Ally

- Como você... como você conseguiu meu número? Eu nunca te dei. – perguntei sem entender nada daquilo.

- Eu peguei do celular da minha mãe- ele soltou um risinho e veio em minha direção. Eu o olhei buscando alguma resposta para esse convite inesperado no meio da madrugada.

- Ally, eu pensei tanto em você nesses últimos dias e em tudo o que vem acontecendo desde então.- ele iniciou e eu esperei ele continuar. – Eu sei que você também sente alguma coisa por mim, não podemos ser tão hipócritas a ponto de ignorar todos esses beijos e essas implicâncias fora do normal. – ele me olhou em busca de algo, mas eu estava incrédula com aquela declaração e não consegui dizer nada.

-  Sinto tanta vontade de estar com você, meus sentimentos estão confusos, mas eu sei que você me faz bem. – ele prosseguiu a conversa, dessa vez corando.

- Austin, eu não sei o que dizer... –tentei falar, mas ele me interrompeu.

- Mas eu sei! Cansei de bancar o cara que não liga e não se importa Ally, meus sentimentos podem não estar claros, mas eu não tenho dúvidas de que eu mudei e você é o motivo pra eu ser quem sou agora.- ele disse e eu o entendia perfeitamente, ele havia mudado durante todos esses messes, mas principalmente depois da morte da minha mãe e avó, ele não é mais o mesmo.

- Austin, nossa situação é complicada. – eu disse e ele se aproximou acariciando minha face.

- Eu sei que é, mas não vamos falar disso agora. – eu sorri e fechei meus olhos, ele entendeu o recado e encostou levemente seus lábios no meu.

Nossa boca roçava uma na outra dando espaço para um beijo intenso e cheio de paixão, sua língua invadiu e seus braços me abraçaram apertado, passei minha mão por sua nuca e meus dedos invadiram seus cabelos macios e sedosos. Logo uma de suas mãos penetrou por debaixo de meu moletom e ele quase pôde sentir minha pele pela camisola de tecido fino.

O nosso beijou cessou e nós decidimos nos deitar debaixo de uma árvore que ficava numa área mais escondida do jardim, onde seria difícil alguém nos ver. Ele estava encostado no tronco da árvore enquanto eu estava por entre suas pernas, encostada em seu corpo.

- E agora? Como vai ser daqui pra frente? – eu perguntei, ainda sem acreditar que eu estava mesmo ali com ele, Austin me abraçou apertado.

- Eu não sei Dawson, eu quero ficar com você! Quero descobrir esse sentimento que a gente sente um pelo outro, mas não podemos achar que vai ser fácil porque não vai ser. – ele me disse e eu me aconcheguei em seu abraço.

-É eu sei, a começar pela sua mãe! Ela jamais aceitaria que você ficasse com uma empregada. – ele suspirou.

- Minha mãe é fora do comum, tem certas coisas que ela faz que me desconcertam e sabe o que é mais engraçado disso tudo? Antes eu nem prestava atenção nessas atitudes que ela tomava, mas agora eu presto e me incomoda. – ele falou enquanto brincava com a minha mão, que estava entrelaçada na sua.

-  Você mudou, em pouco tempo, mas mudou. – eu disse concordando. – O que me preocupa mesmo é o seu irmão, eu não sei mais o que fazer.

- É eu sei, hoje ele veio pra cima de mim por sua causa. – ele disse e continuou. – O que aconteceu? Ele estava  furioso.

- Ele veio conversar, pedir uma chance, mas eu pedi para que ele se afastasse e então ele ficou desse jeito.- Pausei e continuei- Eu me sinto mal sabe? Eu disse várias vezes que não achava certo me envolver com ele e por isso não o queria, mas agora eu estou aqui com você!

- Imagino como deve ser difícil, mas pra mim também é! a gente tinha uma relação legal em Londres, mas desde que voltamos as coisas começaram a desandar entre nós. – ele disse e eu não pude deixar de me sentir culpada.

- Céus como me sinto culpada por toda essa situação. – disse desabafando.

- Ally, você não tem culpa se a gente se gosta. – ele disse virando meu rosto delicadamente para perto do seu e me roubando um beijo.

