DLP - Here We Go Again escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 7
Mude o status do dia




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Bom, as coisas aconteceram bem rapidamente depois que David chegou, Lana abriu a boca e soltou um mais do que incrédulo, “O que diabos você pensa que está fazendo aqui?”. Antes mesmo que seu irmão pudesse responder ela virou as costas e voltou como um furacão para dentro da mansão deixando para trás um David com cara de quem não sabia o que fazer.

–Espero que esteja feliz agora. – Murmurei descontente ao imaginar a confusão que a loira devia estar, isso antes de eu lidar com minha própria bagunça mental, é claro. David ficou me olhando como se tentasse comprar tempo, mudando seu peso de uma perna para a outra e afundando as mãos nos bolsos.

–Lílian eu... – Começou o Prescott com a voz aveludada que fazia meu coração parar, porém não dessa vez, parece que meu ressentimento pela demora em dar notícias era maior que as reações que ele causava em mim. Esperei tanto tempo por notícias dele e agora aparentemente ele não tinha nada para me dizer. Ótimo, não é como se ultimamente eu andasse esperando mais dele, afinal pelo visto nem tempo para responder as cartas da irmã ele tinha, que dirá minhas cartas.

–Depois David. – Cortei-o antes de eu mesma me virar de costas para ir atrás de Lana, percebi que o moreno vinha atrás e confesso que ele parecia bastante abatido. Cheguei até a porta do nosso quarto para encontra-la trancada, eu poderia puxar a varinha e destrancá-la ou se não funcionasse poderia simplesmente explodi-la.

Apenas não me pareceu certo, a oxigenada queria ficar sozinha e eu a entendia bem de mais.

–Lana! – Chamei encostada na porta.

–Sai daqui Potter, eu não quero conversar agora. – Respondeu a sonserina de modo raivoso.

– Lana, seja sensata, por favor? – Pedi amaciando a voz.

–Sai daqui e leva ele junto pelo amor de Merlin Lílian! – Implorou ela, em seu tom de voz percebi que ela já deveria estar tomada pelas lágrimas, olhei pra David que não falara mais nada.

–Vamos! – Chamei começando a andar e o rebocando comigo, pois após ouvir a voz chorosa de Lana ele parecia meio petrificado. – Você tem uma porção de explicações pra dar.

Caminhamos em silêncio até aquela mesma cafeteria que eu fora com James em sua primeira visita, apesar de ambos estarmos quietos eu não me sentia desconfortável perto dele, apenas parecia certo, um mútuo e silencioso acordo que iríamos falar assim que estivéssemos sentados.

Mais uma vez quem veio nos servir foi o simpático e jovem garçom, ele sorriu pra mim me fazendo corar diante do reconhecimento, eu sempre o via pela manhã quando eu saia pra correr. E ele sempre parecia muito bem, todo sorridente e bem disposto a servir, exibindo todo o seu esplendor e charme francês. Ele com certeza fazia o café de muitas meninas que passavam por ali ser muito melhor.

Ele sempre me fazia lembrar de Lize e das caras e bocas que ela faria para ele se estivesse aqui. Minha amiga de cabelos róseos não tinha problemas em proclamar a sua clássica frase de “Una o agradável ao mais agradável ainda e ai terá um dia maravilhoso!”.

Olhando para a forma desanimada de David a minha frente percebi que seria muito pouco provável que euzinha aqui conseguisse ter um dia maravilhoso. Ele parecia estar tendo dificuldades para encontrar o meu olhar. Realmente, mude o status para um dia nem um pouco agradável.

–Um expresso por favor, e um pedaço dessa torta salgada. – Pediu David olhando rapidamente para o menu de opções e estendendo o cardápio com indiferença para o rapaz.

–Um cappuccino apenas. – Pedi sorrindo pra ele como se pedisse desculpa pelo humor fechado do homem a minha frente. Olhando para David, eu diria que ele estava no mínimo exausto, parecia bem mais magro e bolsas negras marcavam os olhos que eu tanto amava.

–O que aconteceu? – Pedi sem deixar de encará-lo. Ele finalmente foi capaz de me encarar para em seguida suspirar pesadamente, como se esse ato em si fosse muito custoso para ele.

