Escolhidos (slenderman) escrita por jellybells


Capítulo 2
Capítulo 2




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Reli a carta cinco vezes, não podia acreditar no que estava lendo. Que demônio é esse que estava perseguindo Emilly? O que era aquilo? Tinha outra folha anexada, um desenho, também de Em. Ela desenhava muito bem, diferente de mim. Era um homem, aparentemente. Sem cabelos, sem olhos, sem rosto. Alto, usava um terno, e de suas costas brotavam tentáculos. Aquilo era apavorante. Era isso que estava perseguindo ela? É isso que a pegou? É isso que agora, estava atrás de mim? Simplesmente não dava para acreditar, era impossível. Mas a essa altura, não duvidava de nada. Peguei a carta, o desenho e o gravador, enfiei de qualquer jeito na mala preta. Saí daquela casa, ainda era dia.  Decidi caminhar até alguma cidadezinha, e de lá chamar um táxi.


Andei muito, sem progresso. Já era noite, não pensava que aquela casa era tão longe da civilização. O que eu faria agora? Fui muito burra de fazer isso mesmo, muito burra mesmo.
 Muito bem Isabela, agora você não tem onde passar a noite, sua melhor amiga está morta, está longe de casa e um monstro está te perseguindo! Eu ainda não conseguia acreditar  que aquilo existia. De algum modo, sabia que tinha algo me perseguindo, vigiando... conseguia sentir, sabia que nenhum lugar era seguro. Será que estava ficando louca? Aquilo era impossível, aquilo não existia. Não, não podia existir.. Mas tinha que manter em segredo a existência dessa coisa, vão achar que eu fiquei louca, me colocar em um manicômio, e lá eu iria morrer com certeza, pois a coisa atravessa paredes, ou sei lá. Não tem outra explicação, já que ele entrou no meu apartamento com o alarme ligado.
Vi uma luz vindo em minha direção, na estrada. Era um carro, graças a Deus. Abanei, pedindo ajuda, com esperanças que não me ignorassem. O carro parou na minha frente, um fusquinha branco.

- Isabela? É você?
Era muito bom pra ser verdade, dentro do carro estava Pedro. O irmão de Emilly.
- Pedro! Oi, me dá uma carona? – Falei, tomada pelo alívio. Ainda bem que era alguém conhecido, se fosse um estranho provavelmente ia me ignorar pensando que eu fosse uma viciada, ou algo do tipo.
- Claro, entra logo! Vai começar a chover. 

Entrei no carro, e como Pedro disse, logo começou a chover.

- O que você esta fazendo aqui? – Perguntei segundos depois que entrei no Fusca. Ele ficou sério de repente, seus olhos mostravam uma mistura de tristeza, preocupação e ele aparentava estar muito confuso.
- Eu... eu não sei. Acordei dentro deste carro, perto daqui. Não lembro de nada do que aconteceu nos últimos dias, sabe. Como você veio parar aqui?

Eu não conseguia falar. Não queria magoar ele, não queria revelar a verdade sobre Em. Eu o conhecia a muito tempo, cabelos negros e cacheados, como os da irmã, óculos retangulares. Eu via Emilly nele, quando ele sorria, aquela mania de enrolar a ponta do cabelo atrás da orelha. Eles poderiam ser confundidos como gêmeos, de tão parecidos. A diferença poderia ser nos olhos, os de Emilly eram de um azul intenso, já os de Pedro eram escuros, como duas bolinhas de gude. Uma lágrima começou a rolar pelo meu rosto, seguida de outra, e mais outra, e logo estava chorando desesperadamente.

-Ei, calma Isa, o que aconteceu? Por que está chorando?

Eu não conseguia parar de chorar, estava acontecendo muita coisa ao mesmo tempo, não conseguia processar nada daquilo. Um assassino estava nos perseguindo, claro que não acreditei que ele era daquele jeito que Emilly o descreveu, mas mesmo assim eu estava muito assustada. E o pior, acho que ele está atrás de mim e de Pedro, não pode ser uma coincidência nós dois termos perdido a memória.

