9 Vidas Por Você escrita por jamxx


Capítulo 6
Capítulo 5 - Fraquezas de um Gumiho


Notas iniciais do capítulo

Demorei uma vida, certo? Bom, tem um aviso no final do capítulo falando disso e de outra coisa. O capítulo de hoje é um dos meus favoritos... Já está acomodado? Então, boa leitura s3



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" Coréia do Sul, 

A madrugada se inicia com um frio suportável e até mesmo ameno. A floresta está calma, as águas dos lagos da região estão relativamente tranquilos e a cidade mais próxima estava adormecida. Noites como estas são comuns. Dentre a floresta, a harmoniosa música da natureza se rompe com conta de vozes intensamente alteradas. Gritos, berros e irritação podem ser claramente ouvidos. Um casal nada normal.

Beija-Flor estava furiosa, e sentia o sangue ferver a cada segundo. Ela não é humana, por isso a perda da paciência poderia ser rápida e cruel. Não posso matar esse idiota, a frase se repetia cada vez mais na mente da garota loira. Ela não podia imaginar no que teria errado no início da noite, e ainda pensava como chegaram a esta briga. Tudo estava indo bem, os beijos, o céu estrelado e a paixão, formava uma noite completamente perfeita. A garota imaginava que o problema deveria ter surgido no momento em que ela o mordeu instintivamente e assim o machucou. William estava sangrando na curva do pescoço, e a olhava com horror nesse momento. Ela respirou fundo, e se lembrou do que estavam falando. 

Novamente o assunto para brigas era a maldita estrangeira.

Maldita, ela pensou novamente com mais ódio. 

- Você a matou? - Perguntou ele com raiva, depois de um longo silêncio. 

- Você pensa que sou um monstro. - Beija-Flor concluiu. 

- Eu já disse que estou apaixonado por você. - Ele falou irritado e com o tom de voz alterado.

- Mentira! - O grito dela não era o mais alto, porém o mais amedrontador que ele já ouvira. A mente dele sinalizava que aquele momento era de total perigo. 

- Eu não sou ment...

- Pare de perguntar dela. Eu não a vi. Eu não a conheci. Eu nem sei como ela é. Então pare de falar dela... - A voz da loira era baixa e altamente carregada de avisos. - Ou eu mato você. 

- Beija-Flor, você me mataria? - Perguntou ele indignado. Ele não imaginaria que ela seria capaz de realizar isso.

O silêncio se estabeleceu e William riu nervosamente. Ele simplesmente não podia acreditar no que tinha escutado, e nem queria de fato acreditar nisso. Ele não mentiu uma vez sequer para ela, e foi completamente sincero em tudo. Sincero quando disse que estava apaixonado, e até quando disse que não acreditava nela como um monstro. Porém, naquele momento algo a mais o alertou. William tem um forte instinto de sobrevivência, e sentiu que ela realmente seria capaz de matá-lo. Então, pela primeira vez uma pergunta ecoou em sua mente: Seria possível matá-la? Como?

- Me ensina. - Foi tudo que ele falou. 

- O que? - A loira perguntou em completa confusão.

- Me ensina a te matar. - Ele falou em um tom calmo e a olhou com hostilidade. Porém seria justo ele saber como matá-la... Seria muito justo...

A confusão no rosto da menina se agravou e ela rosnou pra ele com raiva. William é o primeiro humano que ela conheceu que seria destinado a amá-la. Então ela ficou confusa, se a ama como diz... Então... Por que? Ele poderia a enxergar como um completo monstro? Ela não o mordeu daquela forma de todo o coração. Está certo, ela o machucou. Mas foi seu instinto que o fez involuntariamente, e por mais que detestasse afirmar, ela amava seu sangue. Tinha um gosto glorioso, também porque ela amasse muito o dono do sangue. Talvez.

- Ainda diz que me ama... - Ela disse em um sussurro e lentamente se sentou na terra um pouco úmido. 