–Por onde quer que eu comece Lílian? – Perguntou ele puxando minha mão por cima da mesa, em um ato reflexo puxei-a de volta e cruzei os braços sobre o peito.

–Por que disse que vinha ver Lana e não veio? – Pedi sem sentir um pingo de remorso ao ver a expressão triste de meu ex-professor ao ver que recusei seu toque.

–Eu ia vir Lílian, juro que viria, mas nesse mesmo dia tivemos uma briga feia em casa, os anos passaram e eu continuo o mesmo, meus pais continuam os mesmos. Eu não suportei e explodi com eles. – Começou David.

–Sinto muito, Lana realmente contava que a família de vocês voltasse ao normal. Toda vez que falo da minha família ou dos Weasley percebo como ela fica, como deseja que tudo fique bem. – Falei lembrando em como ainda hoje mais cedo ela se referira com carinho a minha avó Molly.

–Com os meus pais sendo como são as coisas saem do controle. Ao que parece eu deveria me casar e ir para área política, só me bastou por os pés naquela casa para eles pensarem que podem controlar minha vida.

–Isso é tudo muito ruim David, mas meio que ainda não explica o motivo de você não ter vindo, ou pelo menos ter respondido minha carta. – Falei me permitindo sentir raiva do homem a minha frente. Antes, porém que ele pudesse responder o jovem garçom voltou trazendo nossos pedidos, observei com atenção David adoçar seu café e prova-lo, era realmente irritante o modo como tudo que ele fazia tudo parecia ser coreografado. Até mesmo um simples gesto como este me desconcertava, tudo nele era capaz de me deixar sem fôlego, Merlin!

Eu estava perdendo a cabeça rápido demais.

–Bom, fiquei muito nervoso e saí de casa me sentindo um idiota, eu tinha rodado o mundo e corrido muitos riscos para então voltar exatamente no ponto inicial? Acabei no caldeirão furado, bebi mais do que devia, acredito ter feito coisas que não deveria e no final acabei acordando no dia seguinte no apartamento do seu irmão. – Relatou ele desgostoso, quase me engasguei ao ouvir esse final, peguei um guardanapo rapidamente temendo que começasse a sair café até pelo meu nariz, tamanho o meu espanto.

–James? – Pedi tentando entender. Ele não poderia estar falando do meu irmão mais velho, aquele mesmo que mantinha um sorriso amarelo por esses dias tentando manter a aparência normal. Detalhe, o sorriso não chegava aos seus olhos e ele fazia aquela coisa esquisita com os olhos de te olhar mas não te ver realmente. Era como se ele estivesse ali, mas ao mesmo tempo sua mente estivesse em outro lugar.

Um lugar que todos sabiam se chamar Rússia.

–Sim, nos conhecemos do trabalho e ele disse que ao me ver em um estado deplorável achou por certo me levar pra casa até que eu pudesse voltar a responder por mim mesmo. – Eu deveria estar com um cara horrível, até porque ouvir aquilo não estava sendo legal, David bêbado e agindo como tal no bar londrino era uma péssima imagem, e pensar nele e James conversando era algo ainda pior.

Seu irmão mais velho e seu “cara que você não sabe ao certo ainda qual é sua relação” próximos não é exatamente seu sonho de consumo. Não me entenda mal, eu não estou nem um pouco a fim de ver brigas, mas daí a eles se tornarem melhores amigos ou algo assim já é de mais.

– Escute Lily, eu errei estou realmente envergonhado pelo que aconteceu, foi imaturo de minha parte. – Disse ele apertando as têmporas ao falar, como se por algum motivo ainda sentisse os efeitos de uma ressaca.

Prestei atenção em cada palavra, seu tom de voz culpado e a face corada somada ao olhar desgostoso. Tinha algo que ele me escondia, tive certeza disso, ao perceber a forma como havia um pedido de desculpas mudo em cada palavra que ele dizia. Não seria preciso ser um gênio para chegar a conclusão mais óbvia e simples. E por mais que me trouxesse um gosto amargo a minha boca, tive que perguntar.

–Alguma mulher? – Pedi encarando-o com firmeza e apertando com força a alça da xícara branca de meu cappuccino que agora me parecia sem gosto e frio. David não respondeu de imediato, baixou os olhos, mais uma vez olhou para baixo e não para mim como eu gostaria.

