A Dança Das Sombras escrita por Kirol Benson


Capítulo 1
Cara a Cara com o Mal


Notas iniciais do capítulo

Bom galera, eu pretendia acrescentar a história a categoria Hannibal, afinal ela se passa alguns meses depois do último encontro de Clarice com o doutor, mas infelizmente, a categoria ainda não foi adicionada.Daí, como sou apressada e estava louca para publicar a história, resolvi postá-la na categoria O Silêncio dos Inocentes, o que não muda em nada, porque eu faço algumas referencias ao filme. Espero que curtam!!
Ps.: Eu adoro a Jodie Foster, mas a minha predileta é a Julianne Moore, então quando lerem, tentem pensar nela..Beijos.



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Eu não sei dizer se o mal nasce conosco ou se simplesmente, aprendemos a ser maus com o passar do tempo, a única coisa que sei é que quando passei a mão no meu ventre quase arredondado, tive medo de está carregando o mal dentro de mim. Nunca imaginei que o doutor Lecter fosse capaz de levar a fundo a sua atração quase doentia por mim. Mas quando comecei a sentir os sintomas e procurei o médico e ele me disse as palavras mais inesquecíveis da minha vida: “Você está grávida”, tive a plena certeza de que não se tratava apenas de uma admiração a distancia.Agora eu estava carregando uma parte  dele dentro de mim, um pedaço de um homem que eu desprezo e admiro na mesma profundidade.Me vi diante de um impasse, teria eu o direito de dá fim a vida desse inocente que crescia dentro de mim!? Teria eu a coragem de fazer isso!? Eu seria capaz de criar um filho de Hannibal Lecter, sem que eu visse nele o seu pai!?Essas perguntas passaram pela minha cabeça enquanto eu saia do hospital em direção a minha casa.Eu tinha a sensação de está carregando um peso dentro de mim, tão grande, que nem eu era capaz de aguentar.Com tantas mulheres na face da terra, porque eu fui escolhida para carregar essa criança!? A resposta parecia obvia, mas não para mim.Liguei o carro,comecei a guiá-lo em direção a minha casa, no caminho fui relembrando os momentos que passei ao lado de Hannibal, desde do primeiro dia em que o vi, até o último minuto que passamos juntos.Será que o que sinto por ele não é apenas uma admiração, mas sim um desejo tão doentio quanto o dele por mim!? Será que eu compartilho com ele, além dessa criança, algum tipo de sentimento!? Não, não poderia amar alguém que mata tão friamente.Não seria racional da minha parte amar o doutor Lecter, mas quem disse que o amor é algo racional!?Cheguei em casa, não me restava mais nada a fazer, a não ser esperar pelos próximos 6 meses de gestação.Quando entrei e parei em frente ao espelho, no silêncio do meu quarto, no primeiro andar.Levantei a blusa que usava e me vi alisando a minha barriga.Sempre quis ter um filho, mas não nessas circunstancias, queria ter um bom homem ao meu lado, que pudesse me proteger e me amar e cuidar do nosso filho.O Dr. Hannibal Lecter era o oposto do homem que eu imaginava, além disso, eu não o amava.O que seria dessa pobre criança!? Como eu diria para ela que seu pai era um assassino!?Imaginava toda a situação enquanto acariciava meu ventre. Me deitei na cama e fechei os olhos, ainda tentava pensar que tudo não passava de um pesadelo, ledo engano, tudo era muito real, tão real, que chegava a assustar. Me mantive na posição em que me deitei, acabei por pegar no sono, me deixei ser vencida pelo cansaço. Não sei por quanto tempo eu dormi, apenas me lembro de ter acordado com a brisa leve do vento batendo em meus cabelos, mas de onde vinha, se eu havia fechado a janela!?Me levantei um tanto assustada, minha primeira reação foi pegar minha arma na gaveta da cômoda, mas alguém, cujo rosto eu não pude ver de pronto, me segurou pelo braço.Sua respiração estava bem próxima ao meu ouvido, naquele momento senti a morte muito perto.

-Como vai Clarice!?-Ele sussurrou junto ao meu ouvido, um arrepio assombroso tomou conta do meu corpo.Então era ele! Mas o que fazia em minha casa, e como entrou!?

-Doutor Lecter!O que faz aqui!?-Sua mão ainda segurava o meu pulso, ele aproximou seu corpo do meu, apertando-me contra ele, impedindo-me de ver o seu rosto.

-Oras, Clarice!Vim visitá-los!Ou achava que eu iria continuar longe sabendo que vocês precisam de mim.!?

-Do que está falando!? Só estamos eu e o senhor aqui!-Comecei a ofegar, tive medo de não conseguir manter-me de pé.

-Tem certeza Clarice!?Pobre do nosso querido filho, ou filha, você acabou de chamá-lo de ninguém!

-Me solte Lecter!-Comecei a me debater, sua mão apertava cada vez mais fortemente meu pulso.

-Farei isso Clarice, mas só se me prometer que vai ser uma boa menina!Promete Clarice!?

-Prometo...-Sussurrei em desespero, ouvir aquela voz falando tão perto do meu ouvido era assustador.

-Ótimo!

Quando ele me soltou, eu tentei alcançar a arma na gaveta, mas ele me impediu novamente, dessa vez me lançando sobre a cama.

-Você prometeu Clarice!-Ele me amarrou na cabeceira da cama, deixando apenas uma das minhas mãos livre.-Não gostaria de fazer isso, mas é preciso!

-O que quer de mim, Lecter!?

-Essa é uma pergunta um pouco ingênua, minha cara! Você sabe muito bem o que quero!-Seu sorriso assustador me causava ânsia de vômito.

-Não, eu não sei!

