— Ei, eu posso sentar aqui com você? — perguntou a loirinha.

Ela usava um vestido branco delicado e uma tiara preta na cabeça, prendendo seus curtos cabelos dourados, que brilhavam à luz do sol. Seus olhos cor de avelã se tornavam verdes sob o céu aberto de verão, e o sorriso lindo em seus lábios vermelhos se movia graciosamente enquanto fazia aquela pergunta.

— Claro — respondeu a morena.

Apesar de não ter muitos amigos, a baixinha não se deixava abalar. Tinha sempre um sorriso no rosto, e muitas palavras a dizer. Quem a conhecia pela primeira vez, podia chegar a pensar que ela talvez fosse hiper ativa ou algo assim. Mas ela era uma garota simplesmente adorável, e era impossível dizer não àqueles olhinhos castanhos pidões, que quando queriam uma coisa, insistiam até conseguir. Seus cabelos castanhos lisos pendiam soltos apoiados em seus ombros magros. Ela usava um vestido azul, com uma faixa vermelha na cintura e uma na cabeça, e sapatos vermelhos que a faziam se parecer com a Doroty de Oz.

— Meu nome é Rachel Berry, futura estrela da Broadway, e você? — ela disse tudo isso muito rápido.

— Quinn — a menina respondeu, um pouco assustada com a maneira como a outra se auto-intitulava — Estrela do quê? — perguntou, torcendo um pouco o fino nariz, confusa.

— Broadway. B-R-O-A-D-way. É um lugar onde as pessoas cantam. Você vai me ver algum dia, certo?

— Vou — ela respondeu — Se meus pais deixarem...

— Eles vão, sim. Pais amam canto. Pelo menos os meus, sim. Papai adora os musicais mais clássicos, e o papai gosta mais dos mais novos, aqueles com rock — ela explicou.

— Espera, você tem dois pais?

Rachel assentiu, com um "u-hum".

— Como pode? Pais não podem ter bebês. E sua mãe?

— Não tenho. Eles disseram que uma cegonha me trouxe.

— Cegonha?

— É, um pássaro bem grande e forte que traz bebês.

— Então ela voa? — perguntou Quinn, se deitando sobre a grama, com as mãozinhas cruzadas sobre a barriga.

— Acho que sim — ela respondeu, fazendo o mesmo — Nunca vi uma.

— Ela te trouxe de dia ou de noite?

— Porquê você quer saber? — perguntou Rachel, se apoiando sobre o braço direito.

— Porque se você ela te trouxe do céu de noite talvez você seja mesmo uma estrela — Quinn explicou, fazendo Rachel sorrir — Ou um anjo.

— Na minha religião, não acreditamos em anjos — ela deu de ombros — Eu fico com a estrela mesmo — sorriu.

— Isso é uma pena — ela disse, ainda olhando para o céu, se perguntando se algum dia encontraria seu anjo — Todos nós temos um anjo. Quando o encontramos, somos felizes para sempre. É uma pena você não acreditar neles, eu quero mesmo te ver feliz.

Rachel ficou em silêncio por um tempo.

— Como você sabe se achou seu anjo?

Quinn deu de ombros.

— Acho que é pelo amor que se sente por ele — ela disse.

— E como se mede o amor? — Rachel perguntou, se sentando sobre os tornozelos.

— Não sei — Quinn respondeu — Você já beijou alguém?

— Já! — ela respondeu, sorridente — Meus pais, minhas tias, a professora, meu...

— Não — ela riu — Você já beijou a boca de alguém?

— Ah — ela corou um pouco e desceu o olhar para o chão — Nunca.

— Talvez seja assim que se mede o amor. Papai e mamãe sempre dizem "eu te amo" e depois se beijam.

— Você acha — a morena começou, olhando para a grama — que eu posso ser seu anjo?

— Talvez. Se você veio do céu, acho que pode ser o anjo de qualquer um — ela pensou — Quer tentar descobrir?

Rachel fez um tímido sim com a cabeça, e Quinn foi se aproximando da boquinha vermelha cercada de pele morena. Seus lábios se tocaram e ela sabia.

— Seja meu anjo?