–Eu não lembro realmente Lílian... – ele falou como se isso de certa forma o redimisse.

–Sim, ou não? – Perguntei sentindo uma onda de fúria tão grande me tomar conta, era irracional e por mais que meu lado consciente justificasse David e suas ações, o meu lado esquentado, Weasley e ruivo parecia querer falar, ou melhor, gritar mais alto. Não preciso nem falar que lado estava ganhando.

–Sim. – Foi tudo que ele disse, e foi tudo que pairou no ar por um bom tempo, eu não sabia como agir, dominava com todas as minhas forças a explosão que queria vir, eu enxergava vermelho e David parecia saber que palavra alguma o deixaria em melhor condição diante de meus olhos.

–Foi por isso que você não respondeu minha carta? – Pedi, após o que me pareceu um terrível e longo inverno gelado, como resposta ele apenas acenou ainda constrangido com o que me contara.

–Você estava bêbado e não sem lembra de nada?

–Só o que eu sei é o que seu irmão me contou no dia seguinte. – Respondeu ele rapidamente, agora nós já nos encarávamos, ele com seu pedido mudo de desculpas e eu ainda controlando minha fúria, que parecia que ia fugir de controle a qualquer instante.

–Suponho que isso não importe, já que não estamos namorando nem nada. – Falei com amargura. Por mais que me doesse admitir era a verdade, David, pelo compromisso que assumimos, que se classificava como nenhum, não me devia absolutamente nada.

–Lílian. – Alertou ele como se prevendo que aquela conversa tomaria um rumo perigoso.

–Não namoramos porque você ainda tem medo. Ou talvez nem goste de mim tanto assim. Cansou de brincar de professor e aluna David? – Pedi sabendo que aquele não era o foco da conversa, porém fui incapaz de impedir as acusações que vieram de modo venenoso. Eu estava ressentida e com raiva, me sentia no direito de expor minha amargura, e sentia que ouvir seria o mínimo que ele poderia fazer depois de tudo.

–Você sabe que não é bem assim. – Foi tudo que ele disse fechando os punhos parecendo irritado.

–Até onde eu sei você é um covarde. – Falei sorrindo pra ele. No fundo acredito que eu só queria atingi-lo, fazer com que David sentisse pelo menos um décimo de toda angústia e raiva que me consumiam. Quem me consumiam a mais de um mês aliás, ele me deixara no escuro quanto aos seus sentimento e agora eu só queria feri-lo.

–Bom se você quer coragem deveria ter pedido ao seu primo Hugo pra ficar, ele era um grifinório certo? – Provocou ele com maldade, eu tinha me esquecido como eu e David éramos juntos. Eu sendo a típica grifinória e ele rebatendo com o seu melhor sadismo sonserino.

Como se um fosse o combustível e o outro a faísca, qualquer erro nos cálculos, e bem, teríamos uma explosão das grandes.

Nem sequer me lembrei que estávamos em um espaço público trouxa, simplesmente puxei a varinha me inclinei sobre a pequena mesa a apontei diretamente para o pescoço dele. Hugo ainda era meu calcanhar de aquiles, eu posso falar o que quiser do meu primo mas se outra pessoa ousar critica-lo por qualquer motivo eu perco a cabeça.

–Jamais fale dele, você não tem moral alguma para acusa-lo de qualquer coisa. – Ameacei ofegante, agora estava provado, não era mais sangue em minhas veias, era lava pura, quente e incandescente. Era a fúria de uma mulher traída, de uma ruiva momentaneamente descontrolada e de uma Weasley que teve um dos seus, mal falado.

–Lílian você está fazendo uma cena. – Me alertou David fazendo com que eu começasse a voltar a me acalmar, por mais boazinha que eu parecesse, eu ainda era uma ruiva, certo? E aquela provocação fora simplesmente a gosta d’água.

Percebendo que alguns trouxas me olhavam curiosos guardei rapidamente a varinha e voltei a me sentar, o moreno a minha frente me olhava como se aquela fosse a primeira vez que me visse realmente. E naquele momento eu não estava nem ai. Mecha o quanto quiser comigo, mas fique longe da minha família.

