobre isso...

– Sim, provavelmente. Era você, com você, Blaine.

Meus olhos se encontraram com os olhos carentes de Kurt, e um sorriso logo se brotou nos meus lábios. Um beijo foi compartilhado. Ele era lento e molhado, exatamente como os de antes, mas dessa vez, não havia paixão, e sim amor.

– Eu te amo. - Soltei aquele aperto no peito.

– Eu também te amo.

Kurt sorriu. Nos deitamos na cama e acabamos nos abraçando de conchinha. Kurt me tinha nos braços. Nossas ereções já não estavam tão fortes como antes, mas sentir a pele de Kurt na minha poderia mudar tudo.

– Não vamos fazer nada hoje, tudo bem? - Kurt me alertou. Assenti com a cabeça e me apertei naqueles braços.

– Durma bem, Kurt. - Sussurrei.

– Você também. - Depositou um beijo em minha nuca, sorrindo e acabamos pegando no sono minutos depois. Estava em um lugar seguro. Tanto eu, como Kurt.

[...] 5 horas depois

Roupas espalhadas pelo chão. Os vidros da janela estavam embaçados com o calor dentro do quarto e com o frio fora. A música tocava, mas os suspiros eram mais altos.

Do seu quarto, Burt ouvia o barulho das molas do colchão se mexerem. Se virou na cama, sabendo de onde o som vinha. Mais alguns segundos de desconforto se virou novamente. Era impossível tentar cochilar com aquele barulho.

– Mas que ótimo! Era só o que me faltava Kurt e Blaine estarem pulando no colchão cantando Las Ketchup de novo. - Burt revirou os olhos e colocou um travesseiro na cabeça, tentando evitar o som de molas que vinha do quarto dos garotos.


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Notas finais do capítulo

AI BURT, QUE INGÊNUO VOCÊ!!!!!!