Ponto De Paz. escrita por keemi_w


Capítulo 23
A minha escolha.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo com altas taxas de glicose. Diabéticos, cuidado! :3
Leiam as notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335512/chapter/23

– Blá blá blá você não pode trabalhar, Marina! Blá blá blá você não pode ir ao banheiro sozinha, sua incapacitada. Blá blá blá EU VOU MORRER DE TÉDIO! – eu disse após estar doze horas sem fazer absolutamente nada naquele quarto de hospital perigosamente branco demais.

– E vai continuar aí até depois de amanhã – papai disse. – Para de ser tão manhosa, filha. Veja só o lado positivo: você não precisa fazer sua comida e eles ainda te trazem tudo na cama!

Tive que rir com papai tentando me animar.

A questão era que: meus ferimentos não eram tão superficiais quanto pensei. Na hora da adrenalina você não sente tanto, mas o corte foi bem feio e eu perdi bastante sangue.

Pelo que saíra n’O Profeta Diário os Aurores ganharam a batalha e prenderam todos os comparsas. Victor... Bom, Victor não fora preso, mas perdeu seu cargo no hospital assim que nossa diretora soube do ocorrido. Disseram que ele tentou até vir falar comigo, mas o impediram. É, ele estaria ferrado por um bom tempo ainda.

Ivan, Claire, Marcelo, Alberto, papai e mamãe estavam me fazendo companhia naquele horário. Eles concordaram em James passar a noite comigo no hospital já que meu estado era bom. Porém, eu percebia que Claire, esposa de Ivan, estava um pouco nervosa. Batia o pé ansiosamente no chão e eu até chegara a questioná-la, mas a loira insistiu que não era nada.

– Vocês eram tão ríspidos comigo e com o Albertão – começou Marcelo abraçando o irmão. – E olhem só quem se encontra com problemas? A linda da caçula. Tsc, tsc, Mari. A gente esperava mais de você, sua fanfarrona!

– E pelo que parece deveríamos ter sido mais ríspidos ainda, seus trogloditas que eu chamo de filhos! – mamãe disse brava.

Pois é, agora vocês sabem a quem eu puxei.

– Ah é? Pelo menos vocês nunca nos viram em um hospital com a cabeça enfaixada! – Alberto se defendeu, mas os três irmãos se entreolharam. – É, tirando aquela vez que que o Ivan me empurrou para o canto da mesa e eu tomei quatro pontos...

– É... – Marcelo teve que concordar. – E aquela vez que você estava pulando em cima de mim e quando eu levantei nos cabeceamos. Você cortou sua língua e eu tive um galo.

– E tirando aquela outra vez que o Alberto não viu a maçaneta da porta e enfiou o olho lá.

– E teve aquela vez que eu tive que sair correndo no meio da noite a procura de um hospital aberto para levar o senhor Ivan para o médico porque ele fez questão de arranhar toda a bochecha com o fio de arame que tinha na janela dele e do Alberto – mamãe complementou. – Ih, vocês querem mesmo saber a infinidade de proezas que já fizeram nessa curta vida?

Tive que rir daquele bando de estranhos que eu chamo de família.

Quando meus três irmãos aquietaram, papai veio ao meu lado e ficou segurando minha mão. Ele era o que mais tinha sentido o impacto daquele acidente porque quando eu acabara de acordar, papai tinha os olhos um pouco inchados e cara de quem não dormia.

– Filha! – ele exclamou e me abraçou. – Fiquei com tanto medo – sussurrou em meu ouvido.

Eu não pude fazer mais nada além de abraça-lo bem forte (o máximo que podia, pelo menos).

Continuamos conversando sobre assuntos banais até que o médico disse que eu teria outras visitas e era melhor eles irem descansar já que estavam há mais de um dia e meio comigo.