–Sabe, agora eu entendo porque te chamam de princesinha. Você realmente é uma não, é? Ainda esperando pelo príncipe perfeito. – Comentou ele com uma sobra de tristeza nos intensos olhos azuis. Incrivelmente a culpada agora eu, ele era bom em virar o jogo a seu favor, e exatamente por isso me permiti dar um sorrisinho.

–Talvez Lana tenha razão e eu não te conheça. – Falei tentando não chorar. Algum tempo se passou sem que fossemos capaz de nos encararmos, minha raiva era substituída por tristeza e decepção. Ele parecia debochar de meus sentimentos, não assumia o que tínhamos, ficava com outra, não falava comigo, para se defender agredia a minha família e por fim fazia uso de um título de jornal para me ofender.

Eu nunca me importei com o título “Princesinha Potter”, desde menina gostava da ideia de ser uma princesa. Princesas tinham famílias que as amavam muito, eu a tinha. Princesas normalmente eram as mais novas, eu era a caçula. Princesas tinham muitos sonhos, e eu os tinha de sobra. Mas aí apareceram os Prescott, e mesmo depois de ter perdoado Lana ainda tinha aquela pequena parte de mim que sempre saberia que meu grande sonho nunca seria alcançado por causa dela.

Olhando David a minha frente me doía admitir, mas talvez depois de tudo ele realmente não fosse aquilo que eu esperava. Não me leve a mal, eu sempre tive a noção de que ele não era um príncipe encantado, mas não esperava que ele se transformasse num sapo, ou pior ainda, na bruxa malvada.

–Estou morando com seu irmão. – Confessou David Prescott antes de jogar uma nota de 10 euros na mesa e se levantar. Porém ao mesmo tempo que ele se levantava o rapaz que trabalhava ali vinha com uma bandeja cheia de xícaras. Após um estrondo David estava coberto de café e chantilly.

–Seu trouxa imbecil será que é tão difícil ver por onde anda? – Questionou ele com tanto amargura que me paralisou. Antes que o rapaz pudesse murmurar um pedido de desculpas o Prescott já estava do outro lado da rua, para então desaparecer ao virar a esquina.

Uma solitária lágrima escorreu em meu rosto e eu suspeitava que muitas outras se juntariam a esta assim que eu chegasse ao meu quarto. Segurei o choro e deixei um pouco de dinheiro na mesa, saí dali com pressa, tudo que eu queria era chegar na academia, mesmo que fosse pra chorar de modo humilhante na frente de Lana e dizer que ela tinha razão em tudo que me dissera.

Mais rápido do que achei possível cheguei aos portões de ferro, a escola estava silenciosa, estávamos no meio do sábado e todos deveriam estar se divertindo longe dali, logo cheguei as escadas douradas que levavam aos quartos. Para minha surpresa a porta do aposento que eu dividia com Lana, não estava mais trancada, e assim que entrei percebi que o quarto estava vazio. Fui até ao banheiro para me certificar que a loira havia mesmo saído, não havia nem sinal dela por ali.

Uma incômoda sensação de abandono me tomou conta, e as lágrimas começaram a vir sem que eu pudesse fazer muito, me senti mais sozinha do que nunca. Todos pareciam tão longe nesse momento, até mesmo a companhia nem sempre agradável de Lana seria um alento. Desejei ter Sara ao meu lado, a saudade da minha melhor amiga era tão grande que doía, ela saberia o que fazer, ela sempre sabia o que falar. Não necessariamente o que fazer, mas eu sentia uma imensa saudades dos tapinhas desajeitados que ela me dava nas costas sempre que eu chorava, ou das barras de chocolates sempre prontas para servir. Quando entrei em meu último ano em Hogwarts não me dava conta de quão próximas uma da outra éramos. Ela iria se sentar em um dos confortáveis sofás do salão comunal, com um livro enorme e uma xícara de café na mão enquanto que eu ficava no tapete, próximo a ela, fazendo jogadas de quadribol. Nas noites frias iríamos nos deitar antes para ficar conversando sobre tudo e sobre nada.

