Fifteen escrita por Becca


Capítulo 23
"Estou me mudando, gente" - capítulo 23




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Ela não teve coragem de lhe dizer mais nada. Passou o dia evitando os colegas, e até mesmo quem não tinha nada a ver com ela. A biblioteca foi seu conforto, mesmo quando ela se lembrou do livro que Richard havia prometido para ela.

Mesmo depois de saber que nunca mais veria o livro, porque, quando ele terminasse, ela já estaria em Londres, já estaria longe de todos. Não queria pensar nisso, mas tinha que aceitar a realidade. De quantas escolas - e de quantos amigos - ela já não havia desistido por causa dos pais? Afinal, era melhor para todos. Mesmo que doesse, mesmo que quebrasse seu coração em mil pedaços, ela tinha que admitir que estava se mudando, e, desta vez, não era só de estado, mas de país.

Uma lágrima rolou por seu rosto, quase caindo nas páginas do livro antigo que lia. Ela sorriu tristemente, sabendo que não veria mais graça em olhar para livros de capa vermelha sem se lembrar de Richard. Não veria mais os bolinhos de sua mãe sem se lembrar dos amigos; não olharia mais para nada da mesma forma.

Ela passou as costas da mão pelo rosto, secando a trilha minúscula que a lágrima havia feito, para, então, fechar o livro. Fungou, tentando não chamar a atenção das pessoas que estudavam ali, para si.

Suspirou, deixando o livro ali, correndo para fora dali. Havia um ponto positivo nisso tudo: Emma não a encontraria mais ali. Encontrou algumas pessoas da turma andando pelos corredores àquela hora. Escondeu o rosto, não querendo que eles a vissem ali.

Puxou o celular do bolso e mandou uma mensagem de texto para o grupo. Correu para o pátio de trás da escola, escondendo-se no meio das plantas. Não bastou cinco minutos para que Lanie já estivesse ao seu lado, acariciando seus cabelos, seus braços e enxugando suas lágrimas.

Ela chorava incansavelmente, esperando que seus pais mudassem de ideia. Jenny entrou correndo pelo pátio, escorregando na água que havia escorrido das plantas, molhadas há pouco tempo. Mas nem isso foi capaz de fazer Kate sorrir. Nem quando Ryan e Esposito, respectivamente, fizeram o mesmo.

Só faltava Richard.

Ele não vem, ela pensou, ele está com raiva de mim.

Isso só bastou para que seus olhos marejassem e transbordassem novamente. Lanie enxugou-as, assim como Jenny, que explicaram-lhe sobre como o professor de matemática escorregou no próprio suor, e, depois, os meninos fizeram uma expressão de nojo digna de uma gargalhada profunda. Mas, não. Ela não riu. Muito menos sorriu.

Apesar dos soluços baixos da menina, todos puderam ouvir passos corridos indo até eles. Ela não pôde ver quem era pelas lágrimas que impediam sua visão, mas ao sentir aquele toque, ela pulou em seu pescoço, abraçando-o com toda a força que tinha. Seus soluços tornaram-se mais altos, e o choro foi abafado pela camisa dele, que, logo logo, estaria encharcada de lágrimas, mas ele não se importava. Apertou-a contra si, apoiando as costas dela numa mão.

Virou o rosto, sentindo o cheiro dos cabelos dela. Quase chorou junto, mesmo que não soubesse do que se tratava. Javier e Lanie se abraçaram, esperando que Kate estivesse bem; o mesmo com Jenny e Ryan. Kate soluçou, olhando diretamente para ele. Queria mostrar-lhe que o dia sendo ignorado fora para seu próprio bem.

Beijou-lhe com paixão, segurando o rosto dele entre suas mãos. Richard não teve reação. Apenas paralisou, sentindo a paixão corroer suas entranhas enquanto ela o beijava.

Virou-se para os colegas, olhando-os fixamente. A expressão pasma deles era digna de risada, mas ela continuou séria, sentindo os lábios tremularem, prontos para mais um ataque de choro.

- Guys... - ela começou. - Talvez vocês queiram saber porque eu ignorei vocês o dia todo... Principalmente você, Rick...

Todos assentiram, mas Richard continuou em silêncio, não só querendo incentivá-la a falar, mas querendo que ela continuasse ali, com ele, apenas aproveitando o momento em grupo.

- Primeiro, levantem-se, por favor. - ela pediu, puxando Richard pela mão, e, logo os outros já haviam levantado também. - Eu... Eu vou me mudar, de novo.

A expressão de choque no rosto das meninas era tal que elas buscaram conforto nos braços dos meninos ali presentes.

- Para onde, Kate? - indagou Ryan, acariciando o braço de Jenny.

- London... - ela sorriu infeliz - E, eu parto hoje...

