You Belong With Me escrita por FreddieMcCurdy


Capítulo 51
E, quando tudo corre bem até demais...


Notas iniciais do capítulo

Não liguem pro nome, eu não gostei muito. DOIS MESES sem atualizar, mas cá estou eu. Gente, não pensem que é porque a fic é "conhecida" que eu demoro pra postar, eu demoro porque passei num vestibulinho, estava focada na Liga dos Betas e a criatividade faltou, então já sabem. EU NÃO IGNORO REVIEWS. Sempre leio, saibam disso. Todos. Todinhos.
Foi essa maldita Carly Shay que me fez travar, sabia? É bom dizer que esse capítulo é decisivo e vem algumas coisas fora do script aí, por isso tive o cuidado de escrevê-lo com calma. Lá vai.



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Só queria que essas lágrimas parassem de cair. É pedir demais?

Desde pequena, esse mesmo problema. Não consigo aceitar uma vingança. Eu faço algo ruim, eles me devolvem na mesma moeda. Mas, por mais errada que eu esteja, o outro sempre será mais errado que eu e ponto final. Minha filosofia de vida.

Os pés tentavam ultrapassar as pernas, magras e descoordenadas, enquanto eu pisava duro. Como no dia em que eu tinha 8 ou 9 anos e vi meu pai escondendo os ovos da Páscoa dentro da geladeira um dia antes da Páscoa: uma decepção misturada desprezo e tristeza. Eu não podia esperar por uma cena daquelas, e muito menos por essa que eu acabara de presenciar.

O bar do Joey estava logo na esquina. Não perdi tempo em puxar uma cadeira e bater na mesa, segurando a respiração para tentar parar de chorar. Pra variar, uns adolescentes com blusa de futebol americano me olharam do outro lado do bar enquanto tentavam impressionar as líderes de torcida que acompanhavam-vos enquanto eles bebiam extremas doses alcoólicas. Eles pararam de dar altas risadas para cochicharem um pouco sobre mim, apontando e se entreolhando com caretas confusas.

Não os culpo. Também estranharia se uma otária de vinte e poucos anos chorasse como retardada num bar em frente a faculdade local. Entendo isso.

Como um súbito, fechei os olhos fortemente e tentei reviver tudo aquilo que se passara em minha mente.

Num momento, estava gritando para Spencer cair fora do banheiro para eu finalmente conseguir tomar banho e sair com David, meu não-tão-macho-assim-namorado. Ok. Tudo bem. Está tudo... bem.

–Spencer! - gritei, batendo na porta três vezes. - Spencer, vai logo!

Ain't no mountain high enoooough!– ele cantava lá do lado de dentro. Isso não podia estar acontecendo. Joguei minha toalha no chão e saí correndo em direção ao meu quarto. Tá, vai ser sem banho mesmo.

Chequei meu reflexo no espelho de novo: jaqueta preta, blusa, calça jeans e lenço servindo como um cachecol. É claro que, nas mãos, não poderia faltar as luvas de lã que meu avô trouxera de Yakima há alguns meses. Segundo o velho, a lã era de um carneiro legítimo e branquinho como neve. Tanto faz, só as coloquei no lugar onde elas já deveriam estar há muito tempo, impedindo meus dedos de congelarem, e saí correndo em direção à porta.

Já fazia alguns dias que eu não saía com meu David. Hoje deveria, de um jeito ou de outro, compensar o tempo perdido. Pra variar, o elevador do Bushwell não estava funcionando. Contudo, eu teria que estar lá no térreo em menos de 12 minutos, o horário combinado com David para que ele pudesse me levar ao parque.

Eu até estranharia o fato de que estou de luvas e nosso encontro, dessa vez, é em um parque. Normalmente, os casais vão até o Kressington Park para admirar os passarinhos, o calor entrando com sua respiração e saindo com os bocejos que o clima quente proporciona a você, e para aproveitar uma soneca na grama aquecida pelo sol. Sim, eu disse “normalmente”. Esse lance não funcionava comigo e com o Dave. Nossa estação do ano favorita para visitarmos os lugares românticos, como aquele que iríamos hoje, era definitivamente o inverno. Sim, Carly Shay é apaixonada pela neve, como a cor do carneiro legítimo que me proporcionara essas quentes luvas. Simplesmente não posso deixar de visitar os grandes pontos da cidade em que a neve se instalava e seu pé até afundava de tão fofinha e gélida que era ali. Claro, umas ruas do centro quase nunca tinham neve acumulada, principalmente agora que é o finzinho dessa época do ano tão perfeita. Preciso confessar que os melhores momentos de minha vida passei com David Cornwell, sentada num banco, bebendo algo quente e com a ponta do nariz gelado roçando em seu pescoço. Mal podia esperar para reviver isso de novo.