Pequenas lágrimas rolaram de meus olhos ao fitar o quarto vazio a minha volta. A imagem de uma Sara de 13 anos meio atrapalhada me dando lenços de papel e barras de chocolate enquanto eu chorava após uma derrota no quadribol me fez dar um risinho em meio às lágrimas. Ela faria aquele barulhinho estranho parecendo um gato ronronando, que ela achava que era reconfortante, e então me falaria que tudo ficaria bem no final, mas que se não ficasse, bem, o estoque de chocolates dela era realmente grande.

Mais uma vez desejei que minha melhor amiga estivesse ao meu lado, não para me entender, Sara raramente o fazia, não para me abraçar, Sara era péssima com contato físico, mas para estar ali, pois Sara sempre estava ali quando eu precisava.

Então me lembrei que nesse caso nem ela seria de muita ajuda, já que eu tinha escondido dela todo meu envolvimento com David, ah Merlin! O que diabos eu tinha feito com a situação toda? Como eu pudera esconder aquilo da Sara? Sim ela era a monitora chefe, mas acima de qualquer coisa ela era minha melhor amiga! Ela guardaria segredo e faria o que fazia dela a minha melhor amiga, me ouviria e mesmo sem concordar com as minhas ações tentaria me ajudar.

Tomando uma decisão rápida e provavelmente uma das mais acertadas dos últimos dias peguei um pergaminho e minha pena favorita e me pus a escrever, Lioz meu mal humorado gato se enroscou entre meus pés e ronronou em aprovação.

Querida Sara,

Antes de qualquer coisa me desculpe, não confiei em você no último ano, mantive um segredo tão absurdo que às vezes acho que você simplesmente não vai acreditar no que vou escrever...

(...)

POV James

Meu quarto cheirava a flores silvestres, era bem óbvio que minha mãe tinha feito a limpeza no dia anterior, o tempo passava e Gina Potter continuava a mesma protetora de sempre. Fechei os olhos, porém, e ainda estava ali, tão forte como se ela estivesse deitada em minha cama sorrindo timidamente, os cabelos castanhos revoltos e os olhos brilhantes e inteligentes.

Seu perfume tão único, o hálito sempre doce como se ela houvesse acabado de comer um pedaço de chocolate, o que eu não duvidava nada...

Abri os olhos me dando conta que por mais fortes e intensas que as memórias fossem, elas não passavam disso, memórias. Sara estava longe agora e provavelmente voltaria diferente, era o que diziam sobre a academia de Moscou pelo menos.

"Aquele lugar muda as pessoas, é muito forte, é bom se preparar para nunca mais ter sua garota de volta."

As palavras do velho Kingsley ressoavam em minha mente, um aviso que eu torcia para estar errado, Sara era forte e eu depositava toda a minha fé em sua força, seu eu não pensasse assim enlouqueceria e partiria no primeiro trem para a Rússia.

Em um canto do quarto estavam as pastas com as informações do acidente de Lily, a verdade é que não tinha conseguido mais nada, todos já tinham admitido a falha no equipamento, não acusaram ninguém. Porém se Sara tinha tanta certeza daquilo, eu tinha que seguir com a investigação, se alguém sequer sonhara em prejudicar minha irmãzinha eu iria descobrir.

Sai do quarto disposto em ir até a Paris ver Lily, era sábado e eu não tinha avisado ela nem nada, ainda assim eu sentira uma vontade incontrolável de vê-la na noite passada. Segui até o pequeno quarto que agora seria ocupado por David, um cara legal da área de poções que estava enfrentando uma barra com os pais conservadores.

Seu quarto estava vazio e mala de couro marrom ainda estava feita sobre a cama de casal encostada na parede. Sorri sozinho ao me lembrar da forma como eu o encontrara algumas semanas atrás, o cara tinha que estar muito na pior para acabar como David Prescott acabou naquele Pub.

FlashBack ON

O cheiro de tabaco no ambiente me fazia tossir o tempo todo, a mistura entre trouxas e bruxos no bar era nítida se você estivesse sóbrio o suficiente para reparar nas vestes excêntricas de alguns dos corpos que se mexiam no ritmo da música alta. Não preciso nem dizer que a maioria ali não estava nem perto da sobriedade.