O único que poderia torná-la humana queria matá-la. Idiota, pensou ela com raiva.

- Ainda diz que me ama... - Ele repetiu e ficou pensando naquela frase por longos dois minutos. 

William chegou em uma conclusão e se sentou ao lado do loira.

- Você pode me matar a qualquer instante. - Ele falou sem expressão alguma. - E pode me ameaçar com isso. Ainda assim diz que me ama...

A loira sorriu um pouco, e pensou rapidamente naquilo. Ela olhou para frente e não se dirigiu o olhar para ele em nenhum segundo.

- Você quer me matar e não sabe. Você quer que eu te ensine a me matar, e isso é tão oposto de quem diz me amar...

William respirou fundo e o olhou para ela. Sempre tão linda, com os cabelos loiros tão perfeitos e de aparência sedosa. Ele a amava a cada dia mais e achou um absurdo isso. Como poderia amá-la tanto em tão pouco tempo? 

- Me ensina. - Ele falou. - Eu não quero sua fraqueza para usar contra você, mas eu preciso saber sobre sua fraqueza. O motivo é simples, eu amo você... Eu preciso saber se você me ama a ponto de me confiar a sua vida...

As palavras foram certeiras, e convincentes. Naquele momento a estrangeira foi esquecida pelos dois, e o ferimento no pescoço de William não tinha mais nenhuma importância. Beija-Flor se virou para ele e observou os olhos daquele humano. Não tinham um brilho especial, e sua pele não era a mais perfeita. William não era o mais bonito de toda a aldeia, e nem mais habilidoso. Ele é responsável, inteligente e tão humano. Ele erra muito e se um de seus erros for me matar se souber como? Pensou ela com uma pontada de angustia. 

Porém ela se deu por vencida... 

Como poderia negar mostrar suas fraquezas ao homem que ama?

O homem que pode torná-la humana..."

Seattle, 

Alki Beach é uma das praias mais conhecidas em Seattle, e uma das extremidades banhadas com esse mar é um porto de luxo. Lugar que uma Ferretti está parada ao lado do porto, um restaurante realmente famoso alugou um dos iates mais bem aceitos no mercado. O lugar estava relativamente cheio, e serviu como uma quebra adorável de rotina do restaurante. Hoje estavam servindo em um iate e não no ponto local. As pessoas, de diversos tipos, comiam e se divertiam enquanto o iate lentamente saia do lugar. Estavam indo navegar durante o almoço. 

Sam não percebeu o barco se movimentando em nenhum segundo, estava ocupada demais ao ocupar a boca de carne bovina com molho picante. Ela estava praticamente tendo orgasmos gastronômicos, e pensou em comentar com Freddie o quanto a carne era realmente boa. A garota olhou para o lado e não o viu na mesa, somente depois se pôs a andar em todo o iate. Ela não o encontrou e  ainda com a boca cheia de carne, se sentiu enganada. 

Algo nela não estava certo, e ela percebeu o que estava errado quando saiu da cobertura do barco. Sam viu a costa distante, e somente assim percebeu o que Freddie tinha feito. Ela quis chorar, mas a dor começou a ser latejante no seu corpo. Sam estava enfraquecendo a cada segundo que o barco se distanciava da terra. Sam estava sentindo dor. Sam estava sem sua gota de raposa, e por isso a dor se tornava mais latejante. 

Ela não percebeu quando caiu no chão e começou a sentir os pulmões serem exprimidos. As pessoas começaram a rodeá-la e perguntá-la coisas inúteis. Um garçom quis levantá-la, mas se assustou quando tocou a pele dela. Sam estava começando a sentir um sintoma que só tinha ouvido falar: a temperatural corporal estava abaixando a cada minuto. A cada vez que ela se afastava da terra. Ela sentiu o rosto penicar e soube que precisa sair dali. Precisava se esconder, pois estava fraca.... Estava perdendo as forças de seu corpo muito rapidamente... E quando isso acontece uma única coisa pode acontecer: Ela se transforma em uma raposa lentamente. 