Ficamos juntos por toda a madrugada, mas antes de amanhecer decidi voltar pois alguém poderia nos ver, Austin e eu nos despedimos com mais um beijo cheio de desejo, ele sorrio e logo desapareceu no escuro e eu tomei meu rumo, ao chegar na entrada da porta da área de serviço notei algumas pegadas de terra e achei estranho, mas continuei o meu caminho. Abri a porta do quarto da forma mais silenciosa que pude, quando tirei meu moletom notei ao longe um par de sandálias sujos de terra e um pouquinho de areia no chão.

Foi ai que me dei conta, Kate havia nos visto no jardim! Essa era a explicação mais lógica, mas porque diabos ela me seguiu? Então quando eu sai ela não estava dormindo coisíssima nenhuma. Fiquei desconfiada, mas o cansaço era grande e eu deitei para dormir.

Austin

Acordei com muita dor de cabeça por não ter dormido quase nada, mas só de pensar na noite em que passei com Ally o cansaço ficava pequeno a ponto de não fazer diferença. Não estava nem um pouco a fim de me levantar, o tempo parecia estar chuvoso lá fora o que só me dava mais preguiça, foi quando alguém bateu a porta.

- Pode entrar- disse num tom de voz alto.

- Bom dia! – uma vozinha me disse e adentrou em meu quarto.

- Trouxe seu café da manhã. – Ela disse e eu vi seu rosto, meu sorriso dobrou de tamanho.

- Ally, não acredito que você trouxe o café da manhã  pra mim na cama. – dei uma risada- Isso não é coisa pra o cara fazer? – ela retribuiu com outra risada gostosa.

- Deixa de ser careta Aus! Estamos em tempos modernos. – ela disse colocando a bandeja em meu colo.

- Tá com uma cara ótima!- disse olhando para frutas, omelete, suco e torradas- Você vai comer  comigo, certo? – eu disse esperançoso, ela sorriu e sentou ao meu lado na cama.

- Claro que vou, você acha que depois de tanto trabalho eu ia deixar você comer sozinho? Coitadinho!  – ela disse rindo e logo experimentou um pouco do suco.

Ally

O café da manhã foi maravilhoso, eu estou tão feliz que nem consigo acreditar que tudo isso está acontecendo de verdade. Eu e Austin, juntos? Pensei e sorri pra mim mesma, sei que não é nada oficial, mas de um jeito ou de outro nós estamos juntos agora e é tão bom sentir isso, me faz quase recuperar a alegria que eu perdi quando minha mãe morreu.

Estava feliz até entrar no quarto e ver aquela cara de lambisgoia da Kate, minha raiva foi tanta que eu não consegui me conter.

- O que você foi fazer no jardim ontem a noite? – eu disse, minha expressão era séria e fria e ela apenas se virou para mim com a cara mais sonsa do mundo.

- Jardim? A noite? Do que está falando Ally? – ela respondeu e eu rebati.

- Não se faça de desentendida, você sabe muito bem do que eu estou falando.- eu disse me aproximando dela e a encurralando contra a parede. – Conte a verdade agora!

- Escuta aqui Ally, eu não te devo satisfações entendeu? E tem mais! Não vá ficar achando que as coisas vão ficar do jeito que estão porque não vão! – ela disse fechando a cara pra mim, eu quase não podia reconhece-la, pois aquela expressão sonsa de ser havia mudado para uma completamente diferente e assustadora.

- Do que você está falando? – eu perguntei ainda tentando manter a minha cara fria.

- Do loiro, claro. – ela sorrio cínica e se virou para ir embora porta a fora, mas eu a impedi a puxando pelos cabelos.

- Ficou maluca? – ela disse soltando-se.

- Ele nunca vai ficar com você. – eu disse por fim.

- E porque você acha isso? Porque ele te deu uns beijinhos debaixo de uma árvore idiota? – ela deu uma risada alta e estrondosa, eu me irritei e perdi o controle esbofeteando sua cara com toda força possível, meus dentes cerraram de raiva.

- Isso não vai ficar assim Allycia Dawson! Espere que a volta vai vir com toda a força. – ela gritou com sua mão no rosto, lançou-me um último olhar e desapareceu me deixando sozinha naquele quarto, o qual eu terei que dividir com ela... a minha mais nova inimiga.