Não seria o que eu chamaria de uma grande noite pra sair para um lugar assim. Mas ei, ultimamente tudo era melhor do que ficar trancando em meu apartamento olhando aquela decoração que eu sabia, tinha sido feita com cuidado e atenção. Mas nada disso importava, pois a colcha de cama podia combinar com a cortina o quanto quisesse que não iria mudar o fato de que ela simplesmente não esta mais ali.

Reconheci o pessoal que havia me convidado, alguns dos muitos jovens do ministério da magia, estavam todos sentados em um canto e pareciam se divertir com algo, ao me aproximar percebi que esse algo na verdade era um alguém.

David Prescott já havia passado da cota de bebidas aparentemente e agora ocupava seu tempo ao lado de uma morena curvilínea. Ele tentava em vão se equilibrar em cima de um banco de pernas altas. Suas roupas normalmente bem passadas e arrumadas estavam completamente amassadas. Seu olhar era desfocado enquanto ele tentava fitar a morena ao seu lado. Ela pelo visto parecia estar brincando com ele, apenas pelo gosto de entreter seus amigos com o estado embriagado do bruxo ao seu lado.

–E aí cara! Demorou pra chegar. – Gritou um dos rapazes com entusiasmo. Dei de ombros e ocupei um lugar na mesa, as tentativas desajeitadas de meu colega de departamento em beijar a morena faziam a mesa explodir em gargalhadas. Eu também ri muito confesso, David parecia completamente entorpecido, ria como um idiota e fazia bico indo na direção da mulher que apenas virava o rosto diante das investidas.

Em um dado momento a própria morena o beijou, o que levou nossa mesa a calorosos aplausos e gritos, porém logo ela o empurrou e se distanciou com fluidez, como se tivesse se cansado de brincar com o rapaz.

David aturdido tentava recuperar o equilíbrio em vão, antes que eu pudesse prever ele estava no chão, deixando de lado as vaias dos outros caras corri para ajuda-lo. Fiz com que ele se apoiasse em mim e sem pensar duas vezes o levei até meu apartamento. Eu não sei o que o fizera chegar a esse estado, ele me parecia ser um cara bastante centrado. Só sei que se eu estivesse bêbado assim gostaria que alguém também me tirasse do meio da confusão.

Enquanto arrastava um David aturdido e meio adormecido até um ponto de aparatação me lembrei de uma das vezes em que tinha bebido além da conta, e considerando que sou James Sirius Potter foram realmente muitas vezes.

“Eu estava em um bar, já meio adormecido em cima do balcão quando senti uma mão de dedos finos e compridos sacudir meu ombro nada gentilmente. Tinha bebido porque novamente ela havia negado sair comigo. E agora ela estava ali. Eram suas férias de verão, seria seu último ano em Hogwarts, era um sábado à noite e ela estava ali.

– Acorda Potter que eu tenho que levar essa sua bunda bêbada para casa! – Falou ela me fuzilando com seus olhos amarelados, seu cabelo aparentava estar mais volumoso e descabelado ainda. Linda.

– Como você me achou?- Perguntei tentando ficar em pé e quase caindo em cima dela. Não que isso seria algo ruim. Quanto mais próximo eu conseguisse ficar dela melhor.

Ela fechou mais ainda a cara e passou meu braço pelo seu ombro, me arrastando para fora do bar.

– Foi só seguir a fila de piranhas felizes por ter pegado James Potter! – Fungou ela me forçando a apresar o paço.

– Giras...

– Calado Potter, acredite, quanto menos você falar agora comigo, melhor será.

E antes que eu pudesse falar outra coisa ela já tinha me aparatado para casa e me arrastado para o meu quarto.

– Você podia ficar aqui comigo – dei um sorriso meio mole para ela, já deitado em minha cama e em baixo das cobertas, não importava que fosse verão, pelo visto ela queria fazer o trabalho completo.

– Ficou louco? Sua mãe vai me matar se ela me pegar aqui! Ainda mais com você bêbado, ela vai pensar que eu te embebedei para tirar vantagem de você!

Ao ver a cara de apavorada dela eu tive que rir, o que fez ela praticamente voar sobre a minha cama e cobrir a minha boca com a sua mão.

– Shiiiiiii! - fez ela para em seguida se calar ao ver quão próximos estávamos. Ela tirou a mão de minha boca e ficou me encarando como se eu fosse o mais fascinante objeto de estudo.

