Assim que chegou a casa, foi para seu quarto e jogou-se em sua cama. Chorou. Chorou tudo que queria nesses últimos dias e não o fez. Ficou em seu quarto por algum tempo, até que ouviu seu celular chamar. Francesca.

            - Alô – ela disse triste.

            - Naty, tudo bem?

            - Mais ou menos, e ai?

            - Tudo bem. Sinto muito, amiga – Fran comentou.

            - Obrigada!

            - Então – Fran falou por fim -, você não vai voltar ao Studio hoje?

            - Por quê?

            - Porque nossa canção para aula da Angie ficou na sua bolsa – riu no outro lado da linha.

            - Ah meus Deus! Desculpe-me Fran, eu não me lembrei disso... Estou indo para aí.

            - Tudo bem. Posso pedir para alguém ir buscar, se você não quiser vir...

            - Não, tudo bem, é melhor eu não perder as aulas. Vemo-nos daqui a pouco. Beijos.

            - Beijos!

            E as duas desligaram. Naty saíra do Restó sem ao menos lembrar-se que à tarde teria aula de canto, e mais ainda, de que a letra da música que usariam na aula estava com ela. Levantou-se rapidamente, lavou o rosto, retocou a maquiagem, pegou suas coisas e foi para Studio, quando chegou, a aula já havia começado.

            - Com licença Angie – disse aparecendo na porta e chamando atenção dos colegas para si -, posso entrar?

            - Claro, Naty – Angie respondeu sorridente.

            - Obrigada!

            Naty então entrou e sentou-se perto das amigas Fran e Cami, suas colegas no trabalho em grupo, o qual ela estava com a canção. Olhou em volta, quando todos seus colegas voltaram a prestar atenção na aula, procurando Maxi, e ele estava lá, sentando mais próximo a parede ao lado de Tomás e León. Ana por sua vez estava ao lado de suas colegas de equipe, as quais Naty não recordava o nome nesse momento, pela primeira vez em dois dias, ela os viu separados.

            Durante a aula, Naty reparou que Ana e Maxi trocavam olhares o tempo todo, e sempre que isso acontecia, eles sorriam. Tentou a todo custo esconder sua insatisfação com toda aquela situação, Maxi acabara naquela manhã o relacionamento deles, sem ao menos falar com ela, e já estava de “amores” com Ana. Tomou uma decisão, após a aula falaria com Maxi, para de uma vez por todas, dar um fim nessa história.

            - Vou falar com Maxi após a aula – cochichou com Cami e Fran.

            - Por quê? – Cami perguntou.

            - Porque eu preciso ouvir dele que terminamos.

            - Naty, acho que você não deveria fazer isso...

            - Por quê?

            - Você vai acabar se machucando mais com tudo isso – Fran completou.

            - Eu sei, mas eu preciso ouvir isso dele – falou cabisbaixa.

            - Ah amiga, por mais que ache isso desnecessário, estou torcendo por você – Cami falou por fim.

            - Eu também, pode contar com a gente – Fran disse.

            - Obrigada – Naty sorriu triste.

            Depois da conversa elas voltaram sua atenção para aula novamente, e a mesma rapidamente acabou. Os alunos começaram a deixar a sala, e Naty foi para perto de Maxi e começou a falar antes que ele saísse.

            - Precisamos conversar, mesmo que você não queira...

            - O que você quer? – ele falou indiferente.

            - Quero ouvir de você que não namoramos mais.

            - Ok. Não namoramos mais! – ele falou sem titubear.

            - É assim, vamos terminar por causa da Ana? Achei que existia amor, confiança...

            - Não é só por causa da Ana, muitas coisas aconteceram e estão acontecendo entre a gente, vai ser melhor assim. E tudo isso existia, mas agora é passado.

            - Que tipo de coisas?

            - Ah nada, nada – ela falou tentando desviar o assunto.

            - Viu, você não fala porque não existem outras coisas, somente a Ana, e tudo isso por causa de algo que você viu errado e coisas que ela pode ter falado para você... Ah sem contar o que vocês tiveram no passado né, mas de uma coisa? Melhor assim mesmo, desde que ela chegou você mudou muito, talvez não tenha a esquecido, e só ia fazer mal estarmos juntos com você gostando dela! – Naty falou alterada.

            Maxi ficou em silêncio olhando nos olhos.

            - Agora você já pode assumir seu namoro ou qualquer coisa que estejam tendo com ela – ela virou-se para sair da sala, mas mudou de ideia. – Ah, e apesar de tudo Maxi, nosso namoro foi bom enquanto durou, você foi um namorado ótimo, engraçado, companheiro, nós tivemos bons momentos, pena que precisou terminar assim – falou por fim. – Queria que pudéssemos ter conversado, ou melhor, queria que você tivesse acreditado em mim...

            - Você também foi a namorada que imaginei que seria, sem contar que é linda e especial, mas o que você fez foi errado, e precisou terminar.

            - No fim, acho que confiança nunca existiu entre nós...

            - Isso não é questão de confiar, eu vi Naty.

            - Ok Maxi, você quem sabe, seja feliz, mesmo que com a Ana... Até mais!

            Depois de dizer isso virou as costas e saiu da sala sem olhar para trás e sem esperar uma resposta de Maxi, que permaneceu na sala ainda pensando no acabara de acontecer ali, Naty, sua ex-namorada, com quem ele acabara sem dar nenhum aviso prévio, falou-lhe o quanto foi bom namorar ele, e desejou felicidades, mesmo que para isso ele fique com Ana. Alguns minutos após absorver tudo, ele juntou seus materiais e saiu, assim que começou a andar pelo hall, Ana apareceu.

            - Maxim, está tudo bem?

            - Sim, por que não estaria? –

            - Você está com uma cara diferente.

            - Estava falando com a Naty.

            - Hm.

            - Terminamos.

            - Sinto muito – ela falou com ar vitorioso.

            - Na realidade, só falamos sobre isso, porque já não estávamos mais juntos desde... Você sabe. O que ela fez com você foi errado.

            - Maxim, eu sei que você vai sofrer um pouco no começo, mas foi o certo, se Naty fez isso comigo que nem fiz nada para você, imagina o que mais ela seria capaz de fazer.

            - É, pode ser. Enfim, vou para casa.

            - Posso ir com você?

            - Melhor não, amanhã conversamos.

            - Ok – ela falou chateada.

            - Tchau, Ana – ele deu um beijo na bochecha de Ana e saiu,

            - Tchau!

            “Agora eu tenho o caminho totalmente livre para mim” pensou Ana sorrindo, e depois ela também saiu do Studio para ir para casa. Naty, que havia deixado o Studio há algum tempo, estava sentada em um banco da praça, chorava novamente por causa de Maxi, mas pela última vez. Ela estava com a cabeça baixa olhando para seus pés e para suas lágrimas que caíam na calçada.

            - Um menina tão bonita como você não deveria estar chorando – uma voz masculina falou e Naty olhou para cima para ver quem era.