Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 33
Capítulo 33 - Abrir os Olhos




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Robson nem se deu ao trabalho de tentar impedir que Lia saísse às pressas pelo portão do colégio, junto de Pilha, que se sentia responsável por dar notícias à tia, que estava muito preocupada com Vitor. Os dois pegaram um táxi até o hospital, onde esperavam alguma notícia na entrada principal. Raquel passou rapidamente pela recepção, fazendo Lia e Pilha correrem para alcançá-la. Obviamente Raquel estava pouco disposta a parar, enntão os dois tiveram que seguí-la pelos corredores do hospital.


– Raquel, onde ele tá? - Perguntou Lia assim que viu a mãe.
– Lia, eu não sei o que você tá fazendo aqui. Tentei te avisar por telefone, como soube?
– Não importa. Onde ele tá? Como ele tá?
– Ele está em cirurgia. - Lia fez uma expressão de pânico enquanto Pilha arregalava os olhos. - Calma, ele não corre risco de vida.
– Corre risco de que, então? - Disse Lia, quase gritando.
– Fala baixo, você tá em um hospital. - Disse Raquel, duramente. - Eu não vou falar mais nada pra você, eu tenho que ir pra lá. - Raquel parou em frente a uma grande porta no fim do corredor. - Daqui você não pode passar. Vão pra casa. - Disse ela, olhando para Pilha também.
– Você acha mesmo que a gente vai pra casa? Me fala alguma coisa! - Disse Lia, irritada.
– Ele teve algumas fraturas, uma exposta. Esse é o motivo da cirurgia.
– O que? - Disse Lia, em pânico, imaginando a cena.
– Foi na perna direita. Acho que vamos conseguir.
– Evitar que ele não ande?!? - Raquel não respondeu nada. - Ein, Raquel? - Disse Lia, com os olhos marejados.
– Esperem na sala de espera. Ele vai demorar pra receber visitas, vocês não podem fazer nada. Com licença. - Disse ela, entrando pela porta.
 

As horas se passaram lentamente. Aos poucos, Fatinha, Ju, Gil e até Pilha surgiam para saber notícias. Raquel foi até a sala de espera somente no fim da tarde, comunicar que Vitor estava bem, que a cirurgia foi um sucesso, mas ficaria sedado por horas, impossibilitado de receber visitas. Raquel chamou Lia para conversar, depois que vários dos amigos foram pra casa.

– Viu, tudo ficou bem. - Disse Raquel.
– É, tá tudo ótimo, né. - Ironizou Lia. - Raquel, deixa eu ver ele. Sedado mesmo. Não sei se encararia ele acordado.
– A Rosa e o Leonel já saíram, é só permitido familiares nesse momento... - Lia olhou pra baixo, triste. - Mas ser a médica dele tem suas vantagens. Vou dar um jeito.
 

Lia caminhou até o fim do longo corredor em que um dos quartos abrigava Vitor. Sentia um medo enorme de não aguentar ver ele da maneira que estava. Tinha certeza de que a imagem não seria agradável. A culpa já corroía ela por inteiro e seu mundo desabou ao entrar no quarto. A perna direita de Vitor estava suspensa, com alguns ferros cravados internamente. A outra já estava engessada e descansada sobre a cama. Seu antebraço tinha um curativo enorme e o sangue vazava levemente do local. Seu rosto pálido possuía apenas uma profunda cicatriz no lábio inchado, fora os raspões espalhados por todo seu lado direito do corpo. Lia congelou. Tremia da cabeça aos pés. A imagem era terrível e ela só conseguia pensar na dor que ele sentiria quando acordasse e o efeito do morfináceo terminasse. Não conseguia nem chorar de tanto pânico. Sentiu a mão de Raquel em seu ombro, numa tentativa inútil de acalmá-la. Lia apenas deu um beijo na testa de Vitor, passou a mão em seus cabelos enquanto admirava seu rosto, que mesmo com hematomas parecia perfeito e foi embora.

Uma hora depois da visita de Lia, a imagem borrada e distorcida era o primeiro contato de Vitor com o mundo exterior, depois do acidente. Conseguia ver o rosto de uma mulher morena, sem distinguir quem era. Ela o chamava, o pedia para acordar. Sua consciencia foi voltando ao longo de vários minutos. Raquel. Quarto estranho. Não sentia suas pernas. Não conseguia respirar direito. Não lembrava de nada. Parecia um sonho, surreal. Raquel pediu para ele apertar sua mão se a reconhecesse, e ele o fez.

– Vitor, você tá no hospital. Sofreu um acidente de moto. Vai se recuperar logo. - Disse Raquel, calmamente para que ele entendesse. - Sua mãe já foi avisada, logo pode te ligar, tá bom? - Ele concordou com a cabeça.
– Água. - Pediu ele. Raquel alcançou um copo com um canudinho e o segurou enquanto Vitor tomava alguns goles. - Dói. - Ele disse com muita dificuldade.
– Logo você vai poder tomar água sem doer. Seu lábio está cortado. Vou dar uns minutos pra você conseguir voltar a toda, ainda está bastante sedado.


Vitor aos poucos foi lembrando dos últimos acontecimentos. Lembrar da briga com Lia antes do acidente ainda não era possível, mas de todo o estrago feito na relação dos dois foi como acordar de um pesadelo e perceber que era real.

– Se safou dessa, moleque. - Disse Lorenzo, enquanto entrava no quarto com uma prancheta na mão, fazendo anotações. Vitor apenas sorriu com dificuldade. - Exageraram no castigo, por ter feito minha filha de boba.
– Lorenzo! - Disse Raquel, em tom de repressão. - Não é hora.
– Eu sei, desculpa. - Reconheceu o médico. - Mas não vai defender esse garoto.
– Não estou defendendo ninguém mas você sabe muito bem que isso não é assunto pra ser discutido nesse momento.
– Como está o quadro? - Disse Lorenzo, mudando de assunto.
– Estável, graças à Deus. Vai poder voltar pra recepção daqui a poucas semanas. - Disse Raquel, em tom de brincadeira.
– Já quer me por no trabalho, Doutora?
– Mas é claro.
– E já posso voltar pra moto também? - Brincou ele.
– Nem brinca, menino. Andar de moto na chuva, em alta velocidade... O que vocês, jovens, tem na cabeça? - Vitor deu uma risada fraca.


A chuva. Alta velocidade. O que Vitor estava sentindo. Não lembrava de dirigir na chuva, mas lembrou da discussão que teve com Lia antes de pegar a estrada. A raiva nos olhos dela só não eram maior que o arrependimento dentro deles. Vitor decidiu permitir que o cansaço o levasse mais uma vez para o inconsciente.



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Notas finais do capítulo

Obrigada pelas novas recomendações, garotas! Amei muito! Quem quiser recomendar a fanfic também, sinta-se à vontade. :)