Só não sabia que isso nunca mais ia acontecer.

Olhei no relógio. Quase três e quarenta da tarde. Exatamente meia hora depois da hora em que ele tinha marcado comigo. "Bem aí em frente ao Bushwell", disse David no telefone. "Não se preocupe, não vou demorar. Não saia daí sem mim." Respondi um "ok” fino e sem graça e desliguei com barulhinhos de beijos. Agora cadê ele?

Suspirei.

–Não quero reviver esses momentos de novo - murmurei, na mesa de bar.

Por mais que eu tente, não conseguia me lembrar do quê ou quem me distraiu. Toco meu nariz levemente quebrado de novo enquanto repassava os fatos em minha mente.

Só sei que caí de cara na neve no chão, sentindo a portada que alguém me dera por trás.

–Ai, meu Deus! Foi mal!

–Vá para o inferno – resmunguei, a boca cruelmente cheia de neve. Cuspi o gelo e me virei de barriga para cima, vendo Ethan colocar a mão na frente do rosto, cobrindo um sorrisinho ridículo.

–Não foi proposital, eu juro. - estendeu a mão em minha frente, mas fiz questão de me levantar sozinha, mesmo me afundando na neve nas primeiras duas tentativas.

–Tanto faz – chacoalhei minha jaqueta, voltando a olhar para ele. Ethan também usava roupas de frio, logicamente. - Pode continuar seu caminho derrubando todo mundo pela frente.

–Ah, sim. Era exatamente isso que eu ia fazer. Derrubar as tapadas que ficam aí plantadas na calçada esperando um táxi – ele revira os olhos, dando as costas para mim e empurrando a porta, voltando para dentro do Bushwell.

–Fique sabendo o senhor, Ethan Wate, que eu estou aqui esperando o meu namorado. Essa vai ser a nossa tarde especial.

–Há, seu namoradinho? - ele ergueu uma das sobrancelhas com fiapos louros, que brilhavam quando ali soava. - Eu não acho que ele vai vir. Pelo menos, se eu fosse ele, não viria.

–Sem stress hoje, vai, Ethan. Não te xinguei e não quero que você me xingue também. Só volta pra lá e me deixa aqui em paz.

Fazendo cara feia, cruzei os braços e encarei o horizonte lá longe. E, em uma questão de segundos, senti a ponta do nariz de Ethan encostar em minha bochecha, o queixo apoiado no meu ombro esquerdo. As palavras soaram como a brisa de inverno que bagunçava meu cabelo já há alguns minutos, e o vento arrepiava os pelinhos de meu braço.

–Eu não vou te xingar, Carly Shay. Ele está atrasado, não é? - balancei a cabeça que sim, já começando a ficar com raiva de David por ele me fazer esperar tanto tempo. - Certo, certo. Eu posso te ajudar com isso.

–Não quero nenhuma ajud...

–Se você ficasse essa tarde inteirinha comigo, no meu apartamento, nós faríamos uma das minhas receitas favoritas. Pode ser cupcakes recheados, bolo de limão ou até aquela lá... Qual o nome mesmo? Ah, Como Ter Alguém Que Se Importa Com Você. Duas xícaras de carinho, três pacotes de humildade, pelo menos quatro enormes latas de respeito e não esqueça da pequena colher de selvageria. Não se preocupe com os ingredientes, tenho todos bem aqui - Ethan levou minha mão para seu peito, respirando fundo. - Mas não tenho nenhum recipiente de plástico para misturar tudo. Vai precisar achar isso em alguma loja de 1,99 por aí.

Enruguei a testa. Esse cara é louco ou o quê?

–Ethan, do que voc...

Com rapidez, o garoto se desgrudou de mim, pegou um pacote do chão que ele mesmo tinha colocado lá e deu uma piscadela, voltando para o Bushwell. E, antes de pegar o caminho das escadas, me mandou um beijo.

–A receita, Carly. Preocupe-se com a receita. - e subiu de dois em dois degraus.

Respirei fundo, voltando a olhar para frente. Respeito, humildade, carinho... O quê?! Espera: primeiro ele falou do negócio de "como ter alguém que se importa com você" e depois me mandou comprar um pote em uma loja de 1,99. Tá, não tô entendendo nada. Pense na receita, Carly.