A pele macia dela estava penicando, e ela realmente sentiu dor quando começou o processo. Uma dor que nunca tinha sentido antes, mas com o pouco de forças que ainda possuía se levantou e correu para o banheiro. O único lugar que pensou em ir. Seu rosto parecia está sendo moldado novamente, e ela sabia que em poucos segundos estaria como um verdadeiro monstro. Um monstro se transformando em um animal... Em uma raposa, mas antes ela poderia não estar mais consciente de tudo que acontece a sua volta.

Existem duas situações que Sam pode ficar fora de si e agir como um completo Gumiho. Uma delas é enquanto se transforma em raposa, um evento doloroso e que se acontecer sem a gota de raposa, um evento possivelmente irreversível. A outra situação é quando machucam sua gota, nessa situação, ela é uma completa predadora que só voltara ao normal quando matar a pessoa que a fez ficar assim. 

A situação ali é de completo perigo. No caminho para o banheiro, uma criança gritou quando a viu e Sam correu para o banheiro no mesmo instante. Trancou a porta. Olhou-se no espelho, e se ignorou. Entrou no box vazio, e trancou-se ali dentro. Sam se sentou no chão, abraçou as pernas e sentiu completamente cansada. Demorou dez minutos para ela recuperar o fôlego, e nesse momento o seu rosto estava coberto por pêlos marrons. Ela estava se transformando... Talvez pra sempre... Queria tanto ser humana e no final morreria como uma raposa... 

- Eu nunca usaria suas fraquezas contra você. - Ela repetiu o que Freddie falou para ela, na noite passada. 

Ainda com dor, Sam sorriu.

Ainda com muita dor, Sam sentiu-se traída.

Ainda com muita muita dor, Sam deixou que lágrimas derramassem de seus olhos e assim, limpassem a ferida que acabou de adquirir. Caso Fredward quisesse a ferir, achou o melhor meio, e este foi traindo a confiança dela.

Quando a primeira lágrima caiu dos olhos dela, imediatamente a natureza obedeceu. O céu estava claro, e o dia ensolarado lá fora, mas no mesmo instante uma fina chuva começou a se manifestar em toda a cidade. Quando a segunda lágrima caiu de seus olhos, a chuva se tornou mais grosso e assim iria piorar até que a Gumiho derramasse mil lágrimas. Uma tempestade cairá lá fora quando ela terminar de chorar, em quinze minutos. Mesmo com o céu claro, as nuvens brancas e limpas, e o sol exposto. 

Batidas fortes começaram a soar lá fora. 

- Fred?- Sam perguntou com a voz que tinha.

- Somos da segurança. Uma senhora fez uma reclamação pela senhorita ter assustado o filho dela. Por favor, saia e não tente negar. Todos a viram entrar aqui. Pedimos que peça desculpas a mãe e a criança... - Um homem falou quase gritando. - A criança não para de chorar... Por favor... 

Sam tentou rir, mas não conseguiu ao invés disso ela vomitou sangue. 

Seu organismo estava se transformando. 

Manhã do dia anterior

Fraquezas. 

Isso é exatamente o que Fredward passou a madrugada inteira procurando na grande e espaçosa biblioteca na casa de seu avô. Ele entrou lá furtivamente e sem ninguém perceber, precisou de um pedaço de bife e as próprias chaves. Somente isso. O bife ele deu pro cachorro da família, o animal se chama Duque e é da raça Borzoi. 

Foi entre os livros orientais, muitos escritos com o idioma de lá, que ele compreendeu um fato interessante. Fred não podia sequer cogitar a ideia do que poderia ser a fraqueza de um Gumiho, afinal em nenhum dos livros citava algo parecido com isso. O fato é que  para ele encontrar essas informações teria que procurar direto da única fonte que ele tem. Sam.