-Olha, tem um Hotel mais adiante, podemos parar e passar a noite ali. Se acalme um pouco, pare de chorar. Lá dentro você me explica o que aconteceu, ok?

Concordei com a cabeça, ainda choramingando.
Entramos no hotel, enquanto Pedro conseguia um quarto para passarmos a noite, sentei em uma poltrona, tentando achar alguma esperança. Bem, pode ser que esse assassino não esteja atrás de nós, mas sei lá eu sentia que algo estava me vigiando. Estou muito confusa. Perdi mais uma pessoa que eu amava, meus pais morreram quando eu era muito pequena, será que aguentaria mais uma perda? E se eu aguentar será que existe esperança? O fato de eu ter acordado naquela casa horrível, o aviso de Em, Pedro não se lembrando de nada também e aparecendo no meio do nada, o que significa tudo isso?
 
-Pronto, aqui está, a chave do nosso quarto. Vamos lá. – Disse Pedro, me trazendo de volta para realidade.
Subimos as escadas, fomos até o segundo andar. Era o quarto 234, caminhamos até ele pelo estreito corredor. Ele encaixou e girou a chave, abrindo o quarto. O quarto era bem arrumado,  duas camas de solteiro separadas por uma mesa de cabeceira com um abajur, colchas e travesseiros brancos, uma TV minúscula, um pequeno guarda roupa e do outro lado do quarto, uma porta que dava provavelmente para o banheiro.  Entramos, eu me sentei em uma das camas, Pedro na outra.

-Ok, agora me conte o que aconteceu.

Hesitei um pouco, antes de começar a falar.

-Bem, eu acordei em uma casa abandonada, com essa mala preta com algumas coisas minhas. Eu também não me lembro de nada que aconteceu, nada mesmo. Mas achei uma gravação, e Em foi sequestrada e... Provavelmente está morta.

Meu coração doeu ao contar a notícia, queria desabar. Comecei a chorar, só ao ver a cara de dor de Pedro. Eu era uma idiota, não poderia ter contado daquele jeito.

-Eu sei disso.

Aquilo me pegou completamente de surpresa. Como assim? Como ele sabia? Será que ele também estava escondendo alguma coisa de mim?

-Eu acordei no carro, com uma carta ao meu lado. Era impressa, não sei quem escreveu. Aqui está.

Peguei sua irmã. Você será o próximo.

Ele continuou:

-Passei o dia todo chorando, minhas lágrimas secaram. E você sabe que eu nunca choro. Ela era minha irmã, eu a amava, e agora ela se foi. E quem a pegou, está atrás de mim.

Então é isso. Aquilo está atrás de nós, por algum motivo qualquer, ninguém sabe o que ele é, agora certamente Emilly está morta e estamos sendo perseguidos. Ótimo.

- Pedro, tem mais uma coisa que preciso te contar. Não pense que eu sou louca ou algo do tipo, ok?  Eu me sinto vigiada, parece que nenhum lugar é seguro. E acho que sei o que está nos perseguindo, mas eu não sei o que é aquela coisa. Emilly descreveu ele através numa carta que achei junto com a gravação, fez um desenho também. E parece que é ele que eu vejo na gravação, mas não tenho certeza. Não me lembro de nada.

Entreguei pra ele a carta, o desenho e gravação. Ele ouviu a gravação atentamente, leu a carta e viu o desenho. Arregalou os olhos.

- É isso que está atrás de nós?

-Você não acha que eu sou louca? - Perguntei, preocupada. Se eu o perdesse também, eu não aguentaria.

- Não acho que você esteja louca. – ele disse sorrindo -  Eu acredito em você, pode contar comigo. Vai ser nós dois, contra esse cara aqui. Vamos até o fim do mundo pra achar e matar esse filho da puta.

Não pude conter um sorriso. Pedro deve ser a única pessoa no mundo que acreditaria em mim. Meu melhor amigo, depois de Em. Agora ela se foi, ele era minha única fonte de alegria. Minha única esperança. Uma luz, no meio de tantas trevas


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Notas finais do capítulo

WEE, a aparição do meu personagem preferido da fic, Pedro! mereço reviews?