Eu tinha ligado para ele fazia quase duas horas, o mecânico quase estava acabando o concerto e pelo que eu soube, não seria nada barato. 
Comecei a bater os pés impacientemente. 
- Garota, eu já acabei. - ele disse limpando a mão com um pano tão seboso quanto a roupa dele.
- Calma! - eu disse irritada, o homem deu de ombros e entrou, logo eu vi um carro muito luxuoso parando na frente do mecânico e estranhei quando o vi saindo de lá, ele estava vestindo aquela mesma calça rasgada só que limpa, uma blusa preta que com certeza era maior que ele e um chapéu preto pra esconder o cabelo desgrenhado. 
Ah, e eu não podia deixar de fixar aqui, ele tinha uma tatuagem que ia do ombro até Deus sabe onde. 
- Demorei, mas cheguei. - ele disse sorrindo. 
- Faz duas horas! - eu andei até ele. 
- Eu sei, desculpa. É o transito. - ele sorriu como uma criança quando quando fazia besteira. 
- Só paga e cai fora. - eu disse irritada. 
- Eu tenho compromisso também, então não fode garota. - ele esbarrou em mim e foi até o mecânico apertando a mão do mesmo, pareciam velhos amigos, ele tirou a carteira do bolso e deu um cartão pro cara passar, fiquei o encarando, logo ele saiu de lá. - prontinho, teu carro ta pago. - ele abriu a porta do meu carro. 
- Idiota! - eu cerrei os olhos pra ele e bati na sua mão. 
- Meu nome é Antony Melo Siqueira de Albuquerque. - ele esticou a mão, o encarei. 
- Siqueira de Albuquerque? - perguntei cerrando meus olhos. 
- É. - ele sorriu. - porque, te lembra algo? 
- Você é o meu garoto problema. - sussurrei. 
- Hãn? - ele perguntou confuso. 
- Sou Ana Schultz, sua nova assistente social. - apertei sua mão. 
- Não brinca. - ele disse agora sorrindo largo, então pude perceber, por trás de toda aquela rebeldia, aquele cabelo feio e aquele cheiro de cigarro, tinha um garoto normal, ou pelo menos eu tentaria fazer dele um. 
- Considere dez pontos negativos. - puxei minha mão. - te encontro na ONG em meia hora. - eu disse entrando no carro. 
- Não sou pontual. - ele gritou acenando.