Alguma coisa me dizia que aquele papo estranho tinha algum fundamento, e eu não gostaria de saber o porquê se eu já desconfiasse de alguma coisa, disso eu tenho certeza. Foi como se, pelos outros vinte minutos que eu fiquei lá, de pé, esperando David, me fizessem querer saber o motivo da demora e ainda mais curiosa pela charada confusa de Ethan. Estava na cara que ele queria me dizer alguma coisa. O que exatamente foi?

“Se eu fosse ele, não viria.”

“Ele está atrasado, não é? Posso te ajudar com isso.”

“Receita de como ter alguém que se importa com você: respeito, humildade e carinho. Claro, a dose de selvageria. E eu também não tenho nenhum recipiente de plástico para misturar tudo. Vai precisar achar isso em alguma loja de 1,99 por aí.”

Se eu fosse ele, não viria. Ele está atrasado, não é? Loja de 1,99.

Claro.

Puxei a touca da jaqueta para cima, tapando meus cabelos, e comecei a andar com destino à avenida principal, poucas ruas daqui. É claro! David provavelmente não tinha conseguido sair mais cedo daquela desgraça de seu emprego e não poderia vir me encontrar sem ser demitido. Isso explica tudo. E, ainda pra piorar as coisas, Ethan dedurou sua pequena decepção. Pobre David. Deve ter ficado com vergonha de contar toda a verdade para mim e resolveu me dar um perdido. Pelo menos, nesse quesito, Ethan não é tão idiota o quanto eu achava que ele era. Ótimo.

Com meus passos tão largos, logo cheguei na tal loja. Nada muito grande ou extravagante, só algumas bugigangas que sempre estiveram aqui desde o ano em que a loja foi aberta. Abri a porta de vidro devagarzinho para não ter algum problema, mas logo vi que seu posto no caixa estava completamente vazio.

–Dave? – chamei, baixo, apenas sussurrando. Não houve resposta. – David, você está aí?

Nada foi dito. Dei uma andada pela sala, procurando por meu fofinho, mas ele não estava em absolutamente lugar nenhum. Até tirei as coisas que sempre ficavam em cima do balcão e deixei tudo em cima de uma prateleira alta para que não haja perigo de ninguém entrar lá na loja e querer levar alguma coisa. Passei pelo balcão, pelos chapéus e os óculos piratas, mas um barulho estranho me chamou a atenção.

Virei rapidamente, vendo uma luz verde acender e apagar, continuamente. Cheguei mais perto, percebendo logo que aquilo era uma copiadora que alguém tinha definitivamente deixado ligada. Tratei de tirar aquele fio da tomada e coloquei o que estava contido dentro da copiadora – uma folha sulfite com algumas fotos – em cima do balcão. Já tinham quase umas duzentas cópias no mínimo ali, que foram tiradas sem parar. Por que diabos David não desligou a máquina?

–David? – chamei de novo, indo ao fundo.

Já tinha visitado aquele lugar antes, nada de mais. Uma cozinha à direita, dois banheiros masculino e feminino à esquerda e lá, na última porta, um pequeno ambiente com vista para a rua para quem quer dar aquela dormidinha básica enquanto está no horário de almoço.

–Você tá aí? – sussurrei, logo antes de abrir a porta.

É claro que todos já sacaram o que aconteceu logo em seguida. Carly Shay, paralisada, olhando por uma frestinha de porta o ambiente escuro. E, assim que meus olhos bateram no sofá da soneca, escancarei a porta e acendi a luz.

Os olhos cor de mel do cafajeste me encararam, arregalados. A MOÇA tirou as partes íntimas do cara de dentro da boca dela e cobriu seu corpo com uma almofada grande e amarela, enquanto ele se escondia também.

Eles estavam nus.

Nus e próximos demais.

Foi como se meu piscar de olhos demorasse mais de um ano para passar, e mesmo assim eles continuavam lá na minha frente, olhando para mim.

Então, juntei as mãos como se fosse rezar por alguém, fechei os olhos e os abri, respirando fundo. E bati uma palma forte e barulhenta.

Aos poucos, minhas palmas começaram a se repetir e, em pouco tempo, eu estava aplaudindo de pé aquela situação. Tão forte e tão rápido como se tivesse tentado pegar várias moscas de uma vez só. David, o canalha, continuava a me olhar sem entender nada.

–Ah, por favor, - comecei. - não parem por minha culpa. Não vim aqui para atrapalhar nada, não.