Lanie soltou-se dos braços do menino e abraçou a amiga, que já estava chorando novamente. Kate retribuiu o abraço, recebendo Jenny também. As duas outras meninas também choravam, o que quebrou o coração de Kate por completo.

- Não... - começou Jenny - Eu não posso perder você, Kate!

Lanie se soltou de Kate, soltando a outra jovem também, que foi imediatamente para os braços de Ryan. A morena secou as lágrimas, olhando fixamente para a outra.

- Como assim?! Londres?! - gritou Lanie - Não posso perder minha melhor amiga!

- Eu sinto muito, galera. - ela pigarreou, sentindo os olhos marejarem novamente.

Logo, um grupinho foi formado ao redor da menina, que chorava no meio, completamente sentida por estar indo para outra escola. Por estar perdendo tudo.

                            /°°/

Os outros dois casais já haviam ido embora, deixando Kate e Rick à sós no pátio.

- É sério mesmo? Você vai embora? - ele perguntou.

Katherine fungou, olhando-o completamente arrependida. Assentiu com a cabeça, incapaz de pronunciar palavra alguma. Ele sorriu infeliz. Não podia acreditar.

- Eu sinto muito... Eu... - ela começou. - Podemos ir para a minha casa juntos?

Ele olhou-a surpreso. Nunca imaginou que ela o convidaria de espontânea vontade, ainda mais num momento como aqueles. Sabia que ela tinha uma espécie de muro, e, por isso, não gostava muito de mostrar-se frágil, mas, naquele momento, tudo o que ele mais queria, era que ela estivesse com ele. Segurou uma das mãos dela, e, pegando suas mochilas, puseram-se a caminhar juntos.

                         /°°/

No jardim da casa dela, Richard beijou o topo da cabeça dela, dizendo-lhe que, quando ela voltasse - se, ela pensou -, ele largaria tudo por ela.

Tudo mesmo.

Ela sorriu. Beijou-o mais uma vez. Uma última vez, e entrou em casa. Fechou a porta, e correu para a janela, vendo-o se afastar, chutando algumas pedrinhas. Ela se sentiu imensamente culpada, mas, ao ver que a casa já estava praticamente vazia, foi quando notou os enormes caminhões de mudança ao lado. Quando voltou-se para o caminho que ele havia pegado para ir embora, ela viu que ele voltava.

Para quê?, ela se perguntou, mas não importava.

Abriu as portas novamente, correndo em sua direção. Ele a tomou nos braços, beijando-a apaixonadamente, cuja paixão, que ela correspondeu. Ele segurou nos cabelos dela, enquanto ela segurou no pescoço dele.

Separaram-se pouco tempo depois, e foi quando ele lhe entregou uma cópia da parte do livro que havia deixado-a ler. Aquele rascunho, que ele prometeu continuar.

- Sempre que pensar em mim, pegue o livro. Pus um sachê aí dentro, com o cheiro que você sentiu no meu quarto. Também tem uma foto nossa. - ele sorriu - Eu amo você, Kate.

Ela sentiu os olhos marejarem novamente, mas respondeu:

- Eu também amo você... - antes que pudessem despedir-se novamente, Johanna já a chamava. - Vou sentir sua falta...

A última coisa que ele viu, foi a silhueta dela entrando em casa novamente.

                            /°°/

Ela não notou a viagem. Na verdade, nem se importou. Dormiu a viagem de carro até o aeroporto, e, quando embarcaram, já havia dormido novamente.

Se ficasse acordada, sabia que iria se lembrar dele, por isso, apenas relaxou, e dormiu.

                         /°°/

Já estava no carro novamente quando acordou. Como seus pais conseguiram pô-la no carro era um mistério, mas, assim que se deu por gente, procurou em sua bolsa de mão o livro. Achando-o, encostou-o no peito e cheirou-o, sentindo claramente o que Richard havia descrito. O cheiro de eucalipto e flores silvestres era total ali.

Quando abriu o livro, o carro parou, Jim e Johanna saíram do carro, abrindo a porta para ela. Kate pisou no chão asfaltado da rua e olhou para a casa, que, agora, seria sua. Parecia uma mansão, ela não negaria, mas não queria morar ali. Estava feliz com aquela casinha em Nova York.

Encaminhando-se pela rua, até ficar de frente com a casa, pôde ver que aquela era a que mais se destacava pela rua inteira. Ela caminhou pela estradinha na frente da nova casa. Johanna abraçou-a levemente, seguida por Jim, que abraçou as duas.

- We'll live here...


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Notas finais do capítulo

Então, eu quis fazer um capítulo maior, mas acho que, por conta disso, repeti muitas coisas, então acho que ele não ficou exatamente do jeito que eu queria, mas valeu a intenção... Revieeews! :D