Ivan me deu um longo abraço seguido de um beijo na testa. Claire também se despediu de mim calorosamente, mas eu ainda podia notar que estava um pouco apreensiva com algo. Não comentei nada. Alberto e Marcelo fizeram piadinhas sobre eu estar usando turbante, mas nem liguei. Mamãe me deu um abraço gostoso e falou que voltava logo. Já papai não queria mais me largar, mamãe teve que puxá-lo. Nós rimos.

– Fica bem, meu amor – ele disse por fim.

Sorri.

– Eu já estou, papai – respondi.

Ele retribuiu o sorriso e saiu do quarto.

Logo após isso, Rose e Karen chegaram saltitantes e me abraçaram com força. As duas sorriam de orelha a orelha.

– Você está bem, Mari? – perguntou Karen preocupada. Eu assenti sorrindo. – Olha, eu queria te pedir desculpas!

Arqueei as sobrancelhas.

– Por quê?

– Porque eu acho que pressionei as coisas com o James – ela disse cabisbaixa. – E por isso nossa relação nunca mais voltou a ser a mesma antes daquela briguinha besta no baile de Hogwarts. Mari, sério, me desculpa, mas juro que não era a minha inten...

Mal pude acreditar no que ela estava querendo insinuar: O nosso afastamento fora culpa dela? Nem em um bilhão de anos!

– Cala a boca, Karen – respondi. – Você acha que eu realmente ainda estou brava por isso? Depois de dois anos? Karen, você é como uma irmã para mim! Se a gente se afastou a culpa foi minha por não ter conseguido conciliar minha vida pessoal com meu trabalho e faculdade. Sabe, é muito difícil seguir todos os plantões do hospital, mas eu juro que vou começar a ir visitar vocês mais vezes. Rose, você também! Eu nunca mais te fiz uma visita? Ai, meu Deus! Que tipo de amiga eu sou?

Coloquei a mão na frente do meu rosto envergonhada e elas começaram a rir.

– Mari, larga de ser besta! – Rose disse.

– Mas é sério! – eu respondi sem encará-las. – A coitada da Karen acha que eu me afastei dela por causa de uma bobeira de Hogwarts!

Rose e Karen pegaram, cada uma, uma mão minha.

– Você sabe que a gente não está te culpando, Mari – Karen começou. – Mas eu ainda pensava naqueles dias e não queria que nada ficasse impedindo a nossa proximidade. Você mais do que ninguém sabe que é uma das minhas melhores amigas e eu te amo, né?

Meus olhos se encheram de lágrimas. Como eu não tinha me lembrado de dar atenção às amigas? Que tipo de pessoa eu era?

– Eu te amo, Karen! – respondi e ela me abraçou forte.

Rose então quebrou o clima falando:

– Por que estão me excluindo do abraço?

Ela se incluiu no abraço também e logo estávamos nós três. Como sempre fora. Karen, Rose e Marina, as três idiotas, as três bestas e as três melhores amigas de Hogwarts e de sempre.

Ficamos por um bom tempo conversando sobre assuntos aleatórios até que a porta se abriu novamente e revelou um James com rosas nas mãos junto com uma caixinha de bombom. Karen e Rose se entreolharam sorrindo.

– Acho melhor deixarmos o casal 20 sozinhos, né? – Karen perguntou para Rose.

– Também acho – Rose respondeu.

– Podem ficar, meninas – eu respondi sem graça.

Porém elas já estavam se despedindo e cumprimentando James que ainda estava parado na porta. Assim que elas se foram o meu moreno deu um passo para frente.

– Vai se ferrar? – James perguntou em tom irônico. – É assim que você se salva de uma luta?

Nessa hora eu gargalhei, mas minha cabeça começou a rodar então eu parei de rir, um pouco zonza ainda.

James sentou-se na beirada da cama.

– Como você está? – ele perguntou preocupado e passou a mão pela minha bochecha.

– Bem melhor – respondi sorrindo. – Isso que eu vi na sua mão é chocolate?

Ele gargalhou e estendeu a caixa para mim. Abri-a e peguei um bombom.