-Claro que sabe!Me diga Clarice, o que te assusta mais!? Está face a face com o mal, ou conviver com ele!?-Sua mão pousou sobre o meu ventre, quis impedir, mas ele segurou a minha mão.-Se acalme querida!Nunca faria mal ao meu filho.

-ELE NÃO É SEU FLHO!-Gritei o mais auto que pude, me debati com força, mas ele não parecia se importar.

-Tem razão Clarice, ele não é “Meu filho”, ele é nosso filho.Meu e seu, olha que maravilha Clarice!-Sua mão ainda estava no meu ventre, ele o alisava com uma destreza doentia.-Mas você não me respondeu a pergunta!

-Meu filho não será mal, logo não terei que conviver com o mal!

-Não me referia a nosso filho, querida! Estava me referindo a mim! Você não acha que te deixarei sozinha nessa casa, não é Clarice!?-Seus olhos brilhavam.

-Você não vai ficar aqui! Não vou permitir isso!-Tentei gritar, mas minha voz já estava fraca.

-Você não tem escolha, querida!-Ele se levantou, e quando imaginei que teria uma chance de me soltar, ele voltasse com um sorriso macabro nos lábios. -Nem tente se soltar, mesmo que fuja, vou saber onde está querida!

Ele saiu do quarto, por alguns segundos pensei em fugir, pular a janela ou algo assim, mas me lembrei de que não estava só, eu tinha um ser dentro de mim. Pensei em usar a arma, mas não conseguiria matá-lo, por mais que quisesse fazer isso, algo me impedia.Entrei em  pânico, eu não poderia permitir que ele ficasse, não na minha casa, não na minha vida.Meus pensamentos estavam desorganizados, assim como todo o meu corpo.Tremia tanto, que fiz a corda que ele usou para me prender, balançar.Meu medo não era apenas que ele me matasse, meu medo era que ele machucasse essa pobre criança inocente.Não acreditava nele, suas palavras, por mais sinceras que parecessem, não eram confiáveis.Quando estava prestes a entrar em desespero, ouvi seus passos atrás de mim.

-Voltei Clarice!-Ele colocou uma bandeja repleta de frutas e outras iguarias, sobre a cômoda ao meu lado.-Trouxe um lanche para vocês!

-Não quero comer...-Meus olhos estavam confusos, acuados e medrosos, o que ele parecia perceber, já que me encarava a cada mínimo gesto.

-Mas tem que comer!Está comendo por você e pelo nosso filho...ou filha-Ele começou a servir-me um copo de suco de laranja.-Particularmente,cara Clarice, eu prefiro uma menina, que seja tão linda quanto você!-Ele sorriu para mim enquanto me oferecia o copo cheio.-Beba Clarice!

-JÁ DISSE QUE NÃO QUERO!-Gritei novamente, empurrei o copo e toda bebida caiu sobre ele.

-Tudo bem, se você quer pelo jeito mais difícil.-Ele alcançou um guardanapo na bandeja e limpou-se.-Você é difícil, Clarice.-Ele jogou o guardanapo sobre a cômoda e passou a me encarar.

-O quer de mim, Lecter!?-Minha respiração ofegante não parecia comovê-lo.

-O mesmo que você, o bem estar do nosso filho.

-Não existe “nosso filho”, Lecter...Esse bebê é meu e só meu!

-Pare com isso Clarice, eu e você sabemos que é mentira!-Ele cruzou os braços sobre o peito, curvando-se levemente junto com a cadeira, para trás.-Talvez você não se lembre do que ocorreu aquela noite, enquanto você dormia sob o efeito da morfina.-Ele fechou os olhos parecendo recordar o momento.-Você estava tão linda Clarice, tão linda e doce.Eu te despi, com o respeito devido, é claro!Juro que no começo não tinha a intenção de tocá-la, mas quando vi seus belos seios, não resisti!

-Pare Lecter....Por favor-Minha voz tornou-se alquebrada e fraca

-Como queira...Agora beba o suco, está uma delicia.-Ele me ofereceu outro copo cheio, ao qual eu bebi.-Isso, agora coma algumas frutas e depois descanse.

-Você não vai me soltar!?

-Na hora certa!

Comecei a comer as frutas, ainda um pouco desconfiada, não acreditava que ele iria me soltar, mas também não acreditava que ele fosse me fazer algum mal, não enquanto eu estivesse acordada.

-Viu só Clarice, não doeu nada.

-Solte-me Lecter, por favor! Quero ir ao banheiro.

-Hum, não sei se devo!-Ele arqueou uma sobrancelha tentando ler meus olhos.

-Por favor, preciso muito!-Eu realmente precisava, meu estômago estava revirando, mas também queria ganhar tempo.

-Ok, mas não tente fazer nada de errado!-Ele desatou a corda, levantei-me lentamente e fui me direcionando ao banheiro. Dei três passos, o chão começou a rodar embaixo dos meus pés, apertei os olhos tentando encontrar o plumo, mas tudo estava rodando.-Está tudo bem, Clarice!?-Ele se aproximou, tocou-me os ombros.

-Está, vou ao banheiro!-Tentei caminhar mais uma vez, não consegui...Meu corpo sucumbiu, acabei desmaiada nos braços de Hannibal Lecter.

-Veja só Clarice, mas uma vez tenho você vulnerável e frágil em meus braços, estou começando a achar que você gosta desse jogo.-Hannibal me colocou na cama, passou a mão direita em meus cabelos.-Não se preocupe querida, usei um calmante natural, não fará mal ao nosso bebê!-Ele se sentou na cama e colocou minha cabeça em sua coxa.-Fique aqui, querida! Vou cuidar de vocês....


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