A menina, loira e mais nova que eu, segurou forte no pulso de David, já prevendo que eu logo estaria em sua frente puxando seus cabelos e ralando sua cara na parede. Mas muito pelo contrário. Eu não fiz nada.

–Carly. Me deixa explicar o que está acontec-cendo.

–Não precisa não, mô. - sorri. - Deixa ela acabar o serviço dela. Aí depois você se explica. Eu quero ver você se explicar. Quero ouvir o que tem para falar. Porque eu tenho a certeza de que nada nesse mundo vai provar que você não é um mau caráter, que isso é só uma miragem e que você ficou todo esse tempo só comigo pensando só em mim e não nessa piranha de cabelo de água de miojo.

–Fica calma, por favor – ele pediu, erguendo as mãos para como se mostrasse que estava desarmado, mas tudo o que eu pude fazer foi pegar a primeira coisa que eu vi em minha frente e arremessar no meio de sua cara. Uma daquelas velas com aromatizantes, que o fez perder o equilíbrio e cair no chão.

A cabeça tombou para frente e minha testa bateu com força em cima da mesa do bar, tirando risos e piadinhas dos universitários. Pisquei algumas vezes e puxei o cabelo para trás, limpando o rosto úmido e de maquiagem escorrida, sem sucesso algum. Em pouco tempo, as risadas aumentaram. Não que eu fosse ligar para isso.

Foi como se eu não tivesse chão. Meu mundo tinha desabado completamente. A cabeça dizia e dizia que isso tudo era uma vingança, já que eu tinha o traído antes. E foi exatamente nessa hora que ouvi o fim de frase: “…até porque, afinal, só chora assim quem levou chifre.” sair da boca de um loiro de barba.

Foi a gota d'água. Fiquei cega de raiva. Peguei a cadeira que eu não estava usando e a joguei no chão, levantando-me da mesa. Todos os outros pararam de rir, me encarando, assustados.

–Isso mesmo! Essa otária aqui foi traída por um bosta! Um bosta que eu tinha certeza que era gay mas que me traiu esse tempo TODO! Ele já deve estar com aquela vadia de cabelo desbotado há muito tempo e essa trouxa aqui nunca tinha percebido! Mas, hey, vamos continuar a rir dela!

–Shay! - por incrível que pareça, eu ouvi a voz de Ethan e passos pesados correndo em minha direção pelo sudoeste, atrás de mim. E mesmo assim não parei.

–O que é? Agora não tem mais graça, é? Agora vocês não querem mais rir da chifruda? Vamos, vamos lá! Tirem uma dessa babaca aqui!– bati com força no peito, jogando as luvas no chão. Um dos garotos, ruico e de olhos escuros, levantou-se e ficou em posição defensora, com um sorriso no canto da boca. - Venha então você, seu viadinho! Se atreva a se meter comigo, moleque!

–Shh, Carly, vamos embora. - ele segurou em meus braços, mas logo consegui me soltar e me virei para ele.

Ethan também tinha os olhos marejados, e parecia ter corrido muito para conseguir me encontrar bem aqui.

–Você sai fora! Eu não pedi a sua ajuda! - apontei meu dedo em sua cara, que segurou em meu pulso.

–Você está fazendo uma cena horrível. Vamos pra casa, vamos respirar um pouco!

–Eu não queri ir à lugar nenhum com você, seu merda! A culpa de tudo isso é sua!

–Minha culpa?! - ele soltou meus pulsos, dando um passo para frente enquanto eu dava uns três para trás. - E eu que tenho culpa se ele comia outra ao invés da namorada?!

–Cala essa boca! Cala essa merda de boca, Ethan Wate! - e senti de novo as lágrimas descerem por minha bochecha. Ethan abriu os olhos, arregalando-os assim que me viu chorar de verdade, quase sem conseguir respirar.

–Por favor, vem comigo...

Chacoalhei a cabeça em negativa, olhando para baixo.

–Você é um monstro, Ethan. Você... - prendi a respiração por momentos. - Você não ligou para o que eu ia sentir quando eu os visse. Você é um egoísta manipulador.

–Está dizendo isso pra pessoa errada, Carly! - Ethan pegou dos dois lados de meu rosto, apertando minhas bochechas com força. Simplesmente não conseguia olhar dentro de seus olhos. - Ele te traiu! Eu te ajudei, te tirando dessa falsidade. Você devia me agradecer...

