Na manhã seguinte Naty se levantou, vestiu-se e foi para o Stúdio, a primeira aula seria de canto com a Angie, de longe a sua preferida. Quando chegou, encontrou apenas Violetta sentada na sala.

- Bom dia, Vilu!

- Bom dia, Naty... E aí, como foi a “arrumaçãozinha” de vocês aqui?

- Foi tudo bem – sorriu -, em poucas horinhas fizemos tudo.

- Que bom! – Vilu sorriu – E você e Maxi?

- Eu e Maxi? O que temos nós?

- Ah Naty, eu te conheço, sei desde sempre que você gosta dele...

- Mas isso é passado, o que nós tivemos, ou melhor, deveríamos ter tido foi antes, antes de Maxi viajar, ficar um ano fora, e de todas essas mudanças. Agora está tudo diferente entre nós, e mesmo que eu ainda goste um pouco dele, nada está como antes.

- Se vocês conversarem vão notar o quanto ainda gostam um do outro – Violetta comentou.

- Acho que não, ontem depois de sairmos do Stúdio fomos ao Restó...

- E o que aconteceu? – Vilu parecia animada.

- Nada, só conversamos, falamos sobre as mudanças do Stúdio nesse ano que passou, e quando Maxi disse que eu mudei porque estou com vocês, que fiquei mais bonita com tudo isso, me senti estranha e resolvi ir embora.

- E o Maxi?

- Ficou preocupado, saiu atrás de mim e me acompanhou até em casa, mas não conversamos mais até lá.

- Só? Por que não conversaram sobre isso?

- Isso o quê?

- Seus sentimentos, Naty. Você provavelmente ficou assim, sem saber o que fazer, porque ainda gosta bastante dele.

- Pode ser, mas Maxi não gosta mais de mim, e isso já acontecia antes dele partir, porque eu fui muito má com ele por influência da Ludmila, e agora, menos ainda, ele conheceu o mundo, conheceu pessoas e deve ter conhecido alguém que o fez o feliz.

- Tenho certeza que Maxi ainda gosta de você, vocês só precisam conversar e se entender – Vilu animou-a.

- Não sei, vamos dar tempo ao tempo – Naty falou por fim. Assim que terminou a frase, Cami e Fran adentraram na sala de música.

- Bom dia – falaram em uníssono.

- Bom dia – Vilu e Naty responderam.

E elas ficaram conversando sobre a aula. Não muito longe dali, mas precisamente na sala de música, Maxi conversava com Tomás e León sobre a noite passada.

- E foi isso que aconteceu... – Maxi falou por fim.

- Ou melhor, não aconteceu! – zombou Tomás.

- Mas foi melhor assim, eu nem sei mais quais são meus sentimentos por ela, esse ano me fez enxergar muitas coisas.

- Olha Maxi, quem manda no seu coração é você, mas eu sinto, que bem lá no fundo você ainda gosta da Naty, dá pra ver como vocês se olharam ontem quando estávamos no Restó, e quando ficaram sozinhos ao final da aula – Léon comentou.

- Vamos dar tempo ao tempo! – Maxi falou - Agora vamos que a aula já vai começar.

Os três seguiram até a sala de canto e juntaram-se aos outros que já estavam por lá. Alguns minutos depois Angie entrou e iniciou sua aula.

- Para próxima aula quero que me apresentem uma nova canção, e para isso, vou dividi-los em duplas. Camila e Francesca, Violetta e Maxi, Tomás e León, Napo e Braco, Broadway e André, Naty e Ludmila...

- Eu não vou fazer trabalho com essa falsa! – Ludmila falou indignada.

- A única falsa que vejo aqui não é Naty – Fran cochichou com Vilu e Cami.

- O que você está falando aí, Francesca? – Ludmila falou com as sobrancelhas levantadas.

- Ludmila, quem manda nessa classe sou eu, e se digo que você vai fazer trabalho com a Naty, você vai...

- Mas Angie...

- Sem mas! Agora se juntem com suas duplas para que possa distribuir a música a vocês e começaremos os ensaios ainda em sala.

- Não pense que vai ser tão difícil para você, quanto vai ser para mim – Naty disse assim que se aproximou de Ludmila.