O rapaz sempre foi bom em conquista e em bons modos, tanto que sempre inspirava confiança. O maior problema é que ele não tinha ideia de como aguentaria ser tão bom para Sam, pois cada vez que a olhava se lembrava que ela era apenas um bicho de outro mundo. Algo fora do normal vestido de uma garota normal. Mesmo com essa linha de pensamento, Fred jurou a si mesmo que tentaria o melhor para descobrir as fraquezas dela.

Ele precisava saber, pois a cada minutos sentia que perdia a única paixão de sua vida. Fred pensou muito sobre como tentar se encontrar com a Akemi, mas simplesmente não foi possível. Sam esta a todo instante de seu lado, apesar que ao fugir para a casa do avô, ela não se alertou. 

Mesmo com essa linha de pensamento, ele começara o dia se esforçando. A carne grelhando na chapa, fazia a cobertura cheirar comida. O aroma do bom-ar de jasmine saiu completamente e o espaço foi tomado por cheiro de churrascaria, em pleno começo de dia. Fred também comprou refrigerante, pensando em mostrar a garota coisas novas. Assim, talvez ela pudesse ter mais confiança em Fred.

Sam entrou na cozinha com o rosto amassado, e os olhos parecendo mais expressivos. Estavam maiores, mais cintilantes e cheios de surpresa, tudo misturado em grandes órbitas azuis. Os lábios dela estavam rosados, naturalmente convidativos. Esse simples detalhe completava o nível de sensualidade dela nessa manhã. Fred percebeu com mais atenção as curvas bem feitas do corpo dela, um tanto escondidas com a blusa dele. Ah! A blusa que ela usa está desabotoada até o umbigo, e ela não usava mais o jeans cortado. Fred ficou um pouco perplexo ao vê-la daquela forma. Ele estava enfeitiçado com a beleza dela.

A loira abriu um enorme sorrinho e se sentou na mesa em um pulo. Isso mesmo, na mesa e não na cadeira. Assim, ele percebeu que a garota nem mesmo usava sutiã. As linhas de seus seios volumosos apareciam generosamente dentre a abertura da blusa masculina. A garganta dele ficou seca, e ele teve que fechar os olhos, balançar a cabeça e montar imagens grotescas na cabeça para se manter sã. 

- Você fez o café? - Ela parecia esconder tamanha felicidade, mas deixava claro que ficou satisfeita em ter café da manhã.

- Arran. - Ele falou arrastado e abriu os olhos para encará-la.

- Pra mim? Carne? Pra mim? - A pergunta animada acompanhava palmas e a agitação do corpo dela. 

Fred se levantou da cadeira e se aproximou dela, muito rapidamente começou a abotoar a blusa que ela vestia. O sorriso grande da garota se tornou em um sorriso pequeno, porém extremamente satisfeito. 

- Enquanto viver comigo, tente agir de forma mais... Humana. - Ele disse de forma incomoda.

- Como?

- Não ande vestida assim pela casa. - Ele falou irritado. 

- Mulheres humanas andam assim depois de uma noite...

- Como sabe? - Fredward perguntou sério ao cortá-la.

O clima pesou um pouco. Como Sam falaria que esteve com quarenta homens humanos? E que quase todos a tiveram na cama? Ou melhor, no chão de madeira do templo. Ela poderia falar de Peris, o mais gentil humano que ela teve em seus braços. Peris mandava ela vestir sua blusa, depois de uma noite de amor. Ele dizia que ela sempre ficava perfeita daquela forma, mais sexy do que é naturalmente. Mas se ela contasse sobre Peris, acabaria ter que contar o que aconteceu para tudo acabar. Peris tentou matá-la, atirou nela seis vezes. Então quando ela conseguiu se recuperar e tirar as balas de sua carne, teve de matá-lo de uma forma cruel. Sam deixou-o em pedaços a margem do rio.