–Você me mandou para aquele lugar. Você fez aquelas pstas idiotas para eu flagrar meu namorado com outra, e me sentir arrasada. Você podia ter me chamado para conversar, dizer essas coisas pra mim. - funguei, tentando minimizar as lágrimas, mas sempre sentindo aquela tontura da minha cabeça de tanto chorar. - Você podia ter feito tantas coisas diferentes.

–Eu estava tentando cuidar de você, Carls. - Ethan fungou também, deixando uma de suas falsas lágrimas escapar. - Achei que você ficaria com raiva e passaria... Eu não pensei! Eu só quis...

Os olhos pesaram de novo, e eu precisava piscar. Eu precisava piscar e parar de chorar. Preciso de um momento. E eu o fiz, mas meu corpo ficou mole e senti o braço dele segurando forte em minhas costas.

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E então, os abri. Parecia que tinha passado dois minutos, mas olhei para frente e vi algo totalmente diferente do que a rua fria do bar. Eu estava em casa, no sofá com cobertas pesadas em cima de mim. A mesa-de-centro tinha um chá quente, até com fumaça saindo. Ao lado, uma caixa de lenços e outra, de chocolate. Só um porém: aquela não era exatamente a minha casa.

Os passos denunciavam que ele estava chegando, e o rosto avermelhado, que ele tinha chorado durante um tempo.

–Oi - disse, sentando-se no sofá com um sorriso fraco. - Deixa eu arrumar isso pra você.

Com a mão esquerda, puxou o cobertor mais para cima até meu pescoço. Ethan passou os dedos frios por meu rosto, acariciando as bochechas. E, logo, pegou a xícara da mesa, dando-a pra mim. Tomei um gole, já sentindo o líquido aquecer minha garganta.

–Olha, Shay. Eu tô arrasado. - deu uma pausa, e percebi seu queixo se movendo rapidamente, como se estivesse nervoso. - Eu tinha comprado uma droga de videogame lá da Flórida pela internet, mas a droga não funcionou e eu queria mandar uma carta, reclamando. Escrevi umas palavras ridículas e tentei mandar a carta, mas... Eu não tinha selos. Então, fui até aquela loja.

Ele engoliu em seco, e eu apertei a xícara com vontade de explodir de dentro pra fora.

–Eu vi aquilo e até esqueci dos selos. Saí correndo para o Bushwell para tentar te alertar, para te contar tudo, mas toquei a campainha e você não estava em casa, só alguém cantando uma música velha de fundo. Resolvi que não ia desistir. Eu ia te contar de qualquer jeito. - Ethan fechou as mãos, apertando o sofá. - E aí te achei, lá na frente do prédio. E eu sinto muito, muito mesmo, Carly. Eu devia ser delicado, ser sensícel, eu sei disso, mas... Eu não pensei! Eu queria ser misterioso para deixar as coisas mais legais... Eu não sabia que você ficaria tão arrasada assim.

E, enfim, me olhou. Eu não ia conseguir encarar aqueles olhos, então fitei o chá verde.

–Eu sinto muito, muito mesmo, Carly - segurou meu rosto, forçando-me a olhar para ele. E seu rosto me despedaçou, mostrando-me sua dor. - Se eu pudesse, voltaria no tempo pra mudar isso, você entende o que eu estou falando? Me perdoa, Carly. Me perdoa por tudo.

Ficou quieto, esperando uma resposta. Esperando que eu dissesse a ele "eu te perdoo, vamos ser felizes para sempre". Eu deveria esquecer tudo que aconteceu em minha vida desde que ele reapareceu. A culpa era minha, já que eu procurei Ethan. Eu era uma traidora. Traidora desonesta. Eu mereço ficar sozinha. Não mereço seu perdão. Perdi o amor do homem da minha vida, já que dei atenção para o amante em vez de priorizar meu namorado. Dei um gole grande no chá e saí do sofá, vendo Ethan me encarar, confuso. E me virei para ele.

Não. Não vou alongar isso aqui. E é mais fácil pra mim jogar a culpa nas costas dele a admitir que eu estou errada. Que eu estive errada em me envolver desde o começo. Que ele é um homem maravilhoso, um dos mais incríveis que conheci, e que ele merece algo a mais do que alguém desonesto.

–Ethan... - pisquei, demoradamente.

–Não, - ele se levantou, rapidamente se posicionando em minha frente. - eu não vou deixar você ir embora. Eu errei. Eu sei. E que você me odeie, Carly. Não ligo. - e me puxou para o sofá, caindo logo em cima de mim, engolindo-me com seus lábios.

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Notas finais do capítulo

:) :) :)



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