Todas as duplas se juntaram e ficaram trabalhando na canção, o nome da música era “Te Esperare” e como tarefa as duplas precisavam dividi-la, ensaiá-la e apresenta-la para a classe na próxima aula. Estava indo tudo bem entre as duplas, exceto para Ludmila e Naty, como sempre a loira queria ficar com a maior parte da música e deixar que a morena fizesse apenas segunda voz e nem aparecesse, só que ao contrário de antes, Naty não ficava mais quieta para Ludmila e exigia que tivesse oportunidade de cantar metade da canção.

            Após o término da aula, as duas continuaram na sala discutindo sobre a música.

            - Natália querida, eu não sei o que seus novos amigos te falaram, mas você sabe que eu sempre fui a mais talentosa – Ludmila falou debochada.

            - Ninguém me falou nada, eu sei que tenho talento e quero poder mostra-lo assim como você.

            - Ah Natyzinha, não se iluda, quem vai cantar essa canção sou eu, você pode fazer os arranjos.

            - Ludmila, eu quero cantar! – alterou a voz.

            - Mas você não vai... Você não tem talento, não tem carisma, não é bonita e não supera a Ludmi... – falou rindo.

            - Lud... – falou com a voz fraca e os olhos marejados.

            - ...não me interrompa que eu não terminei. Quando você entrou nesse Stúdio, você não era nada, fui eu que te fiz quem você é, se não fosse por mim, você seria só mais uma excluidinha. E olha o que você faz agora? Age como se fosse alguém, só porque arrumou uns novos amiguinhos que te falaram uma ou duas coisas fofas. Natália, você não é ninguém! – ridicularizou Naty que a essas alturas já estava chorando em silêncio.

            - LUDMILA, POR QUE VOCÊ NÃO FICA QUEITA? – Maxi entrou na sala de canto furioso, acompanhado de Fran que abraçou Naty.

            - Porque eu não quero seu rapper de meia tigela! Olha só Naty, seu amorzinho, aquele pelo qual você trocou nossa amizade veio te defender, e trouxe consigo a nova queridinha do Tommy, falando nisso, não pense que ele vai ficar muito tempo com você, daqui a pouco ele já se interessa por outra – falou rindo de Fran.

            - Saí daqui Ludmila, você não viu que já magoou bastante a todos nós!? – Fran falou exaltada.

            - Por hoje já chega mesmo, Ludmila já vai! – e saiu batendo o salto com força no chão.

            - Naty, está tudo bem, não escute o que ela lhe diz! – Fran falou soltando Naty do abraçou. A crespa por sua vez apenas sorriu e saiu correndo para fora do Stúdio, Maxi por sua vez, foi atrás dela.

            - NATY, ESPERA! – gritou antes de correr.

            Maxi saiu atrás dela e encontrou- a sentada embaixo de uma árvore situada ao lado do Stúdio. Ela estava com a cabeça abaixada sobre os joelhos, ele aproximou-se em silêncio, sentou-se ao seu lado e ficou ouvindo o choro baixo, porém soluçado de Naty, até que ela levantou a cabeça o olhou nos olhos dele.

            - Como você está? – Maxi perguntou tirando uma mecha de cabelo dela do rosto.

            - Me sinto um lixo!

            - Não se sinta assim, você sabe que não é. Ludmila falou tudo aquilo para ver você se sentindo assim, ela gosta de nos rebaixar para se sentir melhor.

            - Você acha que eu não tenho talento? Que só estou aqui graças a Ludmila? – perguntou com uma tristeza visível nos olhos.

            - Claro que não! Você é linda e talentosa. Sabe muito bem que mesmo que não tivesse sido amiga da Ludmila desde o começo, nós a teríamos recebido de braços abertos como fizemos com todos os outros.

            - Obrigada! – deu um sorriso triste.

            - De nada, você sabe que é tudo verdade...

            - Mas eu me sinto melhor quando alguém garante isso para mim – riu.

            - É bom te ver sorrindo!

            - Err... Eu ainda preciso fazer o exercício da Angie, Ludmila estando comigo ou não, preciso voltar ao Stúdio – disse levantando-se.

            - Vamos, eu preciso encontrar os meninos para falarmos sobre a banda – levantou-se também.

            Eles começaram a andar lado a lado, até que Naty parou e Maxi instantaneamente parou ao seu lado.

            - Aconteceu alguma coisa? – perguntou confuso.

            - Eu preciso fazer algo antes de voltarmos.

            - O quê? – ele questinou.

            E Naty jogou-se em seus braços para um abraço que durou apenas alguns minutos, mas pareceu uma eternidade para ambos, depois, eles seguiram lado a lado para o Stúdio, mas não trocaram e nenhuma palavra sobre o que acontecera.