– Marina – ele me chamou. – Você foi incrível, sério! Eu não tenho palavras para expressar o quão sortudo sou por ter você ao meu lado. Aquilo foi genial! Você deu um chute no ponto fraco de qualquer homem... Epa, você pode fazer isso comigo se eu te deixar brava – ele pensou consigo mesmo, mas depois sorriu. – Você não faria isso comigo. Definitivamente. Então, você é uma estrela! Você é a melhor em campo de batalha, Mari! – ele exclamou animado. – Nenhuma mulher que trabalhou comigo até agora teve a sua ousadia!

Ri envergonhada e engoli o último pedaço do meu bombom.

– Para, James! – pedi. – Mas eu realmente fui incrível.

Nós rimos, mas ele parou sério.

– Estragou tudo, Marina. Agora você não é mais incrível e fofa. Você é só mais uma convencida.

Nós rimos de novo. Eu nunca me acostumaria com as piadas espontâneas de James.

Ele me olhou com esmero e pegou em minha mão.

– Eu tive medo – ele sussurrou. – Medo ao ver tanto sangue. Ao te ver tão pálida. Me desculpa ter te metido nessa furada, meu amor – ele olhava em meus olhos. – Eu deveria ter aberto o jogo desde o começo e não ser tão leviano com aquelas ameaças. Eu só... Eu só não imaginava que eles jogariam tão sujo... Pensei que realmente eram só desordeiros querendo chamar atenção... Você, Mari, é uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu não me imaginaria sem você. Nem em um zilhão de anos. Eu nunca me acostumaria com sua ausência.

Sorri verdadeiramente e algumas lágrimas rolaram em meu rosto.

– E eu tenho orgulho de ter uma namorada extremamente corajosa, bonita, engraçada, histérica, mas perfeitinha do seu próprio modo ao meu lado. Sou muito sortudo, né?

– É – concordei fazendo-o rir.

– E modesta também.

Nós rimos de novo.

– Eu te amo, James Potter – falei olhando em seus olhos. – E você é a única pessoa que mesmo em meio a tempestade conseguiu ser meu abrigo.

– Eu te amo, Marina Mitchell – ele respondeu segurando com mais força a minha mão, e eu não me incomodei nadinha.

James se aproximou de mim e depositou um leve beijo nos meus lábios, porém ele se afastou rápido demais para o meu gosto. Puxei-o de novo para perto, mas James sussurrou:

– Isso é permitido?

– E você liga?

Voltamos a nos beijar. James conseguia trazer conforto para o meu coração de uma maneira inenarrável. E eu o amava. Como amava essa criatura abissalmente tola e inexplicavelmente perfeita...

Como eu o amava.

Separamo-nos após um tempo e comemos os bombons, conversamos sobre assuntos aleatórios, até que James trocou o rumo da conversa:

– Eu fui atrás do Victor.

Victor...

– E eu senti pena – contou James. – O cara estava fora de si quando aceitou a proposta do Kyle.

– Ele queria ressuscitar os pais... Kyle prometera o impossível para o Victor.

– Sério, Mari? – ele perguntou.

– Sim – respondi. – Eu o fiz mudar de ideia antes do Kyle nos alcançar, mas não muda o fato que ele que me empurrou com força na parede e me fez estar aqui. Acho que também sinto mais pena do que raiva do Victor.

James abaixou o olhar.

– É, Mari, a vida é feita de escolhas. Não é?

– Sim. A minha é você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fiquei desapontada com a quantidade de reviews do capítulo anterior, mas creio (CREIO, NÃO É, GALERA! RS) que vocês vão me motivar ao postar de este cap!
É um bem curtinho só para dar continuidade a história, mas já aviso que está acabando a fanfic! Já tenho uma outra totalmente escrita, mas dependo da quantidade de gente me falando que vão querer lê-la! :) Espero que vocês me entendam!
Até o próximo capítulo! :P