– Por que você fez isso James? Para que beber tanto? – Sussurrou ela ainda muito próxima para que eu fosse capaz de raciocinar com eficiência.

– Porque você não me quer – Respondi a verdade, me sentindo miserável, não me importava quantas garotas me queriam e ficavam comigo. Só me importava ela.

Ela fungou e sentou na cama ao meu lado, me olhando de uma maneira triste.

– James, beber não vai resolver os seus problemas, só vai piorá-los.

– Eu sei.

– Então não beba mais desse jeito. Até porque se você o fizer pode ser que eu não esteja sempre ai para salvar a sua pele.

– Do que você está falando?

– Nada, amanhã você provavelmente nem vai se lembrar de nada disso. Agora durma James.

Ela se levantou para ir até a porta. Eu segurei a sua mão.

– Fique mais um pouco – Quando ela fez uma careta de duvida apelei para a minha cara de coitado arregalando meus olhos azuis, ela nunca resistia. – Por favor, Sara.

E ela ficou, foi a primeira vez que eu dormi com ela ao meu lado, e não seria a última em que eu acordaria para ver que ela já tinha partido.”

– Nunca está bom que chega...- Resmungou David me tirando de meus devaneios com Sara, o cara quase caiu no chão, o que resultaria em um tombo feio pra nós dois.

Olhei para a sua forma embriagada e cheguei à conclusão de que amanhã falaria com ele. Como sempre meu Girassol estava certa, beber não vai resolver seus problemas.

Nesse instante David se curvou sobre meus sapatos e antes que eu pudesse virá-lo para outro lado vomitou em cima deles.

Suspirei, ótimo. Mude a frase anterior. Beber vai te trazer mais problemas.

Flashback off

Já era um pouco tarde e a academia estava praticamente vazia, a maioria das alunas já deviam estar aproveitando o dia de folga, torci para que Lily não fosse uma dessas. Nem sequer pensara na possibilidade de chegar ao seu quarto e encontra-lo vazio. Subi as escadas desviando de uma oriental que parecia estar sonhando acordada tamanha sua distração, finalmente cheguei à porta do final do corredor. Sem saber como agir, bati na porta esperando que minha irmã viesse abrir.

–Já mandei cair fora Potter! – Gritou uma voz raivosa e chorosa que eu reconheci como pertencente à Lana Prescott.

Ah ótimo, Lana e minha irmã deviam ter tentado se matar mais uma vez, eu realmente sabia que deixar as duas no mesmo quarto não daria em boa coisa.

–Ah, é o Potter! Mas não tenho certeza se já me mandou cair fora. – Gritei de volta, afinal a melhor forma de achar minha irmã mais nova seria falando com ela. Após algum tempo de silêncio ouvi o som da porta sendo destrancada e então finalmente aberta. Lá estava Lana Prescott com os olhos inchados e os cabelos loiros geralmente deslumbrantes presos de um modo bagunçado.

–Lílian disse que ninguém viria vê-la hoje. – Disse a menina sem um pingo de simpatia cruzando os braços. Hoje, eu notei, ela usava uma blusa.

–Decidi de última hora, será que pode me dizer onde minha irmã está? – Perguntei tentando ignorar a falta de educação de Lana.

–Em Paris Potter, sua irmã está em Paris. – Respondeu ela sorrindo de um modo falso. Ela estava me irritando. Acho que começava a entender melhor a Lily e a sua campanha, “meu mundo seria melhor sem a constante presença de Lana Prescott”.

–Uau que informação relevante. – Falei passando por ela e entrando no quarto que dividia com minha irmã. Na parede de Lily tinha um mural de fotos, eu aparecia em várias delas. Sara aparecia em quase todas. Seus olhos, mesmo através de fotos pareciam me prender no mesmo lugar.

–Obviamente ela saiu Potter. – Disse Lana fechando a porta atrás de si e se sentando na ponta da cama próxima a janela.

–Como assim saiu? – Pedi ficando levemente preocupado encarando a loira e me perdendo ligeiramente nos olhos azuis e redondos como os do irmão David. Percebi um estranho brilho de malícia passar por seus olhos, um brilho quase travesso que sumiu tão rapidamente que me perguntei se não estava imaginando coisas.

