Durma...

Observo teu rosto tão tranquilo

Seus olhos suavemente cerrados

Seus lábios arroxeados

A cabeça delicadamente pousada em um travesseiro de penas

Encoberto com um macio e rubro veludo

Rubros e macios...

Assim eram teus lábios

E quando eu os tocava

O doce e quente veneno

Que por dentro me corroia

De sua boca escorria

Ó, doce e quente veneno

Enchia meus lábios de sabor

Como um vinho

Me embriagava com seu amor

Um amor tão tênue e solene

Que agora padece dentro de mim

Um amor que adormeceu contigo

E que jamais será esquecido

Durma, meu amor

Embalado pelo som do vento que chama por ti

Que as almas perdidas

Lhe abracem e cuidem para que não chore mais

Durma, meu amor

Que eu estou aqui ao seu lado

Acariciando seu rosto tão frio

Um modelo da mais pura beleza

Agora um semblante vazio

Adormeça tranquilo na escuridão

Enquanto ainda seguro tua mão

Durma, meu anjo

Durma, coração

Esta noite jamais terá fim

Durma até que tua beleza se acabe

Seu sangue seque de suas veias

E sua carne apodreça

Ainda sim eu estarei aqui

Alimentando minha ilusão

De que um dia você possa retornar

Despertar de seu brando sono

Apenas para me abraçar

E me fazer dormir junto a ti