But... I Love You escrita por Gisa


Capítulo 10
Capítulo 10 - Revelações




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Eu não achei que iria sentir tanto frio na barriga indo falar com Ronald novamente. Depois daquele dia – em que eu fiquei depois da aula para a aula de revisão – eu até que consegui conversar com Ronald sem tremer ou gaguejar. Bom, pelo menos não muito. Mas... Enquanto eu andava até ele, senti meu coração acelerar, minhas pernas fraquejarem fazendo com que cada passo se tornasse cada vez mais difícil de dar. O suor das minhas mãos insistia em não cessar. E quando ele virou de frente para mim, se despediu dos amigos e começou a andar na minha direção... Eu nem sei o que senti.

A vontade que eu tinha era de dar meia volta e sair correndo sem olhar para trás. Eu estava relevando essa opção, até me lembrar de que tinha que fazer isso. Pela Taty.

Por fim, nos encontramos. Me concentrei em controlar minha respiração e disse:

– ... Oi, Ronald.

– Ei, Melody. Como vai? – Ele agia naturalmente, descontraído como sempre.

– Vou bem, obrigada. Olha... Preciso conversar com você.

– Legal. Mas aqui, em frente à escola?

– Eu preferiria um lugar mais calmo... – Falei isso e me arrependi. Parecia até que eu queria tentar... Alguma coisa com ele.

– Ah, claro. Hum... – Ele parecia estar pensando num bom lugar. – Vamos para a pracinha, a Fonte Lilás. Lá é bem calmo. – Ele sorriu.

Não, Ronald! Não sorria assim pra mim! Ah... Era bem mais difícil do que eu pensava. Mas eu não podia vacilar. Me controlei e disse:

– Ok, vamos para lá.

A pracinha ficava uma rua abaixo da escola, não era longe. Eu gostava de ir lá para estudar. É calma, tem ar fresco. É chamada de Fonte Lilás por causa da sua grande fonte – óbvio, está no nome -, muito admirada por todos que passam, e pelo jardim de lavandas, exuberantemente bonitas durante todo o ano, que encantam a todos também.

O caminho era curto, como eu disse. Andamos até lá em silêncio. Ele parecia não se incomodar com aquilo, mas eu estava sufocada, sem graça. Não olhei para ele durante o percurso todo. Está bem... Eu olhei. E olhei muito. Ele é tão lindo... Seu topete aloirado estava impecável como sempre, e sempre realçando o verde dos seus olhos. Ele estava tão elegante com aquela polo rosa e bermuda jeans... Eu olhava para ele involuntariamente, e só percebia que estava fazendo isso quando estava quase babando. Aí eu me recompunha.

Chegamos na praça em menos de cinco minutos. Passamos pelo arvoredo que ficava ao redor dela e depois pelo canteiro de lavandas, para chegarmos, enfim, ao meio, onde a gloriosa fonte ficava. Sentamos nos bancos que ficavam ao redor da mesma, e Ronald disse:

– Chegamos.

– Pois é...

– Então, sobre o que você quer falar?

– Bom... – Mais uma vez, respirei fundo. – É sobre a minha amiga, Taty Jeane.

Ele estremeceu.

– Ah. Sim. Taty.

– Bom, nós três sabemos o que aconteceu antes de tudo isso. Mas faltam alguns detalhes...

– Eu sei o que você vai dizer. – Ele me interrompeu, com frieza. – Sei que ela sentia o mesmo por mim mas nunca foi capaz de dizer ou expressar...

– Ronald, entenda. – Também o interrompi. – O que ela sentia... E sente, era muito forte para ela saber lidar. Vocês eram jovens e... Algo tão forte começou a tomar conta de vocês de repente... – Minha voz começou a falhar, e percebi que não estava falando deles, e sim de mim mesma. Me concentrei rapidamente e continuei – Ela fez de tudo para não expressar o que sentia por medo do que poderia acontecer. Ela não queria sair machucada, muito menos te machucar...

– ... Nossa, como deu certo. – Suspirou, ironicamente. Ele não disse isso de maneira bruta, foi mais como um desabafo.

– Ela resolveu esperar, Ronald. Esperar até o momento em que ela soubesse, mais ou menos, lidar com aquele sentimento. Ela achou que você também esperaria...

Ele sorriu, indignado.

– Taty nunca disse que sentia algo assim. Sempre me rejeitou, sempre. Se ela ao menos tivesse falado alguma coisa, eu poderia ter esperado.

Ele estava certo. Eu não sabia o que dizer. Quando abri a boca para falar alguma coisa, ele continuou:

– Por favor, não diga que é porque ela não sabia o que fazer. Eu também não sabia. Eu não entendia o que estava sentindo, tudo o que eu queria era estar perto dela. Mas me contive, e muito. – Dessa vez, quem respirou fundo foi ele. – Olha, Melody. Eu ia esperar, mesmo assim. Mesmo sendo, supostamente, não correspondido, eu estava esperando por ela. Só que nós não mandamos nos nossos sentimentos. Ela sabe muito bem disso, até porque ela não queria estar sentindo aquilo. Ela renegava o amor que sentia por mim. E isso é mais doloroso ainda. Se ela tivesse me rejeitado por não sentir nada, seria muito melhor.

