Inferno. Esse lugar é o inferno. Dementadores por todo lado. Pessoas insanas. Aliás, o que mais tem aqui são pessoas insanas. Insanidade. Todos que vem aqui são insanos. Gritos alucinados. Comensais com gravetos nas mãos murmurando feitiços. A maldita voz da Bellatrix cantando. O dia em que a insanidade não estiver presente nesse lugar, esse lugar não existirá.

Quase todos que vem a esse inferno são comensais. E estes são meus momentos felizes. Ver aqueles que mataram dezenas, centenas ou até mesmo milhares de pessoas pagaram pelo erro que cometeram. Mas nunca vi nenhum rato por aqui. Esse maldito rato. Porque não sofre nesse terrível e insano lugar. A morte é muito pouco para ratos. Ratos merecem sofrer, e não a morte, porque para esse rato, a morte seria um doce e alegre presente.

Gritos insanos.

As pessoas insanas que estão aqui não deveriam estar. As pessoas que ainda não aderiram a insanidade serão contaminadas com estes gritos insanos.

– Crucio. – antes ria, agora tenho mais vontade de chorar. Porque esse lugar é absurdamente insano. Rodolphus Lestrange é mais um dos insanos.

Luz do sol.

Essa uma das causas da insanidade. Você não sabe se ficou aqui por anos, por meses, por dias, você não tem noção. Os que já eram insanos ficam ainda mais insanos, se é que isso é possível.

Dementadores.

Essas medonhas criaturas ficam passando pela sua cela o tempo todo. Se sem eles esse já era um lugar horrendo, agora é outra razão para a insanidade. Conviver com eles é insano.

Objetivo.

Esse é um dos únicos motivos pelo qual eu não me enquadro entre os demais presos desse local. Ter um objetivo é tudo que você precisa. Se foque em alguma coisa e permaneça triste, sem pensar nos bons resultados que esse objetivo pode causar.

Alegria.

Isso não é existente aqui. Se ao menos um traço de alegria ou sorriso feliz estiver presente em alguém, sumirá muito rapidamente. Os únicos risos permitidos aqui são os perversos, e claro, os insanos.

Sobrevivência.

A maioria quer se matar logo no primeiro dia. Porque esse lugar realmente é o inferno. A cada dia sua aparência fica mais acabada. Mais que acabada, chega a ficar medonha. Quem já era magro, fico esquelético, quem era gordo, fica esquelético. Rostos sem vida e olhos sem brilho. Esperança é a primeira coisa que morre aqui. A primeira de muitas.

Tristeza.

Esse é o único sentimento aqui presente. Também há suas variações como melancolia, depressão, crises existenciais. Algumas dessas crises resultam na morte. E quem morre dessa maneira, permanece com o sorriso no rosto, pois para eles, o inferno deve ser melhor que aqui.

Suicídios.

Alguns se enforcam com pedaços de pano da própria roupa, que fora rasgada com muito esforço, já que até o mais forte aqui ainda é completamente fraco. Alguns esperam pela morte apenas deixando de comer a pouquíssima comida que nos dão. Alguns imploram pela morte do modo mais insano possível. Alguns querem viver.

Vida.

Ah, bela vida. Fora desse inferno ela seria tão mais doce. Quero viver porque quero vingança. Bella quer viver por um motivo absolutamente fútil. “Quando milorde retornar, irei servir a ele”. Bella e sua estúpida paixão pelo seu “Lord”, que se for um Lord, só pode ser das formigas, porque nem das cobras é digno.

Frio.

Dementadores sugam tudo de bom que você possa sentir. E se sentir bem é uma das coisas que essas criaturas mais te privam. Tiram uma boa sensação térmica, porque apesar de ser apenas isso, te privam de qualquer tipo de felicidade. Mesmo que a felicidade seja apenas isso.

Fuga.

Fugir desse inferno é impossível. Mesmo com a absurdamente minúscula probabilidade de me transformar em cachorro e sair daqui, pois os Dementadores não sentem a presença de animais, aonde iria? Um mar frio estaria me esperando. E ainda por cima, esse lugar é praticamente no fim do mundo.

Pensamentos.

Pensamentos... Eis aqui uma coisa complicada. O outro motivo para eu ter sanidade, são os pensamentos. Nunca agradeci tanto por nada. Se não fosse um animago, estaria tão insano quanto estes comensais. Transformar pensamentos humanos em pensamentos animais nunca foi tão útil. Não quero de maneira alguma me igualar a estes presos, insanos.

Realidade.

Aqui não tem dia, e nem noite. Aqui tem apenas um período de 24 horas ainda não nomeado. Aqui não há um vestígio de felicidade, apenas muitos de insanidade e tristeza. Aqui não existe fuga, apenas existe dor, dor de ser insano, mesmo que pela insanidade você não a perceba. Aqui não existe uma vida comum, apenas uma vida insana.

A insanidade presente em algumas pessoas pode ser simplesmente esquecida, pois assim você não percebe que pode se tornar insano. Se tornar insano é perder todos os momentos bons que você já pôde vivenciar.

Mas nem tudo está perdido, afinal, a insanidade só passa pelos que já a provaram. Nunca fui insano.

As únicas vezes que uma pessoa sã vem a este inferno insano, é quando alguém do ministério tem que vir para cá. E para todos do ministério, todos os presos de Azkaban são insanos.

E eu nunca fui insano.

Quando cheguei aqui logo pensei na morte, pois iria reencontrar James e Lily. Quando cheguei aqui me senti absurdamente culpado por pedir para o Pettigrew ser o fiel no meu lugar. Senti-me culpado por apenas ter duvidado da confiança de Remus. E me arrependi cruelmente de ter confiado naquele maldito rato.

Se um dia sair daqui, o que eu acho impossível, esse maldito rato morrerá, se é que ainda está vivo.

Mas enquanto isso não acontece, só me resta esperar pela única pessoa livre de insanidade que entra nesse lugar insano há muito tempo.

Pedir o jornal que ela certamente carregará.

Saber das noticias atuais.

Saber que dia é hoje.

Saber a quanto tempo estou nesse inferno repleto de insanidade.

E talvez, fazer as palavras cruzadas.

Depois de descobrir que estou aqui a tanto tempo, a única coisa que poderá aliviar a tristeza será a distração.

Porque realmente é necessário se distrair para não ficar insano.