Eu estava deitada na minha cama, sem muito que fazer. Santana havia passado o dia treinando com os irmãos e eu havia passado o mesmo sozinha. Às vezes podia ser bem irritante ser a única filha de Poseidon. Um irmão para conversar me faria bem agora.

Mas... Fazer o que. Deitei de lado na minha cama e enfiei o rosto no travesseiro. Decidi deixar o sono me dominar e fechei os olhos. Segundos depois, senti um peso na minha cama e mordidinhas no meu pescoço. Abri um sorriso largo e me virei de frente, encarando os olhos escuros da minha morena.

- Sentiu minha falta, Cabeça de Alga? – ela perguntou mordiscando meu queixo.

- Nem imagina o quanto, Sabidinha. – respondi abraçando-a.

Ficamos deitadas abraçadas por um tempo. San estava mais linda do que o normal, com seus cabelos negros normalmente presos em um rabo de cavalo completamente soltos. Afaguei as mechas morenas e arranquei-lhe um selinho antes de levantarmos. Caminhamos de mãos dadas pelo acampamento, já não recebendo tantos olhares desacostumados como nos primeiros dias. As regras de dois campistas não poderem ficar sozinhos no mesmo quarto foram repetidas, mas nós a ignorávamos veementemente. Assim como faziam todas as pessoas que nos viam sozinhas no quarto.

Corremos juntas em direção a Finn e Sugar. Mesmo as pessoas do acampamento já tendo se acostumado ao fato de eu ser filha de um dos três grandes, ainda tinham certo receio sobre se aproximarem de mim e Santana. Não tínhamos muitos amigos, alguns poucos se aventuraram a desfrutar de nossa companhia.

Sentamos à mesa de Poseidon, como nos velhos tempos, e ficamos conversando. A diferença das últimas vezes que fizemos isso, é que agora volta e meia Santana se inclinava para beijar meus lábios quando o silêncio vinha à tona. A diferença é que estava melhor.

Quando as pessoas começaram a chegar, San saiu da minha mesa. Na verdade ela nem poderia ficar comigo ali, mas eis outra das regras que tínhamos a capacidade de ignorar. Quando todos chegaram, o jantar fora servido e fizemos aquela coisa de dar a comida para os deuses. Faça-me o favor, eles moram em uma cidade de ouro! Devem ter dinheiro para a comida, por que eles não a ofereciam para nós?

Depois do jantar, nos juntamos ao redor da fogueira. San sentou ao meu lado e Finn no outro. Cantamos, dançamos e assamos marshmallows no fogo. Era uma das minhas partes preferidas do dia.

Na hora de voltarmos para os chalés, dei a mão para Santana e saímos juntas para o meu quarto. Como disse, ignorando as regras. Deitamos de frente uma para a outra e ela ficou acariciando meus cabelos. Fechei os olhos e fiquei apreciando seu toque.

- Britt, já decidiu se vai ficar? – ela perguntou.

- Não sei, San. Tenho um problema só em ir. – respondi.

- E qual é? Quer dizer, não pode ser sua mãe, já que ela fez um bom uso da cabeça da medusa e está estudando agora. Ficou ótima a escultura, pelo visto. “Os jogadores de pôquer”. – San disse rindo.

- É verdade. – ri também. – Mas não é isso.

- Então o que é? – ela perguntou.

- Eu não quero ficar longe de você. – respondi.

Santana sorriu e deitou em meu peito. Abracei seu corpo magro com força sobre o meu e nos beijamos mais uma vez.

- Daqui a alguns dias é seu aniversário. – ela comentou.

- É verdade. Eu queria passar com você... Assim como passamos o seu, Sanny! – disse arrancando-lhe um sorriso. – Venha comigo. Fique uns dias lá em casa. Minha mãe não vai se importar. Por favor, Santy! Eu quero ficar com vocês duas no meu aniversário!

A latina sorriu com o meu pedido e beijou meus lábios. Mordi seu queixo e ela beijou a ponta do meu nariz.

- Tudo bem. Então nós vamos. Mas depois terei que voltar Britt. Sabe disso, certo? – ela perguntou.

Assenti. Sabia que não podíamos ficar tanto tempo juntas. Nosso cheiro atraía muitos monstros quando passávamos tempo demais juntas. E isso era uma droga.

- Contanto que você venha me visitar... – retruquei suas palavras.

A latina sorriu e me beijou. Contanto que estivéssemos juntas, tudo ficaria bem. Eu sabia que ficaria.