– Eu...

– Sabe, no fundo eu sabia que ela sentia alguma coisa. E isso sempre me deu esperanças para esperar. E esperei por muito tempo, até... Até o ginasial. Mas como eu disse... Nós não temos autoridade sobre o coração. Ele decide essas coisas. – Ele fez uma pausa. – Quando ela veio falar comigo, Melody, eu estava apaixonado por outra garota.

– Sim, eu sei disso.

Ele olhou para mim. Quando ele fez isso, percebi que, o tempo todo, nós estávamos olhando para o chão, e não um para o outro. Continuei olhando para o chão, mas conseguia ver pelo canto do olho o seu rosto me encarando.

– Mas o que você não sabe – Ele puxou o meu rosto carinhosamente pelo queixo, fazendo-me olhar, bem de perto, para ele. –, é que essa garota era você.

... Eu?

Eu congelei. Não consegui me mover, falar, nem ao menos respirar. Eu não conseguia nem pensar. Senti meu sangue parando de circular, e percebi que nem piscando eu estava. Eu tinha morrido por alguns segundos. Eu não conseguia entender aquilo. Engolir aquelas palavras era impossível para mim naquele momento. Ronald deixou de amar a Taty... Porque se apaixonou por mim? Meu Deus, eu... Eu... Não...

Se eu continuasse assim, ia desmaiar. Só que eu simplesmente não conseguia fazer alguma coisa, qualquer que fosse.

– ... Ronald, eu...

– O que você sentia por mim naquela época? Eu sei que sentia algo, eu percebi. – Ele deu um sorriso frágil.

Ele percebeu. Ele realmente havia me notado. Naquela época, era o que eu queria... Mas agora me sinto tão... Indiscreta.

Ronald tinha feito uma pergunta. Mas qual a resposta? O que eu sentia por ele? O que eu sinto por ele? Eu o amo? Eu não sei...

– ... Assim como a Taty... Eu era nova e não sabia o que estava sentindo...

– Então você sentia o mesmo que ela? – Ele não estava sorrindo, mas sua voz... Sua voz estava contente.

– Eu não disse iss... – Parei no meio da frase. – Bem, talvez eu sentisse.

– ... Entendo. – Ele sorriu, mas dessa vez, foi sem querer. O os olhos dele estavam diferentes, pareciam brilhar...

– Mas e agora, Ronald? O que você sente?

Ele parou por alguns segundos para pensar.

– Sinceramente, eu não sei. Acho que eu ainda gostava da Taty, mas ela tinha me rejeitado tanto, e depois veio arrependida querendo algo que tanto desprezou. Por isso briguei com ela. Mas eu não estava magoado com ela antes dela se declarar. Porque não tinha certeza do que ela sentia por mim. Só tive certeza quando ela me disse.

– E agora, Ronald? – Repeti.

– E agora, Melody?

Eu já estava totalmente vermelha, mas se desse para corar ainda mais, eu coraria quando ele disse aquilo.

– Bom... Taty ainda sente o que sempre sentiu.

– Eu sei. Mas e você, Melody? O que sente? – Ele me olhava ansioso, louco pela resposta.

– ... Também. Sinto a mesma coisa que sempre senti. – Virei o rosto para o lado oposto, fazendo com que ele soltasse meu queixo.

Ele sorriu. O silêncio tomou conta da praça por um breve intervalo.

– Eu não consigo falar com a Taty depois de tudo o que disse no ginasial. Me sinto horrível. Só que eu quero muito falar com ela...

– Prometi para ela que a ajudaria, sabe. – Abaixei a cabeça. – E vim aqui para isso.

– Entendo. – Mais uma vez, silêncio. (Maldito silêncio!) – Sabe, eu realmente não sei o que fazer. Cheguei a espionar algumas conversas de vocês, para saber o que vocês sentiam e, talvez, entender o que eu sinto. Eu sabia que vocês ainda sentiam algo, e deixavam nítido isso. Só queria ter certeza.

– O que? – O que? – Como nos espionou? Nem sempre estava perto da gente!

– Mas meus amigos estavam. E celulares existem, sabe? – Ele riu.

Agora que eu parei para pensar nisso... Aquele garoto que esbarrou em mim noutro dia... Ah, não pode ser. Ele derrubou algo, e era o celular dele! Ronald estava mexendo no celular, e rindo... Naquele dia eu pensei ser uma risada maligna ou algo do tipo, mas no fim foi um riso nervoso.

– Ronald. – O encarei, decepcionada.

– Eu sei, eu sei, isso é feio. É errado. É invasão e tudo mais. Sinto muito, eu não consegui me conter. Não faço mais.

– Tudo bem. – Suspirei – Bom... Preciso ir. Minha mãe deve estar preocupada.

– Ok.

– Até amanhã, Ronald. – Comecei a levantar, mas ele pegou minha mão.

– Melody.

– ... O que?

– ... Nada. – Ele soltou a minha mão e olhou para o lado, pensativo. – ... Até mais, Mel.


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