Fred provavelmente ficaria com medo dela, então ela permaneceu calada. Achou melhor assim.

- Não fique assim em casa. Fim. - Ele falou sério e encerrou ali seu mau humor.

Eu preciso ser apenas legal, pensou Fred.

Sam pegou um bife com as mãos, sem se importar com a temperatura alta, e começou a comer. Ela se deliciou com o bife, grunhindo de prazer com um simples pedaço de carne vermelha. Fred pegou uma lata de refrigerante, e colocou ao lado dela, no mesmo instante ela o fitou confusa. Fred simplesmente sorriu, um sorriso tosto e perfeito. 

- Você vai gostar disso, beba. - Ele a incentivou. 

Sam tomou um gole, e manteve seus olhos surpresos por poucos segundos. A animação dela parecia de uma criança inocente, agindo dessa forma Fred quase esqueceu o quanto ela podia ser perigosa. Os sentimentos de Sam se aguçaram em poucos segundos ao olhar diretamente para os olhos de Fredward, e ela reconheceu essa pequena mudança dentro de si. Então de fato, a morte de Melanie foi extremamente necessária. 

Diferente das outras garotas que eram atraídas para o templo, Melanie realmente tinha o coração completamente puro e cheio de amor. Sam soube disso quando teve extrema necessidade de se alimentar dela, pois o sangue que o coração dela bombeava era mais puro, literalmente. Tinha um gosto espetacular. Então ao se lembrar disso, Sam soube com o que comparar o refrigerante. Completamente comparável ao sangue de Melanie em sua boca... Uma sensação...

- Borbulhante. - Ela disse baixo e completamente imersa em seus pensamentos.

- O refrigerante é borbulhante? - Fred perguntou ainda sorrindo, ele não estava sobre o encanto da beleza dela. Porém estava sobre o encanto de sua inocência. 

- A sensação é totalmente borbulhante. - Sam disse com expectativa, e tomou grandes goles do refrigerante. 

Não demorou muito para ela acabar com toda a comida, e com as seis latas de refrigerante que ele comprou. Sam tomou banho e vestiu as mesmas roupas, ainda assim continuava com aquele ar de irresistível. Fredward teve a impressão que ela era tão bonita, e tão perfeita, que não tinha como se prontificar para ajudá-la em algo. O sentimento de querer ser servo dela, mas ele afastou esse pensamento no segundo seguinte.

--

- Essa roupa está boa? - Sam perguntou ao sair do provador, e estava tão contente que não conseguia raciocinar de forma sagaz. Ela estava bem mais sentimental, e tendo pensamentos novos desde como agradar Fredward até como fazê-lo amá-la. Os lábios carnudos, rosados e bem delineados, estavam se destacando com o sorriso perfeito e bobo. 

Os olhos de Fredward a avaliaram profundamente, desde a roupa até no comportamento carinhoso que ela está tendo durante todo o dia. Ele estava feliz por ter conseguido agradá-la, e até mesmo estranhou ela não estranhar a mudança de comportamento dele. Mas como continuar pensando nisso ao passar os olhos sobre o corpo perfeito de Sam? Ele concluiu que isso seria algo realmente perto do impossível. Ela estava com um vestido extremamente justo, assim ele percebia cada curva e proporção do seu corpo. Informação que ele não teve com certeza quando ela vestia suas roupas. Mesmo assim, ele podia concluir com muito conflito interno que ela ficou mais sexy vestindo sua blusa. 

- Completamente... Uma... Deusa... - A voz grotesca e cheia de segundas intenções veio do fundo do brechó. Fred se virou e viu o quão patético era o homem. Vestia roupas que realmente pareciam ser de outra pessoa, talvez encontradas nesse mesmo brechó. Ele era um homem magro demais, e suas calças eram largas demais. Fred concluiu que Demais podia ser o sobrenome naquele homem atrevido e magrelo. 