–Ela foi as compras com a oriental Hiroko, são super amigas agora. – Explicou ela soltando os cabelos e arrumando-o com as mãos.

–Será que eu posso esperá-la? – Indaguei.

–NÃO! – Respondeu ela rapidamente me fazendo erguer uma sobrancelha. – Não, James sua irmã com certeza vai voltar bem tarde e horários de visitas já vai ter terminado. – Emendou Lana Prescott sem me convencer, era como se ela estivesse encobrindo a Lily. E deixe-me dizer, para uma sonserina Lana mentia muito mal.

–Ok, então acho que eu vou voltar pra Londres. – Disse sem outra opção viável, Paris era enorme, não era como em Hogwarts onde tudo que eu tinha que fazer era pegar o mapa do maroto e descobrir o que meus irmãos estavam aprontando. Não que normalmente eu passasse meu tempo procurando por eles no mapa. Primeiro porque eu realmente não me importava muito com que Alvo estava fazendo, e bem, Lily normalmente andava com a pessoa que eu estava procurando no mapa, então não era como se realmente eu precisasse procurá-la muito.

–Acho que é a opção que lhe resta. – Concluiu a Prescott mais nova sorrindo pra mim.

Já ia saindo do quarto quando a moça me chamou.

–Espera Potter. O que acha de me acompanhar por Paris hoje? – Convidou ela com um sorriso travesso.

–Te acompanhar por Paris Lana?

–Na verdade você podia usar esses músculos para o bem e carregar algumas sacolas... – Falou ela agora sorrindo de um modo malicioso que me fez gelar a espinha. Na hora me lembrei daquele velho dizer, quem com fogo brinca acaba sendo queimado, ou algo do gênero, o importante é que uma súbita vontade de ser queimado me invadiu.

–Será um prazer Lana Prescott. – Respondi sorrindo e esquecendo temporariamente da confusão de Lílian, da investigação que ficara pela metade e principalmente de Sara Hale.


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Notas finais do capítulo

NB/ Oie! Gente que saudades!
Povo não matem a beta, mas eu assumo que dessa vez a culpa da demora na postagem foi minha. Mas prova a cada duas semanas não é para qualquer um, 4 provas por mês e mais um trabalho gigantesco, mas ei eu cheguei ao fim do mês viva e não matei ninguém ainda então vamos ficar felizes!
Certo, super capítulo que quando li quase me deu uma úlcera, James e Lana ÓDIO MORTAL!!!!!!! ARGGGGSSSSSS
Ok, inspira expira e a esta tudo certo. Na verdade não.
David Prescott finalmente apareceu, apenas para que eu quisesse pegar uma térmica de café fervente e derrubar em suas calças. Mas pois é Lily, realmente a verdade nua e crua é muito dura, não existem príncipes encantados.
Mas já são meia noite aqui e eu ainda tenho que mandar o capítulo para a minha gêmea.
COMENTEM E NÃO BRIGUEM COMIGO
Batgirl na escuta (uma das cantadas mais estranhas que já ouvi na minha vida, nem queiram saber)
Bjs da beta,
Milady Black

NA/ Ah Melin que sono, que preguiça que ódio do Nyah fora do ar por esse tempo todo. Então dessa vez minhas amorinhas, a culpa não é minha somente pelo atraso do capítulo. É da batgirl ali em cima, (nem perguntem, a história é ridícula) e também do Nyah em reforma. Enfim, David apareceu!!!!!!!UHU!
O que foi? Vocês querem me matar? Não gostaram da forma como ele agiu? Espera estou ouvindo direito e vocês querem me matar por unir Lana e James?? Para gente!! O que é uma fic sem algumas intrigas e leitores tendo úlceras?
Sim, eu estou rindo tipo a madrasta da Branca de Neve aqui, mas não se esqueçam tenho tudo planejadinho nada aí é viagem minha, no final as coisas vão se encaixar. Ou eu espero que se encaixem.
Por fim, comentem muito, façam a campanha de sempre pra Milady responder os reviews e FAVORITEM! Sério é muito importante que façam isso!
Beijocas com sabor de vodka e suco de pêssego. (não perguntem)
Loreline Potter



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