Fred voltou a olhar pra Sam, que ainda tinha o rosto iluminado e um sorriso perfeito. O vestido realmente era muito justo, pequeno e mostrava demais. Ele pensou o inferno que seria andar pelas ruas com ela vestida desse jeito. Seria um belo pedaço de carne para um monte de urubus, pensou ele intrigado. Então se lembrou que não deveria gastar em roupas para ela ser comida com os olhos de homens tarados. Essa essência era a mesma desde o princípio, não havia porquê gastar com uma pessoa tão indiscreta. Foi exatamente por isso que a levou para um brechó, que como as roupas que são usadas ele também usaria Samantha. Somente assim ele pode consertar sua vida, talvez consiga com que ela desapareça por mais tempo do que horas. Talvez seja melhor assim.

Ele olhou para a loira com pensamentos sagaz, e fez cara de decepção. 

- Não gostou? - Ela perguntou incomodada, pois ele pareceu gostar assim que ela saiu do provador.

- Não. 

- O homem lá trás pareceu gostar. - Ela reclamou baixinho.

- Ele só quer te comer. - Ele falou com rispidez.

- Você também quis hoje de manhã, e a dois minutos atrás. - Ela falou um pouco mais alto e deu um sorriso vitorioso ao ver a expressão de surpresa no rosto do seu futuro amado. 

Ela entrou no provador, mas deixou a cortina com uma aberta de cinco centímetros. Fred não saiu do lugar onde estava parado, e seus olhos queimavam para a cortina vermelha. Teve uma luta interior quando ele finalmente deixou-se passar os olhos pela brecha da cortina. 

Sua boca secou.

Então teve certeza que realmente queria fazer sexo com aquela Gumiho. 

Ela estava certa.

--

Sam fingiu que estava com dor nas pernas, porém ele percebeu que isso seria muito estranho e apontou o erro pra ela. Porém o sol estava para se pôr e ela queria ver isso com esse. Ela sabia que isso poderia desencadear as lembranças de Melanie nele, mas teria que arriscar. Apesar de sempre achar completamente suspeito ele nunca ter lembrado dela. Afinal, eles se viram duas vezes antes dele completar vinte anos.

O banco da praça é ótimo, somente porque ela podia ter ele bem perto de si. O banco não era espaçoso, e assim permitia uma aproximação agradável entre seus corpos. Sam sentia que ele estava gostando mais dela, pois pelo o dia inteiro percebeu que ele se esforçou para ser legal. Até mesmo flertou com ela duas vezes. Ela também se sentia feliz com as quatro peças de roupa que ele comprou. Quatro vestidos, na verdade. Ela quis experimentar calças e shorts, pois apenas não conseguia amar vestidos. Ele não gostou da ideia, então ela fingiu que ele tinha razão. Fingiu amar todos os vestidos escolhidos. Fingiu. Simplesmente. Mentiu como uma bela garota adolescente e atuou como uma verdadeira atriz.

- Isso não é pateticamente romântico? - Perguntou Fred ao observar os tons rosados e alaranjados no céu. Denunciando que ele estava para se pôr, e a noite chegar.

- Romântico tem haver com amor, não é? 

- Não somos um casal. Sai dessa. - Fred falou repentinamente.

- Mas você só pode beijar a mim... - Sussurrou ela com uma ponta de desapontamento. 

Nunca demorou mais de quatro dias para os outros se interessassem em um relacionamento com a Sam, mas parece que Fred está resistindo fortemente a ela.

- Até que eu fique completamente curado. - Ele concluiu aquele assunto.

Minutos se passaram e Fredward pensou em como introduzir fraquezas naquele momento.

Não ficaria nada romântico, pensou ele divertido.

- Quando eu entrei na escola e as coisas importavam foi difícil. Coisas do tipo jogar bola na aula de educação física sempre envolvia mais esforço pra mim, pois minha perna esquerda nem sempre é perfeita. Parece que há algo magicamente quebrado nela, então sempre era escolhido para o time quando sobravam eu e o nerd idiota. Eu tive que me esforçar muito para fazer parte do time, e não parte dos excluídos. Treinava em casa todos os dias, e chorava bastante entre os treinos. Me sentia desesperado para superar a minha fraqueza. Quando consegui entrar pro time, foi tarde demais. No último jogo da última série escolar. - Ele contou calmamente e ela escutou sem entender direito do que se tratava.

- Porque está me contando isso? - Ela perguntou com um olhar cheio de atenção.

- Você me inspirou confiança. É uma coisa boba que nem mesmo Akemi sabe. - Ele falou em tom de melancolia e superação. Mas a verdade é que estava atuando, isso nunca realmente aconteceu. Fora inventado de último minuto.

História ridícula para uma pessoa que não é pessoa e em um momento quase cômico. Fred pensou sem remorsos.

- Nem Akemi sabe? - Sam estava completamente surpresa com aquela confissão, apesar de não saber interpretá-la bem.

- Desculpe, você não deve entender. Afinal, é perfeita. - Ele fez uma pausa e olhou nos olhos dela. - E completamente sem fraquezas.

Aquilo atingiu a loira no mesmo segundo. Ele achava que ela não possuía fraquezas, e ele continua tendo uma imagem distorcida dela. Sam pensou um pouco e decidiu que contaria aquilo para ele, assim ele podia ver que ela também tinha confiança nele. Também poderia ser útil para ele amá-la.

Fred poderia começar a amá-la se souber que ela tem fraquezas como um humano qualquer.

- Um Gumiho nasce com duas fraquezas. E uma extra, de acordo com sua decisão do futuro. - Ela disse com um pequeno sorriso, estava sentada com o corpo virado para ele. - Eu posso morrer, Fred. Tem uma arma especial feita pra mim, eu sei que ela existe e sobre suas propriedades, mas nunca a vi. Faz séculos que ela não é usada, pois pode estar perdida em qualquer parte do mundo. Essa é uma fraqueza mortal, e até que me faz me sentir mais humana ao saber que também posso morrer. 

- E a outra? - Fred perguntou totalmente curioso.

- É o mar. - Ela foi sucinta. - Eu sou uma criatura da terra, minha energia básica está aqui no solo porque sou como uma raposa. Eu não posso  avançar demais no mar e ficar longe do continente, minhas energias se quebram. Tem consequências graves, mas é completamente evitado.

- E o extra? - Perguntou ele escondendo um sorriso.

- Essa é a fraqueza que já eliminei. - Ela foi reta, e não tinha a menor intenção de falar mais sobre isso. - Nenhum homem jamais soube, estou confiando em você da mesma forma que você confiou em mim.

Fredward sorriu largamente, e assentiu.

- Não as use contra mim. - Sam pediu em um sussurro.

Ela se sentia feliz, mas sentia insegurança.

Os outros homens que podiam torná-la humana tentaram matá-la sem saber de suas fraquezas.

Portanto, o sentimento de insegurança era com bons motivos.

- Eu nunca usarei suas fraquezas contra você. - Fred falou suavemente.

Apesar de mentir, queria pensar que era sincero. 

Então Sam se ajeitou no banco da praça e observou o sol se pondo entre os grandes prédios. Ela sorriu e encostou a cabeça no ombro de Fredward, pois se sentia feliz e capaz de amar depois de tanto tempo. Ele passou o braço pelos ombros da loira e a puxou para mais perto. 

Fredward não podia negar.

Ela era encantadora e talvez, apaixonável.


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Notas finais do capítulo

O que acharam de Samantha nesse capítulo? O Fred merece apanhar em enganá-la, certo? Quando um se torna legal, tudo melhora. Perceberam?! Nossa, e esse William nesse flashback? Eu achei super justo ele saber como matá-la... Porém, é estranho kakaka O que esperam do próximo capítulo? xoxo da Jaqs, meus lindos s2